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Ação Penal - Aula 04 - Damásio de Jesus

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MpMagEst 
Processo Penal 
André Estefam 
Data: 08/04/2013 
Aula 04 
 
MpMasEst – 2013 
Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha 
Complexo Educacional Damásio de Jesus 
RESUMO 
 
SUMÁRIO 
 
1. Ação Penal 
 
 
1. AÇÃO PENAL 
 
1.1. Condições da ação penal. 
 
a) Genéricas 
 
(i) Legitimidade: 
Legitimidade ativa – Ministério Público em crime de ação pública e vítima em crimes 
de ação privada. 
Legitimidade passiva – pessoa física que completou 18 anos ao tempo do fato e 
pessoa jurídica em crime ambiental. 
 
(ii) Interesse de agir: se baseia no binômio necessidade/adequação 
Necessidade – verificar no caso concreto se o autor necessita da intervenção do 
judiciário para satisfazer sua pretensão. A satisfação só se apresenta em decorrência 
do devido processo legal. 
Adequação – se a via processual eleita é a adequada para satisfação do direito 
material. 
 
Obs.: existe entendimento da necessidade de outro elemento do interesse de agir, 
qual seja: utilidade – não se oferece a denuncia porque de nada adiantará – raciocínio 
considerando a prescrição retroativa. Súmula 438 STJ . Atualmente não há mais a 
possibilidade não apenas em razão da súmula, mas sim pela reforma legislativa 
promovida pela Lei 12. 231/10 
 
“Súmula 438 STJ – É inadmissível a extinção da punibilidade pela 
prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena 
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo 
penal”. 
 
Obs.: justa causa – o legislador entende que justa causa é necessário mas não é 
qualificada como interesse de agir. Ex.: rejeição da denuncia ou queixa art. 395 
 
“Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da 
ação penal; ou, 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.” 
 
 
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(iii) Possibilidade jurídica do pedido: o pedido será juridicamente possível quando a inicial 
descrever um fato penalmente típico. 
Obs.: quando se vincula a possibilidade jurídica do pedido a um fato típico, considera-
se, também, a causa de pedido. (causa de pedir + pedido = possibilidade jurídica da 
demanda. Dinamarco). 
 
b) Especificas – também chamada condições de procedibilidade. 
 
(i) Representação da vítima 
 
(ii) Requisição do Ministro da Justiça 
 
(iii) Entrada do agente em território nacional nos casos de extraterritorialidade 
condicionada; 
 
(iv) Autorização da câmara dos deputados no processo criminal promovido contra o 
presidente da república. 
 
1.2. Ação Penal Pública: 
 
Princípios: 
 
1.2.1. Obrigatoriedade ou legalidade: uma vez preenchidos os requisitos legais, o MP é obrigado 
a oferecer denuncia. 
O legislador teve como propósito o princípio segundo o qual, os crimes não devem 
permanecer impunes “nec delicta pra neante impunita”. 
O Art. 28 com mecanismo de controle relacionado como princípio da obrigatoriedade. 
 
“Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar 
a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de 
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar 
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou 
peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a 
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para 
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só 
então estará o juiz obrigado a atender.” 
 
Obs.: no que se referem às infrações de menor potencial ofensivo (Lei. 9.099). O MP pode 
oferecer denuncia ou propor transação penal, segundo critérios do art. 76 daquela lei. 
Logo, em matéria envolvendo crimes de menor potencial ofensivo fala-se, ao invés da 
obrigatoriedade, em princípio da oportunidade ou da discricionariedade regrada. 
 
1.2.2. Princípio da indisponibilidade (ou indesistibilidade): fundamentos art. 42 e 576 – o MP não 
pode desistir da ação ajuizada ou do recurso interposto. 
 
“Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.” 
 
“Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que 
haja interposto.” 
 
 
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Excepcionalmente, a violação desse princípio pode ser controlada de forma anômala pelo 
artigo 28 do CPP. 
 
Obs.: na lei 9.099: há a figura da suspensão processual do processo, cabível cuja pena 
mínima seja igual ou inferior a 01 ano. É forma de relativização do princípio da 
indisponibilidade. Nesse caso, essa relativização conduz ao princípio da disponibilidade 
regrada. 
 
1.2.3. Princípio da oficialidade: o exercício da ação pública deve ficar sob a responsabilidade do 
estado, por meio de um órgão oficial. 
 
1.2.4. Princípio da intranscendência: a ação penal só pode ser ajuizada em face do suposto 
sujeito ativo das infrações, nunca em face de seus sucessores. 
 
1.2.5. Princípio da indivisibilidade: sendo o exercício da ação pública um dever, não é dado ao 
MP escolher que irá processar. Presentes os requisitos legais, o MP deve incluir todos no 
polo passivo. 
 
1.3. Representação do Ofendido: é a manifestação de vontade no sentido de ver o agente processado. 
O STJ entende que o fato da vítima comparecer na delegacia para comunicar o fato criminal, é a 
manifestação de sua vontade no sentido de representar contra o agente. Assim, a representação 
não requer nenhum rigor formal. 
 
Obs.: 
 Pode ser elaborada pessoalmente ou por procurador com poderes especiais; 
 Pode ser oral (reduzida a termo) ou escrita; 
 Admite retratação até o oferecimento da denuncia; 
 Na lei Maria da Penha, a retratação só será eficaz se confirmada em juízo em audiência 
especialmente designada para o ato; esta audiência será feita até o recebimento da 
denuncia; 
 Cabe retratação da retratação, desde que efetuada dentro do prazo decadencial; 
 A representação em face de um dos agentes, estende-se a todos (eficácia objetiva da 
representação); 
 
1.4. Requisição do Ministro da Justiça (Art. 7º, §3º e 145 do CP): são casos que a conveniência politica 
se sobrepões ao interesse em punir o fato. 
 
(i) Prazo – não há prazo, mas deve observar causa extintiva da punibilidade ex. Prescrição. 
(ii) Caráter vinculatório – o MP não é vinculado para oferecimento da denuncia, há liberdade de 
convicção e independência funcional. 
(iii) Se admite retratabilidade – é possível por analogia ao artigo 25 do CPP. 
 
“Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a 
denúncia.” 
 
1.5. Denúncia. É a petição inicial dos crimes de ação pública. 
 
“Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a 
 
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classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas.” 
 
Obs.: é considerado, também os requisitos do artigo 282 do CPC (requisitos da petição inicial). 
 
Obs.: é requisito da denúncia pedido expresso de indenização? Para o STF não é necessário, pois o 
valor mínimo da indenização esta atrelado ao efeito automático da condenação – reparação do 
dano. 
 
1.5.1. Requisito da denuncia: 
 
(i) Exposição do fato criminoso e suas circunstancias: trata-se da descrição/narrativa 
do iter criminis. A inépcia da inicial está atrelada ao princípio da ampla defesa. Só 
ocorre a inépcia da inicial se o defeito prejudicar a defesa do réu. Deve, portanto 
conter uma descrição clara e objetiva do fato. Deve conter todas as elementares, 
qualificadoras, causas de aumento de pena e eventual tentativa.

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