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1 1.5 O Fluxo de Renda da Indústria Açucareira ESTRUTURA DA AULA 1. Introdução: - Unidade: 1. Economia Colonial e o Brasil (séculos XVI e XVII) - Assunto: 1.5 O Fluxo de Renda da Indústria Açucareira - H/aulas: 2 - Bibliografia: Obrigatória PALACIOS, Guilhermo. A Agricultura Camponesa e Plantations Escravistas no Nordeste Oriental Durante o Século XVIII. In: SZMRECSÁNYI, Tamás (Org.). História Econômica do Período Colonial. São Paulo: Hucitec, 2002, v. , p. 35-54. FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Ed. Nacional, 1980. IX Complementar: TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Pecuária, Agricultura de Alimentos e Recursos Naturais no Brasil-Colônia. In: SZMRECSÁNYI, Tamás (Org.). História Econômica do Período Colonial. São Paulo: Hucitec, 2002, v. I, p. 123 a 159. MENDONÇA, Marina G. e PIRES, Marcos C. Formação Econômica do Brasil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. BAER, Werner. A Economia Brasileira. São Paulo: Nobel, 1996. 2.3 2. Metodologia: Aula expositiva, debate, atividade, análise de telas (Eckhout, Post) e de mapas. 3. Objetivos: Analisar o sistema açucareiro escravista como um sistema produtivo excludente, altamente dependente da demanda externa e com dificuldades p/ impulsionar o desenvolvimento. Entender que sistemas produtivos e economias nacionais altamente dependentes de um único produto de exportação, mercado consumidor ou distribuidor são altamente vulneráveis. 4. Importância/Aplicação: Entender Análise de condicionantes do processo de desenvolvimento de países pobres As origens da desigualdade de classes e regional são antigas Primeiras empresas instaladas no Brasil [engenhos] eram agroindústrias multinacionais com tecnologia de ponta O economista, para entender o desenvolvimento, precisa analisar as possibilidades de expansão, mudanças, evolução ou regressão de sistemas produtivos 5. Agenda: 2 10min: notícias econômicas 30min: 30min: 20min: 6. Revisão da aula anterior: América Espanhola decadente e Brasil ligado à economia mais dinâmica da Europa 7. Desenvolvimento: 8. Conclusão/Debate: PAUTA UNIDADE: 1. Economia Colonial e o Brasil (séculos XVI e XVII) ASSUNTO 1: 1.5 O Fluxo de Renda da Indústria Açucareira (Modelo de Celso Furtado) Só era possível criar Grandes engenhos [m-de-o especializada, M de capitais, equipamentos] o M-de-O especializada inicialmente branca foi substituída por escravos c/ > aptidão o M-de-O não-especializada devia ser reposta [não havia criação de escravos como nos EU]. “No Brasil-colônia, salta logo aos olhos a impossibilidade de se adaptarem os nossos produtos ao regime de pequenos lavradores sem recursos de monta. A instalação, por exemplo, de um engenho de açúcar – a principal riqueza da colônia – mesmo dos mais modestos, exigia mais de trezentos mil cruzeiros em moeda atual. Para o seu funcionamento requeriam-se ainda de cento e cinqüenta a duzentos trabalhadores”. [PRADO JR., Caio. Evolução Política do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 8a edição, 1972. P. 20] “Os grandes engenhos empregavam de 15 a 20 portugueses e 100 negros; os médios de 8 a 10 portugueses e 50 negros e os pequenos de 5 a 6 portugueses e 20 negros.” [SIMONSEN, Roberto Cochrane. História Econômica do Brasil: 1500 - 1820. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2005. P. 143 nota] 3 > parte dos recursos criados na produção drenados pelo mecanismo colonial o O grosso da acumulação = âmbito da circulação [comerciantes investiam lucro no exterior, portanto não havia re-investimento] o Preços dos M eram altos: peixes, manufaturas, vinho,... o Juros pagos aos belgas e holandeses [engenho = empresa binacional] o Preços dos escravos Recursos que ficavam no Br eram concentrados nas mãos dos senhores de engenho [90%] o “Tudo indica, destarte, que pelo menos 90% da renda gerada pela economia açucareira dentro do país se concentrava nas mãos da classe de proprietários de engenhos e de plantações de cana” (Furtado, 1980, p. 44-45) Possibilidade de Criação e Distribuição de renda o Escravo quase “não recebia renda” ??? o Não havia criação de escravos [o que poderia gerar renda] “Foi tentador demais o desejo de montar fazendas de criação de negros para livrar os empresários das importações. O negócio nunca deu certo. Os negrinhos, espertíssimos, que ali se criavam encontravam modos de ganhar o mundo fazendo-se passar por negros forros, o que tornava o negócio muito oneroso. Acresce que, o moleque que não entrasse no duro trabalho do canavial muito novinho, doze anos presumivelmente, jamais se adaptaria à dureza desse trabalho” [RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro. São Paulo: Cia das Letras, 1999. P. 163] 4 Jean Baptista Debret: Um jantar brasileiro (1827). SÉCULO XIX 5 Jean Baptista Debret: Batismo (Século XIX, Rio de Janeiro). o A construção do engenho não gerava renda Frans Jansz Post 1651 Casa de Fazenda o A produção de alimentos não gerava renda o I em capital [escravos nas fazendas] = custo fixo = só gerava Lucro [custo do escravo – produção do escravo = lucro] ou 6 Custo quando não havia produção [roupas e remédios] o I em novas terras, melhoramentos e construções não gerava renda o Não existia Escravo p/ serviços pessoais = “bem de consumo durável” [Furtado: 49] o Não gerava renda e nem mercado consumidor Portanto: Concentração da Renda e da Produção [NE] Não existia oportunidade para obter renda pelos pobres e escravos Possibilidade de expansão do sistema: consumo Europa ou ↓produção dos concorrentes produção de açúcar se M escravos e rentabilidade dos engenhos garantissem o I [o que ocorria] Conclusão: A produção podia o rapidamente [mas houve regulação para não preços] ou o rapidamente s/ que o sistema escravista se modificasse X não levava ao “Desenvolvimento de autopropulsão” [lembrar: bi, bcc, bk e bcd] [↑X → ↑PIB →↑RN→↑C→↑PIB] X = M[bk, escravos, manufaturas], terras ocupadas X = M, novas ocupações. capacidade ociosa melhorias nas fazendas, bem-estar, igrejas. lucro capacidade de reposição do capital mas não quebra Economia escravista: o Totalmente dependente da demanda externa 7 o Altamente resistente 2a metade do Séc. XVII e XVIII concorrência Antilha 50% preço do açúcar Perde preferência pelo mercado da Ing., França e Hol. + Economia Mineira = preço do escravo = rentabilidade do açúcar = letargia Séc. XIX – condições favoráveis = volta da vitalidade o Setor Monetário era fraco o Relação entre I e RN é fraca em uma economia tipo “Plantation”. Não gera mercado consumidor, nem novas oportunidades de emprego e de negócios. A sociedade brasileira nasce excludente e concentradora de renda regional e social O FLUXO DE RENDA DA INDÚSTRIA AÇUCAREIRA (NOVAS EVIDÊNCIAS). (Guilhermo Palácios – Universidade Federal Rural do RJ) A economia colonial era mais complexa do que a apresentada por Furtado e Caio Prado A Economia Camponesa “A historiografia dedicada à análise das estruturas agrárias no Brasil, desde Caio Prado Jr. Até os historiadores mais recentes (...) tem criado um paradigma da agricultura colonial (...) como tendo sido uma atividade dominada pela escravidão (...) Mais recentemente, vertentes marxistas modernas acrescentaram ao engenho escravista o atributo de ‘dominante’ e ‘determinante’ (...) que converte a história geral da sociedade e da economia coloniais em derivações reduzidas da história das plantations e fazendas escravistas” (Palacios,2002, p. 36) o Século XVIII a agricultura camponesa e a agricultura escravista alternavam-se na ocupação dos espaços mais produtivos da colônia: Algodão 8 Grande engenho Frans Post 1651 Casa de Fazenda 9 o 1785 repressão da metrópole às atividades econômicas dos pequenos plantadores o Existiam escravos pecuaristas inclusive criando cavalos ↓ competitividade do açúcar brasileiro → ↑ desativação de plantações e engenhos →: o ↑ agricultura camponesa (“campesinização” Palacios, 2002, p. 39): algodão e tabaco para X ou contrabando [Revolução Industrial e M de escravos para MG]. o ↑Alimentos, mandioca e alimentos e frutas, gado, animais para mercado interno, e “complexo inter-oceânico” abastecimento de navios [Recife, porto e navios da rota das índias, negreiros] [sem a produção de alimentos não existiria ocupação do território brasileiro] o Em alguns momentos ↑ preço algodão → ↓ área de alimento = ondas de fome → Governo obriga pequenos agricultores a ↑ cultivo da mandioca e fabricação de farinha. o ↑ agricultura de subsistência 10 Frans Post, 1650 Paisagem Brasileira (detalhe). Metropolitan Museum of Art. New York. 11 Frans Post Séc XVII Olinda 12 “Um ponto original, ainda não destacado pela historiografia tradicional, refere-se às possibilidades dadas aos escravos de terem seus próprios animais. Numa versão sertaneja da brecha camponesa, vemos que os fazendeiros e sesmeiros não exerciam qualquer controle sobre a criação miúda: galinhas ou cabras podiam ser criadas e comercializadas livremente. Contar ou pedir contas de criação repugnava um vaqueiro ou criador, por envolver-se com sobejos de escravo, criança ou mulher. Porém, há um ponto ainda mais original: um número significativo de escravos criava cavalos. Estes, animais caros e nobres, comprovam uma fantástica capacidade de prover-se de um fundo ou pecúlio (um bom animal de sela, no final do século XVIII, valia, na Bahia, cerca de 30$000, enquanto uma rês valia cerca de 5$000).” “Em Brejo Seco, os escravos Felix, João, Salvador, Luiz Courano e Francisco Crioullo aparecem como criando éguas. O negro Felix possuía, em 1760, 3 potros e 2 potras, enquanto os demais possuíam dois animais cada. Também escravos de vizinhos deixavam seus animais para criar no Brejo Seco, como a “creoulla Ana, escrava de Manuel Gomes que possui uma égua no rebalho da fazenda”; negros forros, como João de Sá e Francisco da Rocha entregavam seus animais para criar junto, no Brejo Seco.” [21] Frans Psot, Séc. XVII, nordeste brasileiro 13 “Vemos, assim, no seu conjunto, uma grande circulação de recursos –animais, dinheiro, sortes– na empresa sertaneja. As possibilidades, senão de enriquecimento, mas, de autonomia econômica no interior do sistema, eram grandes e não dependiam de investimentos próprios; é verdade, que o fato de ser filho d’alguém de qualidades, como os jovens vaqueiros do Sertão do Rio de Contas, ajudava, deixando entrever uma rede de compadrio (onde a ajuda na feitura do enxoval do rapaz era prova inigualável de amizade) que servia de base e amparava as relações de trabalho que se estabeleciam. Contudo, poucas vezes, no Brasil colonial, um jovem, forte e corajoso, tinha tantas chances de plantar as bases da sua própria autonomia. É bem verdade que abriam- se os caminhos, no máximo, de um sítio ou situação, posto que a fazenda ou o curral, com escravos e as matrizes, exigiam recursos e investimentos próprios. Na pequena produção escravista de alimentos, em torno de Salvador ou nas vilas “de baixo”, os jovens filhos dos roceiros, já com 12 ou 13 anos, eram virtualmente “catados” para servir na infantaria ou na marinha. Temerosos, os pais escondiam regularmente os filhos homens no mato. A diferença de possibilidades era notável, e caracteriza um universo bem mais nuançado que na agricultura de alimentos” (Teixeira Da Silva, 1990: 123; Röhrig Assunção, 1993). “Da mesma forma, a amplitude da circulação de recursos permitia que escravos e forros tivessem um rendimento próprio, reconhecido e respeitado pelo senhor (como no Livro Razão do Brejo Seco), infinitamente superior aos rendimentos alcançados por seus congêneres no plantio de alimentos e criação de aves de terreiro –atividades características da brecha camponesa. Aqui, a autonomia do escravo se expressava na posse, criação e comercialização de animais nobres e caros –as montarias–, enquanto na plantation nunca se tinha acesso às culturas nobres como o açúcar. Aí, restringia-se a autonomia da economia própria dos escravos aos mantimentos, o que poderia integrar-se bastante bem ao cálculo do senhor na gestão dos recursos do engenho. É verdade, também‚ que as montarias não competiam com a atividade principal –o gado–, e via-se, de certa forma, como animais de estimação.” “De qualquer forma, o mundo da empresa sertaneja surge mais aberto, menos hierarquizado e mais variegado do ponto de vista social. Mas, se as hierarquias do trabalho eram menos rígidas do que no mundo da plantation, os códigos de honra e as noções de ofensa estão à flor da pele. Os relatos de crimes e conflitos, quase sempre envolvendo famílias e clientelas, são comuns. Ao longo do vale do São Francisco tornou-se popular, até hoje, o uso da locução justiça-do-rio-de-baixo para nomear o bacamarte, expressão maior da defesa da honra.” 14 “Vaqueiros, camaradas, cabras e fábricas; passadores, tangedores e guias; negros, escravos e forros; caboclos quase todos; muitos mamelucos; e mulatos, em grande número, formam um universo próprio, com dinâmica original e constituem-se em elementos de uma cultura rústica, que ainda hoje resiste à modernidade dissolvente.” [TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Pecuária, Agricultura de Alimentos e Recursos Naturais no Brasil-Colônia. In: SZMRECSÁNYI, Tamás (Org.). História Econômica do Período Colonial. São Paulo: Hucitec, 2002, v. I, p. 123 a 159. Produção e Comércio interno de alimentos de animais [Telas de Albert Eckhout] Albert Eckhout, 1640s. Nordeste Brasileiro. 15 Albert Eckhout, 1640s. Nordeste Brasileiro. 16 Albert Eckhout, 1640s. Nordeste Brasileiro. Frans Post, 1656 17 Frans Post, 1652 Frans Post, 1659 18 Albert Eckhout, 1640s. Nordeste Brasileiro. Negra 19 Forças antagônicas na Formação da Economia Brasileira Economia colonial exportadora Produção/Comércio interno de alimentos de animais Tráfico + permanência da escravidão Alforria Segregação + racismo Integração étnica Concentração da propriedade Ocupação de terras devolutas = posseiros Concentração social e regional da renda Geração e distribuição de renda na escravidão Economia Mundo Economia local Debate: Conhecimentos e Aplicações: - Desenvolvimento: Processos de desenvolvimento excludentes apresentam dificuldades p/ impulsionar o desenvolvimento sustentável. - Análise de Conjuntura, Estrutura e Vulnerabilidade de países: Sistemas produtivos altamente dependentes de um único produto ou mercado consumidor ou distribuidor são altamente vulneráveis. 9. Objetivos: Analisar o sistema açucareiro escravista como um sistema produtivo excludente, altamente dependente da demanda externa e com dificuldades p/ impulsionar o desenvolvimento. Entender que sistemas produtivos e economias nacionais altamente dependentes de um único produto de exportação, mercado consumidor ou distribuidor são altamente vulneráveis. 10. Importância/Aplicação: Entender Análise de condicionantes do processo de desenvolvimento de países pobres As origens da desigualdade declasses e regional são antigas Primeiras empresas instaladas no Brasil [engenhos] eram agroindústrias multinacionais com tecnologia de ponta O economista, para entender o desenvolvimento, precisa analisar as possibilidades de expansão, mudanças, evolução ou regressão de sistemas produtivos Atividade: Utilize a experiência da economia colonial brasileira para responder a questão abaixo. Você consegue propor alguma alternativa de desenvolvimento para o HAITI atual?
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