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1 Funções Exponenciais e Logarítmicas Ion Moutinho Gonçalves Na natureza – do mundo físico e do mundo humano, individual e social, é comum a relação entre grandezas onde a taxa de variação é proporcional a quantidade. Por exemplo, um determinado capital investido a juros compostos continuamente em função do tempo (variação crescente), o valor de um equipamento que sofre depreciação contínua com o tempo, ou então uma quantidade de massa que sofre desintegração radioativa de acordo com o tempo decorrido (variação decrescente). O modelo matemático para estudar estes tipos de comportamento é dado pela função exponencial, que veremos a seguir. Mas, esta função também aparece útil no estudo de outros fenômenos, como aprendizagem de determinada tarefa, ou propagação de doença. Para ilustrarmos estas aplicações, devemos desenvolver as propriedades da função exponencial e sua inversa, a função logaritmo. Funções Exponenciais Seja aR, a > 0 e a 1. A função exponencial de base a é dada por f(x) = ax, xR. Observação: Para xQ, isto é, para x = m/n, com m, nZ, n 0, a expressão ax deve ter o significado claro dado por ax = n mnm aa / , onde am = a.a. ... .a (m vezes). O problema é interpretar a expressão ax quando x é um número irracional. Por exemplo, 2a ou a . Normalmente, usamos o fato de que os números irracionais podem ser aproximados por números racionais e admitimos que a exponencial do irracional é a aproximação das exponenciais de racionais. Propriedades: Para quaisquer x, yR: 1) ax.ay = ax + y; 2) a1 = a; 3) x < y ax < ay, quando a > 1, e x < y ax > ay, quando 0 < a < 1. Observação: Prova-se que as propriedades acima são suficientes para caracterizar uma função exponencial. Este comentário pode ser útil na verificação de outras propriedades (por exemplo, a propriedade v), a seguir). Outras Propriedades: i) a0 = 1; ii) ax > 0, xR; iii) x x a a 1 ; 2 iv) yx y x a a a ; v) xyyx aa )( ; vi) xxx baab )( ; vii) x xx b a b a ; viii) f(x) = ax é uma função monótona (crescente se a > 1 e decrescente se 0 < a < 1); ix) f(x) = ax é uma função injetiva; x) f(x) = ax é uma função ilimitada superiormente, pois x x alim , se a > 1, e x x alim , se 0 < a < 1. xi) A reta y = 0 é uma assíntota, pois 0lim x x a , se a > 1, e 0lim x x a , se 0 < a < 1. xii) f(x) = ax é uma função limitada inferiormente Aspecto do gráfico da função exponencial de base a: Observação: O conhecimento do aspecto gráfico da função exponencial pode ser usado para deduzir várias das propriedades mencionadas acima. O Número e Juros Compostos Continuamente Um capital c, empregado a uma taxa de k por cento ao ano, rende, no fim de um ano, juros no valor de 100 kc . Façamos = 100 k . Então, decorrido um ano, o capital torna-se igual a c1 = c + c = c(1 + ). Entretanto, se o investidor decide antecipar o resgate do seu capital para o fim do primeiro semestre, ele deve ter direito a metade do juro anual, donde receberá c(1 + 2 ). Se decidir reinvestir o capital no início do segundo semestre então no final do ano irá resgatar c(1 + 2 )2. Note a > 1 0 < a < 1 3 que esta quantia é maior que c(1 + ), o capital final caso o capital inicial ficasse investido continuamente durante todo o ano. Observando isto, o investidor pode pensar em resgatar e reinvestir seu capital mensalmente recebendo, no final de um ano, o total de c(1 + 12 )12. Pode-se verificar, inclusive com uma calculadora, que c(1 + 2 )2 < c(1 + 12 )12. Seguindo esta linha, resgatando e reaplicando o dinheiro num número n cada vez maior de intervalos de tempos iguais, o investidor terá seu capital final com valor cada vez maior. Assim, numa situação ideal, o investidor pode receber, no final de um ano, o capital acumulado igual a c n lim (1 + n )n. Se usamos o mesmo raciocínio de resgatar e reinvestir n vezes em subintervalos de tempo para o capital aplicado agora durante t anos, com tR, temos no final um capital aplicado a juros compostos igual a c (1 + n t )n. Fazendo n crescer indefinidamente, chega-se ao capital ideal c n lim (1 + n t )n. Neste caso, dizemos que o capital foi aplicado a juros compostos continuamente. O Limite n lim (1 + n t )n. Na situação ideal discutida acima, a fórmula do capital resultante da aplicação a juros compostos continuamente não diz como efetivamente calcula-lo. Antes de abordarmos esta questão note que temos considerado a taxa de juros = 100 k fixa. Quando avaliarmos o limite n lim (1 + n t )n, devemos levar em consideração que o pode ser fixado com valores distintos. É, portanto, interessante isolar . Assim, vejamos as contas: n lim (1 + n t )n = t t n n n t )1(lim = t t n n n t )1(lim . Agora, façamos z = n t . Então, zt n 1 e n + é equivalente a z 0. Daí, t n n n t )1(lim = n lim (1 + z)1/z. Este último limite é independente de . 4 É possível provar que o limite n lim (1 + z)1/z existe, isto é, os valores de (1 + z)1/z convergem para um determinado número real quando z se aproxima de zero. (Mas não o faremos aqui.) Usamos a letra e para representar o limite. Definição: eR é o número dado pelo limite e = n lim (1 + z)1/z. Com o auxílio de uma calculadora ou um computador, pode-se escolher um número z arbitrariamente próximo de zero e obter um valor aproximado para o limite em questão, isto é, para o número e. (Experimente!) Assim, verifica-se que e 2,7182818. Resumindo as últimas contas, concluímos que n lim (1 + n t )n = t t n n n t )1(lim = ( n lim (1 + z)1/z )t = et. Isto é, n lim (1 + n t )n = et. Assim, a quantia c investida durante t anos a uma taxa 100% compostos continuamente é resgatada com o valor de c(t) dado por c(t) = cet. Exercício: Considere um capital inicial c = 1000 reais e uma taxa anual de 12%. a) Calcule o capital resgatado se ele foi aplicado a juros compostos semestralmente ao longo de 3 anos. b) Calcule o capital resgatado se ele foi aplicado a juros compostos continuamente ao longo de 3 anos. função exponencial na base e é mais conhecida como a função exponencial, simplesmente. Também é comum usar a notação exp(x) = ex. Funções Logarítmicas Considere a equação x = by, onde b e x são números dados, com b > 0 e b 1. Neste caso, suponha que y seja a incógnita. A determinação de y é expressa dizendo que y = logbx. Por exemplo, 2 = log39, uma vez que é solução da equação 9 = 3 y. Assim, se b > 0 e b 1, definimos a função logaritmo de base b, f(x) = logbx, por y = logbx x = by. 5 Observe que logbx está definido se, e somente se, x é o valor de alguma exponencial. Isto é, logbx está definido se, e somente se, x > 0. Assim, o domínio de definição da função logaritmo de base b é dom(logb) = R+ *. Propriedades:Para quaisquer x, yR: 1) logb(x.y) = logbx + logby; 2) logbb = 1; 3) x < y logbx < logby quando b > 1 e x < y logbx > logby quando 0 < b < 1. Outras Propriedades: i) logb1 = 0; ii) xbb log = x; iii) logbbx = x; iv) logb y x = logbx – logby; v) logbxr = rlogbx; vi) logbx = b x a a log log , onde a > 0 e a 1; vii) f(x) = logbx é uma função monótona (crescente se b > 1 e decrescente se 0 < b < 1); viii) f(x) = logbx é uma função injetiva; ix) f(x) = logbx é uma função ilimitada superiormente e inferiormente, pois 0 lim x logbx = – e x lim logbx = +, se b > 1, e 0 lim x logbx = + e x lim logbx = –, se 0 < b < 1; Aspecto do gráfico da função logaritmo de base b: Logaritmo Natural Um caso especial de função logaritmo acontece quando escolhemos o número e como base. A função logaritmo de base e é conhecida como logaritmo natural. Usa-se a notação lnx = logex. b > 1 0 < b < 1 6 Exercício: 1) Verifique que ax = exlna. 2) Dê o sinal de log1/2(3). 3) Sejam a, b e c números positivos. Mostre que logab.logbc.logca = 1 Derivadas Propriedade: (ln x)' = x 1 , x > 0. Propriedades: 1) (logbx)' = bx ln. 1 ; 2) (ex)' = ex; 3) (ax)' = ax.ln a. Propriedade: A regra da cadeia para as funções exponencial e logaritmo fica: (e f(x))' = ef(x).f '(x); (ln f(x))' = )( 1 xf .f '(x). Exercício: Calcule as derivadas a seguir baseando-se nas propriedades acima. 1) f(x) = e4x 2) f(x) = e4x 3) f(x) = xxe 2 4) f(x) = ln x3 5) f(x) = ln 5x 6) f(x) = ln (5x4 x) 7) f(x) = xx x 3 ln 8) f(x) = et + 7x 9) f(x) = ln (3x + 1)2 10) f(x) = ln x + 4x3 11) f(x) = ln (e6x 5x) 12) f(x) = 4ex + ln x 13) f(x) = ex.ln (x3 x ) 14) f(x) = (ex + 7 x )5 15) f(x) = xx 4ln 16) f(x) = cos ( xx ln ) 17) f(x) = xe xln 18) f(x) = xln x 19) f(x) = xex 20) f(x) = exlnx 21) f(x) = (ln x + x5)4 241 x 22) f(x) = log2 x 23) f(x) = log4 x 2 24) f(x) = 2x 25) f(x) = 45x 26) f(x) = ln (ln x) 27) f(x) = xee 28) f(x) = x e x ln 1 29) f(x) = (x+e2x) 1ln x 30) f(x) = 3 32 )1)(1( ln x xx Exercício: Encontre a derivada por diferenciação logarítmica. 7 1) f(x) = x2(x2 1)3(x + 1)4 2) f(x) = 3 )2(5 x xx 3) f(x) = 3 1 1 x xx Exercício: Calcule as derivadas. 1) f(x) = x4x 2) f(x) = 2xx 3) f(x) = xx 4) f(x) = xex Exercício: Use aproximação linear para calcular um valor aproximado da expressão: 1) ln 1,01 2) e0,2 3) 22 4) 3 Exercício: Faça um esboço do gráfico da função dada. 1) f(x) = xex 2) f(x) = xe -x 3) f(x) = Be-kt, t 0 e B, k > 0 4) f(t) = A(1 - e-kt), t 0 e B, k > 0 5) f(t) = A(1 - e-kt), t 0 e A, B, k > 0 6) AktBe A tf 1 )( , t 0 e A, B, k > 0 7) f(x) = )ln( x x 8) f(x) = 2xe 9) f(x) = 2 xx ee Exercício: Calcule a equação da reta tangente à curva: a) y = ex, em x = 2; b) y = ln x, em x = e2. Exercício: Mostre que ex 1 + x. Sugestão: Seja f(x) = ex – 1 – x e verifique, justificando, que 0 é um ponto de mínimo. Conclua o pedido. Derivação implícita Ache a equação da reta tangente à curva x3 + y3 = 9 no ponto (1,2) (use derivação implícita). 16x4 + y4 = 32, (1,2) x2 + y2 = 16 4x2 9y2 = 1 x3 + y3 = 8xy x2 + y2 = 7xy 1 11 yx 2x3y + 3xy3 = 5 x2y2 = x2 + y2 (2x + y)4 = 3y4
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