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Teoria dos Preços ERU 300 – Economia Rural Prof. Alexandre B. Coelho A Demanda São as várias quantidades de um bem ou serviço que os consumidores estão dispostos a retirar do mercado a um conjunto de preços alternativos, tudo o mais permanecendo constante (coeteris paribus) Tabelas e curva de demanda Uma tabela de demanda descreve as diferentes quantidades de bens e serviços que os consumidores irão adquirir aos vários preços alternativos Preço e quantidade de carne de frango Preço (R$/Kg) Quant. (Kg/semana) 5 1 4 2 3 3 2 4 1 5 Curva de demanda da carne de frango P Q D 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Curva de demanda: representação gráfica da relação entre quantidade demandada de um bem, num dado período de tempo, e seu preço. Variáveis que afetam a demanda Preço do bem; Renda; Preço de outros bens; Hábitos, gostos, preferências dos consumidores; Fatores climáticos e sazonais; Propaganda; Expectativas sobre o futuro; Facilidade de crédito A Função Demanda De forma geral, a função demanda é colocada da seguinte forma, incluindo as variáveis mais relevantes que costumam ser observadas na maioria dos mercados de bens e serviços. ( , , , , )di i s cq f p p p R G quantidade demandada do bem i; preço do bem i; preço dos bens substitutos ou concorrentes; preço dos bens complementares; renda do consumidor; gostos, hábitos e preferências. d i i s c q p p p R G A Função Demanda A função de demanda por manteiga, por exemplo, pode ser expressa da seguinte forma: c 2 15 0,5 0,8 0,3 Supondo: R$ 10,00/Kg R$ 300,00 R$ 8,00/Kg R$ 12,00/Kg 2 15(10) 0,5(300) 0,8(8) 0,3(12) 4,8 O consumidor irá consumir 4,8 quilos de manteiga. d M M s c M s d M d M q P R P P P R P P q q A Função Demanda É muito comum, entretanto, que a função de demanda apresente apenas o preço do próprio bem, mantendo as outras variáveis constantes. Ex: Essa expressão pode ser utilizada para construção da curva de demanda. 8 2di iq p A Função Demanda 8 2di iq p D pi qi d 4 8 1 6 2 4 3 2 0 pi q d 4 0 3 2 2 4 1 6 0 8 Relação entre quantidade demandada (qi d) e o preço do próprio bem (pi) Já sabemos que qi d=f(pi), supondo ps, pc, R e G constantes. De forma geral, sabe-se que: Esta é a chamada Lei geral da Demanda. 0, ou, 0 d d i i i i dq q dp p Lei Geral da Demanda A quantidade demandada de um bem ou serviço varia na relação inversa de seu preço, coeteris paribus. Isso significa que: Preço sobe → Quantidade demandada cai. Preço cai → Quantidade demandada sobe. Lei Geral da Demanda Por que existe essa relação inversa? Dois efeitos: efeito substituição e efeito renda Suponha uma queda de preços da carne bovina, por exemplo. Podemos dividir o efeito dessa queda de preços sobre a quantidade demandada (efeito preço total) em: Lei Geral da Demanda Efeito substituição O bem fica mais barato relativamente a outros, fazendo com que a quantidade demandada desse bem aumente. Efeito renda Com a queda de preço, o poder aquisitivo (ou renda real) do consumidor aumenta e a quantidade demandada do bem deve aumentar, ou seja, ao cair o preço de um bem, o consumidor tem mais renda para gastar Mudança na quantidade demandada versus mudança da demanda É preciso diferenciar os dois movimentos para se compreender como a mudança dos fatores afeta a demanda. Mudança na quantidade demandada: Movimento ao longo da própria curva de demanda, devido a variação do preço do próprio bem (coeteris paribus). Mudança na quantidade demandada pi qi d A B p0 p1 q0 q1 Movimento do ponto A para o ponto B na mesma curva de demanda D devido à queda de preço de p0 para p1. D Mudanças da curva de demanda pi qi d Deslocamento da curva de demanda, devido a alterações nos fatores que estavam sendo mantidos constantes, como ps, pc, R ou G, ou seja, mudanças na condição coeteris paribus. D1 D0 Relação entre demanda de um bem e o preço de outros bens (pc e ps) Bens substitutos: o consumo de um bem substitui o consumo de outro. Neste caso, ,ou seja, o aumento do preço de um bem substituto desloca a curva de demanda do outro bem para a direita. Exemplos: manteiga e margarina. Carne de boi e carne de frango etc. 0 d i s q p Efeito do aumento do preço da carne de frango na demanda de carne de boi pboi qboi D1 D0 Demanda da carne de boi 5 2 3 Aumento do preço de substituto causa deslocamento à direita da curva de demanda do bem. 3 2,5 3,5 Relação entre demanda de um bem e o preço de outros bens (pc e ps) Bens complementares: são bens consumidos conjuntamente. Neste caso, Se 2 bens são complementares, um aumento (diminuição) do preço de um bem x desloca para a esquerda (direita) a curva de demanda do bem y, diminuindo a quantidade demandada para cada preço. Ex: pão e manteiga, café e filtro Mellita. 0 d i c q p Efeito do aumento do preço do café na demanda de filtro mellita pfiltro qfiltro D0 D1 Demanda de filtro Mellita 2 100 300 Aumento do preço de complementar causa deslocamento à esquerda da curva de demanda do bem Relação entre demanda de um bem e a renda do consumidor Bens normais e bens superiores: são bens em que um aumento da renda do consumidor resulta em acréscimos na demanda. Bens inferiores: são bens em que um aumento da renda do consumidor resulta em decréscimos na demanda. 0 d iq R 0 d iq R Efeito do aumento da renda do consumidor na demanda por carne de boi de primeira Pcarne 1ª Qcarne 1ª D1 D0 Demanda da carne de boi de primeira 5 2 3 Aumento da renda causa deslocamento à direita da curva de demanda do bem superior Efeito do aumento da renda do consumidor na demanda por carne de boi de segunda Pcarne 2ª Qcarne 2ª D0 D1 Demanda de carne de boi de segunda 4 1 3 Aumento da renda causa deslocamento à esquerda da curva de demanda do bem inferior Relação entre demanda de um bem e preferências do consumidor As preferências dos consumidores podem se alterar devido a fatores como: Propaganda; Campanhas promocionais; Informações sobre saúde; Informações sobre segurança alimentar; Mudanças na composição etária da população; Urbanização; Aumento da escolaridade; Inserção da mulher no mercado de trabalho. Caso 1 – Mudanças nas preferências por lâmpadas fluorescentes com o “apagão” de 2001 PLF QLF D1 D0 Demanda de lâmpadas fluorescentes 10 1 4 Mudança nas preferências causou deslocamento à direita da curva de demanda. Caso 2 – Mudanças nas preferências por carne de frango com ameaça da gripe aviária em 2006 Pfrango Q frango D0 D1 Demanda de carne de frango 2 5 8 Mudança nas preferências causou deslocamento àesquerda da curva de demanda. Mudanças nas expectativas de preços Se existe expectativa do aumento de preço de um bem x, por exemplo, pode haver um deslocamento de sua curva de demanda para à direita, na tentativa de os consumidores anteciparem a compra deste bem. Mudanças nas expectativas de preços Póleo Qóleo D1 D0 Demanda de óleo de soja 2 2 4 Expectativa de aumento de preço do óleo de soja causa deslocamento à direita da curva de demanda. Curva de demanda de mercado de um bem A demanda de mercado é igual a soma horizontal das demandas individuais, ou seja, a cada preço, a quantidade demandada no mercado é a soma das quantidades de cada indivíduo Curva de demanda de mercado de um bem Preço qd consumidor A qd consumidor B qd consumidor C Demanda de mercado 200 14 10 22 46 150 24 15 32 71 100 34 20 42 96 50 44 25 52 121 Curva de demanda de mercado de um bem 200 150 100 50 p p 14 24 34 44 10 15 20 25 69 54 39 24 Consumidor A Consumidor B Demanda de mercado DA DB DM p p Elasticidades Elasticidade, em sentido genérico, é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra, coeteris paribus. Elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável em face de mudanças em outras variáveis. Elasticidade-preço da demanda É a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual no preço do bem. 1 0 0 0 1 0 00 0 0 variação percentual de variação percentual de p . d d d d dd p d p d q q q q qq E pp p pp pq E p q Elasticidade-preço da demanda Como, pela lei da demanda, e p e q são positivos , então Ep<0. Geralmente, usa-se o módulo |Ep|>0 0 0 . d p d pq E p q 0 dq p Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-preço da demanda a) Demanda Elástica: |Ep|>1 Dada uma variação percentual de, por exemplo, 1 % no preço, a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em mais de 1% (5%, por ex.). Isso revela que a quantidade demandada é bastante sensível aos preços. Ex: carnes, manteiga, frutas em geral, queijos, Iogurte, etc... Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-preço da demanda b) Demanda inelástica: |Ep|< 1 Dada uma variação percentual de, por exemplo, 1 % no preço, a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em menos de 1% (0,5%, por ex.). Consumidores são pouco sensíveis a variações de preços. Ex: arroz, feijão, sal, medicamentos... Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-preço da demanda c) Demanda de elasticidade unitária: |Ep|= 1. Dada uma variação percentual de, por exemplo, 1 % no preço, a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em exatamente 1%. Ex: ??? Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda a) Disponibilidade de produtos substitutos → Quanto mais substitutos, mais elástica a demanda. Ex: Carnes, manteiga etc. b) Essencialidade do bem → Quanto mais essencial o bem, mais inelástica a demanda. Ex: sal, remédio, arroz e feijão... Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda c) Importância relativa do bem no orçamento do consumidor → Quanto maior o peso no orçamento, mais elástica a demanda, pois o consumidor é mais afetado pela variação do preço. → Ex: lápis ou fósforos que têm baixo peso no orçamento, tem |Ep| baixas, ao contrário de carne bovina, que tem grande peso no orçamento, e assim, |Ep| alta. d) Período de tempo de decisão de consumo → A demanda tende a ser mais elástica para um período de consumo mais longo do que no curto prazo. Formas da curva de demanda e elasticidade pi qi d Consumidor completamente insensível a mudanças de preços Ex: Bem essencial, como insulina, sal... D Ep=0 Demanda perfeitamente inelástica Formas da curva de demanda e elasticidade pi qi d •Mercados perfeitamente competitivos •Bens homogêneos •Informação perfeita •Muitos concorrentes Ex: demanda de soja de um agricultor brasileiro D |Ep|= ∞ Demanda perfeitamente (infinitamente) elástica Formas da curva de demanda e elasticidade pi qi d DA é mais inelástica do que DB ou DB é mais elástica do que DA. DA DB p0 p1 q0 q1 A q1 B Elasticidade-preço cruzada da demanda É a variação percentual da quantidade demandada do bem x dada uma variação percentual no preço do bem y. variação percentual de variação percentual de . x x x xy yy y yx p y x q q q E pp p pq E p q Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-preço cruzada da demanda Exy>0 = Bens substitutos Aumento do preço de y causa um aumento da demanda de x Exemplos: carnes de boi e de frango, manteiga e margarina,... Exy< 0 = Bens complementares Aumento do preço de y causa uma diminuição da demanda de x Exemplos: Pão e manteiga, café e açucar, ... Elasticidade-renda da demanda É a variação percentual da quantidade demandada dada uma variação percentual na renda do consumidor. variação percentual de variação percentual de . d d d R d R d q q q E RR R q R E R q Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-renda da demanda ER > 1: Bens superiores (ou bens de luxo) Dada uma variação da renda, o consumo varia no mesmo sentido mais do que proporcionalmente Ex: carnes, leite, educação,... 0 < ER< 1: Bens normais Dada uma variação da renda, o consumo varia no mesmo sentido menos do que proporcionalmente. Ex: arroz, feijão,... Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-renda da demanda ER < 0: Bens inferiores Dada uma variação da renda, o consumo varia em sentido contrário. Ex: farinha de mandioca, leite em pó,... Classificação depende geralmente da faixa de renda em que o consumidor está situado. Faixas mais baixas geralmente têm elasticidades-renda maiores.
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