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O Ciclo Da Borracha No Brasil e Amazônia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
 Instituto De Ciências Sociais Aplicadas
 Serviço Social
FORMACAO SOCIO-ECONOMICA E POLITICA DO BRASIL E DA 
 AMAZÔNIA.
 
 
ALUNA: MÁRCIA REJANE DE CARVALHO FEIO;
 SORAYA FERREIRA DA SILVA.
TURNO: MANHÃ (KP-05).
 
 BELÉM
 2017
Introdução.
O presente trabalho refere-se aos ciclos da borracha presentes na Amazônia e como se deu toda essa conjuntura que envolve uma série de questões que vão desde os problemas relacionados ao Nordeste, o qual ocasionou uma grande migração desta região para a Amazônia, até os problemas enfrentados dentro dos seringais, das más condições de vida e como se desenvolveu este momento histórico que ficou marcado na humanidade.
O Ciclo Da Borracha Na Amazônia.
O ciclo da borracha na Amazônia teve seu apogeu no ano de 1870, após a eclosão da II Revolução Industrial. Foi um momento de transformações históricas, culturais e econômicas ocorridas no Brasil neste período, os quais estão relacionadas com a extração do látex advindo da seringueira e comercialização da borracha. Sabe-se que a seringueira é uma vegetação nativa da Amazônia e que as primeiras explorações ocorreram pelos índios, os quais não tinham a intenção de mercantilização, mas usavam para fabricar bolas ocas, garrafas, entre outros materiais para seu próprio consumo. Porém, por ser utilizada in natura, com as alterações de temperatura, a borracha endurecia ou ficava mais mole e pegajosa, com a diminuição ou aumento da temperatura, respectivamente.
Diante disso, uma visita feita pelo naturalista francês Charles Marie De La Condamine ao Equador no ano de 1742, ficou muito interessado pela pegajosa e espessa seiva extraída pelos índios, e a levou à Academia De Ciências da França, e por isso outros cientistas estudaram também o líquido advindo da seringueira. Ali foi dado o primeiro passo para o advento do ciclo da borracha.
A Vulcanização.
A borracha, de forma “crua”, apresenta algumas características indesejáveis para a sua utilização pela indústria, como baixa resistência à tração, solubilidade em solventes orgânicos, facilidade de ser oxidada e baixa resistência ao calor e à variação de temperatura, pois, em dias quentes, ela fica mole e pegajosa, enquanto, em dias frios, ela fica dura e quebradiça. Para sanar esses problemas, a borracha passa por um processo chamado de vulcanização e que foi descoberto por acidente em 1839 por Charles Goodyear, no qual ele deixou cair uma mistura de borracha e enxofre sobre o fogão quente e notou que essa mistura queimou um pouco, mas não derreteu.
Foi o próprio Goodyear que deu o nome para esse processo de vulcanização, em homenagem ao deus grego do fogo, Vulcano.
A Seringueira.
Hevea brasiliensis, conhecida pelos nomes comuns de seringueira e árvore da borracha, é uma árvore da família das Euphorbiaceae e presenta folhas compostas, flores pequeninas e reunidas em amplas panículas. Sua madeira é branca e leve e, de seu látex, se fabrica a borracha. Seu fruto encontra-se em uma grande cápsula com sementes ricas em óleo, que pode servir de matéria-prima para resinas, vernizes e tintas. Por serem ricas em nutrientes, as sementes são usadas na produção de suplementos alimentares. O trabalhador que retira o látex da seringueira chama-se seringueiro.
A seringueira é uma árvore originária da bacia hidrográfica do Rio Amazonas, onde existia em abundância e com exclusividade, características que geraram o extrativismo e o chamado ciclo da borracha, período da história brasileira de muita riqueza e pujança para a região amazônica. A espécie foi introduzida no estado da Bahia, no Brasil, por volta de 1906. 
A Extração Da Borracha.
Compreende-se que o sistema de extração vigente na economia da borracha caracteriza-se pelo processo de aviamento, no qual os produtos que eram adquiridos pelos seringalistas (dono dos meios de extração) e usados para endividar os seringueiros advinham da Europa para as casas de aviamento localizadas em Belém e Manaus, e estas faziam a distribuição dos materiais para os barracões dos seringalistas (localizados nos seringais) para, assim, chegar até os seringueiros(o que extrai o látex da seringueira), os quais eram obrigados a contrair, logo no primeiro momento, uma dívida, desde seu deslocamento do Nordeste até a Amazônia, até os materiais para a extração do látex e também para a sua subsistência.
Após a extração do látex, como os seringueiros eram de poucas posses, existia o mediador que se denominava “Regatão”, o qual, era o nome do barco e de seu proprietário, geralmente, era de origem judaica ou árabe, e transportava as mercadorias dos grandes centros até o seringal, e vice e versa.
É importante ressaltar, que as casas de aviamento, nada mais eram do que representantes de grandes empresas estrangeiras, as quais compravam a borracha amazônica, principalmente nas bolsas de New York e Liverpool, evidenciando, assim, a presença do capital estrangeiro na economia brasileira.
O sociólogo Lúcio Flavio Pinto, relembra que “ Os Coronéis de Barranco” se consideravam donos do território, pelo fato de ser “uma terra sem dono”, eles apenas se consideravam donos de determinado território e ninguém poderia expropriá-los da terra ocupada.
Lembra-se também que o seringueiro, após pisar nas terras da Amazônia, era praticamente esquecido pelo Estado, e exercia um trabalho análogo à escravidão, tendo que cuidar até de sua alimentação, tentando cultivar milho, mandioca para que ao menos pudessem fazer a sua farinha. Deveria também pescar e caçar, porém sabe-se que geralmente os seringueiros eram alocados nas chamadas Colocações, no qual consiste em áreas onde há pouca caça ou pesca e onde os solos são pobres para a agricultura. Nesse processo, milhares de seringueiros chegaram a óbito, por não poderem manter a sua própria sobrevivência.
A Questão Do Acre.
O estado do Acre era propriedade da Bolívia desde 1750. Havia naquela região uma busca intensa por látex e isto fez com que os seringueiros do Brasil subissem o rio Purus e iniciassem então o povoamento da região. No ano de 1898, após a independência da América Latina, o Brasil reconheceu que aquele território pertencia à Bolívia, porém os bolivianos não povoaram este território já que era de difícil acesso. Portanto, foi no mesmo ano que a Bolívia enviou uma missão de ocupação ao Acre, causando uma revolta armada dos colonos brasileiros que ali estavam e que já eram um grande número. A revolta estourou um ano depois, em maio e contou com o apoio do Estado do Amazonas.
Pressionados, os bolivianos foram obrigados a deixar a região. Receoso de um possível retorno, o governador do Amazonas, Ramalho Júnior organizou uma unidade de aventureiros que regressaram ao Acre e proclamaram a República da região no dia 14 de julho de 1899, mudando o nome para Porto Acre.
O governo brasileiro, tomando ciência do ocorrido, reconhecia a região como território boliviano e não brasileiro. A fim de dissipar essa revolta, o Brasil enviou tropas que dissolveram a República do Acre no dia 15 de março de 1900. Após esse episódio, a Bolívia organizou uma pequena missão militar de ocupação da região, mas foram impedidos pelos ocupantes brasileiros que ainda se encontravam no local. Como na primeira vez, os revoltosos ainda contaram com o apoio do governador do Amazonas, Silvério Neri, que enviou uma nova expedição para a ocupação, que foi denominada como a Expedição dos Poetas, onde proclamaram a Segunda República do Acre em novembro de 1900. Porém, desta vez, quem reagiu foi a própria tropa militar boliviana, que colocou fim à República um mêsdepois.
Em 6 de agosto de 1902, um militar brasileiro chamado Plácido de Castro foi enviado para o Acre pelo governador do Estado do Amazonas e iniciou a Revolução Acreana. Os rebeldes tomaram toda a região e implantaram a Terceira República do Acre, agora com o apoio do atual presidente do Brasil, Rodrigues Alves e do seu ministro do Exterior, Barão do Rio Branco.
A Bolívia pensou em reagir novamente quanto à tomada do território acreano, mas antes que ocorresse alguma batalha significativa, o Barão do Rio Branco intermediou diplomaticamente propondo um acordo entre o Brasil e a Bolívia, que ficou conhecido como o Tratado de Petrópolis, no qual a Bolívia abriria mão do estado do Acre em troca de territórios brasileiros do estado do Mato Grosso e receberia também a quantia de 2 milhões de libras esterlinas devido a látex extraída da região, enquanto essa pertencia a mesma.
A Construção Da Estrada De Ferro Madeira-Mamoré.
	
A ideia da ferrovia nasceu na Bolívia, em 1846, quando o engenheiro boliviano José Augustin Palácios convenceu as autoridades locais de que a melhor saída de seu país para o oceano Atlântico seria pela bacia Amazônica. O pensamento do engenheiro justificava-se na dificuldade para transpor a cordilheira dos Andes e na distância do oceano Pacífico dos mercados da Europa e dos EUA. Foi então, em 1851, que o governo dos Estados Unidos - interessado na melhor saída para a importação de seus produtos - contratou o tenente Lardner Gibbon para estudar a viabilidade do empreendimento via rio Amazonas. Em 1852, Gibbon concluiu o trajeto Bolívia-Belém, descendo pelo lado boliviano os rios Guaporé, Mamoré, Madeira e Amazonas, ratificando a ideia do Palácios, quando demonstrou que uma viagem dos Estados Unidos para La Paz pelo caminho dos rios amazônicos, com o advento de uma ferrovia margeando as cachoeiras do rio Madeira, demoraria 59 dias, contra os 180 dias pelo Oceano Pacífico que, além da distância, somava a dificuldade de contornar o Cabo Horn. 
Posteriormente, por efeito da assinatura do Tratado de Petrópolis (1903), no contexto do ciclo da borracha e da Questão do Acre, com a Bolívia, que conferiu ao Brasil a posse deste Estado, iniciou-se a implantação da Madeira-Mamoré Railway. O seu objetivo principal era vencer o trecho encachoeirado do rio Madeira, para facilitar o escoamento da borracha boliviana e brasileira, além de outras mercadorias, até um ponto onde pudesse ser embarcada para exportação, no caso Porto Velho, de onde as mercadorias seguiam por via fluvial, pelo mesmo rio Madeira e, então, pelo rio Amazonas até o oceano Atlântico. Anteriormente, esses produtos eram transportados com precariedade em canoas indígenas, sendo obrigatória a transposição das cachoeiras no percurso.
No início de 1907, o contrato para a construção da ferrovia foi encampado pelo empreendedor estadunidense Percival Farquhar. A construção da ferrovia iniciou-se em 1907 durante o governo de Affonso Penna e foi um dos episódios mais significativos da história da ocupação da Amazônia, revelando a clara tentativa de integrá-la ao mercado mundial através da comercialização da borracha.
Em 30 de abril de 1912 foi inaugurado o último trecho da estrada de ferro Madeira-Mamoré. Tal ocasião registra a chegada do primeiro comboio à cidade de Guajará-Mirim, fundada nessa mesma data.
Mas o destino da ferrovia que foi construída com o propósito principal de escoar a borracha e outros produtos da região amazônica, tanto da Bolívia quanto do Brasil, para os portos do Atlântico, e que dizimara milhares de vidas, foi o pior possível. Primeiro, porque o preço do látex caiu vertiginosamente no mercado mundial, inviabilizando o comércio da borracha da Amazônia. Depois, devido ao fato de que o transporte de outros produtos que poderia ser feito pela Madeira-Mamoré foi deslocado para outras duas estradas de ferro (uma delas construída no Chile e outra na Argentina) e para o Canal do Panamá, que entrou em atividade em 15 de agosto de 1914.
Alia-se a esta conjuntura o fator natureza: a própria floresta amazônica, com seu alto índice de precipitação pluviométrica, se encarregou de destruir trechos inteiros dos trilhos, aterros e pontes, tomando de volta para si grande parte do trajeto que o homem insistira em abrir para construir a Madeira-Mamoré.
A ferrovia foi desativada parcialmente na década de 1930 e totalmente em 1972, ano em que foi inaugurada a Rodovia Transamazônica (BR-230). Atualmente, de um total de 364 quilômetros de extensão, restam apenas 7 quilômetros ativos, que são utilizados para fins turísticos. A população rondoniense luta para que a tão sonhada revitalização da EFMM saia do papel, mas até à data 1º de dezembro de 2006 a obra ainda nem havia começado. A falta de interesse dos órgãos públicos, em especial das prefeituras, e a burocracia impedem o projeto.
A ferrovia também é conhecida como Ferrovia do Diabo por ter causado a morte de cerca de seis mil trabalhadores (comenta a lenda que foi um trabalhador morto para cada dormente fixado nos trilhos).
A Belle Époque.
As cidades de Belém e Manaus, eram na época consideradas cidades brasileiras das mais desenvolvidas e umas das mais prósperas do mundo. A planta da cidade de Manaus passou a ser construída em moldes dos padrões europeus. As ações do governo, nessa época, limitavam-se a cidade de Manaus, dando pouco importância ao interior do Estado. Dessa forma toda a riqueza e poder estava concentrada na capital. Como o interior do estado estava relegado ao esquecimento, os trabalhadores dos seringais tornaram-se prisioneiros do sistema patronal, sem meios para saldar suas dívidas. Ambas possuíam luz elétrica e sistema de água encanada e esgotos. Viveram seu apogeu entre 1890 e 1920, gozando de tecnologias que outras cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos, avenidas construídas sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o requintado Teatro Amazonas, o Palácio do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus, e o Mercado de São Brás, Mercado Francisco Bolonha, Teatro da Paz, Palácio Antônio Lemos, corredores de mangueiras e diversos palacetes residenciais no caso de Belém, construídos em boa parte pelo intendente Antônio Lemos.
O Cinema Olympia, a mais antiga casa de exibição de filmes de Belém, considerada uma das mais luxuosas e modernas de seu tempo, foi inaugurado em 21 de abril de 1912 no auge do cinema mudo internacional, pelos proprietários Antônio Martins e Carlos Augusto Teixeira, à Praça da República, esquina da Rua Macapá.
A construção desse espaço de cultura completava o quadrado, em cujos vértices situavam-se o Palace, Grande Hotel e o Teatro da Paz, local de Reunião da elite de Belém que, elegantemente trajados à moda parisiense assistiam à inauguração ao som de acordes musicais, num ambiente esplendoroso, de bom gosto e de grande animação. A abertura teve como pano de fundo a Belle Époque, ao final do apogeu econômico propiciado pelo período da borracha e o final da intendência de Antônio Lemos, grande transformador urbanista da cidade.
A influência europeia logo se fez notar em Manaus e Belém, na arquitetura das construções e no modo de viver, fazendo do século XIX a melhor fase econômica vivida por ambas cidades. A Amazônia era responsável, nessa época, por quase 40% de toda a exportação brasileira. Os novos ricos de Manaus tornaram a cidade a capital mundial da venda de diamantes. Graças à borracha, a renda per capita de Manaus era duas vezes superior à da região produtora de café (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo).
Moeda da borracha: como forma de pagamento pela exportação da borracha, os seringalistas recebiam em libra esterlina (£), moeda do Reino Unido, que inclusive era a mesma que circulava em Manaus e Belém durante a Belle Époque amazônica.
Declínio Da Economia Da Borracha.
Em 1876, quando o ciclo da borracha ainda iniciava sua fase de progressiva expansão, uma medida decisiva, que no futuro próximoaniquilaria a economia do Estado, tinha sido levada a cabo: o contrabando de sementes de seringueira para a Inglaterra e, daí, para suas colônias na Ásia, onde seriam cultivadas.
Tal empresa foi concebida e realizada pelo botânico inglês, Sir Henry Wickham, que embarcou clandestinamente cerca de 70 mil sementes para a Inglaterra, onde foram cultivadas experimentalmente em estufa. Dentre essas, vingaram 7.000 mudas, as quais foram transportadas para o Ceilão e, posteriormente, para a Malásia, Samatra, Bornéu e outras colônias britânicas e holandesas, nas quais se desenvolveram, passando a produzir uma seringa de maior qualidade e menor custo, o que provocou a queda dos preços da borracha e fez com que o quase monopólio da borracha pelo Brasil desmoronasse.
Porém suas exportações cresceram abruptamente e, em 1913, a produção brasileira. Já em 1913 o Brasil exportava 39 mil toneladas, enquanto a Ásia o superava com 47 mil toneladas. A partir de então, a produção da seringa brasileira passou a despencar vertiginosamente, sobretudo face à queda dos preços da borracha no mercado internacional, que inviabilizava cada vez mais a atividade extrativa na região amazônica em função do seu custo.
Na Ásia, era produzida uma borracha de boa qualidade e em grandes quantidades a um custo mais baixo, o que levou ao capital estrangeiro ligado ao comércio e a distribuição do produto brasileiro no exterior a abandonar o vale do Amazonas, visando seguros lucros no Oriente. Tais situações encontra-se em uma dualidade entre o bom e o ruim, pois, por um lado, reduziu a pressão sobre as florestas, por outro, isolou a região do contexto nacional e do capitalismo internacional, retornando à sua economia de subsistência.
O Segundo Ciclo Da Borracha (1942-1945).
O Brasil viveu outra vez o auge do ciclo da borracha a partir de 1942 durante a Segunda Guerra Mundial. Esse novo crescimento da economia da borracha se deu pelo fato de os japoneses ocuparem militarmente o pacífico sul nos primeiros meses de 1942 e invadiram também a Malásia, portanto, os seringais ficaram sob o controle dos nipônicos.
Na busca de um caminho para suprir as Forças Aliadas com a borracha, o qual se fez necessária para o seu material bélico, o governo brasileiro fez um acordo com os Estados Unidos (acordo de Washington), o qual desencadeou uma operação em larga escala na extração de látex na Amazônia.
Como os seringais estavam abandonados e não mais de 35 mil trabalhadores permaneciam na região, o grande desafio de Getúlio Vargas, então presidente atual do Brasil, era aumentar a produção de látex de 18 mil ´para 45 mil toneladas, como previa o acordo. Para isso, seria necessária a força braçal de 100 mil homens.
Portanto, com o Golpe de Estado e a criação do Estado novo, surgiu o órgão denominado de Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores Para a Amazônia (SEMTA), com sede no Nordeste, começou a fazer alistamentos compulsórios de nordestinos para trabalharem nos seringais da Amazônia. 
Vale ressaltar que o órgão internacional Rubber Development Corporation (CDC), financiado com capital dos Estados Unidos, custeava as despesas dos migrantes (conhecido como brabos) e pagava 100 dólares por cada migrante, e por isso trabalhadores de várias regiões do Brasil, porém com mais incidência no Nordeste, eram compulsoriamente alistados e eram sujeitados à escravidão por dívida ou morriam de doenças para as quais não possuíam imunidade. Só do Nordeste, se deslocaram cerca de 54 mil trabalhadores, sendo 30 mil deles só do Ceará.
Além do SEMTA, foram criados outros órgãos governamentais como a Superintendência para o Abastecimento do Vale da Amazônia (SAVA) e o Serviço Especial de Saúde Pública e de Administração do Porto do Pará (Snapp), além do Banco de Crédito da Borracha que foi criada para reaquecer o extrativismo do látex na Amazônia.
Esses novos seringueiros eram chamados de Soldados da Borracha, pois era frisado na época que o papel do seringueiro de suprir as fábricas dos Estados Unidos era tão importante quanto o de combater o regime nazista com armas. Porém, sabe-se que ao fim da Segunda Guerra e com a liberação das colônias da Ásia, novamente a borracha entrou em declínio. Para os trabalhadores dos seringais este foi um caminho sem volta, pois cerca de 30 mil trabalhadores morreram abandonados na Amazônia de malária, febre amarela, hepatite e atacados por animais selvagens. O governo brasileiro também não tinha cumprido a sua promessa de reconduzir os soldados da borracha de volta à sua terra, e, ao contrário dos soldados que lutaram na guerra, os seringueiros foram apenas esquecidos dentro da Amazônia. Somente em 1988 foram reconhecidos por serem combatentes e somente então puderam receber uma pensão vitalícia de dois salários mínimos.
O Terceiro Ciclo Da Borracha (Dias Atuais).
Diante de todo este contexto histórico vivido na região amazônica e com a nova queda da economia da borracha após a segunda guerra mundial, hoje vive-se de formas diferentes pelas quais os primeiros seringueiros viviam no auge da borracha.
Atualmente, o produtor não pode receber menos que o preço mínimo para extrair o látex (R$ 7,26) atualmente, porém esse valor muda após 60 dias, pois apresenta algumas variações durante esse período, e, por mais que a indústria não pague esse valor estipulado, é dever do Estado embolsar este produtor. Este deixa de ser o seringueiro e passa a ser chamado de Haveacultor. 
Atualmente, vive-se um novo momento, em que a borracha deixa a alto produtividade de lado e parte para uma produtividade sustentável no meio ambiente e promove a ampliação dos direitos sociais e trabalhistas do haveacultor. Esse novo paradigma inaugura um novo capítulo nessa história, que muitos já denominam de Terceiro Ciclo Da Borracha.
Dentro desse terceiro ciclo, não são utilizadas somente as seringueiras nativas, nativas, mas também são utilizadas as de cultivo, ou seja, as que são plantadas. E após um século do primeiro ciclo, o látex ainda é coletado de forma rudimentar, porém com alguns aperfeiçoamentos, como por exemplo, as árvores são cortadas em forma de espiral para prolongar sua vida e a borracha ao invés de ser defumada ela é prensada, o que polpa tempo e a saúde do Haveacultor.
Hoje, 70% da borracha consumida no Brasil é feita na Ásia, sendo 30% o consumo da borracha brasileira e apenas 3% representa a produção da Amazônia.
A comercialização da borracha é feita via associações ou cooperativas, e essa produção é direcionada para indústrias instaladas dentro, principalmente, dos Estados Amazônicos, e esse produto é vendido ao preço em que se pode encontrar em qualquer lugar, permitindo que o produtor ganhe com isso.
Conclusão.
Percebe-se que o ciclo da borracha foi um momento fundamental para a economia de dois Estados localizados na região amazônica, os quais foram Belém e Manaus. Apesar de ter havido extravagâncias por parte da elite dos primeiros dois ciclos, e fazendo com que os seringueiros trabalhassem ao ponto de ser considerados análogos à escravidão, o terceiro ciclo fomenta a preservação da natureza e a dignidade de vida que os produtores atuais possuem, os quais não visam mais somente a extração para a alta comercialização, mas uma extração consciente e que vai de acordo com a natureza. Observa-se então a evolução do quadro da borracha, pois, apesar de não exportar como em tempos antigos, trabalha para que ocorra o crescimento da região e não mais somente para o crescimento do estrangeiro. Nota-se verdadeiramente, um avanço, mesmo mínimo, não só a volta do contato entre o homem e natureza, mas também o cuidado que o homem acaba de possuir pela mesma.
Referências.
COSTA, Mariete Pinheiro. O Parlamento e os Soldados da Borracha no limiar da 2ª Guerra Mundial. Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Cefor/CD - Curso de Especialização em Instituições e Processos Políticos do Legislativo. Brasília: 2007. Disponível em PDF, Maio, 2011.
Braziliense, Correio. "A Paris dos Trópicos: conheça os requintadostesouros de Manaus" (em pt-BR). Correio Braziliense.
Website da Apabor - Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha. Histórico da borracha. Da Idade Média ao Terceiro Milênio.
 Amazonas.gov. - Semente da seringueira é usada na produção de suplementos alimentares. 10/03/2016. Página visitada em 08 de fevereiro de 2017.

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