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Ministério Público v.6 - Coleção Repercussões do Novo CPC 2016 - F. Didier Jr.pdf 1 iJ 1 EDITORA f fasPODIVM www.editorajuspodivm.com.br Rua Mato Grosso, 1 75 - Pituba, CEP: 41830-1 51 - Salvador - Bahia Tel: (71 ) 3363-861 7 / Fax: (71 ) 3363-5050 ·E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br Conselho Editorial: Antonio Gidi, Eduardo Viana, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., José Henrique Mouta, José Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robério Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha. Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenojardim.com.br) Diagramação: Caetê Coelho (caete7984@gmail.com.br) Ministério Público / coordenadores, Robson Renault Godinho, Susana M663 Henriques da Costa. - Salvador: Juspodivm, out./ 2015. 312 p. (Coleção Repercussões do Novo CPC, v. 6; coordenador geral, Fredie Didier Jr. ) Vários autores. Bibliografia. ISBN 978-85-442-0560-0 1. Ministério Público. 2. Processo civil. 1. GODINHO, Robson Renault. li. COSTA, Susana Henriques da. Ili. Título. Todos os direitos desta edição reservados à Edições JusPODIVM. Copyright: Edições JusPODIVM CDD 341 .41 3 É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e da Edições JusPODIVM. A violação dos ·direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis. Sumário Sobre os Autores .............................................................................................................. 11 Apresentação.................................................................................................................... 13 Capítulo 1 � Questões atuais sobre as p osições do Ministério Público no novo CPC........................................................ 15 Fredie Didier Jr. e Robson Renault Godinho 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 15 2. O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO LEGITIMADO ORDINÁRIO E SUA CAPACIDADE POSTULATÓRIA ...................... 16 3. AINDA A LEGITIMIDADE E A CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL: O PROBLEMA DA SUSTENTAÇÃO ORAL NOS TRIBUNAIS SUPERIORES........................................................... 19 4. LIMITES DA ATUAÇÃO RECURSAL DOS PROMOTORES DE JUSTIÇA: A RELAÇÃO COM OS PROCURADORES DE JUSTIÇA E O FIM DO DENOMINADO "PARECER RECURSAL" ......................................... 22 5. O MINISTÉRIO PÚBLICO NO POLO PASSIVO DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL ................................ 26 6. O MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E A DESNECESSIDADE DE ATUAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL............................................................................. 28 7. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES E SUSPENSÃO DO PROCESSO........................................................................... 36 8. MINISTÉRIO PÚBLICO COMO ASSISTENTE SIMPLES ..................................................................................... 38 9. ENCERRAMENTO........................................................................................................................................ 41 Capítulo 2 � Código de Processo Civil 2015: Ruptura do Paradoxo entre o Ministério Público da Legalidade e o Ministério Público Constitucional ................. .......... 43 Hermes Zaneti Jr. 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 43 2. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO PROCESSUAL E O REGIME CONSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO.................................................................................................................................................... 44 3. O MINISTÉRIO PÚBLICO EM BERLIM: O MP COMO INSTITUIÇÃO DE GARANTIA E O PRINCÍPIO DA ACIONABILIDADE EM LUIGI FERRAJOLI........................................................................................................ 48 4. AVALORATIVIDADE DA LEI E NEUTRALIDADE INTERPRETATIVA DO DIREITO: A EXPERIÊNCIA DA "MAGISTRATURA DEMOCRÁTICA" ITALIANA E OS EFEITOS NO MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO DA RECEPÇÃO DA CONSTITUIÇÃO NO CPC/2015 .............................................................................................. 49 5. INDEPENDÊNCIA E UNIDADE NO QUADRO DA CONSTITUIÇÃO: EQUIPRIMORDIALIDADE ............................... 52 6. QUEM CONTROLA A INTERVENÇÃO DO MP? RACIONALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO CIVIL, GRAUS DE INTERESSE PÚBLICO, GRAUS DE INDISPONIBILIDADE E O PRINCÍPIO DA "DISPONIBILIDADE MOTIVADA"...... 54 7. CONCLUSÃO.............................................................................................................................................. 60 s SUMÁR IO Capítulo 3 ..,,. O Ministério Público no novo Código de Processo Civil: alguns tópicos .............................................. 61 Robson Renau/t Godinho 1. DELIMITAÇÃO OBJETIVA DO TEMA.............................................................................................................. 61 2. A ADAPTAÇÃO PROCESSUAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO À CONSTITUIÇÃO..................................................... 63 3. O NOVO CPC E A APATIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROCESSO LEGISLATIVO: AUSÊNCIA DE AVANÇOS FUNDAMENTAIS......................................................................................................................... 64 4. AS NORMAS FUNDAMENTAIS..................................................................................................................... 65 5. PRAZOS PROCESSUAIS E INTIMAÇÕES........................................................................................................ 67 6. INTERVENÇÃO COMO FISCAL DA ORDEM JURÍDICA (CUSTOS LEGIS) ............................................................• 70 7. MINISTÉRIO PÚBLICO E A NECESSIDADE DE CURADOR ESPECIAL................................................................ 81 8. MINISTÉRIO PÚBLICO COMO LEGITIMADO ATIVO ........................................................................................ 83 9. SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO...................................................................................................................... 85 10. A RESPONSABILIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO......................................................................................... 88 11. A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO E O ESCALONAMENTO DA CARREIRA: O MAL-ESTAR NO PRINCÍPIO DA UNIDADE............................................................................................................................. 89 12. ENCERRAMENTO........................................................................................................................................ 98 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................... 99 Capítulo 4 ..,,. Novo CPC, inversão do ônus da prova e ações de improbidade administrativa .................................. 101 Marco Aurélio Adão 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 101 2. A INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA E O NCPC.............................................................................................. 103 3- NATUREZA DA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA E PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ............................. 108 4. NOVO CPC E INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA EM AÇÕES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA..................... 111 5. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................ 114 Capítulo 5 ..,,. O Ministério Público e o papel de fiscal da ordem jurídica no CPC/2015 ............. .... ............................. 119 Humberto Dai/a Bernardino de Pinho L INTROITO................................................................................................................................................... 119 2. PERFIL CONSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO..................................................................................... 119 3. O MINISTÉRIO PÚBLICO FISCAL DA LEI NO CPC DE 1973............................................................................. 121 4. O MINISTÉRIO PÚBLICO FISCAL DA ORDEM JURÍDICA NO CPC DE 2015....................................................... 123 4.1. DISPOSITIVOS GENÉRICOS................................................................................................................ 123 4.2. DISPOSITIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 130 5. CONCLUSÕES............................................................................................................................................. 134 6. BIBLIOGRAFIA. ........................................................................................................................................... 135 6 SUMÁRIO Capítulo 6 .,... O Ministério Público como fiscal da ordem jurídica na Constituição 1988 e no Novo CPC para o Brasil...................... ............. 139 Gregório Assagra de Almeida 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 140 2. O MINISTÉRIO PÚBLICO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988....................... 140 3. A NATUREZA INSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO GARANTIA CONSTITUCIONAL FUNDAMENTAL DE ACESSO À JUSTIÇA........................................................................................................ 141 4. A MULTIFUNCIONALIDADE DOS DIREITOS E DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS NO PLANO DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO........................................................................................... 145 5. OS DOIS MODELOS CONSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO: O DEMANDISTA E O RESOLUTIVO.............................................................................................................................................. 148 6. UMA NOVA SUMMA DIVISIO AMPARADA NOS DIREITOS E NAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS FUNDAMENTAIS COMO DIRETRIZ PARA A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO............................................. 149 7. A SUPERAÇÃO DO MODELO DE MINISTÉRIO PÚBLICO COMO CUSTOS LEGIS E A CONSAGRAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 DO MODELO DE MINISTÉRIO PÚBLICO COMO CUSTOS SOCIETATIS (CUSTOS JURIS) E FISCAL DA ORDEM JURÍDICA ........................................................................................................ 151 p. A DEFESA DE INTERESSES PRIMACIAIS DA SOCIEDADE..................................................................... 151 7.2. O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA ORDEM JURÍDICA NA CONSTITUIÇÃO DE 1988: A INCIDÊNCIA DESSA CONDIÇÃO CONSTITUCIONAL NA ATUAÇÃO DA INSTITUIÇÃO COMO ÓRGÃO AGENTE E INTERVENIENTE, NO PLANO DA ATUAÇÃO JURISDICIONAL E EXTRAJURISDICIONAL............. 152 8. O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA ORDEM JURÍDICA NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL E A CONSAGRAÇÃO EXPRESSA DA TERMINOLOGIA NO NOVO CPC (LEI FEDERAL N° 13-105, DE 16 DE MARÇO DE 2015) E ALGUMAS DIRETRIZES IMPORTANTES..................................................................... 155 8.1. O MINISTÉRIO PÚBLICO NA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL....................................................... 155 8.2. O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA ORDEM JURÍDICA NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (LEI N° 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015): ALGUMAS CONSIDERAÇÕES................................. 157 9. CONCLUSÕES............................................................................................................................................. 165 10. REFERÊNCIAS............................................................................................................................................ 167 Capítulo 7 .,... Ministério Público e a Cultura da Sentença. ... ........ .................. ... ... ....... 173 Oélton Esteves Pastore 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS........................................................................................................................... 173 2. INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO............................................................................................................. 175 3. EXEGESE ATUALIZADA DO PRINCÍPIO ..................................................................................... .................... 177 4. CULTURA DA SENTENÇA............................................................................................................................. 179 5. ESCOPOS DA JURISDIÇÃO........................................................................................................................... 181 6. MEIOS ADEQUADOS PARA A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS E MINISTÉRIO PÚBLICO.......................................... 183 7. CONCILIAÇÃO ............................................................................................................................................ 185 8. MEDIAÇÃO................................................................................................................................................ 186 9. AJUSTAMENTO DE CONDUTA...................................................................................................................... 188 10. CONCLUSÕES............................................................................................................................................. 190 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................... 191 7 SUMÁRIO Capítulo 8 .,.. As convenções processuais e o termo de ajustamento de conduta .. 193 Antonio do Passo Cabral 1. INTRODUÇÃO. CONVENCIONALIDADE NO DIREITO PÚBLICO......................................................................... 193 2. A TENDÊNCIA DE CONVENCIONALIDADE NO DIREITO PENAL E SANCIONADOR............................................. 197 3. A POSSIBILIDADE DE NEGOCIAÇÃO EM IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA..................................................... 198 4. AÇÕES COLETIVAS E TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA..................................................................... 199 5. O NOVO CPC E OS MECANISMOS DE AUTOCOMPOSIÇÃO DOS LITÍGIOS....................................................... 201 6. A DIFERENÇA ENTRE NEGÓCIOS PROCESSUAIS E NEGÓCIOS DE DIREITO MATERIAL. A INDISPONIBILIDADE DO DIREITO NÃO IMPEDE A NEGOCIAÇÃO SOBRE O PROCESSO.................................... 202 7. A RESOLUÇÃO N° 118/2014 DO CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO......................................... 203 8. CONCLUSÃO ........................... ................................................................................................................... 205 9. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................ 206 Capítulo 9 .,.. O Ministério Público, o novo CPC e o negócio jurídico processual...... 211 Marcos Stefani 1. O CPC DE 2015, A AUTONOMIA PRIVADA E A AUTONOMIA PÚBLICA .......................................................... 211 2. OS LIMITES DA AUTONOMIA PRIVADA (DO PODER JURÍGENO) .................................................................... 213 3. O NEGÓCIO JURÍDICO COMO FONTE DE NORMAS PROCESSUAIS E PROCEDIMENTAIS .................................. 213 4. NEGÓCIOS TÍPICOS E A CLÁUSULA GERAL DE NEGÓCIOS ATÍPICOS.............................................................. 217 5. O NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL E O MINISTÉRIO PÚBLICO INTERVENIENTE............................................ 219 6. O MINISTÉRIO PÚBLICO AGENTE E O NEGÓCIO JURÍDICO PROCESSUAL........................................................ 219 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................. 221 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................... 221 Capítulo lo .,.. O Ministério Público no processo civil: aspectos da preclusão ......... 223 Emerson Garcia 1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS........................................................................................................................ 223 2. A PRECLUSÃO E OS SEUS ASPECTOS ESTRUTURAIS..................................................................................... 226 3. A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO ÓRGÃO AGENTE OU INTERVENIENTE E A INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL ..................................................................................................................... 229 4. EPÍLOGO.................................................................................................................................................... 234 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................... 235 Capítulo 11 .,._ Novo CPC: o Ministério Público e a jurisdição voluntária ................... 239 Ricardo de Barros Leonel 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 239 2. PERFIL CONSTITUCIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO E DELINEAMENTO GERAL DOS FUNDAMENTOS DA SUA INTERVENÇÃO NO PROCESSO CIVIL..................................................................................................... 240 3. SOBRE A JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA............................................................................................................. 243 4. O MINISTÉRIO PÚBLICO NA JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA................................................................................. 244 8 SUMÁR IO 5. MP: INTERESSE EM INTERVIR E EM RECORRER.......................................................................................... 246 6. PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA NO NOVO CÓDIGO: MANUTENÇÃO DO SISTEMA ANTERIOR......................................................................... 247 7. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................ 248 Capítulo 12 � Intervenção d o Ministério Público no incidente de assunção de competência e na reclamação: interpretando um silêncio e um exagero verborrágico do novo CPC ............................................ 249 fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha 1. PANORAMA SOBRE A INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROCESSO CIVIL APÓS O CPC-2015........ 249 2. INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA RECLAMAÇÃO. ........................................................................ 253 3. INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA........................... 255 Capítulo 13 � O Ministério Público e a ação de interdição no Novo CPC....... ........... 257 Vítor Fonsêca 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 257 2. O MINISTÉRIO PÚBLICO E A AÇÃO DE INTERDIÇÃO NO NOVO CPC.............................................................. 258 2.1. A LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A PROPOSITURA DA AÇÃO DE INTERDIÇÃO............. 258 2.2. O AFASTAMENTO DA FUNÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO "CURADOR ESPECIAL" OU "DEFENSOR" DO INTERDITANDO...................................................................................................... 264 2.3. O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO FISCAL DA ORDEM JURÍDICA NA AÇÃO DE INTERDIÇÃO..................... 266 2.4. A LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA O PEDIDO DE LEVANTAMENTO DA CURATELA ......... 267 3. CONCLUSÕES............................................................................................................................................. 268 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................................... 269 Capítulo 14 � Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica e o Ministério Público.................................................................................... 271 Marcelo de Oliveira Milagres Capítulo 15 � Conversão de Ações Individuais em Coletivas: Contornos Pragmáticos ao Veto do Artigo 333 do Novo Código de Processo Civil ........................................................................................... 277 Marcelo Zenl·mer 1. NOTAS INTRODUTÓRIAS - O VETO AO ARTIGO 333 DO NCPC....................................................................... 277 2. IMPORTÂNCIA E HIPÓTESE PRÁTICA DE APLICAÇÃO DO DISPOSITIVO VETADO............................................. 280 3. CONTORNO AO VETO PELA VIA DO DIREITO PROCESSUAL COLETIVO ........................................................... 282 4. CONTORNO AO VETO PELAS INOVAÇÕES DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 ..................................... 285 5. CONCLUSÕES FINAIS.................................................................................................................................. 287 6. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................ 288 9 SUMARIO Capítulo i6 � Uma Hipótese de Defendan t C/ass Action no CPC? O Papel do Ministério Público na Efetivação do Contraditório Nas Demandas Possessórias Propostas em Face de Pessoas Desconhecidas ......................................................................................... 289 Susana Henriques da Costa e joão Eberhardt Francisco 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 289 2. RECONHECIMENTO DA SITUAÇÃO PASSIVA COLETIVA E ADMISSÃO DA AÇÃO COLETIVA PASSIVA................. 293 3. A NOVA PREVISÃO DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL................................................................................... 295 4. A PRÁTICA JUDICIÁRIA SOB A ÉGIDE DO CPC/1973 ..................................................................................... 300 4.i. SEGUE: IMPOSSIBILIDADE DE QUALIFICAÇÃO DOS RÉUS VERSUS ACESSO À JUSTIÇA ......................... 301 5. A REPRESENTAÇÃO DOS INTERESSES EM CONFLITO NO PROCESSO E A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO... 303 6. CONCLUSÃO .............................................................................................................................................. 307 7. BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................ 308 10 Sobre os autores ANTONIO DO PASSO CABRAL Professor Adjunto d e Direito Processual Civil d a Uni versidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutor em Direito Processual pela UERJ em cooperação com a Universidade de Munique, Alemanha (Ludwig-Ma ximilians-Universitat). Mestre em Direito Público pela UERJ. Pós-doutorando pela Universidade de Paris 1 (Panthéon-Sorbonne). Procurador da República no Rio de Janeiro. DÉLTON ESTEVES PASTORE Promotor d e Justiça do Ministério Público d e São Pau lo. Mestre e Doutor em Direito Processual pela Facul dade de Direito da Universidade de São Paulo EMERSON GARCIA Doutor e Mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Universidade de Lisboa. Especialista em Education Law and Policy pela European Association for Educa tion Law and Policy (Antuérpia - Bélgica) e em Ciên cias Políticas e Internacionais pela Universidade de Lisboa. Membro do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Consultor Jurídico da Procuradoria Ge ral de Justiça e Diretor da Revista de Direito. Consul tor Jurídico da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP). Membro da American Society of lnternational Law e da lnternational Asso ciation of Prosecutors (Haia - Holanda). FREDIE DIDIER JR. Pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Doutor em Direito pela PUC-SP. Mestre em Direito pela UFBA. Livre-docente pela USP. Membro da Associação Inter nacional de Direito Processual, do Instituto lberoame ricano de Direito Processual, do Instituto Brasileiro de Direito Processual e da Associação Norte e Nordeste de Professores de Processo. Professor associado da Universidade Federal da Bahia, nos cursos de Gradua ção, Mestrado e Doutorado. Advogado. GREGÓRIO ASSAGRA DE ALMEIDA Graduado em Direito pela Universidade de Ribeirão Preto. Mestre em Direito Processual Civil e doutor em Direitos Difusos e Coletivos pela Pontifícia Universi dade Católica de São Paulo. Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de Minas. Foi diretor e Coordenador Pedagógico do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público do Estado de Minas Gerais. Membro da Comissão de Juristas do Ministério da Justiça que elaborou o Anteprojeto convertido no Projeto de Lei (PL) n° 5.139/2009 sobre a nova Lei da Ação Civil Pública. É professor e foi coordenador do Curso de Mestrado em Direitos Fundamentais da Universidade de ltaúna. Foi integrante, na vaga de jurista, da Câmara de Desen volvimento Científico da Escola Superior do Ministé rio Público da União. Foi professor visitante do Curso de Doutorado da Universidad Lomas de Zamora, em Buenos Aires (Argentina). Foi professor visitante do Programa de Postgrado sobre Gestión de Políticas Públicas Ambientales en el Marco de la Globalización da Universidad de Castilla, em La Mancha (Espanha). Foi Assessor de Projetos e de Articulação lnterinstitu cional da Secretaria de Reforma do Judiciário do Mi nistério da Justiça. Foi membro da Câmara Consultiva Temática de Política Regulatória do Ensino Jurídico. Autor de vários livros, com publicações no Brasil e no exterior. Pós-doutor em estágio sénior pela Faculdade de Direito da Universidade de Syracuse, NY, Estados Unidos e bolsista CAPEs em Estágio Sénior. HERMES ZANETI JR. Professor Adjunto d e Direito Processual Civil n a Uni versidade Federal do Espírito Santo - UFES. Pós-Dou torado em Direito pela Università degli Studi diTorino; Doutor em Teoria e Filosofia do Direito pela Università degli Studi di Roma Tre; Doutor e Mestre em Direi to Processual Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Membro da ABRAMPA (Asso ciação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente); MPCON (Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor); IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual); llDP (Instituto Ibero Americano de Direito Processual); IAPL (lnternational Association of Procedural Law). Promotor de Justiça no Estado do Espírito Santo - MPES. 11 SOBRE OS AUTORES HUMBERTO DALLA BERNARDINA DE PINHO Professor Associado n a UERJ. ProfessorTitular n a Está cio. Promotor de Justiça no RJ. JOÃO EBERHARDT FRANCISCO Doutorando e Mestre em Direito Processual Civil pela Faculdade de Direito da USP. Professor convidado da pós-graduação em Processo Civil da FGVSP - GVLaw. Professor convidado da pós-graduação em Direito Ci vil e Processo Civil da EPD. Membro do CEAPRO- Cen tro de Estudos Avançados de Processo. Advogado. LEONARDO CARNEIRO DA CUNHA Pós-doutorado pela Universidade d e Lisboa. Doutor em Direito pela PUC-SP. Mestre em Direito pela UFPE. Membro do Instituto lberoamericano de Direito Pro cessual, do Instituto Brasileiro de Direito Processual e da Associação Norte e Nordeste de Professores de Processo. Professor Adjunto da Faculdade de Direito do Recife (UFPE), nos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado. Advogado. MARCELO DE OLIVEIRA MILAGRES Promotor de Justiça em Minas Gerais. Professor Ad junto de Direito Civil na Universidade Federal de Mi nas Gerais (UFMG). O instituto da desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine), entre nós, tem previsão expressa, por exemplo, no art. 50 do Código Civil, no art. 28 do Código de Defesa do Con sumidor, no art. 4° da Lei nº 9.605/1998, no art. 34 da Lei nº 12.529/2011 e no art. 135 do Código Tributário Nacional. MARCELO ZENKNER Mestre e m Direitos e Garantias Constitucionais Fun damentais pela FDV - Faculdade de Direito de Vitória e Doutorando pela Faculdade de Direito da Universi dade Nova de Lisboa (Portugal). Professor de Direito Processual Civil dos cursos de graduação e pós-gra duação da FDV - Faculdade de Direito de Vitória. Membro do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (licenciado). Secretário de Estado de Controle e Transparência do Estado do Espírito Santo. 12 MARCO AURÉLIO ADÃO Mestrando em direito processual na Faculdade de Di reito da USP. Procurador da República. MARCOS STEFANI Promotor de Justiça. Doutor e Mestre e m Direitos Di fusos pela PUC/SP. Mestre em Processo Civil pela PUC/ Campinas. Professor do Mackenzie e da FACAMP. RICARDO DE BARROS LEONEL Professor Associado do Departamento de Direito Pro cessual da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Promotor de Justiça em São Paulo. ROBSON RENAULT GODINHO Promotor de Justiça (MPRJ). Pós-doutorado (UFBA), Doutor e Mestre em Direito Processual Civil (PUC-SP). Membro dos Institutos Brasileiro e lberoamericano de Direito Processual. SUSANA HEN RIQUES DA COSTA Professora Doutora da Faculdade de Direito da USP. Professora do programa GVlaw da FGV Direito SP. Mestre e Doutora em Direito Processual pela Faculda de de Direito da USP e Pós-doutora na University of Wisconsin - Madison Law School. Promotora de Justi ça do Estado de São Paulo. VITOR FONSÊCA Doutorando, Mestre e Especialista em Direito Pro cessual Civil (PUC/SP). Secretário-Adjunto do Institu to Brasileiro de Direito Processual (AM). Membro do Centro de Estudos Avançados de Processo (CEAPRO) e da Associação Norte e Nordeste de Professores de Processo (ANNEP). Editor do portalprocessual.com. Promotor de Justiça (AM). Apresentação A produção doutri n ária sobre a atuação d o M in istério Públ ico n o pro cesso civi l é i nversamente proporciona l à s u a relevante e m ultifacetada atuação, notavelmente robustecida nos últimos a nos, não s ó na tutela dos d ire itos coletivos, mas também na d efesa de d i re itos i ndividuais. A publicação de u m novo Cód igo de Processo Civil, portanto, é uma sim b ól ica oportun idade para que se pu bl iquem est udos q ue se preocu pem com as várias d imensões e nvolvendo a participação do M in istério Públ ico no processo civi l . Este l ivro pretende contri b uir com essa fase de reconstrução e d e des coberta das possib i l idades e l imites do Min istério Púb lico - especia lmente a parti r da ed ição de u m Código que traz modificações e paradigm áticas ao processo brasi le i ro -, na e xpectativa de q u e outros estudos sejam pro duzidos para q u e s e compreendam cada vez mais suas posições proces suais . Este livro coletivo conta com dezesseis traba l hos escritos por a utores com vasta produ ção acad êmica, e xperi ência u n iversitária, i ntegrando d i versos programas de p ós -graduação e m Direito, buscando i nterpretar as re levantes alterações i m plementadas pelo novo Código. Os coordenadores agradecem a participação desses estudiosos e o acol himento da Editora Jus Podivm, esperando q u e o l ivro ten ha uti l idade e au xi l ie n a compreensão da atuação do Min istério Público no processo civi l . São Pau lo, setembro de 2015 . Robson Renault Godinho e Susana Henriques da Costa 13 CA PÍTULO 1 Questões atuais sobre as posições do Ministério Públ ico no novo CPC1 Fredie Didier Jr.2 e Robson Rena ult Godinho3 SUMÁRIO: 1. INTRODUÇÃO; 2. O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO LEGITIMADO ORDINÁRIO E SUA CAPACIDA DE POSTULATÓRIA; 3. AINDA A LEGITIMIDADE E A CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO MIN ISTÉRIO; PÚBLICO ESTADUAL: O PROBLEMA DA SUSTENTAÇÃO ORAL NOS TRIBUNAIS SUPERIORES; 4. LIMITES DA ATUAÇÃO RECURSAL DOS PROMOTORES DE JUSTIÇA: A RELAÇÃO COM OS PROCURADORES DE JUSTIÇA E O FIM DO DE NOMINADO "PARECER RECURSA�'; 5. O MINISTÉRIO PÚBLICO NO POLO PASSIVO DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL; 6. O MINISTÉRIO PÚBLICO NA DEFESA DE DIREITOS INDIVIDUAIS DE CRIANÇAS E ADOLESCEN TES E A DESNECESSIDADE DE ATUAÇÃO DE CURADOR ESPECIAL; 7. CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES E SUSPENSÃO DO PROCESSO; 8. MINISTÉRIO PÚBLICO COMO ASSISTENTE SIMPLES; 9. ENCERRAMENTO. 1 . INTRODUÇÃO Para os fi ns deste traba lho, interessa-nos a compreensão da história recente do Min istério Púb lico brasi le iro4, já que sua formação o torna pecul iar, se compa rado a M in istérios Públ icos de outros países5• Este texto é uma versão atualizada e adaptada de trabalho anterior dos autores, escrito antes da apro vação do novo CPC: Questões atuais sobre as posições do Ministério Público no processo civil. Revista de Processo, n° 237- São Paulo: RT, novembro de 2014, p. 45/87. Para a publicação nesta coletânea, foram su primidos trechos da versão original e incluíram-se as necessárias referências ao novo CPC, além de outras alterações, que, contudo, não alteram a essência do que foi anteriormente publicado. 2. Livre-Docente (USP), Doutor (PUC/SP) e Mestre (UFBA) em Direito Processual Civil. Professor da UFBA. Advogado. 3. Pós-doutorando (UFBA). Doutor e Mestre em Direito Processual Civil (PUC/SP). Promotor de Justiça (MPRJ). 4 Para a formação histórica geral do Ministério Público e/ou para notícias de direito comparado, vale conferir os seguintes estudos, que também trazem outras referências bibliográficas sobre o tema: GARCIA, Emerson. Ministério Público - organização, atribuições e regime jurídico. 4' ed. São Paulo: Saraiva, 2014. SAUWEN FILHO, João Francisco. Ministério Público Brasileiro e o Estado Democrático de Direito. Rio de Janeiro: Renovar, 1999- NERY, Rosa Maria de Andrade. Notas sobre a justiça e o Ministério Público no direito da Alemanha ocidental. Revista de Processo, nº 47. São Paulo: RT, julho/setembro de 1987. PROENÇA, Luis Roberto. Participação do Ministério Público no processo civil nos Estados Unidos da América. Ministério Público - instituição e processo. Antonio Augusto Mello de Camargo Ferraz (coord.). São Paulo: Atlas, 1997- FERRAZ, Antonio Augusto Mello de Camargo. Anotações sobre os Ministérios Públicos brasileiro e americano. Ministério Público e Afirmação da Cidadania. São Paulo: s/ed., 1997- COSTA, Eduardo Maia. Ministério Público em Portugal. Ministério Público li - democracia. José Marcelo Menezes Vigliar e Ronaldo Porto Macedo Júnior (coord). São Paulo: Atlas, 1999- SALLES, Carlos Alberto de. Entre a razão e a utopia: a formação histórica do Ministério Público. Ministério Público li - democracia. José Marcelo Menezes Vigliar e Ronaldo Porto Macedo Júnior (coord). São Paulo: Atlas, 1999- MACEDO JÚNIOR, Ronaldo Porto. A evolução institucional do Ministério Público brasileiro. Uma Introdução ao Estudo da Justiça. Maria Tereza Sadek (org.). São Paulo: IDESP/Sumaré, 1995. ARANTES, Rogério Bastos. Ministério Público e Política no Brasil. São Paulo: IDESP/EDUC/ Sumaré, 2002. ZENKNER, Marcelo. Ministério Público e Efetividade do Processo Civil. São Paulo: RT, 2006. MACHADO, Bruno Amaral. Ministério Público: organização, representação e trajetórias. Curitiba: Juruá, 2007. Além das referências citadas na nota anterior, convém mencionar interessante livro que oferece um pa norama comparado: DIAS e AZEVEDO (coord.). O Papel do Ministério Público: estudo comparado dos países latino-americanos. Coimbra: Almedina, 2008. 15 f R E D I E D 1D1ER J R . E RossoN RENAULT GOD I NHO É i nteressante observar que o Min istério Púb l ico, mesmo após a Constitu ição de i988, ainda não é percebido como um personagem mu ltifacetado no processo civil, com toda u ma nova d imensão j u rídica advinda de diversos textos normati vos e da própria prática i nstitucional . Essa visão restritiva decorre também de certo s i lêncio da doutrina, que, em l inhas gerais, persiste na análise do M i nistério Público apenas na tradicional fun ção de custos legis ("fiscal da ordem jurídica", segundo o novo CPC), salvo quando se abordam questões envolvendo a legitimidade para ações coletivas. Se houve evidente modificação do M in istério Púb l ico, com necessárias re percussões processuais, a manutenção de uma interpretação "retrospectiva" é i ncom patíve l com uma rea l idade que, se não é exatamente nova, exige u m tra tamento condizente com tais transformações. Barbosa Moreira chegou a afi rmar que o si lêncio da I nstituição no processo civi l teria s ido interrompido exatamente em razão do processo coletivo, que ensejou a "revita lização do Min istério Públ i co, arrancado à relativa qu ietude em que usua lmente o mant inham, no tocante ao processo civil, as atribu ições tradicionais" 6 • Entretanto, não basta concentrar tintas na legitimidade do M inistério Pú blico para os processos coletivos, se outras d imensões continuam negligenciadas pela doutrina e jurisprudência. Em suma, nossa intenção é apenas a de registrar a lguns pontos que, pelo conteúdo e/ou pelo simbol ismo, i nd icam um caminho para mais bem compreen der a com plexidade do Min istério Púb l ico. 2. O MINISTÉRIO PÚBLICO COMO LEGITIMADO ORDINÁRIO E SUA CAPACI DADE POSTULATÓRIA A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federa l, por unan imidade, ju lgou pro cedente pedido formu lado em mandado de segurança impetrado pelo M inistério Pú blico do Espírito Santo contra ato proferido pelo Conselho Nacional do Minis tério Público7• Desse ju lgamento decorrem duas situações especia lmente interessantes e que foram acertadamente compreendidas pelo STF: o reconhecimento da 6 Os novos rumos do processo civil brasileiro. Temas de Direito Processual (Sexta Série). São Paulo: saraiva, 1997. p. 73- 16 "Mandado de segurança. Conselho Nacional do Ministério Público. Anulação de ato do Conselho Su perior do Ministério Público do Estado do Espírito Santo em termo de ajustamento de conduta. Atividade-fim do Ministério Público estadual . Interferência na autonomia administrativa e na independência funcional do Conselho Superior do Ministério Público do Espírito Santo - CSMP/ES. Mandado de segurança concedido" (STF, 2' T., MS n° 28.028, Relatora: Min. Cármen Lúcia, j . em 30.10.2012, DJe-107, public 07-06-2013). QUE STÕES ATUAIS SOBR E AS POS IÇÕES DO M I N I STERIO PúBL I CO NO NOVO (p( legitim idade do Min istério Púb lico para a defesa, em nome próprio, de sua esfera juríd ica e a aceitação da capacidade postulatória do Procurador-Geral de j ustiça para subscrever o mandado de segurança. O CPC expressamente arrolou alguns entes despersonal izados no art. 75, m as isso não esgota todas as possib i l idades, especia lmente porque a capacidade de ser parte não se confunde com a persona l idade juríd ica. Os fatos de o M i nistério Públ ico ser um órgão administrativo e, trad icionalmente, a ele não ser reconheci da personal idade jurídica em nada i nterferem no ponto. É i negável que ele pos sui personal idade j ud iciária e, pri ncipa lmente, que se trata de ente com esfera e patrimônio juríd icos próprios, o que o torna sujeito de direitos. Quando vai a juízo na defesa de situações jurídicas por ele titu larizadas, como é o caso, a sua legitimação é ordinária . S im, ord inária: nem sempre a atuação do Min istério Públ ico dá-se na condição de legitimado extraordinário, como se supõe indevidamente. Esse é o primeiro ponto a ser destacado no julgamento em questão. O Ministério Públ ico possui autonomia que lhe confere direitos e deveres, de correndo daí a capacidade postu latória em caso de ameaça ou violação de sua esfera jurídicaª. "A teoria dos sujeitos de d ireito precisa ser repensada, pois não se justifica, pe lo exame do direito positivo, que não se reconheça capacidade juríd ica a entes a que o ordenamento jurídico atribu i aptidão para ter d ireitos e contrair obrigações, embora não lhes tenha sido atribuída personal idade jurídica", com a possibi l idade de haver processos envolvendo órgãos estatais de uma mesma pessoa jurídica e até de um órgão contra em face dessa mesma pessoa jurídica9• Assim, pode o Ministério Público aju izar ação visando, por exemplo, à salva guarda do princípio da independência funcional, da autonomia administrativa ou do poder de requ isição, como, al iás, já reconheceu o Superior Tribunal de Justiça10• O CPC não cu ida expressam ente da capacidade de ser parte, considerando-a, porém, pressuposta. Ainda que haja d ivergências conceituais relevantes, parte, em sentido processua l , pode ser entendida como sendo o sujeito de uma re lação 8 Em texto clássico, escrito há mais de cinquenta anos, Victor Nunes Leal tratou da personalidade judiciária das câmaras municipais e já afirmava que "sendo, entretanto, um órgão independente do prefeito no nosso regime de divisão de poderes (que projeta suas conseqüências na própria esfera municipal), sua competência privativa envolve, necessariamente, direitos, que não pertencem individualmente aos verea dores, mas a toda a corporação de que fazem parte. Se o prefeito, por exemplo, viola esses direitos, não se pode conceber que não haja no ordenamento j urídico positivo do país um processo pelo qual a câmara dos vereadores possa reivindicar suas prerrogativas". (LEAL, Victor Nunes. Personalidade j udiciária das câmaras municipais. Problemas de Direito Público. Rio de Janeiro: Forense, 1960, p. 430.) 9 D ID IER J R. Pressupostos Processuais e Condições da Ação: o juízo de admissibilidade do processo. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 1 17 e no. 10 STJ, MS n° 5.370/DF, j. em 12.11 .1997, RSTJ, v. 107, p. 21. 17 FRED I E D I D I E R J R . E ROBSON RENAULT GOD I NHO processua l que formula pedido de tutela jurisdic ional ou aquele contra quem é igua lmente form ulado esse t ipo de pedido. A capacidade de ser parte, portanto, é a aptidão abstrata para ser sujeito do processo ou assumir situação juríd ica processual". Ao contrário da capacidade processua l , que pode ser absoluta ou relativa, a capacidade de ser parte é uma noção absoluta, não comportando gradações: a personal idade jud iciária está presente ou não, sem meio termo. A capacidade de ser parte relaciona-se com a viabi l idade de estar em juízo a f im de tutelar uma situação jurídica, i sto é, vincula-se com a s im ples poss ib i l idade de estar em juízo e i ndepende da capacidade de agir ou da capacidade processual . Relaciona-se, pois , com a pretensão à tute la jurídica. A capacidade para ser parte é uma noção absoluta, não significando, porém, que o ente terá necessariamente legitimidade para a causa e capacidade postu latória . No que se refere ao Min istério Púb l ico, é inequívoca sua capacidade para ser parte, restando verificar se nas h i póteses concretas estará presente sua legitim i dade para agir e, inexoravelmente, sua capacidade postulatória . O singular perfil reservado ao Min istério Púb lico no ordenamento juríd ico brasi leiro provoca a lgu mas perplexidades que com u mente ensejam uma reação restritiva da doutrina e da jurisprudência, como no caso da capacidade postu latória . Essa situação juríd ica processua l, que autoriza a prática de atos postu latórios, é quase sempre automaticamente vi ncu lada ao exercício da advocacia e vis lumbra-se certa d ificu ldade em trabalhar com essa categoria como conceito pertencente à teoria geral do processo12 e cujos contornos são de l ineados pelo d ireito positivo. No entanto, é ind iscutível que o M in istério Púb l ico tem capacidade postulató ria nos casos em que atua como legit imado extraordinário . Negá-la nos casos em que atua como legitimado ord inário é i nterpretação contrária à igua ldade: afina l, u m sujeito de d ireito teria capacidade postulatória para defender i nteresses de outrem, mas não a teria para defender os próprios i nteresses jurid icamente tuteláveis. Não bastasse isso, se o Min istério Púb l ico não tivesse capacidade pos tulatória, nesses casos, haveria de, necessariamente, contratar um advogado, situação no mín imo esdrúxula13 • 11 DIDIER J R., Fredie. Pressupostos Processuais e Condições da Ação: o juízo de admissibilidade do processo. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 111. 12 Cf. o estudo em que se parte da Teoria Geral do Direito, de autoria de GOUVEIA FILHO, Roberto P. Campos: A capacidade postulatória como uma situação jurídica processual simples: ensaio em defesa de uma teoria das capacidades em direito. Recife: Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), março de 2008, sob a orientação do Prof. Dr. Alexandre Freire Pimentel. Texto ainda inédito, gentilmente cedido pelo autor, que pode ser acessado em www.unicap.br/tede/. 13 Isso não quer dizer que o Ministério Públ ico não possa contratar advogado; não há impedimento para isso, sobretudo se imaginarmos essas situações em que atua como legitimado ordinário, quando a con tratação de um parecer, por exemplo, pode ser bem útil. 1 8 QU ESTÕES ATUA I S SOBRE AS POSIÇÕES DO M I N ISHR IO P ú B LICO NO NOVO (p( Uma noção i m portante, que às vezes é desconsiderada e, assim, provoca algu ns equívocos, é a i nexistência de monopólio da capacidade postu latória. Esse pressuposto processual não é um instituto pré-normativo, que antecede qua lquer construção legislativa ou doutrinária, como se fosse um dado na natureza que deva ser aceito inape lavelmente. Ao revés, trata-se de uma situação juríd ica, que é ou não atri buída ao sujeito por razões d e política legislativa, não sendo ocioso relembrar que h istoricamente a capacidade postulatória era outorgada a todos os cidadãos, encontrando-se resquícios dessa época inclusive nos dias de hoje (habeas corpus, por exemplo)'4• O fato de o art. io3 do CPC mencionar apenas os advogados como procuradores se deve a motivos históricos e corporativos, refle tindo aqu i lo que ord inariamente ocorre na maioria dos casos, mas não atingindo as demais exceções normativas. Negar capacidade postulatória ao Ministério Público é interpretar o sistema de forma primitiva e rasteira, em nada contri buindo para um sério e denso debate sobre as reais d ificu ldades envolvendo a atuação da i nstitu ição como órgão agente . Essa afirmação, a nosso ver, não comporta contraposição séria quando se re fere à defesa de d i reitos ind ividuais ind isponíveis, sociais e às prerrogativas ins titucionais . Entretanto, por ser o Min istério Públ ico um ente dotado de autonomia admin istrativa, há uma gama d e d ireitos e deveres atrelados à I nstituição que são d issociados tanto de suas atividades finalísticas quanto de suas prerrogati vas, o que certamente ensejará pecul iaridades processuais outras que escapam à fi na l idade deste texto, cujo propósito é precisamente registrar possi b i l idades de sua atuação no processo civi l . 3. AINDA A LEGITIMIDADE E A CAPACIDADE POSTULATÓRIA DO MINISTÉ RIO PÚBLICO ESTADUAL: O PROBLEMA DA SUSTENTAÇÃO ORAL NOS TRI BUNAIS SUPERIORES No item anterior, comentamos decisão sobre a legitimidade e a capacidade postulatória do M inistério Púb l ico estadua l e boa parte do que a l i foi escrito se ap l ica a u ma i m portante decisão do Superior Tribuna l de Justiça, que aponta para u ma a lvissareira mod ificação j u risprudencia l : "i .É sabido que esta Corte Su perior de Justiça até aqui am para a tese de q u e o Ministério Público Estad ual não é parte legítim a para atuar perante os Trib unais Superiores, uma vez que tal atividade estaria restrita ao Min istério Pú bl ico Federal . 14 Cf. SI LVA, Fernando Antonio Souza e. O Direito de Litigar sem Advogado. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 25-39; MADEIRA, Hélcio Maciel França. História da Advocacia. São Paulo: RT, 2002. 19 FR ED I E D ID I E R J R . E RossoN RENAULT GOD I NHO 2. O Ministério Pú bl ico dos Estados não está vinculado nem subor dinado, no plano processual, administrativo e/ou i nstitucional, à Chefia do M inistéri o Público da U nião, o que lhe confere ampla possi bi l idade de postular, autonomamente, pera nte esta Corte Su perior d e Justiça. 3. Não permitir q u e o Ministério Público Estadual atue pera nte esta Corte Superior de Justiça significa: (a) vedar ao MP Estadua l o aces so ao STF e ao STJ; (b) criar espécie de subordi nação hierárqu ica e ntre o MP Estadual e o MP Federal, onde ela é absolutamente i nexistente; (c) cercear a autonomia do MP Estadual ; e (d) violar o princípio federativo. 4. A atuação do Ministério Público Estad ual pera nte o Superior Tri bunal de Justiça não afasta a atuação do Ministério Público Federal, um agindo com o parte e o outro com o custos legis. 5 . Recenteme nte, d u ra nte o j u lgamento da q u estão d e o rdem no Recurso Extraord inário n° 593.727/MG, e m q u e discutia a constitu cional idade da realização de procedi m e nto i nvestigatório criminal pelo Ministério Públ ico, decidiu-se pela legiti midade d o Mi nistério P ú blico Estadual atu ar perante a Su prema Corte. 6. Legiti midade do Ministério Público Estadual para atuar peran te esta Corte Su perior de Justiça, na q ual idade de autor da ação, atribu indo efeitos prospectivos à decisão. [ . . . ]" (AgRg no AgRg no AREsp 194.892-RJ, Rei. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24/10/2012 - transcrição parcial da ementa). Registre-se que, em diversas decisões anteriores, considerou-se que apenas o Ministério Público federal p oderia atuar perante o STJ (exemplos : AgRg nos EREsp 1162604/SP, Rei. Ministro Cesar Asfor Rocha, Primeira Seção, j u lgado em 23/05/2012, DJe 30/05/2012; AgRg na SLS 828/CE, Rei. Min. Ari Pargendler, Corte Especial, DJe 12.2.2009), o que, a lém de impor uma heterodoxa subord inação entre os d iversos Ministérios Públ icos, numa particu lar i nterpretação do conceito de unidade institu cional, acarretava uma série de embaraços e perplexidades processuais. Permitia-se ao Ministério Públ ico estadual a i nterposição de recursos extra ord inários, mas, a partir do ingresso dos autos naquele Tri buna l Superior, todos os atos processuais se restri ngiam à i niciativa do Min istério Púb l ico federal, ense jando uma relação assimétrica a parti r de um desvio de perspectiva na com pre ensão da legitimidade e das capacidades daquelas i nstituições'5• 15 Esse entendimento favorável à atuação do Min istério Público no Su perior Tri bunal de justiça fo i reitera do em 2013: "O Plenário do Su premo Tribuna l Federal, na QO no RE 593.727/MG, Rei. M in . Cezar Peluso, 2 i.6.2012, em inequívoca evolução jurisprudencial, proclamou a legit imidade do Ministério Públ ico Esta dua l para atuar diretamente no âmbito da Corte Constitucional nos processos em que figurar como par te e estabeleceu, entre outras, as seguintes premissas ( Informativo 671/STF): a) em matéria de regras 20 QU ESTÕES ATUA I S SOBRE AS POSIÇÕES DO M I N ISTÉR IO P úBL I CO NO NOVO (p( gerais e diretrizes, o PGR poderia desempenhar no Supremo Tribunal Federal dois papéis s imultâneos, o de fiscal da lei e o de parte; b) nas hipóteses que o Min istério Público da União (MPU) figurar como parte no processo, por qualquer dos seus ramos, somente o Procurador Geral da República (PGR) po d eria oficiar perante o Supremo Tribunal Federal, o qual encarnaria os interesses confiados pela lei e pela constituição ao referido órgão; c) nos demais casos, o Ministério Público Federal exerceria, eviden temente, a função de fiscal da lei e, nessa últ ima condição, a sua manifestação não poderia preexclu ir a das partes, sob pena de ofensa ao contraditório; d) A Lei Complementar federal 75/93 somente teria incidência no âmbito do Min istério Púb lico da União (MPU), sob pena de cassar-se a autonomia dos Min istérios Púb licos estaduais que estariam na dependência, para promover e d efender interesse em j uízo, da aprovação do Min istério Públ ico Federal; e) a Constituição Federal distinguiu "a Lei Orgânica do MPU (LC 75/93) - típica lei federa l -, da Lei Orgânica Nacional (Lei 8.625/93), que se aplicaria em matéria de regras gerais e d iretrizes, a todos os Min istérios Públ icos estaduais"; f) a Resolução 469/2011 do Su premo Tribunal Federal determina a intimação pessoal do Ministério Públ ico estadual nos processos em que figurar como parte; g) não existiria su bordinação jurídico-institucional que su bmetesse o Minis tério Público dos estados à chefia do Ministério Púb lico da União (MPU), instituição que a Constituição teria definido como chefe o Procurador Geral da Repúbl ica (PGR); h) não são raras as h ipóteses em que seriam possíveis situações processuais que estabelecessem posições antagônicas entre o Ministério Pú blico da União e o Min istério Público estadual e, em diversos momentos, o parquet federal, por meio do Procurador Geral da Repúbl ica (PGR), teria se manifestado de maneira contrária ao recurso interposto pelo parquet estadual; i) a privação do titular do Parquet Estadual para figurar na causa e expor as ra zões de sua tese consubstanciaria exclusão de um dos sujeitos da relação processual; j) a tese firmada pelo Su premo Tribuna l Federal "denotaria constructo que a própria práxis demonstrara necessário, uma vez que existiriam órgãos autônomos os quais traduziriam pretensões rea lmente independentes, de modo que poderia ocorrer eventual cúmulo de argu mentos". [ . . . ] Portanto, d iante das premissas estabe lecidas, é possível estabelecer que: a) o Min istério Púb lico dos Estados, somente nos casos em que figu rar como parte nos processos que tramitam no âmbito do Su perior Tribuna l de J ustiça, poderá exercer todos os meios i nerentes à defesa da sua pretensão (v.g. Interpor recursos, realizar sustentação oral e apresentar memoriais de ju lgamento); b) a função de fiscal da lei no âm bito deste Tribunal Su perior, será exercida exclusivamente pelo Min istério Público Federal, por meio dos Sub procuradores-Gerais da República designados pe lo Procurador-Geral da Repú blica. 5 . o Poder J udiciário tem como uma de suas principais funções, a pacificação d e conflitos. O reconhecimento da tese d e legit imidade do Min istério Público estadual para atuar no âmbito do Su perior Tribunal de Justiça não objetiva gerar confronto entre o Min istério Público Federal e Estad ual, mas reconhecer a importância e i mprescind ibi l idade de ambas as i nstituições no sistema judicial brasileiro e estabelecer os l imites de atuação do Ministério Púb lico brasileiro no âmbito das Cortes Superiores. Ademais, a plena atuação do Ministério Público estadual na defesa de seus interesses, trará mais vantagens à coletividade e aos direitos defendidos pela referida instituição" (EDcl no AgRg no AgRg no AREsp 194892/RJ, Rei . M inistro Mauro Campbel l Marques, Primeira Seção, ju lgado em 12/06/2013, DJe 01/07/2013). "A jurisprudência deste Superior Tribunal evolu iu e, em ju lgados recentes, passou a admitir a legitimidade do Ministério Público estadua l ou distrital para atuar diretamente neste Tribunal, nos termos do entendimento consignado no Su premo Tribunal Federal" (EDcl no AgRg no REsp 1326532/DF, Rei. M inistro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, ju lgado em 03/12/2013, DJe 13/12/2013). A tese, porém, a inda será a preciada pela Corte Especial no j u lgamento dos Embargos de Divergência em Recurso Especial n° i.327 .573/RJ, a inda pendente de decisão final até • conclusão desse texto e a persistência da i ndefinição pro d uz ju lgados com este conteúdo: "AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTERPOSTO PELO MIN ISTÉRIO PÚ BLICO ESTADUAL. ILEGITIM IDADE". 1 - Enquanto a questão não for d ecid ida pela Corte Especial, adoto, com a ressalva do meu entendimento pessoal, com vista à u niformidade das decisões, a orientação firmada pela 3' Seção desta Corte, segundo a qual os Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal não possuem legitimidade para atuar perante este Tribunal Su perior, porquanto prerrogativa do Ministério Púb lico Federal, nos termos do art. 47, § 1°, da Lei Complementar n° 75/1993. l i - Agravo Regimental não conhecido. (AgRg nos EDcl no AREsp 8.747/RS, Rei. Ministra Regina Helena Costa, Quinta Turma, ju lgado em 10/06/2014, DJe 18/06/2014). 21 FRED I E D I D I E R J R . E RoBSON RENAULT GOD I NHO A mudança de entend imento, f ina lmente pacificada no â mbito do Superior Tri buna l de justiça16, é bem-vinda, notadamente porque o novo CPC confere me lhor d iscip l ina à sustentação oral (arts. 936, 937, 1042, § 5°). 4. LIMITES DA ATUAÇÃO RECURSAL DOS PROMOTORES DE JUSTIÇA: A RE LAÇÃO COM OS PROCURADORES DE JUSTIÇA E O FIM DO DENOMINADO "PARECER RECURSAL'' Há outra questão que tangencia os prob lemas anteriores: a possib i l idade d e o Promotor d e Justiça real izar d i retamente acréscimos à s razões de recurso por ele i nterposto e já recebido pelo Tri bunal de Justiça. 16 Consolidou-se a festejada modificação jurisprudencial: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO RE GIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. ATUAÇÃO COMO PARTE NO ÂMBITO DO STJ. POSSIBILIDADE. NOVO ENTENDIMENTO FIRMADO PELO PLENÁRIO DO STF E PELA CORTE ESPECIAL DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. o Ministério Público Estadual, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no Superior Tribunal de Justiça, possui legitimidade para exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. A função de fiscal da lei no âmbito d este Tribunal Superior, será exercida exclusivamente pelo Ministério Público Federal, por meio dos Subprocuradores-Gerais da República d esignados pelo Procurador-Geral da Repúb lica. 2. Sobre o tema, os recentes julgados desta Corte Superior: AgRg no REsp i.323.236/RN, 2• Turma, Rei. Min . HERMAN BENJAMIN, Dje de 28. 11 .2014; AgRg nos EREsp 1256973/RS, 3' Seção, Rei. Min. LAURITA VAZ, Rei. p/ Acórdão Min.ROGERIO SCHIETTI CRUZ, DJe de 6.11.2014; AgRg nos EDcl no REsp 1.262.864/BA, 3' Turma, Rei. Min. PAULO DE TARSO SANSEVERINO, DJe de 22.5.2014; EDcl no AgRg no REsp 1380585/DF, 6• Turma, Rei. Min. ASSUSETE MAGALHÃES, Dje de 11 .po14; EDcl no AgRg no REsp i.326.532/DF, 6• Turma, Rei. Min . SEBASTIÃO REIS JÚN IOR, DJe de 1p2.2013; AgRg no AgRg no AREsp 194.892/RJ, 1' Seção, Rei. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe de 1°.7.2013. 3. No mesmo sentido, o j ulgamento dos EREsp i.327.573/RJ, Corte Especial, Rei. ARI PARGENDLER, Rei. p/ acórdão, Min. NANCY ANDRIGHI, ainda pendente de publicação e a QO no RE 593.727/MG, Plenário do Supremo Tribunal Federal, Rei. Min. Cezar Peluso, 2i .6.2012 (Informativo 671/STF). 4. Agravo regimental não provido. (AgRg nos EDcl no AREsp 42.058/GO, Rei. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, ju lgado em 05/02/2015, Dje 12/02/2015) EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSO PENAL. LEGITIMIDADE DO MIN ISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. ATUAÇÃO, COMO PARTE, PARA ATUAR DIRETAMENTE NO STJ. POSSIBILIDADE. QUESTÃO DE ORDEM NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N° 593.727/MG. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL PARA ATUAR PERANTE O STF. POSSIBILIDADE. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA CONHECIDOS E PRO VIDOS, PARA QUE, AFASTADA A PRELIM INAR, A SEXTA TURMA PROSSIGA NO JULGAMENTO DO AGRAVO REGIMENTAL. i. O acórdão embargado e o acórdão i ndicado como paradigma discrepam a respeito da interpretação do art. 47, § 1°, da Lei Complementar n° 75, de 1993, um conhecendo de agravo regimental interposto por membro de Ministério Público, e o outro, não; 2. Cindindo em um processo o exercício das funções do Ministério Público (o Ministério Público Estadual sendo o autor da ação, e o Ministério Público Federal opinando acerca do recurso interposto nos respectivos autos), não há razão legal, nem qualquer outra ditada pelo interesse público, que autorize uma restrição ao Min istério Público enquanto autor da ação. 3. Recentemente, durante o j ulgamento da questão de ordem no Recurso Extraordinário n° 593.727/MG, em que discutia a constitucionalidade da realização de procedimento investigatório criminal conduzido pelo Min istério Público, decidiu-se pela legitimidade do Ministério Público Estadual atuar perante a Suprema Corte. 4. Embargos de divergência conhecidos e providos, para que, afastada a preliminar da ilegitimida de do Ministério Público Estadual, a Sexta Turma prossiga no julgamento do agravo regimental (AgRg na SLS 1.612/SP, Rei. Ministro ARI PARGENDLER, CORTE ESPECIAL, ju lgado em 29.08.2012, Dje 06.09.2012). (EREsp 1327573/RJ, Rei. Ministro ARI PARGENDLER, Rei. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, CORTE ESPECIAL, julgado em 17/12/2014, DJe 27/02/2015). 22 Q UESTÕES ATUAIS SOBRE AS POS IÇÕES DO M I N ISTÉR IO P úBL I CO NO NOVO CPC Não se trata de mero exercício de i maginação dos autores. Na real idade, não são raras as d ivergências internas entre Promotores e Procuradores de Justiça de u m mesmo Min istério Púb l ico, que mantêm o que se pode d enominar de u ma "relação d ifíci l" . A hi pótese ora tratada foi objeto de controvérsias em mais de u m Estado. Enquadremos o tema apenas na d ivisão i nterna de atribu ições do Min istério Público. Embora uno e ind ivisível, por razões lógicas e funcionais, e segu indo critérios abstratamente fixados pelo legis lador e pela Admin istração Superior, o M in istério Pú bl ico exerce suas funções por meio de p lexos de atri bu ições ind ividua l izados em un idades autônomas, cada qual ocupada por membros previamente investi dos à luz do regramento de regência, seja por provimento ou por substitu ição. Além dos critérios estabe lecidos em virtude da m atéria e do território, com a fina l idade de melhor d imensionamento do exercício funcional do M in istério Público, a mais e loquente cisão de atribu ições se dá em nível legislativo e tem como referencial precisamente u ma vincu lação entre atri bu ição e competência e a separação da carre ira em classes, na forma das referidas Leis Orgân icas, que discip l inam as atribu ições genéricas dos Promotores de Justiça e dos Procurado res de J ustiça. Essa rígida separação de atribuições de acordo com os graus jurisdicionais não raro enseja d esencontros técnicos, o que é exp l icado pela convivência entre a un idade e a independência funcional, mas, recentemente, a doutrina17 e os tri bunais18 identificaram a lguma perplexidade na manutenção da separação fun c ional , em um mesmo processo, na atuação do Ministério Púb l ico. 17 Cf., ZENKNER, Marcelo. Ministério Público e Efetividade do Processo Civil, cit.,, passim. 18 "Ad ministrativo - Improbidade administrativa - Ministério Público como autor da ação - Desnecessidade de intervenção do Parquet como custos /egis - Ausência de prejuízo - Não ocorrência de nu lidade - Res ponsabil idade do advogado público - Possibi l idade em situações excepcionais não presentes no caso concreto - Ausência de responsabilização do parecerista - atuação dentro das prerrogativas funcionais - Súmula 7/STJ. 1 . Sendo o Ministério Público o autor da ação civil púb lica, sua atuação como fiscal da lei não é obrigatória. Isto ocorre porque, nos termos do princípio da u nidade, o Ministério Público é uno como instituição, motivo pelo qual, o fato dele ser parte do processo, dispensa a sua presença como fiscal da lei, porquanto defendendo os interesses da coletividade através da ação civil pública, de igual modo atua na custódia da lei. 2. Ademais, a ausência d e intimação do Ministério Público, por si só, não enseja a decretação de nulidade do julgado, a não ser que se demonstre o efetivo prejuízo para as partes ou para a apuração da verdade substancial da controvérsia jurídica, à luz do princípio pas de nullités sons grief' (REsp 1 183504/DF, Rei. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 18/05/2010, DJe 17/06/2010). Registre-se que o Conselho Nacional do Ministério Público editou, em 08/06/11, sua Recomendação n° 19, que, no que i nteressa a este texto, alterou a anterior Recomendação n° 16, passando a ter os seguintes termos: Art. 3°. É desnecessária a atuação de mais de um órgão do Ministério Público em ações individuais ou coletivas, propostas ou não por membro da Instituição, podendo oferecer parecer, sem prejuízo do 23 FR E D I E D I DI E R J R . E RoBsoN RENAULT GOD INHO Essa referência não significa adesão a tais decisões, mas serve para i lustrar uma situação que se tornou a inda ma is sensível com o exercício das atri bu ições do Min istério Púb l ico envolvendo a tutela coletiva . Outro ponto que merece especial atenção é a relação entre a necessidade de i nterposição de recurso por Promotor de Justiça - ou outro legitimado no es pecífico processo coletivo - para que a Procuradoria de Justiça de Tutela Coletiva passe a ter as atri bu ições regu lares. Ou seja: por não possuir atri bu ição para ajuizar ação civi l púb l ica, as Procuradorias de J ustiça de Tute la Coletiva possuem atribu ição vincu lada à i nterposição recursai, passando, então, a exercer as fu n ções do Min istério Público junto ao Tri bunal de Justiça, invariavelmente na condi ção de fisca l da le i '9• Esse dado demonstra que a atuação dos Procuradores de justiça especia l izados junto ao Tribunal convive harmonicamente com as atribuições dos Pro motores de Justiça que atuam como postulantes perante aque le mesmo órgão jurisdicional2º. Decorre dessa estrutura organ izacional que, enquanto estiverem exercendo atos postulatórios referentes à i nterposição de recursos, os Promotores de Justi ça estarão no estrito campo de atuação que lhe foi conferido pelos atos norma tivos de regência. Não é coerente, do ponto de vista sistemático, permitir que o Promotor de Justiça interponha recurso e, ao mesmo tempo, vedar- lhe a possib i l idade de acrescer às razões recursais a apresentação de prova nova ou a correção de acompanhamento, sustentação oral e interposição d e medidas cabíveis, e m fase recursai, pelo órgão com atuação em segundo grau." Art. 5°. Perfeitamente identificado o objeto da causa e respeitado o princípio da independência funcional, é desnecessária a intervenção ministerial nas seguintes demandas e hipó teses: 1 - (. • • ) XX - Em ação civil pública proposta por membro do Ministério Público, podendo, se for o caso, oferecer parecer, sem prejuízo do acompanhamento, sustentação oral e interposição de medidas cabíveis, em fase recursai, pelo órgão com atuação no segundo grau". 19 A especialização de Procuradorias de Justiça, mormente em matéria envolvendo tutela coletiva, vem ocorrendo diversos Estados e as linhas básicas dessa experiência foram relatadas em trabalho que bem i lustra o tema: CARPENA, Heloisa. Tutela coletiva em 2° grau . A experiência da criação das Procuradorias especializadas no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro . Revista de Processo, n° 225. São Paulo: RT, novembro de 2013. 20 ZENKNER, Marcelo. Reflexos processuais dos princípios institucionais da unidade e da indivisibil idade - re visitando as atribuições dos órgãos de execução do Ministério Públ ico brasileiro. Temas Atuais do Ministério Público. Farias, Alves e Rosenvatd (org.). 3' ed. Salvador: Jus Podivm, 2012, p. 142). Cf, ainda, recente jul gado do Superior Tribunal de justiça: "i. O membro do Ministério Públ ico Federal que atua na P Instância tem legitimidade para impetrar mandado de segurança perante os Tribunais Regionais Federais, contra ato tido por a busivo e ilegal praticado pelo J uiz Federal. 2. Distinção entre postular ao Tribunal e postular no Tribunal . Precedentes desta Corte. 3 . Recurso ordinário em mandado de segurança provido, para que prossiga o Tribunal a quo com o exame do mérito do mandamus" (RMS 42.235/GO, Rei. Ministro Nefi Cor deiro, Sexta Turma, julgado em 03/06/2014, DJe 20/06/2014). 24 QUESTÕES ATUA I S SOBRE AS POSIÇÕES DO MIN ISTÉRIO PúBL JCO NO NOVO CPC erros materiais porventu ra existentes na própria petição de recurso, por exem plo. Todo e qualquer ad itamento ao recurso interposto pelo Promotor de justiça é de sua atri bu ição, como conteúdo do poder de recorrer que l he foi atri buído. Caso se considere extem porâneo o ato praticado, passa-se a ser um problema de preclusão e não de atribu ição. Ou seja : o serôdio ad itamento é uma questão submetida à apreciação jurisdicional por integrar um ato postu latório que lhe é submetido por agente legitimado. Somente pode i ntegrar, comp lementar ou a lterar u m ato o suje ito que possu i competência ou atribu ição para praticá- lo. No caso de atos postu latórios - dos quais os recursos são espécies -, aque le legit imado, ou melhor, aquele que de tém atri buição para a respectiva interposição pode prossegu i r na postu lação, até a sessão de ju lgamento no Tribu nal, quando a atri bu ição se transfere aos Procu radores de Justiça, por conta da estrutura funcional escalonada. Em suma, tudo aqui lo que se referir ao desdobramento da atribu ição para recorrer de decisão proferida em primeiro grau está inserido no plexo de atribu i ções dos Promotores de J ustiça. Para reforçar a existência dessa atribu ição perante o Tribu nal, basta lembrar a sistemática adotada nos recursos de agravo de instru mento, em que, a lém de a i nterposição ser rea l izada d i retamente em segundo grau, as contrarrazões tam bém são oferecidas pelos Promotores de Justiça21• Por fim, há a inda as h ipóteses de mandado de segu rança contra ato jud icial, habeas corpus e reclamação: ações de competência originária de tribuna l, que podem ser propostas por Promotor de Just iça, pois servem, à semelhança dos recursos, como meio de impugnação de d ecisão jud icia l . Outro dado a se considerar, a inda que factua l : precedido de inquérito civi l, não raro com d iversos vo lumes e com laboriosa atividade processual, com deze nas de laudas produzidas, não se pode esperar de um Promotor de Justiça u m comportamento ind iferente, por exem plo, com o resu ltado de um recurso por ele interposto e considerar que, após todo o tra balho desenvolvido, com o processo a inda sob j u lgamento e exatamente por ato postulatório de sua in iciativa, haja de permanecer inerte por ter a atribu ição coartada. Se se aderisse à equivocada tese de que Promotores de Justiça não podem pleitear perante Tribu nal de Justiça, haveria evidente retrocesso na posição i ns titucional que defende a poss ib i l idade de os Mi nistérios Púb l icos estaduais atu arem perante os Tribunais Superiores, na medida em que se sufragaria, a inda 2 1 Cf., ZENlíNER. Reflexos processuais d o s princípios institucionais da unidade e da indivisibilidade - revisi· tando as atribuições dos órgãos de execução do Ministério Público brasileiro. Temas Atuais do Ministério Público. Farias, Alves e Rosenvald (org.). 3• ed. Salvador: jus Podivm, 2012, cit., itens 4.3 e 4.4. 25 FR ED I E D I D I ER J R . E ROBSON RENAULT GOD I N HO que por via transversa, a ide ia de que há exclusividade topográfica na atuação da I nstituição. O novo CPC nesse particu lar veicu la i novação que reforça de modo irretorquí vel o que foi d ito e a inda encerra uma antiga polêmica: o art. i.010, § 3°, do novo CPC e l imina a du pla admissib i l idade do recurso de apelação; a partir da vigência do novo Código, portanto, a apelação será i nterposta em primeiro grau apenas por u ma questão proced imental para faci l itar o contrad itório (art. i .010, caput, e §§ lº e 20). Com isso, a postu lação recursai propriamente d ita será d iretamente submetida ao Tri bunal, cabendo ao juiz de primeiro grau apenas a função proto colar de preparação dos autos. I nexist indo mais a denominada dup la admissib i l idade, decorrem duas conse quências para o que i nteressa ao presente item: primeiro, reforça a o bviedade de que os atos postu latórios formulados por Promotores de Justiça ou Procura dores da Repúbl ica não se l imitam ao primeiro grau de jurisdição; em segundo lugar, termina definitivamente com a polêmica sobre a necessidade de haver o que se denominou de "parecer recursai", que é a manifestação como fiscal da ordem juríd ica, após a sentença, que era justificada precisamente porque o ju iz d e primeiro grau a inda exercia atividade jurisdicional típica - e não apenas admi n istrativa - quando da interposição da apelação. O novo CPC, portanto, e l imina a atividade do M inistério Públ ico como fiscal da ordem juríd ica após a prolação da sentença, para fins do anódino "parecer recursa i" . 5. O MIN ISTÉRIO PÚBLICO NO POLO PASSIVO DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL Comumente relaciona-se a atuação do Ministério Públ ico ao polo ativo da rela ção processual, mas há situações em que sua atuação se dará no polo passivo. Note-se, em primeiro lugar, que estamos nos referi ndo a "uma relação jurí d ica processua l", e não "a relação jurídica processual" . Essa suti leza se justifica porque o processo dá ensejo a mú lt iplas re lações juríd icas. Não há apenas uma relação jurídica processua l; há d iversas. O processo gera u m conjunto (feixe») de relações juríd icas. 22 CARNELUTII, Francesco. Diritto e processo. Napoli : Morano, 1958, n° 20, p. 35; MONACCIANI, Luigi . Azione e legittimazione. Milano: Giufffre, 1951, p. 46; FERNANDES, Antonio Scarance. Teoria Geral do Procedimento e o procedimento no processo penal. São Paulo: RT, 2005, p. 28; GRECO, Leonardo. Instituições de Processo Civil. 2• ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010, v. l, p. 251; D ID IER Jr., Fredie. Sobre a Teoria Geral do Processo. 2• ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2013, p. 65-67. 26 QU ESTÕES ATUA I S SOBRE AS POS IÇÕES DO M I N ISTÉR IO Pú BL I CO NO NOVO CPC A redação do art. 17 do CPC reforça isso. Esse artigo corresponde ao art. 3° do CPC- 1973, que, porém, t inha redação u m pouco d iferente: "Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitim idade" . A mudança é suti l , mas considerável. Interesse e legitimidade são exigidos para qua lquer postulação em juízo, não apenas para a propositura da demanda ou apresentação da respecti va defesa. Tam bém se exigem o i nteresse e a legitimidade para recorrer, argu ir imped imento ou suspeição do ju iz, chamar ao processo, suscitar os i ncidentes processuais (conflito de com petência, i ncidente de resolução de demandas re petitivas etc.) etc. A redação do enunciado também aj uda a compreender a dina micidade das posições processuais. O sujeito pode ter legitimidade para um ato e não a ter para o outro; pode não ter interesse para a lgo e tê-lo para outra coisa; pode não ter, originariamente, legitim idade e, tempos depois, essa legit imidade ser adqu irida - o mesmo pode ocorrer com o interesse de agir. As posições pro cessuais são d inâmicas. Há d iversas relações processuais23• É possível imaginar o M in istério Pú bl i co como réu de um processo - assumin do o po lo passivo da pri nci pal relação juríd ica processual, portanto. O exemp lo ma is corrique iro, embora não seja o ú nico, é o do M in istério Públ ico como réu de uma ação coletiva passiva derivada24 - uma ação coletiva passiva que nasce de um processo coletivo ativo (ação rescisória de sentença proferida em ação civil pú bl ica promovida pelo M in istério Púb l ico, v. g.) . Outro exem plo: ação que visa a anular termo de ajustamento de conduta celebrado pelo Min istério Pú bl ico. Nes tes casos, o M in istério Púb l ico atua no processo como legit imado extraordinário . É possíve l, a inda, cogitar uma situação em que o Min istério Pú bl ico seja réu, agindo na qual idade de legit imado ord inário . Pense na hi pótese de que o Min is tério Púb lico, durante a obra de ed ificação de sua sede, possa vir a destru i r patri mônio arqueológico ou arqu itetôn ico da comunidade. O Min istério Público poderá ser réu de uma ação coletiva, mu ito possivelmente proposta por outro M inistério Público . Neste caso, atuará no processo como legitimado ordinário . Mas o Min istério Púb l ico pode estar no polo passivo de outras re lações jurí d icas processuais. Há quem aceite, como se verá em item próprio, que o M i nistério Público in tervenha, como assistente simp les, nos processos propostos contra membro do 23 CABRAL, Antonio do Passo. "Despolarização do processo e "zonas de interesse": sobre a migração entre polos da demanda". Reconstruindo a Teoria Geral do Processo. Fredie Didier Jr. (org.). Salvador: Editora Jus Podivm, 2012; D ID IER jr., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17• ed. Salvador: Editora jus Podivm. 2015, V. 1, p. 368·371. 24 Sobre a ação coletiva passiva, cf. D IDIER jr., Fredie; ZANETI Jr., H ermes. Curso de Direito Processual Civil. 9' ed. Salvador: Editora jus Podivm, 2014, v. 4, p. 377 e segs. 27 FR ED I E D I D I E R J R . E RossoN RENAULT GOD I NHO Min istério Púb l ico, em razão de ato praticado no exercício da função. Trata-se de i ntervenção que se justifica no interesse jurídico reflexo de defender as prerro gativas i nstitucionais. Neste caso, o M inistério Públ ico seria assistente s imples
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