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SEGURANÇA NO TRABALHO AULA 03 Prof.ª Tatiana Lazzaretti Zempulski 2 CONVERSA INICIAL O tema desta aula diz respeito à jornada de trabalho, que, prevista na Constituição Federal de 1988, no art. 7º, é de oito horas diárias e no máximo 44 horas semanais. A CLT, em seu art. 58, também dispõe que a jornada diária é de oito horas diárias e que poderá ser prorrogada no máximo em 2 horas extras diárias. No entanto, existem variações para a jornada de trabalho dependendo da categoria profissional. Como, por exemplo, no caso dos vigilantes e seguranças privados, que laboram em jornadas de 12x36, ou seja, trabalham 12 horas e folgam 36 horas. Essas jornadas são regulamentadas por meio de Acordos Coletivos de Trabalho e Convenções Coletivas de Trabalho, porém não é permitido o trabalho em jornada extraordinária. A hora extra trabalhada deverá ser paga com um adicional de no mínimo 50%. Exemplo: valor da hora trabalhada + 50% (adicional de hora extra). CONTEXTUALIZANDO Nossa aula será dividida em cinco temas: 1. Jornada diária e semanal 2. Jornada noturna e hora noturna 3. Horas extras, acordo de compensação e banco de horas 4. Intervalo interjornada e intrajornada 5. Trabalho em regime 12x36 PESQUISE TEMA 1 – JORNADA DIÁRIA E SEMANAL A jornada trata-se do tempo que o empregado está cumprindo seu trabalho para a empresa. Assim, o artigo 7º, inc. XIII, da Constituição Federal de 1988, estipula a duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro horas semanais, enquanto o artigo 58 da CLT disciplina que “a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade 3 privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite”. TEMA 2 – JORNADA NOTURNA E HORA NOTURNA A jornada noturna inicia a partir das 22 horas e vai até as 5 horas para o trabalhador urbano e a hora noturna é de 52 minutos e 30 segundos, conforme previsão do artigo 73 da CLT: Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. § 1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos. § 2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do dia seguinte. TEMA 3 – HORAS EXTRAS, ACORDO DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA E BANCO DE HORAS As horas extras que o empregado poderá trabalhar, consoante o artigo 7°, inciso XVI da CF/88, são no máximo de duas horas diárias. No entanto, poderá o empregador implantar o sistema de acordo de compensação semanal em que o empregado trabalha mais horas em um dia e compensa o período trabalhado a mais em outro dia (art. 59, § 2º e 3º da CLT). Por sua vez, o banco de horas consiste em uma hipótese segundo a qual a jornada é aumentada sem que seja computado como horas extras. Além disso, é obrigatório que ocorra o ajuste por acordo escrito, individual ou coletivo ou por CCT/ACT (Convenção Coletiva de Trabalho/Acordo Coletivo de Trabalho). 4 TEMA 4 – INTERVALO INTERJORNADA E INTRAJORNADA Quanto à pausa para refeição e descanso dentro da jornada de trabalho, quando a jornada durar de 4 a 6 horas, não existe obrigatoriedade de concessão de intervalo; já para uma jornada de trabalho de 6 a 8 horas, existe a obrigatoriedade de concessão de 1 a 2 horas. É de suma importância ressaltar que o intervalo entre duas jornadas, chamado de intervalo interjornada que ocorre entre dois dias de trabalho, deve ser no mínimo 11 horas e na folga semanal deverão ser respeitadas 24 horas de descanso. TEMA 5 – TRABALHO EM REGIME 12X36 O quinto tema diz respeito à jornada especial de trabalho em regime de 12x36, que não está na Lei, mas é aceita pela doutrina e pela jurisprudência, além de ser muito utilizada para os profissionais da segurança. CONTEÚDO COMPLEMENTAR – AULA FLEXÍVEL Considerações Com relação aos temas mencionados na aula, é importante complementar assistindo os vídeos e pesquisando os links de textos e artigos abaixo relacionados. Conteúdo Vídeo Para complementação do aprendizado do Tema 4, sobre a obrigatoriedade de cumprimento de intervalo intrajornada, é interessante acessar: <https://www.youtube.com/watch?v=_sRGv50NroY>. 5 Jurisprudências O empregador não poderá diminuir o intervalo para refeição. Nesse sentido, destacamos: RECURSO DE REVISTA. INTERVALO INTRAJORNADA. SUPRESSÃO. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA 1. Consoante a diretriz perfilhada na Súmula nº 437, II, do TST, não é válida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução do intervalo intrajornada, porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido por norma de ordem pública (arts. 71 da CLT e 7º, XXII, da CF/88), infenso à negociação coletiva. 2. Acórdão regional que consigna a validade da negociação do intervalo para refeição e descanso, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho, encontra-se em desconformidade com a jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, consubstanciada na Súmula nº 437, II, do TST. 3. Recurso de revista do Reclamante de que se conhece e a que se dá provimento para restabelecer a r. sentença. HORAS EXTRAS. TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. CURSO DE RECICLAGEM. VIGILÂNCIA 1. A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho, inspirada na norma do art. 4º da CLT, sinaliza no sentido de considerar à disposição do empregador o tempo gasto na participação de cursos de aperfeiçoamento profissional de caráter obrigatório. Precedentes. 2. Recurso de revista do Reclamante de que se conhece e a que se dá provimento para acrescer a condenação em horas extras. (TST – Processo ARR – 28600- 17.2009.5.002. Número do TRT de origem: RO 28600/2009-0002-17. Orgão Judicante: 4ª Turma. Relator: Ministro João Oreste Dalazen. Publicado no DJe em 16/09/2016) (Disponível em: <http://aplicacao4.tst.jus.br/consultaProcessual/resumoForm.do?cons ulta=1&numeroInt=64682&anoInt=2013&qtdAce>) TRABALHO DA MULHER. INTERVALO DE 15 MINUTOS. ART. 384 DA CLT. RECEPÇÃO PELA CR/88 COMO DIREITO FUNDAMENTAL À HIGIENE, SAÚDE E SEGURANÇA. DESCUMPRIMENTO. HORA EXTRA. O art. 384 da CLT, cuja destinatária é exclusivamente a mulher, foi recepcionado pela CR/88 como autêntico direito fundamental à higiene, saúde e segurança, consoante decisão do Supremo Tribunal Federal, pelo que, descartada a hipótese de cometimento de mera penalidade administrativa, seu descumprimento total ou parcial pelo empregador gera o direito ao pagamento de 15 minutos extras diários. (RA 166/2015, disponibilização: DEJT/TRT3/Cad. Jud. 16/07/205, 17/07/2015 e 20/07/2015) (Disponível em: <http://www.trt3.jus.br/bases/sumulas/sumulas.htm>) Para complementar o Tema 3, sugerimos o artigo “A proteção juslaboral ao trabalho sob o regime de banco de horas”, citado na revista Lume da UFRGS, que você pode acessar por meio do link a seguir: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/147545>. 6 Dúvidas sobre as horas extras, a forma de pagamento, se o empregado é obrigado ou não a fazer horas extras e sobre o sistema de banco de horas podem ser esclarecidas com a leitura da entrevista disponível em: <http://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/2016/06/tem-duvidas-sobre-horas-extras-veja-respostas-para-perguntas-frequentes.html>. Com relação ao intervalo obrigatório de quinze minutos antes do trabalho extraordinário, é importante a leitura do artigo disponível em: <http://www.tst.jus.br/noticia-destaque/-/asset_publisher/NGo1/content/stf- confirma-entendimento-do-tst-sobre-intervalo-para-mulher-previsto-na-clt>. Resoluções, leis e outros Para complementar os temas trazidos nesta aula, acessar a CLT e analisar o Capítulo II – Da duração do trabalho, a partir do art. 59 até o art. 73, disponível no link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm NA PRÁTICA Joana é empregada numa loja de cosméticos, localizada na capital do estado em que reside, e cumpre jornada de segunda-feira a sábado, das 8h 00min às 19h 00min, com pausa alimentar de uma hora. Não existe previsão em Lei, acordo coletivo ou convenção coletiva de jornada diferenciada para a sua categoria. A trabalhadora possui direito ao pagamento não só de horas extras pelo excesso de jornada, mas também de horas extras em razão da inobservância dos 15 minutos de pausa anteriores à realização de horas extras para a mulher, conforme previsto no art. 384 da CLT. (Adaptado da questão 1 da prova prática da OAB/XX-2016. Disponível em: <https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:MkqGA- NzyG8J:https://fgvprojetos.s3.amazonaws.com/621/18092016183622 _GABARITO%2520JUSTIFICADO%2520- %2520DIREITO%2520DO%2520TRABALHO.pdf+&cd=1&hl=pt- BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 21.11.2016.) 7 SÍNTESE Concluímos que o empregado possui uma jornada de no máximo 44 horas semanais e poderá trabalhar em prorrogação de jornada diária até duas horas extras. Existem jornadas diferentes para categorias profissionais distintas, como no caso dos vigilantes que trabalham 12 horas e folgam 36 horas. Os intervalos para refeição e alimentação devem ser observados, no mínimo uma hora e no máximo duas horas. Ademais, a empresa poderá implantar o regime de compensação de jornada e do banco de horas, desde que negociado com o sindicato. REFERÊNCIAS BALBINOTI, Jonas Raul; ZWICKER, Milena; CARVALHO, Robert Carlon de. Direito individual e segurança do trabalho para vigilantes. Curitiba: Editora InterSaberes, 2016. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS. Projetos OAB. XX Exame de Ordem. Disponível em: <http://oab.fgv.br/NovoSec.aspx?key=KFmA0uYUv3c=&codSec=5141>. GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de Direito do Trabalho. 4. ed., revista e atualizada. Rio de Janeiro: Forense, 1995. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2015. VIANNA, Cláudia Salles Vilela. Manual prático das relações trabalhistas. 12. ed. São Paulo: LTr, 2014.
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