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CCJ0035-WL-A-AMMA-02-Classificação da Competência

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I. Aula nº 02.
Professor: Rodolfo Kronemberg Hartmann / www.rodolfohartmann.com.br
Competência: Conceito. Natureza jurídica.
 O termo “competência” deriva do latim competentia, de competere (estar, no gozo ou no uso de, ser capaz, pertencer ou ser próprio) e tende a ser considerado de uma forma geral pela doutrina como sendo o “limite da jurisdição”. Usualmente, a mesma vem sendo considerada como pressuposto processual para desenvolvimento ou validade do processo, conforme sustenta um grande número de doutrinadores.
Competência da Justiça, Foro e Juízo. 
De uma forma geral, o caminho a ser trilhado para identificar o órgão jurisdicional competente parte da fixação inicial de ser ou não a jurisdição brasileira adequada para a resolução de determinada questão. Assim, reconhecendo que a hipótese pode ser objeto da jurisdição nacional, se passa a fixação da Justiça competente, que pode ser tanto a Estadual, quanto a Federal, Trabalhista, Militar ou Eleitoral, o que demandará a análise de regras constantes na própria CRFB-88. Após, deve ser estabelecido o foro competente, ou seja, a base territorial em que o processo deverá ser instaurado e, por fim, caberá a fixação do juízo em que a demanda tramitará. 
Critérios de fixação de competência.
A “competência material” é fixada por um dos critérios: pessoa, matéria, território e conteúdo econômico da obrigação. Já a “competência funcional” é aquela estabelecida em decorrência de critérios verificados na própria relação jurídica de direito processual, usualmente sendo classificada em horizontal e vertical.
Incompetência absoluta e competência relativa. 
Uma classificação muito comum no seio doutrinário e que traz reflexos práticos de grande repercussão é aquela que distingue a competência “absoluta” da “relativa”. Na primeira delas, a competência do órgão jurisdicional denota a existência de um motivo de ordem pública, razão pela qual se constitui em uma norma cogente, já que não pode ser afastada pela vontade das partes. Já a competência “relativa”, ao revés, permite que a vontade dos interessados possa influir na sua fixação. Com efeito, tal afirmação se extrai da leitura do próprio art. 111 do CPC, que esclarece que os interessados podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo “foro” onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações.
Causas de modificação da competência: conexão e continência. 
Durante o tramitar do processo, podem ocorrer certas situações que autorizam a alteração da competência do órgão jurisdicional a despeito da mesma já ter sido supostamente cristalizada, em decorrência da perpetuatio jurisdictionis (art. 87, CPC). A “continência”, por exemplo, tem uma abordagem relativamente mais tranqüila que a “conexão”, estando prevista no art. 104, que estabelece que: “dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras”. A “conexão”, ao revés, já suscita maiores dúvidas e vem sendo disciplinada pelo art. 103, que estabelece que: “reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir”. Este conceito, no entanto, vem sendo duramente criticado no seio doutrinário, que apregoa acertadamente que este instituto tem uma conotação muito mais ampla do que a literalidade do dispositivo sugere.
Conflito de competência.
O conflito de competência é um incidente que tramita exclusivamente perante Tribunais e que tem como objetivo estabelecer qual o órgão integrante do Poder Judiciário que é competente para processar e julgar um determinado processo. É regulado, no CPC, entre o art. 115 e art. 124.
Síntese extraída da obra: HARTMANN, Rodolfo Kronemberg. Teoria Geral do Processo. Niterói: Impetus, 2012.

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