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CCJ0035-WL-B-PP-Processo Civil I - Aula 1 - Adriano Pinto

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
Profº Adriano Pinto 
 
AULA 1 
 
 
Direito Processual Civil: Conceito. Fontes. Norma Processual. Princípios Constitucionais e 
Informativos. Jurisdição – Ação – Processo. 
 
 
1. CONCEITO E OUTRAS CONSIDERAÇÕES 
 
O direito processual civil é “ o ramo da ciência jurídica que trata do conjunto de 
regras e princípios que regulamentam o exercício da função jurisdicional do Estado.” (DE 
PINHO, Humberto Dalla Bernardina. Teoria Geral do Processo civil Contemporâneo. Rio de 
Janeiro: Lumen Iuris, 2ª ed., 2009). 
As palavras do ilustre processualista, retratam a visão moderna de conceituação dos 
“ramos do direito” para fins de sistematização de estudos. 
O importante é saber que na velha dicotomia (direito público ou privado), o direito 
processual civil é sem dúvida “ ramo de direito público. 
Atualmente, considerando a formatação atual dos Estados como “ Estados de Direito” 
(predomínio no mundo ocidental), o papel do direito processual civil está mais do que nunca 
atrelado às respectivas “Constituições “ . 
Portanto, no estudo das Fontes, um papel de destaque será dado ao direito 
constitucional, especialmente nos direitos e garantias fundamentais, assim como na 
organização do Poder Judiciário e outras funções essenciais à justiça. 
 
 
2. FONTES 
 
A tradicional divisão em fontes primárias e derivadas, longe de estar pacificada na doutrina, 
ao menos tem a seguinte realidade no âmbito do direito processual civil: 
 
 
2.1. FONTES PRIMÁRIAS: 
 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 
 LEI ORDINÁRIA FEDERAL E LEIS ESTADUAIS( JECS) 
 TRATADOS INTERNACIONAIS 
 
* Obs: A jurisprudência não é, de forma absoluta, fonte primária de todo e qq processo 
judicial. Contudo, em alguns temas (por exemplo, controle de constitucionalidade), a 
jurisprudência exerce um papel muito mais enfático: são os casos em que o STF ou o STJ 
sumulou certo direito, de forma que percebemos que a jurisprudência e, portanto, essas 
Súmulas podem, no processo civil, determinar o prosseguimento ou não de um recurso. 
Frise-se que não podemos afirmar que a jurisprudência ultrapassou o patamar da lei porque 
predomina ainda em nosso país o princípio da legalidade. 
 
 
2.2. OUTRAS FONTES 
 
DOUTRINA, JURISPRUDÊNCIA 
 
* Obs: Atenção para a JURISPRUDÊNCIA VINCULANTE ! 
 
 
3. NORMA PROCESSUAL 
A norma processual pode ser analisada em sua dimensão espacial e temporal: 
 
DIMENSÃO ESPACIAL. É equivalente ao princípio da territorialidade e pode ser aplicado em 
todo o território nacional, conforme conceito extraído da CF 88. arts 1º e 1211, 1ª parte, do 
CPC). 
 
DIMENSÃO TEMPORAL. A lei processual tem aplicação imediata, alcançando os atos a 
serem realizados e sendo vedada a atribuição de efeito retroativo.( art. 1211, 2ª parte, do 
CPC, c/c art. 5º, XXXVI da CF 88 e art. 6º da LICC). 
Obs: Atenção para o conceito de “ ato jurídico” ! 
 
 
4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E INFORMATIVOS. 
 
Já mencionamos que o estudo do direito processual envolve também o estudo da 
Constituição Federal. Como ramo de direito público e com seu papel na estrutura do Estado, 
conhecer a CF de 88 é ponto de partida para qualquer estudante e operador do direito que 
queria aprofundar o aprendizado como jurista. 
A CF de 88 traz importantes diretrizes sobre elementos essenciais ao direito 
processual e que muitas vezes são replicados e especializados pela legislação 
infraconstitucional. Essas diretrizes são abordadas no início de nossa preparação em DPC, 
mas tem aplicabilidade em todo nosso curso. 
A seguir, falaremos sobre alguns Princípios Constucionais quase unânimes em 
doutrina e que consideramos essenciais ao estudo do Direito Processual Civil. 
 
Referência: 
DA COSTA, José Augusto Galdino. Princípios Gerais no Processo Civil. Princípios 
Constitucionais e Princípios Informativos.Rio de Janeiro: Forense, 2008. 
 
 
4.1. Princípio da ISONOMIA ( art. 5º, caput e inciso I da CF 88). 
A premissa de que todos são iguais perante a lei não faz distinção entre lei material ou 
processual. Seja qual for a temática, existe a premissa da igualdade ou do tratamento 
isonômico no aspecto formal e material. 
Algumas controvérsias em direito material e processual envolvendo o princípio da isonomia: 
• CDC – direitos e obrigações materiais dos consumidores e produtores e fornecedores, 
inversão do ônus da causa, 
• CPC, art. 100, I – foro privilegiado da mulher. 
• CPC, art. 188 – prazos diferenciados para MP e Faz. Pública. 
• CPC, art 475 – reexame necessário. 
 
4.2. Princípio do CONTRADITÓRIO (art. 5, LV da CF 88). 
A CF 88 assegurada a todos os litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Princípio que assegura o direito de se manifestar a cada momento em que houver 
manifestação do julgador ou mesmo de outros litigantes, obviamente nos termos e limites 
previstos na legislação infraconstitucional aplicada, especialmente ligado ao direito 
probatório. 
 
4.3. Princípio da INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL (art. 5º, XXXV 
da CF 88). 
- Princípio de grande repercussão prática no Estado democrático de direito e que assegura 
que o Judiciário não deixará de responder a lesão ou ameaça à direito. 
- É a garantia do festejado “acesso à justiça” para a defesa dos interesses individuais, 
difusos, coletivos e também individuais homogéneos (Lei 7347/85). 
Algumas controvérias possíveis: 
• acesso material X acesso formal. 
• Lei 1060/50 – Gratuidade. 
• Requisitos de admissibilidade de certas ações/recursos. 
• Requisitos para a prática de certos atos processuais. 
 
4.3. Princípio da INAFASTABILIDADE DO CONTROLE JURISDICIONAL (art. 5º, XXXV 
da CF 88). 
Princípio de grande repercussão prática no Estado democrático de direito e que assegura 
que o Judiciário não deixará de responder a lesão ou ameaça à direito. 
É a garantia do festejado “acesso à justiça” para a defesa dos interesses individuais, difusos, 
coletivos e também individuais homogéneos (Lei 7347/85). 
Algumas controvérias possíveis: 
• acesso material X acesso formal. 
• Lei 1060/50 – Gratuidade. 
• Requisitos de admissibilidade de certas ações/recursos. 
• Requisitos para a prática de certos atos processuais. 
 
4.4. Princípio da COMPETÊNCIA LEGAL E IMPARCIALIDADE DO JUIZ (art. 5º LIII e 
XXXVII da CF 88). 
Necessidade imperiosa do Estado democrático de direito, é na verdade pressuposto de 
validade do processo. É o chamado Juiz naturalmente competente. São pressupostos para o 
seu cumprimento a existência de um juiz deve ser investido de jurisdição, um órgão 
julgador preexistente e a competência determinada pela CF e Lei. 
Controvérsias e temas relacionados: 
• Perpetuação da competência – art. 87 do CPC 
• Impedimento x Suspeição – art. 134 e 135 do CPC. 
 
4.5. Princípio da PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS (art. 5º, LX e art. 93, IX 
da CF 88). 
A regra em nosso ordenamento é a publicidade, devendo a lei tipificar os casos de restrição, 
como por exemplo o art. 155 do CPC. 
 
4.6. Princípio do DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO (Atenção!!!) 
Relacionamos aqui este princípio como tema polêmico que precisa sera abordado no estudo 
preparatório, pois em doutrina muitos o qualificam como princípio infraconstitucional(art. 
513 do CPC) e não como princípio constitucional. Tecnicamente e formalmente falando, não 
há disposição expressa, mas existe entendimento de que seria ele princípio constitucional 
implícito, dentro do “ devido princípio legal”. 
 
4.7. Princípio do DEVIDO PROCESSO LEGAL (art. 5º LIV da CF 88). 
Considerado como princípio balisador de todos os demais, para Nelson Nery Júnior, “é o 
gênero do qual todos os demais princípios constitucionais do processo são 
espécieis.” Hoje fala-se em Due processo of law: procedural ----- substantive4.8. Princípio da DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO (art. 5º, LXXVIII da CF 88). 
A EC 45/2004 incorpora ao art. 5º da CF 88 a garantia de que todos devem receber do 
julgador a razoável condução e duração do processo judicial ou administrativo, isto é, início, 
meio e fim. Vejam os temas relacionados: 
• tutela antecipada – art. 273 do CPC. 
• sentença liminar – art. 285-A do CPC. 
• audiência de conciliação – art. 331 do CPC. 
• teoria da causa madura – art. 515 do CPC 
• súmulas: impeditivas e vinculantes – art. 518 , parágrafo 1º do CPC e art. 103 –A 
da CF 88. 
 
 
5. JURISDIÇÃO- AÇÃO - PROCESSO 
 
 JURISDIÇÃO = PODER-DEVER que o Estado tem de SOLUCIONAR OS CONFLITOS 
DE INTERESSE = dizer o direito = um de seus elementos é a coisa julgada 
 
 AÇÃO = DIREITO DE PROVOCAR A TUTELA JURISDICIONAL (art. 5º, XXXV da 
CF88). 
 
 PROCESSO = É o instrumento através do qual o ESTADO PRESTA A JURISDIÇÃO = 
Rj animada por um contraditório e uma pretensão resistida 
 
5.1. JURISDIÇÃO 
- “DIZER O DIREITO” = ou seja, é a possibilidade de APLICAÇÃO DO DIREITO AO 
CASO FÁTICO que foi submetido a apreciação do magistrado. 
- A jurisdição tanto pode ser compreendida como PODER, como ATIVIDADE ou FUNÇÃO, 
dependendo do ponto de vista que for empregado, sendo desempenhada por uma 
pessoa que assim foi investida para tanto. 
 É a FUNÇÃO ESTATAL DE COMPOR OU PREVENIR CONFLITOS DE INTERESSES 
tendo como base o ordenamento jurídico material vigente, geral e abstrato, aliado à 
interpretação doutrinária e jurisprudencial, mediante a PROVOCAÇÃO DOS 
INTERESSADOS em cada caso concreto. 
 Tal ATIVIDADE ESTATAL é verdadeira SUBSTITUIÇÃO DA VONTADE DAS PARTES 
que não estão autorizadas a realizar a chamada autotuela como regra geral. No 
Estado democrático de direito, a JURISDIÇÃO é exercida como MEIO DE 
CONTROLE E PACIFICAÇÃO SOCIAL com fins de permitir a vida em sociedade e em 
igualdade de condições. 
 Usualmente, esta investidura ocorre por meio da promoção ao cargo de magistrado por 
meio de aprovação em concurso público de provas e títulos, mas também pode 
ocorrer em outras situações distintas, como nas nomeações para Ministros do STF, 
por meio da cúpula do Poder Executivo. 
 
CF 88 – art. 2º c/c art. 5º XXXV e outros c/c art. 92 a 126. 
CPC – art. 1º 
 
Sobre a Jurisdição precisamos saber: 
 
• EXERCÍCIO INDELEGÁVEL: Poder Judiciário em todo o território nacional. (art. 92, CF) 
• É uma ATIVIDADE PÚBLICA. 
 EXCEÇÃO (o legislador autoriza o particular a exercer a sua defesa): art.502, CC – 
posse turbada (perturbada) ou esbulhada (retirada): a pessoa pode agir com 
esforço incontinenti, tendo uma reação imediata. 
 
• CARACTERÍSTICAS: 
 
a) INÉRCIA (ou princípio da DEMANDA): 
- Regra: A Jurisdição só é exercida quando PROVOCADA pelo EXERCÍCIO DA AÇÃO 
para que se garanta a imparcialidade (art. 2º CPC)  Ne procedat iudex ex officio (o 
juiz não procede de ofício) 
 A inércia correlaciona-se o PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA (regra da adstrição da 
sentença ao pedido): O juiz só age mediante provocação e, uma vez provocado, só 
decide nos limites dessa provocação (não pode dar mais e não pode dar de forma 
diversa mas pode dar menos com a devida fundamentação) e PRINCÍPIO DO 
DISPOSITIVO (princípio segundo o qual o juiz deve julgar a causa com base nos 
fatos alegados e provados pelas partes, sendo-lhe vedada a busca de fatos não 
alegados e cuja prova não tenha sido postulada pelas partes. Ditos requisitos se 
expressam pelos aforismos latinos ne procedat iudex ex officio e ne eat iudex ultra 
petita partium) 
- Exceção: O juiz pode começar um processo de ofício (mitigação do princípio da 
inércia). 
 Ex: O juiz pode ter iniciativa em abertura de inventário (art. 989, CPC) e em 
requisição de abertura de testamento. Quando morre alguém que deixa bens, 
se ninguém se habilitar, se não houver ninguém, esses bens poderão vir para o 
Estado. Se não houvesse esse artigo, esses bens nunca viriam para o Estado 
 Outro exemplo: alguém comunica a morte de uma pessoa ao Juiz da Vara de Órfãos 
e Sucessões. Ex: Três homens foram presos em flagrante >> O advogado de um 
deles vislumbrou um vício na prisão realizada e impetrou HC >> O juiz pode 
entender que aquele fundamento é extensível a todos os acusados e, de ofício, 
pode conceder a ordem de HC extensível aos demais. 
 
b) SUBSTITUTIVIDADE: A decisão judicial substitui a vontade das partes: O Estado 
chamou para si o poder-dever de dizer o Direito aplicável, expurgando a justiça 
privada e a autotutela fora das hipóteses previstas legalmente 
 
c) DEFINITIVIDADE: A decisão judicial, a princípio, é DEFINITIVA. Algumas decisões 
judiciais podem realmente ser definitivas (acobertadas pela CJ material); em outras, pode 
não haver definitividade mas, mesmo assim, haverá atividade jurisdicional 
 Obs: Quando o juiz indefere uma PI, exceto pelo motivo de PRESCRIÇÃO e 
DECADÊNCIA, NÃO HÁ CJ MATERIAL, isto é, a parte pode repetir a ação. 
 Caso concreto: O profº, como juiz, já recebeu uma PI com o nome de ação declaratória 
de inexistência de crime com pedido de tutela antecipada, colocando no pólo passivo a 
União >> O que o advogado pretendia era abortar as investigações policiais >> Nesse 
caso, deveria ter impetrado MS em face do delegado de polícia >> O profº indeferiu a 
PI = decisão de cunho terminativo, que não faz CJ material 
* LIDE: É o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida 
 
d) INDECLINABILIDADE 
- A jurisdição é uma atividade indeclinável: O juiz não pode se eximir de julgar. A 
partir do momento em que ajuizamos uma petição inicial, passamos a ser credores de 
uma sentença, a ter direito a ela, e o juiz não pode se eximir de julgar. Para isso 
existem as regras do ônus da prova. 
- Art.126, CPC. O juiz é obrigado a sentenciar, desde o momento em que foi proposta a 
ação; desde o momento em que foi distribuída a petição inicial (que é quando se 
propõe a ação: com a distribuição da petição inicial), o autor passa a ser credor de 
uma sentença. 
 
e) NATUREZA DECLARATÓRIA 
- Relacionada à teoria dualista do ordenamento jurídico segundo a qual o Estado, ao 
exercer a função jurisdicional, não cria direitos subjetivos, mas tão-somente 
RECONHECE DIREITOS PREEXISTENTES. Daí o porquê dizer-se que toda sentença 
dada por um juiz tem em sua essência um cunho declaratório (jurisdição = juris + dictio 
= dizer o direito). 
- Ex: Usucapião e o inventário e partilha 
 O usucapião é forma de aquisição da propriedade. Decorrido certo prazo (e 
presentes outros requisitos, como a boa-fé e o justo título no usucapião ordinário), a 
posse se converte em propriedade. Proposta que seja uma ação de usucapião, o juiz 
que profira uma sentença de procedência da pretensão, reconhecendo ter razão o 
demandante que pretende ver afirmada a ocorrência do usucapião, não estará o juiz 
criando para tal demandante o direito de propriedade, mas tão-somente 
RECONHECENDO QUE ESSE DIREITO EXISTIA desde o momento em que se 
fizeram presentes todos os requisitos previstos na lei material para a aquisição 
do domínio. 
 Como é notório, o processo de inventário e partilha é moroso e, muitas vezes, depois 
de anos de óbito do autor da herança, é proferida no processo uma sentença julgando 
a partilha dos bens que pertenciam ao de cujus entre seus sucessores. Ocorre que 
os sucessores não adquirem o domínio de tais bens nesse momento, limitando-
se a sentença a RECONHECER A TITULARIDADE DE UM DIREITO DE 
PROPRIEDADE QUE JÁ ERA DOS SUCESSORES DESDE O MOMENTO DA 
ABERTURA DA SUCESSÃO (art. 1.784, CC). 
 
* OBS: Há que se atentar, porém, para um detalhe. Existe um tipo de sentença, chamada de 
SENTENÇA CONSTITUTIVA, que se costuma definir como a sentença capaz de criar / 
modificar / extinguir rj´s (ex: sentença que decreta o divórcio).Tais sentenças, sem 
sombra de dúvida, possuem força criadora mas, nem por isso, podem ser 
consideradas exceção à regra de que a jurisdição não cria direitos. A sentença 
constitutiva PODE CRIAR NOVAS RJ´S, MAS NUNCA PODERÁ CRIAR DIREITOS 
SUBJETIVOS (estes são necessariamente preexistentes à atuação da função jurisdicional). 
Basta pensar no caso da sentença de divórcio. Estando a pessoa separada de fato há + de 2 
anos, ou separada judicialmente há + de 1 ano, tem o direito de se divorciar. Proposta a 
ação de divórcio, o juiz só decretará este, criando uma nova situação (inclusive com a 
criação de um novo estado civil para as partes) como se tal direito de se divorciar existisse 
previamente. O juiz, na sentença constitutiva, reconhece a existência de um direito e, 
atuando-o, modifica uma situação jurídica. 
 
 
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
- As espécies de jurisdição são apresentadas com fins didáticos, uma vez que a jurisdição é 
una e indivisível 
 
 
1) Quanto à MATÉRIA (quanto ao tipo de pretensão submetida ao Estado-juiz) 
a) PENAL: quase sempre têm natureza punitiva  Hábeas corpus e revisão criminal são 
pretensão penais não-punitivas 
b) CIVIL: subdivide-se em jurisdição trabalhista e civil stricto sensu 
 
* Importante: as sentenças criminais podem ser executadas na esfera cível pois constituem 
TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. 
 
2) Quanto ao GRAU 
a) 1º grau 
b 2º grau: sempre irá rever ou apreciar novamente a questão. 
 
* Obs: 
I) Instância: termo ligado à organização judiciária. Na estrutura do Judiciário, existem 
órgãos hierarquicamente inferiores (1ª instância) e órgãos superiores (2ª instância). 
II) Normalmente, no 1º grau, é um juiz, uma decisão monocrática, e no 2º.grau, é um 
colegiado. 
III) Nem sempre o 1° grau de jurisdição é exercido por órgãos de 1ª instância: 
- Nos casos de competência originária dos Tribunais, estes exercem o 1° grau de 
jurisdição (como no caso de MS contra ato do governador do Estado, em que a 
competência originária é do TJ). 
- Pode-se admitir a hipótese de um órgão de 1ª instância exercer 2° grau de 
jurisdição, como ocorre por ex nos JE´s cíveis, onde A COMPETÊNCIA RECURSAL É 
DE UM ÓRGÃO COLEGIADO DE 1ª INSTÂNCIA. 
- O STF exerce o 1° grau de jurisdição nas causas para as quais tem competência 
originária (art. 102, I, CF). 
 
IV) PRECLUSÃO: é a PERDA DE UMA OPORTUNIDADE PROCESSUAL. 
 PRECLUSÃO MÁXIMA: é a COISA JULGADA. 
 
3) Quanto ao ÓRGÃO QUE EXERCE A JURISDIÇÃO 
 
Jurisdição - Comum 
 - Especial: Justiças do Trabalho, Militar, Eleitoral 
 
 JECs (cíveis) 
 Tipos de ações que podem ser ajuizadas: causas cíveis, contratos, direitos disponíveis 
(que não tratam do Estado e nem das pessoas), e que sejam até 20 salários 
mínimos, sem advogado, e até 40 salários mínimos, com advogado. 
 Se houver uma causa de 42 salários mínimos, pode ingressar no Juizado Especial Cível, 
mas se subentende que se está abrindo mão do que excede aos 40 salários mínimos 
(no caso do exemplo, a pessoa abre mão de 2 salários mínimos). 
 Se não se conformar com a sentença, pode recorrer a uma câmara recursal no JEC (que 
não está ligado ao Tribunal de Justiça). Da sentença, cabe recurso de apelação 
(decidido no JEC pelo juiz leigo e homologado pelo juiz de direito). O recurso especial 
vai ser apreciado pelas turmas recursais. 
 Já se tem admitido recurso extraordinário quando fere dispositivo constitucional. 
Nesse caso, existem os seguintes requisitos: 
-decisão em última ou única instância; 
-que tenha ferido dispositivo constitucional; 
-a matéria tem que ter sido pré-questionada. 
 
* Obs: O recurso especial e o extraordinário (recursos constitucionais que fogem à 
normalidade) passam por um juízo de admissibilidade pela presidência do tribunal. Se não 
houve um pré-questionamento (se a matéria não foi tratada anteriormente), o recurso 
nem sobe. 
 
4) Quanto ao PROCEDIMENTO 
a) Contenciosa 
b) Voluntária. 
 
 PROCEDIMENTO é a forma de andamento, é o RITO. 
 JURISDIÇÃO CONTENCIOSA: para SOLUCIONAR UMA LIDE. Tem partes, tem 
uma lide, vai haver produção de coisa julgada, o juiz só pode decidir de acordo com 
a lei. 
 JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA: é uma FORMA PÚBLICA DE ADMINISTRAR 
INTERESSES PRIVADOS. Alguns autores dizem que isso não é jurisdição. O juiz 
não diz o direito, não produz coisa julgada. Também é chamada de graciosa, ou 
administrativa. 
Ex. de jurisdição voluntária: a autorização para a venda de bem de menor – não tem 
réu; o inventário; a interdição – não tem réu, pede para o juiz declarar a interdição; 
a separação consensual – é um processo intervolentes (sem partes; só tem 
interessados). 
 Não é propriamente uma jurisdição; é uma atividade de ordem administrativa 
confiada ao poder judiciário. 
 
* Obs: 
 Homologação de sentença estrangeira: tramita perante o STJ para adquirir eficácia 
 Imagine que eu seja uma estrangeira interessada em homologar uma sentença estrangeira 
>> Obtive a homologação da sentença no STJ >> Depois da homologação, como essa 
sentença será cumprida? (como se sabe, depois de toda sentença, há uma fase executiva) 
>> Depois que o STJ homologa a sentença, onde esta será executada? Vai executar 
em 1ª instância? Em 2ª instância? Como vamos nacionalizar o ato estrangeiro? A resposta 
está na própria CF: a competência é da Justiça Federal de 1ª instância 
 
 
5.2. AÇÃO 
Uma vez reconhecido o conceito e algumas características da Jurisidição, é necessário 
entender que o Poder Judiciário somente pode agir em casos concretos quando for 
provocado. 
Por um olhar consitucional, AÇÃO pode ser entendida como o DIREITO DE 
PROVOCAR A TUTELA JURISDICIONAL (art. 5º, XXXV da CF88). 
Em seu aspecto infraconstitucional e inserido no contexto do direito processsual, 
AÇÃO seria o DIREITO DE PROVOCAR A TUTELA JURISDICIONAL visando obter uma 
resposta à prevenção ou reparação de lesão à direito mediante a obtenção de uma 
sentença de mérito. 
E as chamadas “CONDIÇÕES DA AÇÃO”? Como situar tal condicionamento diante dos 
conceitos acima expostos? 
 
Vejamos tais CONDIÇÕES DA AÇÃO conforme o CPC (art. 2º c/c art. 267, VI): 
• LEGITIMIDADE DAS PARTES: TITULAR DO DIREITO MATERIAL. 
• INTERESSE PROCESSUAL: binômio INTERESSE-NECESSIDADE e INTERESSE- 
ADEQUAÇÃO 
• POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: Tema polêmico em doutrina, que revela 
a impossibilidade de movimentar a máquina judiciário por algo vedado pelo 
ordenamento jurídico vigente. 
 
Tais condições não são na verdade para se exercer Ação, mas sim para que no exercício 
desta, o demandante possa obter do Poder Judiciário uma resposta definitiva (art. 
269) sobre seu direito material pleiteado e não apenas uma resposta formal, que por 
alguma questão técnica sequer aprecia sua pretensão. 
 
Sobre a AÇÃO precisamos saber : 
• DIREITO PÚBLICO: Subjetivo, incondicionado de provocar o Poder 
Judiciário. 
• TEORIAS: Imanentista, concreta, abstrata, eclética. 
• CONDIÇÕES: Legitimidade das partes, interesse processual, possibilidade 
jurídica do pedido. 
• CLASSIFICAÇÃO QUANTO À TUTELA: Conhecimento, execução, cautelar. 
• CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PRETENSÃO: Declaratória, condenatória, e 
constitutiva( positiva, negativa, modificativa). 
• ELEMENTOS DA AÇÃO: Partes, pedido, causa de pedir (próxima e remota). 
 
 
5.3 PROCESSO. 
O processo é “ o conjunto de atos, realizados sob o crivo do contraditório, que cria 
uma relação jurídica da qual surgem deveres, poderes, faculdades, ônus e sujeições para as 
partes que dela participam” (DE PINHO, Humberto Dalla Bernardina. Teoria Geral do 
Processo civil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2ª ed., 2009). 
Não há que se confundir conceitualmente ação com processo. Este surge após o 
correto exercício do direito de ação. É o verdadeiro instrumento da jurisdição, uma vez que 
pelo exercício regularda ação e após a válida citação do réu, ele irá perdurar na missão de 
obter uma reposta do Poder Judiciário, conforme apontado acima. 
O processo enquanto relação jurídica, representa ao mesmo tempo o vínculo inicial das 
partes com o Estado-Juiz e a série de atos previamente determinados pela legislação 
infraconstitucional e assegurados pela CF de 88. 
O nosso CPC trabalha a classificação da relação jurídica processual levando em conta a 
espécie de tutela a ser pretendida, razão pela qual falamos em Processos de 
Conhecimento, Execução e Cautelar, mas devemos entender que o conceito de Processo 
é único, consubstanciado no vínculo jurídico que une autor, réu e Juiz . 
É preciso também não confundir Processo com Procedimento., pois procedimento é 
a forma materialmente prevista pelo legislador para a prática de tais atos processuais, 
conforme as regras dos arts. 271 e seguintes do CPC.

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