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Levantamento florístico de um fragmento de floresta estacional semidecidual no município de Itajubá-MG Botezelli , L.¹; Oliveira, D.A.² ; Ribeiro-Junior, C.P.²; Ciomini, L.B.² ¹ Docente do Instituto de Recursos Naturais/Universidade Federal de Itajubá, MG ² Discentes de IC, IRN/UNIFEI INTRODUÇÃO Na região sul de Minas Gerais, a cobertura vegetal foi reduzida a fragmentos de floresta e cerrado que são, em sua maioria, muito perturbados por fogo, pecuária extensiva ou pela retirada seletiva de madeira para finalidades variadas. As formações florestais semideciduais desta região foram particularmente alteradas e reduzidas em consequência de, muitas vezes, ocuparem os locais de solos mais férteis e úmidos, muito propícios à agropecuária (Oliveira-Filho e Machado, 1993). É essencial que se amplie o conhecimento sobre a diversidade biológica ainda existente nos atuais fragmentos florestais da região de Itajubá, MG. Esta complexa realidade deve ser levada em consideração quando buscam-se meios para conservar a diversidade biológica dos remanescentes de floresta tropical. MATERIAIS E MÉTODOS Caracterização da área de estudo A área de estudo consiste de um fragmento de floresta estacional semidecidual, localizado no bairro Pinheirinho, município de Itajubá. Este fragmento está localizado em uma altitude média de 910 m, com coordenadas geográficas 22°24’36” S e 45°26’31” W, possuindo uma área de aproximadamente 5,5 ha. A Figura 1 apresenta a localização do fragmento. Figura 1: Localização do fragmento. Divisão da área e marcação das parcelas Foram distribuídas 10 parcelas de formato quadrado, de 20x20 m, no interior do fragmento. A Figura 2 apresenta um esquema aproximado da divisão da área e distribuição das parcelas no interior do fragmento. O fragmento foi dividido em duas regiões, uma com cerca de 4,0 ha e outra com aproximadamente 1,5 ha, sendo que as parcelas foram alocadas apenas na primeira região, de maior área. Figura 2: Divisão da área e distribuição das parcelas. Durante a marcação das parcelas foram utilizadas trenas para medir as distâncias horizontais, e bússola para orientar o alinhamento do contorno das parcelas. Os vértices foram demarcados com estacas de madeira ou PVC e as laterais com fitilhos, como exemplificado na Figura 3. Figura 3: Marcação das parcelas com estacas e fitilhos. Coleta e herborização dos espécimes Todos os indivíduos vivos que a 1,30 m do solo apresentaram diâmetro 5 cm (chamado de DAP: diâmetro à altura do peito) ou 15,67 cm de circunferência tiveram amostras coletadas. Para marcação dos indivíduos coletados em campo utilizaram-se plaquetas de alumínio, como demonstrado na Figura 4. A herborização do material foi realizada segundo as técnicas preconizadas por Mori et al. (1989). Figura 4: Enumeração dos indivíduos coletados. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram encontrados 618 indivíduos arbóreos vivos com DAP mínimo de 5 cm, ou 15,67 cm de circunferência. No entanto, 3 destes indivíduos não foram identificados devido à ausência de folhas no momento da coleta. Os passíveis de classificação correspondem a 44 espécies distribuídas em 36 gêneros e 24 famílias. A Tabela 1 apresenta, em ordem alfabética, as famílias com suas espécies, assim como o número de indivíduos amostrados de cada espécie. Em termos de riqueza florística, sobressaiu a família Fabaceae com 11 espécies, distribuídas entre as subfamílias Faboideae (5), Caesalpinioideae (3) e Mimosoideae (3). Em seguida vieram as famílias Euphorbiaceae, com 4 espécies, e Salicaceae, com 3 espécies. Estas três famílias abrangeram 40,9% das espécies levantadas. Quanto ao número de indivíduos, o grande destaque foi a família Myrtaceae com 269 indivíduos, representando mais de 43,5% dos indivíduos amostrados. Em seguida aparece a família Fabaceae com 134, o que corresponde a 21,7% dos indivíduos. Duas espécies se destacaram em número de indivíduos, Myrcia splendens e Piptadenia gonoacantha, com 264 e 107 indivíduos arbóreos amostrados, respectivamente. Dentre os vários fatores que influenciaram este resultado, podemos citar o grau de perturbação do fragmento, a declividade e a proximidade das bordas onde estavam inseridas as parcelas. As parcelas de número 1 a 4 foram alocadas em uma região menos perturbada do fragmento e apresentaram maior distância das bordas, quando comparadas com as demais parcelas. Com relação à declividade, a região das parcelas de número 1 a 4 apresentou-se praticamente plana, enquanto as demais parcelas estavam alocadas em terreno com declividade mais acentuada. Tabela 1: Família botânica e nome científico das espécies arbóreas amostradas com seus respectivos números de indivíduos. Dentre as espécies encontradas, algumas são reconhecidas como muito exigentes à luz para seu estabelecimento e crescimento, como Piptadenia gonoacantha, Casearia sylvestris, Casearia lasiophylla, Croton floribundus, Machaerium villosum, Myrcia splendens e Luehea divaricata, o que favorece o aparecimento destas espécies nas bordas dos fragmentos. Já algumas espécies de Leguminosae (Fabaceae) amostradas são reconhecidas como fixadoras de nitrogênio atmosférico. São elas: Albizia polycephala, Machaerium nictitans, Machaerium stipitatum e Piptadenia gonoacantha. Provavelmente o processo de fixação de N2 atmosférico por essas espécies, via associação com Rhizobium, confere a elas maior capacidade adaptativa nos solos com baixo teor de nutrientes disponível às plantas. Sendo assim, estas espécies podem ser utilizadas em programas de recuperação de áreas degradadas, principalmente em solos com menor disponibilidade de nutrientes. CONCLUSÕES Este estudo fitossociológico pode constituir uma importante ferramenta, não somente para nortear estudos mais detalhados, como para subsidiar medidas de proteção e conservação de biodiversidade e recuperação de áreas degradadas da região de Itajubá, sul de Minas Gerais. Recomenda-se que estudos sobre os padrões de diversidade e estrutura sejam realizados, para melhor compreensão do atual estágio sucessional do fragmento. FamíliaBotânicae NomeCientífico N° ANACARDIACEAE Tapirira guianensisAubl. 6 APOCYNACEAE Aspidosperma polyneuronMüll. Arg. 1 ARECACEAE Syagrus romanzoffiana(Cham.) Glassman 7 ASTERACEAE Piptocarphamacropoda(DC.) Baker 17 VernoniapaniculataDC. 1 BIGNONIACEAE JacarandapuberulaCham. 1 BORAGINACEAE CordiasellowianaCham. 4 CANNABACEAE Tremamicrantha(L.)Blume 10 CECROPIACEAE CecropiapachystachyaTrec. 6 EUPHORBIACEAE AlchorneasidifoliaM. Arg. 6 Alchornea triplinervea(Spreng.) M. Arg. 8 CrotonfloribundusSpreng 11 CrotonurucuranaBaill. 6 FABACEAE - CAESALPINIOIDEAE Hymenaea courbarilL. 2 Senna macranthera(Collad.) I. & B. 1 Senna velutina(Vogel) I. & B. 6 FABACEAE - FABOIDEAE Machaeriumhirtum(Vell.)Stellf. 1 Machaeriumnictitans(Vell.)Benth. 1 Machaeriumstiptatum(DC.)Vog. 1 MachaeriumvillosumVog. 1 PlatycyamusregnelliiBenth. 10 FABACEAE - MIMOSOIDEAE Albiziapolycephala(Benth.)Killip. 1 Anadenanthera colubrina(Vell.) Brenan 3 Piptadeniagonoacantha(Mart.) Macbr 107 FamíliaBotânicae NomeCientífico N° LAURACEAE Cryptocarya aschersonianaMez. 11 Ocotea corymbosa(Meissner) Mez. 12 MELASTOMATACEAE Miconia pusilliflora(DC.) Naudin 3 Tibouchina granulosa(Desr.) Cogn. 43 MELIACEAE Cedrela fissilisVell. 2 MORACEAE Maclura tinctoria(L.) D. Don ex Steud. 5 MYRTACEAE Calyptranthes clusiifolia(Miq.) O. Berg. 5 Myrcia splendens(Sw.) DC. 264 RUBIACEAE Amaioua intermediaMart. 8 FarameacyaneaMüll. Arg. 2 RUTACEAE Zanthoxylum rhoifoliumLam. 2 SALICACEAE Casearia lasiophyllaEichler 4 CaseariaobliquaSpreng. 10 CaseariasylvestrisSw. 12 SAPINDACEAE Cupania zanthoxyloidesCambess. 1 SIPARUNACEAE Siparuna cujabana(Mart.) A. DC. 4 SOLANACEAE SolanumleucodendronSendtn. 5 TILIACEAE LueheadivaricataMart. &Zucc. 2 URTICACEAE Urerabaccifera(L.)Gaudich. 1 VERBENACEAE CitharexylummyrianthumCham. 1 contato: luciana.botezelli@gmail.com AGRADECIMENTOS CNPq, FAPEMIG, IRN/UNIFEI e ao prof. Dr. Rubens Manoel dos Santos – Universidade Federal de Lavras/DCF/Laboratório de Dendrologia e Ecologia - pelo auxílio na identificação dos espécimes botânicos e acesso ao acervo de exsicatas. CARVALHO, W. A. C.; OLIVEIRA-FILHO, A. T.; FONTES, M. A. L.; CURI, N. Variação espacial da estrutura da comunidade arbórea de um fragmento de floresta semidecídua em Piedade do Rio Grande, MG, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 30, n. 2, p. 315-335, 2007. MORI, S. A.; SILVA, L. A. M.; LISBOA, G.; CORADEN, L. Manual de Herbário Fanerogâmico. 2ª edição, Ilhéus, Centro de Pesquisa do Cacau. 1989, 104 p. OLIVEIRA-FILHO, A. T.; MACHADO, J. N. M. Composição florística de uma floresta semidecídua montana, na Serra de São José, Tiradentes, Minas Gerais. Acta Botanica Brasilica, v. 7, n. 2, p. 71-88, 1993. REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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