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Lucio Marassi (ECT-UFRN) FORÇA E MOVIMENTO Estudamos previamente a CINEMÁTICA, descrevendo os movimentos de objetos usando parâmetros como vetor posição, velocidade e aceleração. A cinemática DESCREVE o movimento, sem analisar o que CAUSA o movimento. A DINÂMICA é a parte da mecânica clássica que promove essa análise. Introduziremos para isso as três Leis de Newton do movimento, que são o coração da Mecânica Clássica. Elas descrevem os fenômenos físicos de modo extremamente abrangente: de um garoto em um skate até os movimentos de planetas e estrelas.planets. Elas falham, contudo: 1. Quando a velocidade dos objetos se aproxima (em 1% ou mais) da velocidade da luz no vácuo (c = 300.000 km/s). Devemos usar a Teoria Especial da Relatividade, de Einstein (1905), neste caso. 2. Quando os objetos em estudo se tornam muito pequenos (ex: elétrons, átomos, etc.) Neste caso devemos usar a Mecânica Quântica (1926). Lucio Marassi (ECT-UFRN) 1. Lei de Newton Cientistas antes de Newton pensavam que uma força (a palavra “influência” era usada) era requerida para manter os objetos movimentando-se em velocidade constante. Um objeto era tido como em seu “estado natural” quando ele estava parado. Este erro foi cometido até a fricção ser reconhecida como sendo uma força. Por exemplo, se deslizamos um objeto no chão com velocidade inicial vo , logo o objeto irá parar. Se, contudo, deslizamos o mesmo objeto em uma superfície muito escorregadia, como o gelo, o objeto viajará uma distância bem maior antes de parar. Newton checou essas conclusões no movimento da Lua e dos planetas. No espaço não há fricção, portanto ele foi capaz de determinar a forma correta do que foi desde então chamado de “Primeira Lei de Newton”. Primeira Lei de Newton - INCOMPLETA Se nenhuma força atuar em um objeto, a velocidade do objeto não poderá mudar, ou seja, o objeto não poderá acelerar. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Força: O conceito de força era definido como um empurrão ou puxão exercido em um objeto. Podemos definir uma força agindo sobre um objeto, quantitativamente, medindo a aceleração que ela causa, usando o seguinte procedimento: Colocamos um objeto de massa m = 1 kg em uma superfície sem atrito, e medimos a aceleração a que resulta da aplicação de uma força F. A força é ajustada de modo que a = 1 m/s2. Dizemos então que F = 1 newton (N) Nota: Se várias forças atuam em um corpo (digamos FA, FB, e FC), a força resultante Fres é definida como Fres=FA+FB+FC (ou seja, Fres é o vetor soma das demais forças. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Primeira Lei de Newton - COMPLETA Se nenhuma força RESULTANTE atuar em um objeto, a velocidade do objeto não poderá mudar, ou seja, o objeto não poderá acelerar. Fres=FA+FB+FC Lucio Marassi (ECT-UFRN) F ao mo F aX mX Massa: Massa é uma característica intrínseca de um corpo, que vem automaticamente com a existência do corpo. Mas o que isso é exatamente? Acabamos por definir que a massa de um corpo é a característica que relaciona a força F aplicada sobre o corpo e a aceleração a resultante. Considere que temos um corpo de massa mo = 1 kg no qual aplicamos uma força F = 1 N. De acordo com a definição do newton , F causa uma aceleração ao = 1 m/s 2. Aplicamos agora F em um segundo corpo de massa desconhecida mX o que resulta em uma aceleração aX . A razão das acelerações é inversamente proporcional à razão entre as massas o oX X o o X X a am m m m a a Assim, medindo aX somos capazes de determinar a massa mX de qualquer objeto. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Fres a m A segunda Lei de Newton Os resultados das discussões sobre as relações entre a força resultante Fres aplicada em um objeto de massa m e a aceleração resultante a podem ser resumidas no segundo postulado conhecido como “Segunda Lei de Newton” A força resultante em um corpo é igual ao produto da massa do corpo com sua aceleração A equação da Segunda Lei de Newton pode ser escrita como A equação acima é um modo compacto de resumirmos três equações separadas, uma para cada eixo de coordenada: ,net x xF ma ,net y yF ma ,net z zF ma netF ma res Obs: o jargão “resultante” (res) = “network” (net) Lucio Marassi (ECT-UFRN) Fg Descreveremos agora algumas características de forças que iremos encontrar comumente em problemas de mecânica clássica. A Força Gravitacional: É a força que a Terra exerce em qualquer objeto. É direcionada para o centro da Terra. Sua magnitude é dada pela Segunda Lei de Newton. y ˆ g gF ma mgj F mg y g W mg Peso: O peso de um corpo é definido como a magnitude da força requerida para impedir o corpo de cair livremente. , 0net y yF ma W mg W mg Nota: O peso de um objeto não é sua massa. Se um objeto for movido para um local onde a aceleração da gravidade seja diferente (ex: a Lua, onde gm = 1.7 m/s2) , a massa não muda, mas o peso sim. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Pesar um corpo = medir seu peso. Peso do corpo a ser Medido Peso de referência (massas conhecidas) Equilíbrio: FgL=FgR mL=mR Lucio Marassi (ECT-UFRN) Forças de Contato: Seu nome implica que tais forças ajem entre dois objetos que estão em contato. As forças de contato tem dois componentes: um que aje ao longo da normal à superfície de contato (força normal) e um segundo componente que aje paralelo à superfície de contato (força de atrito). Força Normal: Quando um corpo pressiona contra uma superfície, a superfície se deforma e empurra o corpo com uma força perpendicular (normal) à superfície de contato. Um exemplo é mostrado na figura à esquerda. Um bloco de massa m descansa sobre a mesa. Nota: Neste caso FN = mg. Esse não é sempre o caso. , 0net y y N NF ma F mg F mg Atrito:Se deslizamos ou tentamos deslizar um objeto sobre uma superfície, o movimento sofre resistência das ligações entre o objeto e a superfície. Essa força é conhecida como “atrito”. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Tração: É a força exercida por uma corda ou um cabo ligado a um objeto. A tração tem as seguintes características: 1. Está sempre direcionada ao longo da corda. 2. Está sempre puxando o objeto 3. Tem o mesmo valor ao longo da corda (entre os pontos A e B, por exemplo). São feitas ainda as seguintes suposições: 1. A corda tem massa desprezível, quando comparada à massa do objeto que ela puxa. 2. A corda é inextensível (não se alonga nunca).. 3. As roldanas possuem massa desprezível, e não possuem atrito. A B Lucio Marassi (ECT-UFRN) A Terceira Lei de Newton: Quando dois corpos interagem, exercendo forças entre si, as forças são iguais em magnitude, mas com direções opostas. Ex: considere um livro B recostado a uma caixa C. Denotamos FBC à força exercida sobre o livro pela caixa. Usando a mesma convenção, denotamos FCB à força exercida sobre a caixa pelo livro. A terceira Lei de Newton pode então ser escrita como: FBC = - FCB. Um segundo exemplo é mostrado na figura à esquerda. O par de forças da Terceira Lei consiste no sistema Terra (E) – bola (C). Usando a mesma convenção acima podemos expressar a Terceira Lei de Newton como: FCE = - FEC. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Referenciais Inerciais: Definimos um referencial como “inercial” se as três Leis de Newton do movimento são respeitadas. Em contraste, referenciais onde as Leis de Newton não são obedecidas são rotulados dereferenciais “não-inerciais”. Newton acreditava que ao menos um referencial inercial R deveria existir. Qualquer outro referencial R' que se mova com velocidade constante em relação a R é também um referencial inercial. Contudo, um referencial R" que acelera em relação a R é um referencial não-inercial. A Terra gira em torno de seu eixo uma vez a cada 24 horas, e portanto está acelerando em relação a um referencial inercial. Assim, fazemos uma aproximação quando consideramos a Terra como um referencial inercial. Esta aproximação é excelente para a maioria dos fenômenos em pequena escala. Contudo, para fenômenos em grande escala, como o sistema global de correntes de vento, este não é o caso, e correções das Leis de Newton precisam ser usadas. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Aplicando as Leis de Newton / Diagramas de corpo livre Parte do procedimento de resolução de um problema de mecânica, envolvendo as Leis de Newton, consiste em desenharmos um diagrama de corpo livre. Isso significa que, entre as muitas partes de um dado problema, escolhemos uma que chamamos de “sistema”. Então escolhemos os eixos, e colocamos all as forças que estão atuando no sistema, omitindo aquelas que ajem em objetos que não estavam incluidos no sistema considerado. Um exemplo é dado na figura abaixo. Este é um problema que envolve dois blocos, A e B, nos quais uma força externa Fapp é aplicada. Temos assim a seguinte escolha de sistemas: a. Sistema = Bloco A + Bloco B. A única força horizontal é Fapp . b. Sistema = Bloco A. Temos agora duas forças horizontais: Fapp e FAB . c. Sistema = Bloco B. A única força horizontal é FBA . Lucio Marassi (ECT-UFRN) Receita para a aplicação das Leis de Newton do movimento 1. Escolha o sistema a ser estudado 2. Faça um diagrama simples do sistema 3. Escolha um sistema de coordenadas conveniente 4. Identifique todas as forças agindo no sistema no diagrama 5. Aplique as Leis de Newton no sistema Lucio Marassi (ECT-UFRN) Temos uma caixa de massa m=0,20 kg deslizando em uma mesa, sob ação de forças diversas. Considere F1=4,0 N / F2=2,0 N / F3=1,0 N (aplicada com θ=30 o em relação à horizontal. Qual é a aceleração do disco em cada caso abaixo? Exercício 1 Lucio Marassi (ECT-UFRN) Exercício 2 No sistema abaixo, o Bloco Pendurado (P) cai quando o Bloco Deslizante (D) acelera para a direita, deslizando sobre a superfície sem atrito. Superfície sem atrito Bloco deslizante (D) Bloco Pendurado (P) Sendo M = 3,3 kg e m = 2,1 kg: A. Ache a aceleração do bloco D. B. Ache a aceleração do bloco P. C. Ache a tração T no fio. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Exercício 1 – RESPOSTA: A) a = 20 m/s2. B) a = 10 m/s2. C) a = -5,7 m/s2. Exercício 2 – RESPOSTA: A) a = 3,81 m/s2. B) a = 3,81 m/s2. C) T = 12,58 N. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Força e Movimento II Iremos a partir de agora: 1. Descrever as forças de atrito entre dois objetos. 2. Estudar a diferença entre atrito estático e cinético. 3. Estudar as propriedades do atrito. 4. Introduzir os coeficientes de atrito estático e cinético. 5. Estudar as forças de arrasto exercidas por um fluido. 6. Calcular a velocidade terminal de um objeto. 7. Revisitar o movimento circular uniforme (MCU). 8. Aplicar a força centrípeta e a 2. Lei de Newton no MCU. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Atrito: Propriedades a) Caixa no chão. b) Puxamos para a esquerda, caixa parada. fs=F. c) Puxamos mais forte. fs=F. d) Ainda mais forte. fs=F. e) Puxamos mais, e a caixa se move. fk<F e fk<fs. f) Para v=cte, abaixamos F tal que F=fk. g) Gráfico de f versus t. F= Força externa. fs= Força de atrito estático. fk= Força de atrito cinético. Lucio Marassi (ECT-UFRN) F FN mg ,maxs s Nf F k k Nf F0 s s Nf F Propriedades do Atrito: 1) f sempre age paralelo à superfícies em contato, com direção oposta ao movimento (se fk), ou à tentativa de movimento (se fs). 2) Se duas superfícies de contato não se movem entre si, então fs sempre iguala F. 3) fs varia de 0 até o valor máximo fs,max = μsFN.. Se F > fs,max , a caixa começa a se mover. 4) Quando a caixa se move, o atrito chama-se cinético. Sua magnitude é constante e dada pela equação fk = μkFN (onde fk < fs,max). 5) Da propriedade acima, deduz-se que μk não depende da velocidade do objeto deslizante. μs = Coeficiente de atrito estático. μk = Coeficiente de atrito cinético. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Força de Arrasto e Velocidade Terminal Objeto que move-se em um fluido (gás ou líquido) experimenta uma força de oposição, conhecida como “arrasto”. Sob certas condições (o objeto em movimento deve ser obtuso e deve mover-se rápido, de modo que o fluxo do fluido seja turbulento), a magnitude da Força de Arrasto será dada pela expressão abaixo: 21 2 D C Av Ex: gato no ar. Inicialmente D = 0. À medida que o gato cai e acelera, D aumenta. Em certa velocidade vt temos D = mg; neste ponto a força resultante (e portanto a aceleração) torna-se nula, e o gato move- se com velocidade constante vt , conhecida como velocidade terminal. 21 2 tD C Av mg 2 t mg v C A • C é uma constante • A é a seção da área transversal do objeto • ρ é a densidade do fluido • v é a velocidade do objeto. Lucio Marassi (ECT-UFRN) C Movimento Circular Uniforme, Força Centrípeta Um objeto que move-se em uma trajetória circular de raio r com velocidade constante v tem uma aceleração a. A direção do vetor aceleração sempre aponta para o centro do círculo, no ponto C da figura (daí o nome „aceleração centrípeta‟); sua magnitude será constante e dada pela equação: 2v a r Aplicando a 2. Lei de Newton no movimento circular, concluimos que a força resultante na direção do centro C, denominada de Força Centrípeta, terá magnitude igual a 2mv F r A força centrípeta NÃO é um novo tipo de força. Ela é simplesmente a força resultante de um corpo em rotação, no sentido do centro de sua trajetória circular C. Dependendo da situação, ela poderá ser o atrito, a força normal ou a gravidade. Lucio Marassi (ECT-UFRN) Receita para problemas que involvem MCU de um objeto de massa m em uma órbita circular de raio r com velocidade v: m v x y . C r • Desenhe o diagrama de forças para o objeto. • Escolha um dos eixos coordenados (o eixo y no diagrama) para apontar para o centro C da órbita. • Determine a força resultante, fazendo: 2 ynet mv F r A seguir alguns exemplos: Lucio Marassi (ECT-UFRN) C y Um disco move-se em torno de um círculo com velocidade constante v em uma superfície horizontal de gelo. O disco está amarrado a uma corda, que está presa no ponto C. Neste caso a força resultante ao longo do eixo y é a tensão T da corda. Assim, a tensão T será a força centrípeta, e consequentemente: 2 ynet mv F T r Tensão como Força Centrípeta Lucio Marassi (ECT-UFRN) C C x Um carro de corrida de massa m percorre uma pista circular de raio R com velocidade v. Devido à forma do carro, o ar que passa exerce uma força FL dirigida para baixo no carro. Calcule a força de atrito em relação a m, R e v. Se desenharmos o diagrama de corpo livre para o carro, veremos que a força resultante ao longo do eixo x é a força de atrito estáticofs. Assim, a força fs será a força centrípeta: 2 xnet s mv F f R Força de Atrito como Força Centrípeta Lucio Marassi (ECT-UFRN) C y x O Rotor é um cilindro grande e oco de raio R, que gira rapidamente em torno de seu eixo central com velocidade v. Uma pessoa de massa m sfica de pé no chão do Rotor, com suas costas contra a parede interna. O Rotor começa a girar. Quando uma certa velocidade vmin é atingida, o chão do Rotor é retirado bruscamente. A pessoa não irá cair, pois ficará „colada‟ à parede do Rotor. O coeficiente de atrito estático μs entre a parede do Rotor e a pessoa é dado. Calcule a magnitude de vmin. Desenhado o diagrama de corpo livre para a pessoa, vemos que a força normal FN será a força centrípeta. 2 , , 2 2 min = (eqs.1) , 0 , (eqs.2) If we combine eqs.1 and eqs.2 we get: x net N y net s s s N s N s s s mv F F ma R F f mg f F mg F mv Rg Rg mg v v R Se combinarmos as eqs. 1 e eqs. 2, teremos: Força Normal como Força Centrípeta Lucio Marassi (ECT-UFRN) C y Em 1901 Allo Diavolo, em um circo, percorreu um looop vertical, perfazendo um círculo de raio R, com uma bicicleta. Calcule a velocidade mínima v que Diavolo deveria ter alcançado no topo do loop, para não cair. Desenhamos um diagrama de corpo livre para Diavolo, no topo do loop. Duas forças agem ao longo do eixo y: a força gravitacioal Fg e a força normal FN do loop. Quando Diavolo tem a velocidade mínima v ele está praticamente sem contato com o loop e então FN = 0. A única força atuante em Diavolo é Fg . Portanto a força gravitacional Fg é a força centrípeta. Assim: 2 min minynet mv F mg v Rg R Força Gravitacional como Força Centrípeta Lucio Marassi (ECT-UFRN) Boa semana a todos! Lucio Marassi (ECT-UFRN)
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