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Fichário DIR103 – Ciência Política WEFFORT, Francisco – OS CLÁSSICOS DA POLÍTICA. Montesquieu – Estado e Poder (Capítulo 5) Elaborado por Helson Montesquieu “... a natureza das coisas ...” Moderação • A proposta inicial de estudo era identificar as razões da decadência das monarquias, os conflitos internos que minaram sua estabilidade, mas também os mecanismos que garantiram por tantos séculos sua estabilidade, atribuindo tal feito à noção de moderação. • A moderação seria o alicerce do funcionamento estável dos governos. Por isso, busca identificar quais mecanismos a produziram no passado, para reproduzir no futuro. Mecanismos de moderação • Segundo Montesquieu, estaria presente em dois aspectos: o Teoria dos princípios e da natureza dos regimes – Tipologia dos governos o Teoria dos três poderes ou Teoria da separação dos poderes. O Espírito das Leis • Afirmou que as leis humanas eram relações necessárias que derivavam da natureza das coisas. o Atribuiu um caráter científico às relações entre as instituições políticas, institutos e às próprias normas jurídicas, afastando assim, o caráter divino das leis. • Relacionando as leis à razão humana, asseverou que elas não poderiam ser elaboradas ao bel-prazer dos homens. • Considerou que as leis políticas deveriam se prestar a atender casos particulares, levando-se em conta condições diversas, tais como habitat, extensão territorial, etnia, religião, clima, geografia, cultura, etc... • Assim, concluiu que as leis possuem relações entre si, além das relações entre a sua origem, objetivo do legislador, com a ordem das coisas sobre as quais foram estabelecidas. • Por isso, é que as leis devem ser consideradas diante de todos os pontos de vista, devendo ser examinadas na essência de suas relações, pelo Espírito das Leis. Classificação dos regimes políticos • Considerando o caráter científico das leis, a política também teria relações similares às relações de massa e movimento que regem os corpos físicos. Uma boa metáfora corresponderia a quem exerce o poder e como ele é exercido. • Surge, assim, uma nova classificação dos regimes políticos: o Por natureza – estrutura particular que define o modo de detenção e de exercício do poder DIR103 – CIÊNCIA POLÍTICA Fichário – Montesquieu. Estado e poder 2 o Por princípio – conjunto de paixões específicas que remete aos costumes e à comunicação humana. o Natureza faz ser - estrutura; Princípio faz agir – paixões humanas; o Os princípios seriam a base fundamental. � Justifica dizendo que a corrupção de cada governo começa quase sempre pelos princípios. Os três governos Republicano • Poder é detido pelo Povo (natureza) • Reina a virtude (princípio) o Paixão política o Educação cívica. o A supremacia do bem público sobre os interesses particulares. o A riqueza, a aquisição de propriedades, a separação das classes fazem quebrar o princípio da virtude. • Forma aristocrática – preferida por Montesquieu, justificada por considerar que o Povo não saberia conduzir questões, conhecer lugares, ocasiões e momentos, em que pese elogiar o Povo como admirável para escolher quem deve confiar uma parte de sua autoridade. Monárquico • Poder é detido por um só (rei) que governa por leis fixas e estabelecidas (natureza) • Condiciona a honra (princípio) o Paixão social o Princípio que a nobreza produz como que involuntariamente o Paixão pela desigualdade, o amor aos privilégios, às suas prerrogativas. o A arrogância e os apetites desenfreados da nobreza se traduzem em bem público na monarquia. • A detenção do poder por um só não basta. O modo de exercício através de leis pressupõe a existência de poderes intermediários subordinados e dependentes. o Ligação essencial entre a monarquia e a nobreza. o Despótico • Poder é detido por um só (natureza) • Princípio com base no temor. o Paixão propriamente dita o Homens atuam com base nos instintos e orientados à sobrevivência. • Considerado por alguns autores como o perigo futuro da monarquia, caso o rei se separe da nobreza (permite governar segundo as leis), cedendo às pressões do povo. • Condenado à autofagia, pois leva à desagregação e às rebeliões. Para Mostesquieu, a república e despotismo são iguais em um ponto essencial, pois em ambos os governos todos são iguais. A diferença é que nos regimes populares o povo é tudo, enquanto que no despótico, é nada! DIR103 – CIÊNCIA POLÍTICA Fichário – Montesquieu. Estado e poder 3 Resumo dos três governos Estado x Liberdade Política x Liberdade • Da reflexão sobre o espírito das leis, enxergou o Estado como a única solução institucional da liberdade política, devendo ser moderado e com separação dos poderes. • Liberdade política está indissoluvelmente ligada à lei. o Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem. o Encontra-se vinculado a um governo onde o poder seja moderado, porque limitado. � Para que seja impossível haver abuso de poder é preciso que o poder freie o poder. o A moderação se dá pela distribuição das forças. República Natureza • Aristocracia • Governo do povo em parte • Democracia • Governos do povo (todo) Princípio • Virtude • Espírito cívico puro. • Supremacia do bem público sobre os interesses particulares. Características • Depende que os homens mais virtuosos contenham os apetites de todos, inclusive deles. • O povo é tudo. Monarquia Natureza • Governo de um só • com base em leis fixas e instituições Princípio • Honra • Apego aos privilégios e prerrogativas. • Sentimento de classe e a paixão pela desigualdade. Características • Governo das instituições. • Freia os impulsos da autoridade executiva • Freia o apetite dos poderes intermediários Despotismo Natureza • Governo de um só • com base na vontade e caprichos do déspota Princípio • Temor • Regime cuja natureza é não ter princípios. Características • Ameaça do futuro. • Evolui de uma monarquia onde os privilégios da nobreza são abolidos. • O povo é nada. DIR103 – CIÊNCIA POLÍTICA Fichário – Montesquieu. Estado e poder 4 SEPARAÇÃO DOS PODERES • Tudo estaria perdido se um mesmo “ente” exercesse esses três poderes. o As potências se distribuem de forma harmônica e na moderação. o Montesquieu prega o sistema do acordo mútuo das potências na não confusão dos poderes, a fim de que as três forças políticas principais não possam, nenhuma delas, abusar do poder. • Potência legislativa o Confiada a um corpo de representantes do povo e a outros representantes da nobreza. o Um freando os atos do outro, numa faculdade recíproca de impedir. • Potência executiva o Confiada ao monarca. • Potência de julgar o Considerada invisível e nula, na medida em que não põe nenhum problema de alocação: não é dada a um “senado permanente” e “teme-se à magistratura e não aos magistrados”.
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