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Direito Civil I Resumo completo para provas

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Direito Civil I - Resumo
Completo para Provas
Direito Civil I – Resumo Completo para Provas
O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO: Em 11 de janeiro de 2003, entrou em
vigor o novo Código Civil (Lei nº 10.406/02), depois de
tramitar por décadas no Congresso Nacional (desde 1968). 
Esse novo Código representa a consolidação das mudanças
sociais e legislativas surgidas nas últimas nove décadas,
incorporando outros novos avanços na técnica jurídica.
 Três princípios fundamentais do novo Código Civil:
a) ETICIDADE –superar o apego do antigo Código ao rigor1.
formal. O novo Diploma alia os valores técnicos aos
valores éticos. Por isso percebe-se, muitas vezes a
opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a
preocupação de excessivo rigorismo conceitual.
O mundo contemporâneo testemunha a preocupação constante dos
doutrinadores jurídicos, políticos e sociais com a necessidade
das relações do homem com os seus e do Estado com os seus
administrados serem fortalecidas com a prática de condutas
éticas. Afirma que a ética é delimitadora do comportamento
humano, abrangendo a realidade que o cerca e influenciando a
estrutura dos fatos e atos produzidos pelo cidadão. Declara
que O Novo Código Civil apresenta-se em forma de sistema
vinculado a dois pólos: um formado em eixo central; o outro
concentrado em um sistema aberto. O professor pode concluir
definindo que a eticidade no Novo Código Civil visa imprimir
eficácia e efetividade aos princípios constitucionais da
valorização da dignidade humana, da cidadania, da
personalidade, da confiança, da probidade, da lealdade, da
boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito
privado.
b) A SOCIALIDADE – Está presente no novo Código a1.
socialidade em detrimento do caráter individualista do
antigo Diploma civilista. Daí o predomínio do social
sobre o individual.
Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da
propriedade A Constituição Federal deu uma fisionomia
funcional social ao direito de propriedade, que no seu art.
5º, inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade,
logo em seguida no inciso XXIII.
 A funcionalização do direito de propriedade importa em dar-
lhe uma determinada finalidade, que na propriedade rural
significa ser produtiva (art. 186) e na urbana quando atende
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no
plano diretor (art. 182, § 2º) .
Tal novidade acabou por refletir-se na elaboração do novo
Código Civil, em seu art. 1228, o que se mostra coerente com a
inscrição de novos princípios norteadores, especialmente o da
Socialidade, que vem tentar a superação do caráter
manifestamente individualista do Diploma revogado, reflexo
mesmo da publicização do Direito Civil, admitindo ainda a
propriedade pública dos bens cuja apreensão individual
configuraria um risco para o bem comum.
De lapidar redação, o § 1.º do art. 1228 estabelece que “O
direito de propriedade deve ser exercido em consonância com
suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam
preservados, de conformidade com o estabelecido em lei
especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas.” Também digno de
transcrição o § 2.º: “São defesos os atos que não trazem ao
proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam
animados pela intenção de prejudicar outrem.”
c) OPERABILIDADE – Diversas soluções normativas foram1.
tomadas no sentido de possibilitar uma compreensão maior
e mais simplificada para sua interpretação e aplicação
pelo operador do Direito. Exemplo disso foram as
distinções mais claras entre prescrição e decadência e
os casos em que são aplicadas; estabeleceu-se a
diferença objetiva entre associação e sociedade,
servindo a primeira para indicar as entidades de fins
não econômicos, e a última para designar as de objetivos
econômicos.
 
A Constitucionalização do Direito Civil
Em relação a este item a ser desenvolvido pelo docente, uma
sugestão é a de se começar afirmando que o Código Civil sempre
representou o centro normativo de direito privado, por se
preocupar em regular com inteireza e completude as relações
entre particulares. Desta forma, o aluno sera instado a
perceber que existia uma verdadeira cisão na estrutura
jurídica liberal no sentido de que a Constituição apenas
deveria se preocupar em regular a dinâmica organizacional dos
poderes do Estado, enquanto que ao Código Civil era reservado
o regime das relações humanas, o espaço sagrado e inviolável
da autonomia privada.
 É exatamente nesta linha que surge a codificação de 1916,
sendo fortemente influenciada pelo Código Napoleônico de 1804
e pelo BGB da Alemanha de 1896. Com aspirações de um
jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os
valores do patrimonialismo e de um excessivo individualismo
inerentes às codificações liberais. (aqui vale recordar as
noções sobre as diversas correntes jusnaturalistas que o aluno
aprendeu em IED, no periodo anterior)
 Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e
regulação das relações privadas mediante a efetivação dos
valores de um iluminismo liberalista. A codificação civil de
1916, então, surgiu impelida pelas idéias libertárias da
burguesia ascendente, que visava à consolidação dos valores de
um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas.
Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição exerceria um
papel meramente interpretativo, somente podendo ser aplicada
diretamente em casos excepcionais de lacunas dos códigos, a
quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as
relações inter-pessoais.
Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira
constituição do direito privado, buscando proteger o indivíduo
contra as ingerências do Estado.
 Importante ressaltar ao aluno, ainda que não seja o objetivo
primordial desta aula, que o Código Civil de 1916 surgiu com
um século de atraso das codificações individualistas e
voluntaristas da Alemanha e da França, onde já se iniciavam as
demandas por um maior intervencionismo estatal e pelo controle
dos desequilíbrios das relações econômicas. Mas, mesmo assim,
o Código de 1916 permaneceu ancorado neste modelo abstrato e
totalmente inerte a realidade social e a crescente
complexidade das relações humanas.
 Esse excessivo individualismo e a liberdade sem limites
ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve a necessidade
de o Estado interferir nas relações de direito privado para
minimizar essas desigualdades e limitar a liberdade dos
indivíduos protegendo as classes menos favorecidas, em busca
de uma igualdade substancial.
 Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu papel de
“Constituição” do direito privado. A idéia de código concebido
como um sistema fechado foi sendo destruída, surgindo diversas
leis especiais e, ao poucos, o Direito Civil foi se
fragmentando.
 Assim, a Constituição assume um novo papel de regência das
relações privadas, conferindo uma nova unidade do sistema
jurídico. A posição hierárquica da Constituição e sua
ingerência nas relações econômicas e sociais possibilitam a
formação de um novo centro unificador do sistema, definindo
seus verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação.
 Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não
importa em apenas conferir à constituição a superioridade
hierárquica conformadora do ordenamento jurídico, mas, acima
disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e
conceitos do âmbito privado, visando à concretização dos
valores e preceitos constitucionais.A Constituição passa,
assim, a definir os princípios e as regras relacionados a
temas antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao
império da vontade, como a função social da propriedade,
organização da família e outros. Assim, foi se derrubando o
paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão dotado
de patrimônio, e passou-se a adotar um novo paradigma. As
constituições começaram a trazer em seu bojo regras e
princípios típicos de direito civil e a valorizar a pessoa
colocando-a acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça
social ou distributiva e, aos poucos, a liberdade foi sendo
limitada, com a finalidade de se alcançar uma igualdade
substancial. É importante distinguir, por fim, a
Constitucionalização do Direito Civil da publicização do
direito privado. Muitos doutrinadores confundem essas duas
situações, mas elas são distintas. A primeira é a analise do
direito privado com base nos fundamentos constitucionalmente
estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais
no direito privado. Já a segunda é o processo de intervenção
estatal no direito privado, principalmente mediante a
legislação infraconstitucional.
 Por fim, é importante que o professor destaque para o aluno
que a norma constitucional, apesar da resistência de alguns
setores da doutrina, passa a ser diretamente aplicável às
relações privadas. Note-se que a Constituição, por ser um
sistema de normas, é dotada de coercibilidade e imperatividade
e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas
relações de direito privado. E aqui é importante exemplificar,
utilizando, por exemplo o direito de família:
 A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações
familiares ocorridas ao longo do século XX deu um novo perfil
aos institutos do direito de família.
 Assim 0 novo CC teve que adaptar-se aos novos ditames
constitucionais aprofundando-os:
União Estável – reconhecida;
Maioridade Civil – aos 18 anos;Regime de bens – pode ser
alterado por acordo entre os cônjuges;
Exames de DNA para comprovação de paternidade – a recusa
implica em reconhecimento da filiação ;
Filhos nascidos fora do casamento – não há mais distinção
entre filhos;
Guarda dos filhos em caso de separação – os filhos podem
ficar com o pai ou a mãe;
Testamento – não mais precisa ser feito à mão pelo testador;
Sucessão – o cônjuge passa a ser herdeiro necessário.
 
PESSOA NATURAL: Iniciaremos demarcando que é o próprio homem,
isto é, o ser humano individualmente considerado como sujeito
de direitos e obrigações. Vale salientar, que as expressões
pessoa física e pessoa natural são sinônimas, apenas com a
ressalva que esta (pessoa natural) foi a locução adotada pelo
Código Civil brasileiro, enquanto que aquela (pessoa física)
foi adotada pelas legislações tributárias. Feita esta
ressalva, continuaremos, no sentido de introduzir ao aluno o
conceito de que personalidade civil ou Jurídica é a capacidade
que as pessoas têm de serem titulares de direitos e
obrigações.Personalidade não é um atributo natural, isto é,
não está necessariamente vinculado ao ser humano. Se assim
fosse, a pessoa jurídica não teria personalidade. Por isso se
diz que a personalidade é um atributo jurídico.O início da
personalidade civil ocorre a partir do momento em que a pessoa
nasce com vida, encerrando-se quando de sua morte. Portanto,
enquanto a pessoa viver terá personalidade. É o que o art. 2º
do novo Código Civil diz: ?A personalidade civil da pessoa
começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a
concepção, os direitos do nascituro?. Do próprio texto da lei
temos então que são dois os requisitos para a caracterização
da personalidade da pessoa natural: o nascimento e a vida.
Após, abordaremos a questão da natureza jurídica do nascituro
e as diversas posições doutrinárias, sobre as quais, seguem
algumas sugestões:
O já mencionado art. 2º, em sua parte final, salienta que a
lei põe a salvo desde a concepção os direitos do NASCITURO –
aquele já concebido, cujo nascimento já se espera como fato
futuro.
Não se trata de uma exceção à regra de que a personalidade só
começa com o nascimento com vida. O objetivo do Código é,
apenas, resguardar preventivamente os eventuais direitos que
possam ser adquiridos, caso o nascituro nasça com vida.
Entretanto, se não ocorrer o nascimento com vida, torna-se
inoperante a ressalva contida no Código Civil. Portanto, o
NASCITURO não é pessoa natural, tem apenas uma proteção
jurídica.
Há duas teorias que buscam estabelecer qual o momento em que
se inicia a personalidade jurídica: a concepcionista e a
natalista. Pela primeira, a personalidade jurídica se
iniciaria no momento da concepção, ou seja, quando o
espermatozóide se funde ao óvulo (há quem defenda que a
aquisição da personalidade ocorra algum tempo depois,
contudo).
Pela teoria natalista, a personalidade começa com o nascimento
com vida. A maior parte dos civilistas entende ser essa a
teoria adotada pelo Código Civil, que preconiza no art. 2º,
primeira parte: “a personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida”. Ou seja, partir deste momento, começa a
existência da pessoa natural e esta pode ser titular de
direitos e obrigações.
A parte final deste artigo diz que: “mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro”. Por essa
disposição, alguns autores (como Maria Helena Diniz) diz que o
Código Civil adotou a teoria concepcionista. Porém, a doutrina
majoritária entende que esta disposição não se refere ao
inicío da personalidade jurídica. Esta só ocorre com o
nascimento com vida. Neste caso, a Lei busca proteger um ser
que pode vir a se tornar pessoa (se nascer com vida). Tem
muita importância no campo do direito sucessório, por exemplo,
se o pai da criança falecer enquanto sua esposa está grávida.
Se a criança nascer com vida, esta terá direito à sucessão.
Caso contrário (se não nascer com vida), opera-se a sucessão
normalmente.
Uma implicação importante: se o bebê morrer pouco após o
nascimento? Neste caso, a criança fará juz a sucessão e, logo
em seguida, também será autora de herança. Situação diferente
da que ocorreria se a morte fosse intra-uterina.
Sobre a capacidade jurídica, é uma medida limitadora ou
delineadora da possibilidade de adquirir direitos e de
contrair obrigações. Capacidade significa a aptidão que a
pessoa tem de adquirir e exercer direitos.
A capacidade é a regra, ou seja, pelo código civil toda pessoa
é capaz de direitos e deveres na ordem civil; a incapacidade é
a exceção, ou seja, são incapazes aqueles discriminados pela
legislação (menores de 16 anos, etc).
 O Estatuto da Pessoa com Deficiência. O seu inciso II
não faz mais referência às pessoas com discernimento reduzido,
que não são mais consideradas relativamente incapazes, como
antes estava regulamentado. Também foi alterado o inciso III
do art. 4º do CC/2002, sem mencionar mais os excepcionais sem
desenvolvimento completo. O inciso anterior tinha incidência
para o portador de síndrome de Down, não considerado mais um
incapaz. A nova redação dessa norma passa a enunciar as
pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir vontade, o que antes estava previsto no inciso III do
art. 3º como situação típica de incapacidade absoluta. Agora
a hipótese é de incapacidade relativa.
 A capacidade divide-se em dois tipos:
a) capacidade de direito: em que a pessoa adquire direitos,
podendo ou não exercê-los, e
b) capacidade de exercício ou de fato: em que a pessoa exerce
seu próprio direito. Com isso, podemos concluir que todas as
pessoas possuem capacidade de direito, mas nem todas possuem a
capacidade de exercíciodo direito.
Depois de fixados os conceitos sobre capacidade absoluta e
relativa, vamos apresentar as seguintes distinções:
Obs.: A incapacidade relativa gera a anulabilidade do ato
jurídico. 
O falido não é incapaz, apenas lhe são impostas restrições à
atividade mercantil. 
A condenação criminal não implica capacidade civil. Como pena
acessória, pode sofrer o condenado a perda de função pública
ou do direito à investidura em função pública; a perda do
pátrio poder, da tutela ou da curatela. 
Assistência: Os assistentes dos incapazes serão:
a) os pais ou tutor assistem os maiores de 16 e menores1.
de 18 anos.
b) o curador assiste os pródigos e os que possuem o2.
discernimento reduzido, se maiores de 18 anos. 
Incapacidade e Impedimento: A incapacidade não se confunde com
o impedimento. Neste ocorre a vedação à realização de certos
negócios jurídicos, como por exemplo, fazer contratos,
adquirir bens etc. Exemplo: a lei proíbe que o leiloeiro e
seus prepostos adquiram, ainda que em hasta pública, os bens
de cuja venda estejam encarregados. 
Capacidade negocial e Capacidade especial: Além das
capacidades de direito e de fato há ainda as capacidades
negocial e especial. 
A capacidade negocial é aquela exigida como plus, além da
genérica, para a realização de atos jurídicos específicos.
Exemplo: exige-se que o outorgante da procuração particular a
advogado seja alfabetizado. 
A capacidade especial é a exigida para a realização de
determinados atos, normalmente fora da esfera do Direito
Privado. Exemplo: para votar exige-se que a pessoa tenha 16
anos completos.
 
O NOME CIVIL – REGISTRO CIVIL: Para o Direito, existem então
as pessoas naturais – seres humanos que, enquanto pessoas, têm
reconhecida sua personalidade – e as pessoas jurídicas – entes
formados pela associação de indivíduos ou de patrimônio
voltada para determinado fim comum a que o Direito ressalva
uma personalidade jurídica independente das de seus
idealizadores. Neste ponto o professor deve focar na pessoa
natural. 
O registro civil do nascimento da pessoa natural dota de
formalidade e publicidade aquele fato jurídico que é o
nascimento com vida, início da personalidade civil; apresenta
o indivíduo à sociedade, dando eficácia à sua personalidade.
Neste sentido, sua natureza é declaratória, afinal, “a pessoa
humana dele não precisa para receber a sua qualidade de
pessoa, […]. Assim, a personalidade civil começa do nascimento
com vida […]”.
Ao nascer, como ao longo da existência, a pessoa possui
determinadas características que a qualificam juridicamente.
Ao complexo de atributos, com efeitos jurídicos, que determina
a condição da pessoa perante a sociedade, chamamos estado.
Diz-se estado civil a posição jurídica que alguém ocupa, em
determinado momento, dentro do ordenamento jurídico. Segundo o
Prof. Francisco Amaral:
O estado nasce de fatos jurídicos, como o nascimento, a idade,
a filiação, a doença; de atos jurídicos, como o casamento, a
emancipação; de decisões judiciais, como a separação, o
divorcio, a interdição. Tais circunstancias levam a
caracterização de três estados: o familiar, o político e o
pessoal ou individual.
Para o Direito Civil, importa o estado do indivíduo de filho,
de solteiro, casado, viúvo, separado ou divorciado – tudo isso
gera efeitos jurídicos no âmbito do direito de família –, como
também importa o estado de maior idade, menor idade,
emancipação, interdição, ausência, sexo masculino ou feminino
– gerando efeitos no âmbito dos direitos da personalidade. O
estado político, de brasileiro ou estrangeiro, importa ao
direito constitucional. Em relação ao nosso estudo, destaca-se
o estado individual, em que se enquadra o sexo (status
sexual).
Os estados individuais, em geral, são atributos da
personalidade, ou seja, integram-na. E, por isso, são
protegidos pelos direitos da personalidade. Além disso, “é
também objeto de um direito subjetivo, o direito de estado,
que protege o interesse da pessoa no reconhecimento e no gozo
desse estado” . Amaral releva, ainda, o fato de constituir um
direito absoluto, oponível a toda a sociedade, que, portanto,
todos devem respeitar; e público por ser reconhecido e
protegido pelo Estado.
O registro gera a presunção relativa do estado da pessoa, vez
que é ele que dota de oponibilidade erga omnes as situações
jurídicas da pessoa perante a sociedade. Contudo, nem sempre a
realidade jurídica retrata a realidade fática e, por isso,
existem as ações de estado, afinal, é muitas vezes necessário
“defender seu estado contra eventuais atentados aos direitos
dele decorrentes” . Elas têm por objetivo criar, modificar ou
extinguir um estado – e aí, a sentença será constitutiva –; ou
reconhecer um estado pré-existente o guarnecendo de eficácia
jurídica – quando a sentença será declaratória.
A QUESTÃO DO TRANSEXUAL: Ocorre que, o transexual, quando do
seu nascimento, no registro civil, foi classificado segundo o
seu aspecto sexual anatômico externo como pertencente a um dos
sexos, ou feminino ou masculino. Este, assentado em registro
público, é o sexo civil. Porém, ressalvamos, neste momento,
que a avaliação da fisionomia não é a única para a
determinação do sexo de um indivíduo, como explicitado no
primeiro capítulo do presente estudo. A averiguação do status
sexual requer a conjugação dos aspectos biológico, psíquico e
comportamentais. Somente o conjunto desses aspectos será capaz
de apontar com maior fidelidade e compromisso a qual dos dois
sexos pertence a pessoa. A regra, contudo, é que os três
aspectos correspondam revelando uma identidade sexual, mas
esta convergência harmônica pode não ocorrer.
No caso do transexual operado, que possuía, em primeiro plano
aquela inadequação corporal com a psiquê, o sexo civil,
determinando comportamento na vida civil, na esfera jurídica e
social em geral, imporá barreira para a realização da
identidade sexual da pessoa.
Existe um interesse juridicamente relevante no gozo da
identidade sexual. O conteúdo de tal interesse da pessoa é
representado, essencialmente, no reconhecimento, sob todos os
aspectos da vida social, privada e pública, como sendo a mesma
pertencente ao próprio sexo.
Com o transexual isso não acontece. A principal inadequação é
a factual com a jurídico-formal. Se o registro tem
publicidade, autenticidade, eficácia, não existe
reconhecimento social da situação daquele indivíduo, do seu
estado. A identidade sexual transcende o aspecto morfológico,
encontra-se no campo da identificação psíquica de se pertencer
a determinado gênero sexual que se externa com o
comportamento.
A identidade sexual integra a identidade pessoal. O Professor
Leoni, sobre o direito à identidade, citando Lorenzetti,
sinaliza que o indivíduo possui identidade estática e
dinâmica. “A identidade estática ‘compreende o nome, a
identificação física, a imagem. Isto está protegido pelas leis
referentes ao nome, à capacidade e ao estado civil’”. Essa é,
então, a resguardada pelo direito à identidade. O direito à
identidade sexual como direito à identidade pessoal, constitui
direito da personalidade.( OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de.
Direito Civil: teoria geral do direito civil. 2ª ed. atual. e
amp. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000).
 DOMICÍLIO CIVIL: O conceito de Domicílio Civil da pessoa
natural é determinado pela combinação dos artigos 70 e 71 do
NCC. Apenas encontraremos o domicílio civil se preenchermos os
dois requisitos determinados no artigo 70 do NCC que são:
Residência – é o objeto do conceito, sendo este palpável. É o
elemento externo e visível. Ex: uma casa, um prédio, um
apartamento.
Ânimo definitivo – este é o elementointerno do domicílio
civil. Sendo evidenciado por reflexos do indivíduo que
demonstram seu interesse em permanecer em tal domicílio. Ex:
receber correspondência, receber as contas.
 Alguns autores determinam que o domicílio civil é constituído
por um elemento objetivo e outro subjetivo. O elemento
Objetivo é o objeto do conceito de residência. O elemento
Subjetivo é o elemento interno, o ânimo definitivo.
No modelo brasileiro, reforçado pelo Código Civil, toda
pessoa, natural ou jurídica – de direito público interno ou de
direito privado -, tem domicílio, que representa a fixação do
lugar em que o sujeito, ativo ou passivo, da relação jurídica
será encontrado, o qual expressa o centro nevrálgico de onde
se irradiam interesses juridicamente relevantes.
O domicílio significa uma garantia jurídica, haja vista que
funciona como cidadela em que se guarnecem os interesses
sócio-jurídicos das pessoas naturais ou das pessoas jurídicas.
Com o domicílio, desenha-se o perímetro em que se fixa o
espaço jurídico dentro do qual se enclausura o titular,
projetando feixes que se traduzem em direitos e obrigações.
Do enraizamento da residência decorre o domicílio, como
fenômeno material e psíquico que se projeta no âmbito em que
prosperam as relações jurídicas.
Sem residência, inexiste domicílio ; sem domicílio, fragiliza-
se o pleno exercício dos direitos civis, do nascimento à
morte.
De tão importante, o domicílio da pessoa natural, mesmo que
não tenha residência habitual, será o lugar onde for
encontrada.
Na configuração traçada pelo Código Civil, fala-se em:
a) domicílio da pessoa natural;1.
b) domicílio da pessoa jurídica, de direito público2.
interno ou de direito privado;
c) domicílio necessário;3.
d) domicílio legal;4.
e) domicílio eleito. Admite-se a existência de mais de5.
um domicílio tanto para a pessoa natural quanto para a
pessoa jurídica de direito privado, razão por que se diz
que o legislador perfilhou a escola que cultiva a
pluralidade de domicílio.
Domicílio da pessoa natural (física) – Em conformidade com a
definição legal, o domicílio da pessoa natural “é o lugar onde
ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo”.
Dois elementos se exigem para a definição do domicílio da
pessoa natural:
a) a residência; e1.
b) o ânimo definitivo. A residência é mais do que um2.
fenômeno material, mediante o qual se distingue da
moradia, que se traduz na certeza de que é episódica e
transitória, sem o estaqueamento aprofundado, capaz de
fixar a disposição perene ou definitiva.
Ao residir, a pessoa mora com perenidade ou longevidade,
fenômenos de cuja realidade se extrai a premissa de que há o
ânimo de estabelecer o lugar como seu domicílio. Releva
lembrar que, na hipótese em que a pessoa natural, por vontade
ou necessidade, tenha mais de uma residência, onde,
alternadamente, viva, reputar-se-á domicílio qualquer uma
delas.
Considera-se, ainda, domicílio o local em que a pessoa natural
desenvolva a sua profissão.
Por conseguinte, pluralizam-se os domicílios da pessoa
natural, quando exerce atividade profissional, haja vista que
passam a ser, pelo menos, dois:
a) o local em que estabelece a sua residência com ânimo1.
definitivo; e
b) o local em que pratica a sua atividade profissional.2.
Se a profissão for explorada e exercitada em lugares diversos,
em que se lhe concentram os interesses, cada um deles
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Cabe advertir que não será qualquer emprego ou relação
jurídica, por cuja execução se produza atividade laboral, que
se capacitará a desenhar o local do trabalho como se domicílio
fosse.
Domicílio profissional não se confunde com o simples local de
trabalho, categorias jurídicas que se diferenciam ideológica,
social e juridicamente.
Na identidade do domicílio profissional, impõe-se a presença
de elementos em conformidade com os quais se caracteriza o
exercício da profissão, que granjeia a certeza de que se trata
de um sinal eloqüente capaz de diferenciá-lo do trabalho
ordinário e dependente.
É preciso que se exerça atividade profissional fim, com
domínio sobre o comando técnico, administrativo e econômico, e
não atividade profissional meio, para que se possa
caracterizar o local, também, como domicílio.
Com efeito, não se estimula a assertiva de que o empregado
comum, com vínculo jurídico subordinante e protagonista de uma
relação jurídica, cujo desfazimento pode se consumar
unilateralmente, pelo simples exercício da vontade de seu
empregador, transforme o local em que presta serviço como
extensão de seu domicílio, ainda que lá consuma jornada
diária.
Cabe ressaltar que o domicílio profissional não abrange e não
argola toda e qualquer relação da pessoa natural, mas somente
aquela a que estiver conectado por força de amarras que
concernem à profissão.
A atração do domicílio, no caso, depende da ligação entre o
exercício da profissão e o local. Destaque-se que a pessoa
natural pode ter:
a) mais de um domicílio doméstico;1.
b) mais de um domicílio profissional; e2.
c) domicílio doméstico e domicílio profissional.3.
FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL
 Morte: A existência da pessoa natural termina com a morte,
conforme preconiza o artigo 6° do Código Civil:
– art 6º. A existência da pessoa natural termina com a morte;
presume-se esta, quando aos ausentes, nos casos em que a lei
autoriza a abertura da sucessão definitiva.
A morte marca o fim da personalidade física, faz cessar
consequentemente a personalidade jurídica, sendo assim o homem
compreendido em suas funções desaparece no momento de sua
morte. Dessa forma, a morte irá cessar com a personalidade
jurídica que o acompanhou durante a vida, enquanto ser
autônomo de imputação de normas jurídicas. O de cujus não é
susceptível de ser titular de direitos e obrigações.
Morte presumida: – art. 7º . Pode ser declarada a morte
presumida, sem decretação de ausência: I – se for extremamente
provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se
alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for
encontrado até 2 (dois) anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses
casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as
buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do lançamento.
No sistema do Código de 1916, não existia o instituto da morte
presumida, a não ser para efeitos patrimoniais, nos casos de
sucessão provisória e definitiva. Tal não implica extinção da
personalidade. É permitida a abertura da sucessão provisória
ou definitiva do desaparecido, para proteção de seu
patrimônio. Permite-se, no entanto, a justificação judicial de
morte nos termos do artigo 88 da Lei de Registros Públicos.
Não se trata de presunção de morte. No entanto, mesmo que
acolhida uma justificação nesse sentido, nada impede que a
pessoa surja posteriormente sã e salva, o que anula todos os
atos praticados com sua morte justificada, protegendo-se os
terceiros de boa-fé.
No entanto, o novo ordenamento foi mais além, autorizando a
declaração de morte presumida em outras situações,
independentemente da declaração de ausência: “A posição tomada
pelo novo Código foi outra: O instituto da ausência é tratado
dentro da parte geral do diploma (artigos 22 ss.) e não mais
no direito de família.
Essa declaração de ausência tradicionalmente tem por
finalidade a proteção do patrimônio do desaparecido levando à
sucessão provisória e à sucessão definitiva. Os fins do
instituto são exclusivamente patrimoniais. No Código de 2002,
expressamente o legislador aponta que sejamconsideradas
mortes presumidas as situações que autorizam a abertura da
sucessão definitiva (artigos 37 ss.). Nesse sentido dispõe o
artigo 6º da nova lei civil: “A existência da pessoa natural
termina com a morte. Presume-se esta, quanto aos ausentes, nos
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva.”
Comoriência: Diz o art. 8º. Se dois (dois) ou mais indivíduos
falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos.
Temos aqui preservada a regra da comoriência do Código Civil
anterior. Só mudou o nº do art. (antes era art. 11), o texto
se repetiu por inteiro.
A regra da comoriência tem relevância principalmente nas
questões do direito de sucessão. Para que seja aplicada é
necessário que tenham morrido juntos parentes que sejam
sucessores recíprocos, isto é, a morte de um tio e um sobrinho
numa explosão de um avião, não requer a aplicação da regra da
comoriência se esse tio tiver filhos e o sobrinho não for
herdeiro direto do tio. Um caso do uso da regra da comoriência
seria o seguinte: “A” é único filho de “B”. “B” é casado com
“C”. Pois bem, sabemos que na ordem de vocação hereditária a
sucessão legítima defere-se na seguinte ordem: primeiro herdam
os descendentes, depois os ascendentes, depois o cônjuge
sobrevivente e por último os colaterais (o cônjuge concorre
com os descendentes e com os ascendentes). Temos duas
possibilidades para explicar essa regrinha:
1º – Se na morte conjunta de “A” e “B” (acidente de carro, por
exemplo), for possível determinar que “A” morreu após “B”,
haverá a passagem da herança de “B”(pai) para “A”(filho),
resultando que “C”(mãe) por ser a única herdeira de “A”(filho)
ficará com herança todinha para ela.
2º – Se na morte conjunta de “A” e “B” (explosão de um avião,
por exemplo) for impossível a fixação do momento exato da
morte de ambos, aplicar-se-á a comoriência, isto é, não haverá
transmissão da herança, um não herdará do outro.
Conseqüentemente, “A” não herdará do pai “B”. A herança de “B”
passará para aos seus pais. Se o cônjuge atender determinadas
condições concorrerá na herança com os pais do falecido, isto
é, se vivos o pai e a mãe de “B”, à “C”(esposa) restará um
terço da herança de “B” (não ficará desamparada, portanto).
Ausência: Pelo novo estatuto legal considera-se ausente pessoa
de que deixa o seu domicílio, sem deixar notícias suas e nem
representante ou procurador que administre os seus bens.
Nestes casos, a requerimento do MP ou de outro interessado, o
juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério
Público, declarará a ausência e nomeará curador provisório.
Ao se analisar o tempo que perdura a ausência, três momentos
distintos podem ser destacados, a saber:
10.4.1 Curadoria dos bens do ausente: quando o desaparecimento
é recente e a possibilidade de retorno do ausente é, portanto,
bem grande, o legislador tem a preocupação de preservar os
bens por ele deixados, evitando a sua deterioração. Nesta fase
o juiz declara a ausência da pessoa e nomeia-lhe curador.
Ao nomear o curador o juiz deve fixar os limites de seus
deveres e suas obrigações (art. 24). Sua incumbência é zelar
pela administração e conservação dos bens do ausente. Esta
nomeação deverá respeitar a ordem previamente estabelecida
pelo legislador no artigo 25 do novo Código Civil. Neste
inciso reside outra inovação trazida pelo novo diploma legal:
é a inclusão, no caput do artigo 25, do cônjuge separado de
fato há mais de dois anos antes da declaração da ausência
entre as exceções àqueles que seriam curadores legítimos. O
antigo texto legal impedia apenas o cônjuge separado
judicialmente de ser curador. Tal inclusão se explica pela
entrada em vigor da Lei 6.515/77 (Lei de Divórcio), que prevê
a hipótese de divórcio direto nos casos em que os cônjuges
estejam separados de fato pelo referido período. Assim, se há
a possibilidade de requerimento de divórcio, seria um contra-
senso permitir que uma parte cuidasse dos bens deixados pela
outra.
O mesmo dispositivo legal, adequado à nova realidade do mundo
contemporâneo, foi modificado para conferir aos pais (e não
mais ao pai, e em sua falta à mãe) a curadoria dos bens do
ausente. Excluiu-se, outrossim, a preferência anteriormente
conferida aos varões em relação às mulheres. Atualmente todos
têm igualdade de direitos em relação à curadoria dos bens do
ausente.
Sucessão Provisória: ainda nesta etapa o legislador se
preocupa com a conservação dos bens do ausente, pois existe
ainda a remota possibilidade de que este volte para retomar o
que é seu de direito. A preocupação daquele é voltada mais
para os herdeiros e credores e menos para o ausente. No que
tange à sucessão provisória o novo Código Civil reduziu os
prazos para o seu requerimento. Com a sua entrada em vigor
basta que decorra um ano da data da arrecadação dos bens do
ausente, ou três anos no caso de haver sido deixado mandatário
constituído, para que os interessados possam requerer a
declaração de ausência e abertura da sucessão provisória do
ausente.
A sucessão provisória é requerida como se o ausente estivesse
morto, estabelecendo o legislador um rol de pessoas que têm
legitimidade para requerer a sua abertura. São legítimos
interessados:
I) o cônjuge não separado judicialmente. Tem interesse1.
em requerer a abertura da sucessão para que seu quinhão
seja delimitado;
II) os herdeiros presumidos, legítimos ou2.
testamentários. Têm interesse, pois a decisão que
declara a ausência confere a eles o domínio dos bens
deixados;
Uma vez imitidos na posse dos bens, os seus herdeiros ficarão
responsáveis por representar o ausente em juízo, tanto em
relação às ações em curso, quanto em relação àquelas que
eventualmente vierem a ser propostas contra ele (art. 32).
III) aquele que tenha direito a algum bem do ausente
subordinado à sua morte, como no caso do donatário que recebe
uma doação subordinada à condição suspensiva da morte do
doador. Declarada a ausência do doador o donatário poderá
requerer a abertura da sucessão provisória daquele para
receber a propriedade do bem doado;
IV) os credores de obrigações vencidas e não pagas. Com1.
a morte do ausente as dívidas passam a ser devidas pelos
seus herdeiros na proporção de seus quinhões. Neste caso
os credores poderão cobrar os seus créditos dos
herdeiros do ausente.
Vale salientar que mesmo com a abertura da sucessão provisória
a probabilidade de volta do ausente, ainda que remota, existe.
Por isso o legislador cercou-se de diversos cuidados para
evitar que os bens por ele deixados desapareçam. Podemos
destacar algumas:
a) a decisão que declarar a ausência só produzirá1.
efeitos após 180 dias da sua publicação. Trata-se de um
prazo suplementar conferido ao ausente, para que volte e
reivindique os seus bens. Entretanto, tão logo transite
em julgado a sentença declaratória de ausência proceder-
se-á a abertura de testamento, se houver, e ao
inventário e partilha dos bens, como se morto fosse o
ausente;
b) a partilha dos bens deixados será feita, mas para que2.
os herdeiros entrem na posse dos bens recebidos deverão
prestar garantias, através de penhor (bens móveis) ou
hipoteca (bens imóveis), correspondentes ao valor dos
quinhões que estejam recebendo (art. 30). Entretanto, o
art. 30, § 2º atenua esta exigência permitindo que os
ascendentes, descentes e o cônjuge entrem na posse dos
referidos bens, desde que comprovem a qualidade de
herdeiros. O caput deste artigo, por exemplo, em relação
aos herdeiros colaterais, ao Estado, ao Município etc.
Se o herdeiro não tiver condições de prestar a garantia não
poderá entrar na posse dos bens correspondentesao seu quinhão
e estes ficarão sob a responsabilidade do curador ou de outro
herdeiro designado pelo juiz, que preste a garantia (art. 30,
§ 1º). Poderá, entretanto, justificando a falta de condições
de prestar a garantia, requerer seja-lhe entregue metade dos
frutos e rendimentos do quinhão que caberia a ele (art. 34).
c) os bens imóveis do ausente não poderão ser vendidos,1.
salvo em caso de desapropriação pelo poder público ou
para evitar que se deteriorem, e também não poderão ser
hipotecados, salvo por determinação judicial (art. 31).
Neste aspecto merece destaque a modificação trazida pelo
novo Código Civil. O seu artigo 31 suprimiu a
possibilidade de alienação dos bens do ausente para
convertê-los em títulos da dívida pública. Com a entrada
em vigor do novo diploma somente é permitida a alienação
dos bens do ausente em caso de desapropriação e para
evitar a sua ruína. Inovação é a possibilidade de
gravar-lhes com a hipoteca, hipótese que não era
prevista anteriormente.
d) a renda produzida pelos bens cabentes aos2.
descendentes, ascendentes e ao cônjuge, pertencerá a
estes. Os demais herdeiros deverão capitalizar metade
destes frutos e rendimentos de acordo com o artigo 29, e
prestar contas ao juízo anualmente (art. 33).
Durante o período da sucessão provisória ainda é possível que
o ausente retorne, quando em vigência a posse provisória dos
herdeirosMesmo procurando preservar ao máximo o patrimônio do
ausente enquanto houver uma possibilidade, ainda que remota,
de retorno, estabeleceu-se no Novo Código Civil uma espécie de
punição para o caso deste retornar e provar-se que a ausência
foi voluntária e injustificada. Dispõe parágrafo único do
artigo 33 que neste caso o ausente perderá o direito ao
recebimento de sua parte nos frutos e rendimentos produzidos
pelos bens por ele deixados e arrecadados por seus herdeiros.
A preocupação do legislador é clara: evitar que a pessoa
desapareça sem motivo justo e retorne quando quiser,
aproveitando-se da boa-fé dos herdeiros que zelaram pela
conservação de seus bens.
Cumpre salientar, ainda, que durante o período da sucessão
provisória ainda é possível que o ausente retorne, quando em
vigência a posse provisória dos herdeiros. Poderá ser provado,
outrossim, que o ausente se encontra vivo. Nestes casos, todas
as vantagens que os herdeiros estiverem auferindo em relação
aos bens do ausente cessam, e este tem o direito de recobrar a
posse dos bens. Ocorre que, até a efetiva entrega destes bens
ao ausente, será de responsabilidade dos herdeiros a sua
guarda e manutenção (art. 36).
Sucessão Definitiva: seguindo a mesma linha do artigo 26, o
legislador diminui, no artigo 37, o prazo para o requerimento
da sucessão definitiva. Com a entrada em vigor do novo Código
Civil, decorridos dez anos do trânsito em julgado da sentença
concessiva da abertura da sucessão provisória, é permitido que
os interessados requeiram a abertura da sucessão definitiva do
ausente, bem como o levantamento das cauções anteriormente
prestadas. Tal faculdade será ainda conferida a eles no caso
de se provar que o ausente conta com oitenta anos e há mais de
cinco anos são suas últimas notícias. Nestes casos, o
legislador, supondo certa a sua morte, seja pelo tempo
decorrido, seja pela sua idade avançada, passa a se preocupar
somente com o direito dos seus herdeiros e permite que estes
requeiram a conversão da sucessão provisória em definitiva, e
o levantamento das cauções prestadas (art. 38). As demais
restrições impostas em relação aos bens deixados pelo ausente
também desaparecem.
Trata-se em verdade de uma sucessão quase definitiva, pois,
mesmo que a volta do ausente seja remotíssima face à enorme
probabilidade de morte, ainda existe uma pequena possibilidade
de retorno.
Frente a esta possibilidade o legislador estabeleceu que, caso
o ausente ou algum de seus ascendentes ou descendentes volte
nos dez anos subseqüentes ao trânsito em julgado da sentença
que determinou a abertura da sucessão definitiva terão eles o
direito de receber os seus bens no estado em que se
encontrarem, os sub-rogados em seu lugar ou o preço recebido
pelos referidos bens alienados depois daquele tempo (abertura
da sucessão definitiva) (art. 39).
Voltando após dez anos da abertura da sucessão definitiva
perde o ausente o direito aos bens, pois a partilha torna-se
irrevogável. Não havendo interessados em requerer a abertura
da sucessão definitiva, a teor do artigo 39, § único, os bens
arrecadados passarão para o domínio do Município ou do
Distrito Federal, quando localizados nestas circunscrições, ou
para o domínio da União.
 
OS DIREITOS DE PERSONALIDADE NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO:
 
O Código Civil e a pessoa: Reunimo-nos aqui para
homenagear este monumento que é o C.C. brasileiro.
 
Marcou profundamente este século. Marcou-o mesmo totalmente,
desde a sua preparação até à provável vigência no de albar de
2000.É um monumento na sua estruturação científica, só
possível pelo alto nível que a doutrina civilística brasileira
atingiu no século passado; só isso permitiu um diploma desta
envergadura. Porque um Código Civil representa sempre um
espelho muito fiel da ciência jurídica dum povo.
O Código estrutura-se em grandes categorias científicas, logo
visíveis no art. 1.º – quando refere as pessoas, os bens e as
situações jurídicas.Não é difícil encontrar aqui manifestação
da tripartição de Gaio, nas suas Institutiones, em pessoas,
coisas e acções.Começa pelas pessoas (arts. 2 e seguintes). O
que não pode deixar de ser sublinhado, porque a pessoa é
simultaneamente:– o fim do direito– o fundamento da
personalidade jurídica– o sujeito das situações jurídicas.O
Código Civil preocupa-se particularmente com o terceiro
aspecto: a pessoa que funciona como sujeito das situações
jurídicas.Mas isto não significa que o Código Civil não
manifeste sensibilidade à pessoa ontológica.Isso revela-se
nomeadamente no art. 4, no que respeita ao nascituro.Nesta
matéria, como em várias outras, o Código Civil brasileiro
poderia encontrar modelos no Código Civil alemão de 1900 e no
Código Civil português de 1867.O BGB proclama secamente, no
seu § 1º: “A capacidade jurídica do homem começa com o
nascimento completo”.O art. 6 do Código Civil português de
1867 era do seguinte teor:“A capacidade jurídica adquire-se
pelo nascimento; mas o indivíduo , logo queé procriado, fica
debaixo da protecção da lei; e tem-se por nascido para os
efeitos declarados no presente Código”.
O Código Civil brasileiro vai além, mesmo do Código Civil
português: declara que “a lei põe a salvo desde a concepção os
direitos do nascituro”. Afirmando direitos, afirma a
personalidade ontológica do embrião,pois só desta maneira lhe
poderá reconhecer direitos.Seguindo por esta via, e tendo
presente a noção ontológica de pessoa que não pode deixar de
subjazer à lei, procuremos então determinar os direitos que o
Código Civil reconhece à pessoa, fundado justamente na sua
dignidade de pessoa. Porque o art. 1.º se propõe regular os
direitos e obrigações de ordem privada relativos às pessoas.
A ausência de previsão dos direitos de personalidade:2.
 Estariam em causa, antes de mais, os direitos de
personalidade. Mas, se os procurarmos, a nossa busca
será vã.Nem nos arts. 2 a 12, relativos às pessoas
naturais, nem em qualquer outro lugar encontramos
previstos os direitos de personalidade.A nossa surpresa
ainda aumenta se consultarmos as obras civilísticas
brasileiras de carácter geral. Os direitos de
personalidade não vêm sequer referidos,
normalmente.Significará isto que a categoria dos
direitos de personalidade era desconhecida, no início do
século?Sabemosque não. A elaboração dos direitos
naturais fora levada a fundo pelo jusracionalismo,
particularmente no séc. XVIII, e tivera o seu triunfo
histórico no séc. XIX. No meio de muitas variantes
possíveis, a figurados “direitos do homem” era bem
conhecida.Esta manifestara-se historicamente antes de
mais nas grandes Declarações de Direitos, que tanto
haviam influenciado a história jurídica do séc.
XIX.Seria então a categoria desconhecida das
codificações civis?De novo, vamos tomar como termos de
comparação o BGB e o Código Civil português de 1867.O
BGB desconhece a figura dos direitos de personalidade:
não os regula.Não surpreende que assim aconteça. A
situação imperial germânica não era favorável à
germinação desta figura. Por isso o BGB é um instrumento
técnico de altíssimo nível mas que evita afrontar essa
problemática. Em consequência, o Projecto brasileiro,
que tanto se inspirou no Código alemão, não encontrou aí
um precedente favorável a uma disciplina global da
situação da pessoa humana.Todavia, há no BGB um elemento
de particular importância: o§ 823 I, relativo à
responsabilidade civil. Aí se indicam os quatro bens
pessoais cuja lesão implica o ressarcimento dos danos
causados:– a vida– o corpo– a saúde– a liberdade.Esta
previsão foi fundamental para o desenvolvimento
posterior dos direitos de personalidade nesse país, como
veremos.
Outra é a posição do Código Civil português de 1867. Contrapõe
os direitos originários aos direitos adquiridos e abre um
capítulo para a previsão da categoria dos direitos
originários.O Código Civil brasileiro não seguiu nenhuma
destas posições.Não seguiu a do Código português, e por isso
nunca abre espaço para esta categoria de direitos.Mas não
seguiu também a do Código alemão, pelo que não realiza sequer
uma enumeração dos “bens da vida” cuja lesão origina
responsabilidade civil.Neste domínio específico, tinha razões
para o não fazer. O BGB baseia-se na tipicidade dos bens da
vida cuja lesão pode originar responsabilidade. O Código Civil
brasileiro, pelo contrário, preferiu a fórmula ampla do art.
159: basta “violar direito, ou causar prejuízo a
outrem”.Qualquer enumeração seria assim deslocada1.Mas, de uma
maneira ou de outra, o resultado é que a matéria dos direitos
de personalidade está de todo ausente do Código Civil.
A explicação pelos antecedentes: Haverá antecedentes1.
internos que expliquem esta situação?1Clóvis Beviláqua,
Direito das Obrigações, Rio, 1977, no Índice, com
referência ao § 79, manifesta consciência desta
problemática ao referir o “princípio geral do projecto
de Código Civil alemão”.Curiosamente, o Índice não tem
nenhuma correspondência no texto. Neste, nenhum
princípio geral é referido.
Os direitos de personalidade, tanto quanto nos podemos
aperceber, não apareceram autonomizados na obra de Teixeira de
Freitas.Talvez viessem a encontrar lugar no seu projecto
tardio de um “Código Geral”,que assentaria na distinção dos
direitos em pessoais e reais; mas esse projecto malogrou-se2.É
curiosa a posição de Clóvis Beviláqua. É evidente que e lê
conhecia a categoria. Na sua Teoria Geral faz mesmo uma
classificação dos direitos em que surge, como um dos termos, o
dos direitos que recaem sobre modos de ser das pessoas3. Entre
estes, encontrar-se-iam, na ordem civil, os direitos das
pessoas (jura personarum). Seriam:– direito à vida– direito de
liberdade– direito de ser respeitado na sua honra– direito
autoral (feição pessoal).A verdade porém é que, apesar de os
referir à ordem civil, não os estuda em nenhum lugar da sua
obra.Só encontramos uma justificação para a omissão desta
matéria no Código Civil. Razões pragmáticas, que tanto pesaram
na sua elaboração, terão feito pesar que a matéria estava já
regulada na Constituição. Quis-se assim evitar a duplicação
que consistiria em retomá-la no Código Civil. Além disso, ter-
se-á considerado a tutela penal de alguns dos mais importantes
direitos da personalidade, como os direitos à vida, à
integridade física, à honra e à liberdade de locomoção.
A Constituição Federal brasileira de 1891 continha uma secção
epigrafada Declaração de direitos: logo se manifestava a sua
inspiração nas históricas declarações dos direitos do homem e
do cidadão. Se bem que integrada no título “Dos cidadãos
brasileiros”, os direitos eram assegurados “a brasileiros e
estrangeiros residentes no país” (art. 72).A preocupação desta
declaração de direitos é claramente a da limitação dos poderes
do Estado em relação aos cidadãos; não é de modo algum a de
compendiar as exigências da personalidade humana. É assim
elucidativo que se declare abolida a pena de morte (§ 21), mas
se não consagre o direito à vida. E prolongava-se por matérias
que nada tinham já que ver com a personalidade humana, de que
era exemplar o § 27: “A lei assegurará também a propriedade
das marcas de fábrica”.Na realidade, é bem possível que esta
Constituição, traduzindo mais as posições de alguns extractos
sociais que uma verdadeira preocupação personalística, tenha
procurado garantir posições adquiridas perante o poder
emergente. Não era de supor que ultrapassasse o sentido das
primitivas declarações dos direitos dos cidadãos, não obstante
a sua extensão aos estrangeiros domiciliados. Em qualquer
caso, era o poder político quem se pretendia vincular.Quer
dizer: os direitos assegurados eram políticos. Satisfaziam-se
com a democracia formal. Não havia, a nível suficiente, a
sensibilidade para a pessoa em si..
Mas isto gerou uma situação algo anómala. O Código Civil não
regulou os direitos da personalidade porque não quis duplicar
a Constituição;esta não regula os direitos civis, porque o que
a preocupa são as vinculações do Estado perante os cidadãos.
A evolução posterior : Essa situação manteve-se4.
fundamentalmente até hoje, perante as várias
constituições, não obstante o empolamento dado ao elenco
dos direitos,liberdades e garantias individuais.Vamos
porém procurar traços que melhor expliquem como se
apresenta a situação perante a evolução posterior.Não
relatamos as posições tomadas pelos Códigos Civis
posteriores doutros países. Não pela magnitude da
tarefa: espantosamente, a produção de Códigos Civis no
séc. XX foi exígua. Não teríamos que considerar mais que
uma dúzia de códigos. Mas o nosso trabalho não é de
Direito Comparado.Limitamo-nos a apontar algumas
realizações legislativas que sejam para nós
particularmente significativas.O Código Civil italiano,
que representa um momento notável e influenciou toda a
evolução posterior, contempla já alguns direitos de
personalidade.O mesmo caminho é prosseguido pelo Código
Civil português de1966, nos arts. 70 e seguintes.
Intervém em dois domínios:
1) No estabelecimento de um regime comum aplicável aosdireitos
de personalidade, o que representa um considerável avanço2) Na
previsão de alguns direitos de personalidade.Porém,
verificamos com surpresa que os direitos previstos são afinal
direitos de certo modo marginais:– direito ao nome– cartas-
missivas– direito à imagem– direito à reserva sobre a
intimidade da vida privada.Não estão compreendidas as figuras
mais significativas, como os direitos à vida, à honra ou à
liberdade.Porque se passa assim? Para além de o ambiente não
ser muito favorável a um aprofundamento da matéria, fecha-se o
pacto com a disciplina constitucional. Os direitos que estavam
disciplinados na Constituição não são retomados. Disciplinam-
se pelo contrário figuras que naquela estavam omissas porque
menos relevantes perante uma carta política, como o direito ao
nome eo direito à imagem.Ainda no plano internacional, há um
factor de evolução a anotar,emboranão inteiramente de nível
constitucional.A Constituição Federal alemã abre com a frase
lapidar: “Die Würde des Menschens ist unantastbar”.Este
primado da pessoa humana deveria consequentemente repercutir-
se sobre todo o sistema. Mas defrontava-se o obstáculo de o §
823do BGB limitar os “bens da vida”, susceptíveis de gerar
responsabilidade civil, aos quatro que enunciava: o que
parecia deixar sem protecção outros bens da personalidade.O
BGH, supremo tribunal federal alemão, que traduziu depois da
guerra uma muito acentuada preocupação ética, considerou isso
incompatível com a Constituição; e elaborou a figura do
“direito geral de personalidade”,que permitia reagir a todas
as ofensas. Porque o primado da personalidade impunha que
todos os aspectos da personalidade encontrassem defesa.Não nos
interessa a análise desta figura técnica, que se baseia em
necessidades particulares da legislação alemã e que aliás não
aceitamos6.Interessa, sim, o reconhecimento de que a
personalidade se deve impor por si,não podendo ficar na
dependência de qualquer previsão da lei positiva.E é com esta
base que chegamos ao Projecto de novo Código Civil
brasileiro.Este contém, nos arts. 11 a 20, um capítulo
intitulado “Dos direitos da personalidade”.O esquema vem
fundamentalmente na linha do Código Civil italiano e do Código
Civil português. Regulam-se aspectos especiais, como os actos
de disposição sobre o próprio corpo, o direito ao nome ou o
direito à imagem.Teríamos assim que se manteria a Constituição
como a sede principal dos direitos de personalidade. O Código
Civil limitar-se-ia a aspectos que se considerariam não
suficientemente versados nesta, ainda que com(Sobre todas
estas matérias remetemos para o nosso Direito Civil – Teoria
Geral, I, Coimbra Editora,1997.)carácter marginal. Para além
disso, estabeleceria um regime geral, aplicável a todos os
direitos de personalidade
.5. A distinção entre direitos fundamentais e direitos de
personalidade: Haverá porém que nos interrogarmos sobre a
suficiência do equilíbrio que assim se pretende
alcançar.Perguntemos antes de mais: tem justificação que se
deixe para a Constituição a matéria dos direitos de
personalidade?É função da Constituição estabelecer as bases
fundamentais da ordem jurídica. Pareceria assim que deveria
ser esta uma matéria que primordialmente lhe caberia, dada a
posição nuclear da pessoa humana.Mas uma coisa é reconhecer o
primado da pessoa humana, outra estabelecer o elenco dos
direitos de personalidade. Este é o objecto de um ramo do
direito especial, o Direito da Personalidade, que só pode
estar incluído no Direito Civil.Contra, pode observar-se que
as Constituições chamaram a si a função de traçar esse elenco;
e que o têm ampliado sucessivamente. Chega-se ao ponto extremo
de o art. 5 da actual Constituição brasileira conter 77
incisos,que especificam os “direitos e deveres individuais e
colectivos”; estes por sua vez são modalidade dos “direitos e
garantias fundamentais”.Perante este longo elenco, que viria
trazer ainda de útil o Código Civil?A realidade é porém
diversa da aparência. Antes de mais, porque direitos
fundamentais e direitos de personalidade não são termos
equivalentes.Os direitos da personalidade são aqueles direitos
que exigem em absoluto reconhecimento, porque exprimem
aspectos que não podem ser desconhecidos sem afectar a própria
personalidade humana.O acento dos direitos fundamentais é
diferente. Não só não respeitam exclusivamente às pessoas
físicas como a sua preocupação básica é a da estruturação
constitucional. Demarcam muito em particular a situação dos
cidadãos perante o Estado. É assim a categoria cidadão (ou se
quisermos a do súbdito, para falar com maior amplitude) que
está primacialmente em causa.Sendo esta preocupação assim
diversa, resulta que há muitos direitos fundamentais que não
são direitos da personalidade. É óbvio. Não são direitos
fundamentais a garantia do júri, a definição como crime
inafiançável e imprescritível a acção de grupos armados, a
gratuitidade da certidão de óbito…A preocupação que traduzem é
muito diferente. Inversamente, também haverá muitos direitos
de personalidade que não são direitos fundamentais. São as
manifestações da personalidade que aliás, ainda quando a mesma
figura é prevista como direito fundamental e como direito da
personalidade, isso não significa que o conteúdo relevante
seja o mesmo nos dois sectores, e portanto que o regime se
identifique afinal. estão fora do núcleo que levou a
Constituição a delimitar os direitos fundamentais.
A ambiguidade da multiplicação dos direitos6.
fundamentais: Para além disso, o empolamento constante
dos direitos de personalidade esconde uma ambiguidade
que deve ser denunciada.Aparentemente, esse crescimento
representaria o vitorioso reconhecimento da categoria
dos direitos da personalidade, na sua realização
histórica.Se confrontarmos porém as previsões normativas
com a realidade circunstante, ficamos colocados perante
a evidência de que a vastidão das proclamações
constitucionais coexiste com a violação continuada
dessas previsões. A realidade não acompanha o
empolamento da lei.E não pode deixar de nos invadir a
dúvida sobre o verdadeiro significado de semelhante
empolamento. Pois pode significar manifestação de
demagogia. É sempre airoso fazer grandes declarações,
sem se tomar nenhum compromisso quanto à transformação
social efectiva que deveriam acarretar. É pecha velha
das sociedades democráticas escusar-se através do
legislativo das culpas de uma situação que só a
transformação histórica de uma realidade social poderia
apagar.Mas há ainda muito mais do que isto.A
multiplicação do número de direitos fundamentais
corresponde rigorosamente à sua banalização e
enfraquecimento.
Observou-se que “a proclamação generalizada dos direitos do
homem coincidiu no tempo com o processo do esvaziamento do
seuconteúdo9.E, escorando-nos em certeira afirmação de
Cavaleiro deFerreira10, verificamos que o empolamento dos
direitos fundamentais implica que os afastemos cada vez mais
da base que os deveria sustentar, que seria a imposição da
personalidade humana. Por outro lado, os direitos entram em
conflito entre si, limitando-se reciprocamente, de maneira que
novos direitos,de justificação duvidosa, acabam por limitar
antigos direitos, verdadeiramente fundamentais, preexistentes.
Direitos da personalidade e direitos pessoais: Aqui7.
devemos ter consciência duma evolução que se processa em
nossos dias, e que levou a confundir direitos da
personalidade e direitos pessoais.O empolamento dos
termos levou a integrar nos direitos da personalidade
todos os direitos pessoais; e estes seriam definidos
pela negativa, como direitos não patrimoniais.Assim o
âmbito da categoria fica distorcido. Já Clóvis Beviláqua
contrapunha, aos direitos pessoais na ordem civil, os
direitos pessoais na ordem internacional, na ordem
política (direito de eleger e ser eleito) e na ordem
político-civil (direito de ser nomeado para funções
públicas). Serão todos estes direitos de
personalidade?Mas mesmo na ordem civil temos os direitos
familiares, que são direitos pessoais em geral, mas não
são direitos de personalidade. Os termos não se
confundem.E pode haver outros direitos pessoais civis,
mesmo não pertencentes a ramos institucionalizados do
direito, que não são direitos de personalidade. O
direito a lugar sentado em transportes públicos, por
exemplo,atribuído a grávidas, deficientes físicos ou
pessoas idosas, é um direito pessoal, mas nada tem que
ver com direitos de personalidade.Porém, esta confusão
instalou-seno plano civil, desnaturando o significado
da categoria.E fenómeno paralelo se verificou no domínio
dos direitos fundamentais. A evolução levou a encontrar
na categoria albergue para puros interesses económicos.
O longo elenco dos direitos fundamentais deu guarida
para uma posição avantajada constitucionalmente em
relação aos demais direitos.Assim, o art. XXVIII a da
Constituição assegura “a protecção às participações
individuais em obras colectivas e à reprodução da imagem
e voz humanas, inclusive nas actividades
desportivas”.Será isto um direito fundamental? Não se vê
com que critério será assim considerado. Na realidade,
há um lobby que se impôs e que conseguiu que, logo a
nível constitucional, os seus interesses fossem
salvaguardados. Mas substancialmente isto nada tem que
ver com os direitos fundamentais: poderia constar da lei
ordinária apenas. A consagração constitucional tem
apenas o significado de garantir a este interesse a
resistência à mudança que resulta da inclusão naquele
diploma. Mas com isto, no ponto de vista dos direitos
humanos, a categoria constitucional é descaracterizada,
porque abandona o fundamento na personalidade que
historicamente a justificou.Descaracterizada assim a
categoria constitucional, como base da protecção dos
direitos da personalidade, cabe à lei civil retomá-la no
seu autêntico sentido.Só pode ser considerado direito da
personalidade aquele direito que encontrar fundamento
ético na personalidade humana.Consequentemente, só o que
tiver esse fundamento merece um regime especial, que o
distinga e privilegie em relação a todos os restantes
direitos.Estes aspectos merecerão por isso atenção
particular.8. O regime dos direitos de personalidade O
regime dos direitos de personalidade não se confunde com
o dos direitos fundamentais.É certo que os direitos de
personalidade cujo conteúdo for correspondente a um
direito fundamental beneficiam do regime específico
destes. E a regra tem grande extensão, porque o elenco
dos direitos fundamentais é aberto, admitindo-se outros
resultantes do regime e dos princípios constitucionais
(art. 5 § 2º C.B.).Pertence assim ao regime desses
direitos:1) a aplicação imediata (art. 5 § 1º C.B.)2) as
restrições admitidas na ocorrência de estado de defesa e
de estado de sítio (arts. 136 e 139 C.B.)3) o limite à
revisão constitucional previsto no art. 60 § 4º
IVC.B.)4) a defesa penal contra qualquer discriminação
atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (art.
5 XLI C.B.).Mas isso não significa, como sabemos já, que
se confundam direitos de personalidade e direitos
fundamentais. Basta pensar que há direitos de
personalidade que não são direitos fundamentais. Assim,
fala-se recentemente num direito ao livre
desenvolvimento da personalidade. Na medida em que possa
ser considerado um direito de personalidade autônomo
,não se integra por isso nos direitos fundamentais, pois
não parece possível forçar nesse sentido as previsões
constitucionais, que o não referem nunca.O que nos
interessa não é porém o regime dos direitos
fundamentais: é o regime dos direitos de personalidade.
Este deverá ser obrada lei civil, fundada na natureza
destes.Quais são os aspectos em que os direitos de
personalidade reclamam esse regime civilístico
especial?Vamos enumerar os que se nos afiguram os
principais:I – Numerus apertus
Os direitos de personalidade são direitos absolutos. Em
princípio os direitos de personalidade deveriam pois ser
típicos, para defesa de terceiros,porque os direitos absolutos
são típicos: os terceiros não podem ser surpreendidos pela
oposição de direitos absolutos com que não contavam.Mas em
matéria de direitos da personalidade não pode ser assim,porque
a defesa da personalidade não pode estar dependente de
previsão legal.O que for verdadeiramente emanação da
personalidade humana tem de ser reconhecido por todos, porque
a personalidade é a própria base comum do diálogo social. Pode
por isso ser actuado um direito não tipificado por lei, masque
se reconheça ser imposto pelo respeito à personalidade
humana.A possibilidade de reconhecimento de concretos direitos
de personalidade, em regime de numerus apertus, apresenta a
nosso ver grandes vantagens em relação à concepção germânica
do direito geral . Os direitos de personalidade devem se
incondicionalmente protegidos, independentemente da
correspondência a formas prestabelecidas de tutela. E isso
implica duas manifestações:
1) Possibilidade de serem judicialmente decretadas
providências atípicas de qualquer espécie, mesmo que em geral
não admissíveis.
 2) Possibilidade de serem intentados procedimentos e
decretadas providências que vão além das providências
cautelares, nomeadamente por não serem dependência de processo
definitivo a instaurar posteriormente.III – Ofensas a pessoas
já falecidas Impõe-se um regime especial, em que se tenha
presente que éainda a personalidade do falecido que está em
causa, embora obviamente os direitos deste tenham cessado; mas
em que se conceda legitimidade a pessoa spróximas para
actuarem funcionalmente, defendendo a memória daquele.IV –
Irrenunciabilidade, intransmissibilidade e imprescritibilidade
Deve estabelecer-se a caracterização fundamental destes
direitos,resultante da sua indefectível ligação à
personalidade humana.V – Restrições negociaisOs direitos de
personalidade estão sujeitos a limites. Esses limites podem
ser também negociais. O art. 11 do Projecto de Código Civil
brasileiro exagera, ao dispor que o exercício dos direitos de
personalidade não pode sofrer limitação voluntária. Assim, é
lícito que alguém consinta em submeter-se a uma experiência
científica de encarceramento, muito embora isso atinja a sua
liberdade de locação.Mas o regime destas restrições tem de
estar precisamente demarcado, especialmente no que respeita:1)
Ao âmbito em que são admissíveis 2) À legitimação para a
autorização quando a pessoa for jáfalecida3) À revogabilidade
unilateral4) Ao dever de indemnizar os prejuízos causados pela
revogação.VI – Prevalência sobre outras categorias de direitos
Em caso de conflito com outros direitos, o direito de
personalidade prevalece, dada a sua superioridade
intrínseca.Este é porém um princípio muito geral. Só em
concreto, perante as situações individuais de conflito, se
poderá determinar como o conflito se compõe. Não pretendemos
com isto expor um regime positivo, já actualmente vigente na
ordem jurídica brasileira. Não deixamos porém denotar que,
mesmo na ausência de previsão legal, à generalidade destas
regras haverá já hoje que chegar, por força do carácter
fundante da ordem jurídica da pessoa humana.
O fundamento ético indeclinável: Do que se disse resulta9.
que os direitos de personalidade exigem um regime
verdadeiramente excepcional. Mas esse regime só tem
razão de ser quando estiver em causa verdadeiramente a
personalidade humana. Usá-lo para outros fins criaria
uma desproporção incompreensível. Como se justifica, por
exemplo, que uma restrição de um direito que se não
alicerce na personalidade seja objecto de revogação
unilateral? O grande problema revela-se assim como sendo
o de determinar os limites em que há exigência da
personalidade humana, e aqueles em que não há.Isso
obriga-nos a rejeitar decididamente a exclusão actual do
âmbito destes direitos, que equivale à dissolução do seu
núcleo substancial.Assim, em obra recente dedicada ao
tema, são dados como exemplos de direitos de
personalidade:– o direito ao lugar sentado em ónibus,
quando outro nos passa à frente– a violação constante em
espiar dois namorados em banco de jardim.Não pode ser. A
confusão com a categoriados direitos pessoais é
inadmissível. Para demarcar o que representa direito de
personalidade,podemos distinguir nestes três núcleos:1)
os direitos de personalidade em sentido estrito ou
direitos à personalidade Asseguram a base da
personalidade, como os direitos è existência e à
integridade física. São direitos pelos quais o homem se
demarca socialmente. Mas compreende-se também a esfera
tão importante da privacidade, dando ao homem as
condições para realização do seu projecto pessoal.3) os
direitos ao desenvolvimento da personalidade
Compreendem-se aqui genericamente as liberdades. O
acento é agora dinâmico: a personalidade é também um
projecto, que o homem de verealizar em comunhão mas
também em autonomia.Daqui resulta que só o que estiver
eticamente fundado na pessoa cabe no Direito da
Personalidade. O que não atingir esta essência não passa
os umbrais deste ramo do Direito. Porque só a densidade
ontológica da pessoa humana justifica a autonomização
desta categoria e o regime a que fica submetida.Todo o
direito da personalidade desemboca assim na garantia do
desenvolvimento da personalidade de cada um.
Desenvolvimento que supõe o silêncio, mas supõe também o
outro. Propicia a aventura pessoal de cada, mas num
fundo que não pode deixar de ser o da comunhão e da
solidariedade.
Direito da personalidade e direito dos egoísmos10.
individuais: Tudo isto que acabamos de dizer pode
parecer evidente. Mas não é.A sociedade em que vivemos
só festeja tão gostosamente os direitos da personalidade
porque os deturpa. Na sua densidade ética, a categoria
é-lhe incompreensível.A crise do Direito da
Personalidade é na realidade tão grande que leva a fazer
inverter o sinal a este ramo do direito.O que deveria
ser o direito da pessoa ontológica transformou-seno puro
direito dos egoísmos individuais. Os direitos da
personalidade ganham cariz anti-social, perdendo o
sentido de comunhão e solidariedade que lhes é
constitutivo.Nada é tão elucidativo como o que se passa
com o direito de privacidade, ou de reserva da
intimidade da vida privada.O seu empolamento tem sido
tal, particularmente na vertenteanglo-americana da
privacy, que acaba por se transformar quase no direito
de personalidade – o super-direito que englobaria em si
todos os outros.Mas acaba por se dar de privacy uma
noção individualística ouanti-social, que fez alguns
traduzirem-na como o right to be alone. A privacy acaba
assim por se tornar mera capa dos egoísmo sindividuais.
Passaria à frente de qualquer noção de solidariedade,
justificando toda a recusa egoísta de participar no
diálogo social ou de atender ao outro.
A transformação do direito de personalidade numa grandeza
meramente negativa descaracteriza-o. O elemento personalístico
perdeu-se.Espelha a sociedade desumanizada que se generaliza e
a definição do outro como o inimigo; mas está nos antípodas do
sentido ético do Direito da Personalidade.Contra esta
adulteração, é tarefa indispensável trabalhar o núcleo
fundamental do Direito de Personalidade, e de pessoa humana
que está na sua base. Todos aceitam o fundamento da sociedade
na “dignidade de pesso ahumana (art. 1 III da Constituição).
Mas é necessário tirar consequências dessa afirmação.Só o
Direito Civil está em condições de consagrar e desenvolver
este núcleo fundamental de todo o Direito. O Código Civil é o
lugar ideal para o fazer.O actual Código Civil correspondeu à
sua época. Mas um novo Código terá de ir além. Terá de receber
a sua lição e projectá-la para futuro.A deturpação dos
direitos da personalidade toma muitas formas.Antes, era uma
atitude condenável a ingerência nos assuntos internos doutro
país. Hoje, atingem-se exactamente os mesmos objectivos coma
capa de defesa dos direitos humanos. Os direitos humanos
transformam-se assim numa espécie de arma de arremesso. Mas a
preocupação que exprimem nada tem que ver na realidade com a
defesa da personalidade.Também, por invocação dos direitos da
personalidade,proíbem-se referências laudatórias do nome ou da
imagem alheias com finalidades publicitárias. Mas uma
referência laudatória em nada atinge a personalidade. Os
direitos humanos são aqui invocados como maneira de fazer
dinheiro. Pode a regra que o estabeleça ser justificada: não é
isso que está em causa. Não tem é nada que ver com os direitos
humanos.Perante tudo isto, há que voltar ao essencial. A
grande descoberta exprime-se facilmente: os direitos da
personalidade são, simplesmente, os direitos da Pessoa.
 
A PESSOA JURÍDICA: Existe muita discussão têm ocorrido sobre o
verdadeiro conceito de pessoa jurídica. Para alguns, as
pessoas jurídicas são seres de existência anterior e
independente da ordem jurídica, se apresentando ao direito
como realidades incontestáveis (teoria orgânica da pessoa
jurídica). Para outros, as pessoas jurídicas são criações do
direito e, assim, fora da previsão legal correspondente, não
se as encontram em lugar algum (teoria da ficção da pessoa
jurídica). Hoje, para a maioria dos teóricos, a natureza das
pessoas jurídicas é a de uma idéia, cujo sentido é partilhado
pelos membros de uma comunidade jurídica, que a utilizam na
composição de seus interesses. Sendo assim, ela não preexiste
ao direito.
A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado, assim
como as pessoas físicas, em contraposição aos sujeitos de
direito despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, o
condomínio horizontal, etc. Desse modo, a pessoa jurídica tem
a autorização genérica para a prática de atos jurídicos bem
como de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. Feitas
tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica como o
sujeito de direito inanimado personalizado.
Pessoa jurídica é, assim, a entidade ou instituição que, por
força das normas jurídicas criadas, tem personalidade e
capacidade jurídicas para adquirir direitos e contrair
obrigações. Ela nasce do instrumento formal e escrito que a
constitui (art. 45 CC), ou diretamente da lei que a institui.
Pessoa Jurídica, considerada como agrupamentos que se
equiparam à própria pessoa, preenchendo determinados
requisitos legais e com capacidade para ser sujeito das
relações jurídicas.
– Principal característica: a pessoa jurídica, embora formada
por pessoas naturais, tem vida própria e autônoma não se
confundindo com a vida de seus membros.
CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA:
Pessoa Jurídica de Direito Público
P. J. D. EXTERNO: Regidas pelo Direito Internacional,1.
abrangendo: ONU/OEA, UNESCO, FIFA, Nações Estrangeiras;
entre outros.
São criadas através de tratados internacionais, fatos
históricos, criação constitucional. ? art. 42 novo CC ?
Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo
direito internacional público.
P.J. D. INTERNO: (art. 41) Enumera o Código as pessoas2.
jurídicas desta classe :
A) ADM. DIRETA – União, os Estados, os3.
Territórios(retorno dos territórios pelo CC 2002), os
Municípios e o Distrito Federal.
B) ADM. INDIRETA : art. 41, IV ? autarquias, e V ?4.
demais entidades de caráter público criadas por lei.
C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS:5.
Fim específico, sem fins lucrativos.
Surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de
bens pertencentes a uma pessoa jurídica de direito público,
afetando-o à realização de um fim administrativo e dotando-o
de organização adequada.
Fundação Nacional de Cultura – instituída por lei.
Pessoa Jurídica de Direito Privado
– CORPORAÇÕES (associações, sociedades civis simples e
empresariais, partidos políticos, sindicatos)
– FUNDAÇÕES PARTICULARES
OBS.: São ainda pessoas jurídicas de direito privado como
EXCEÇÕES:
– EMPRESA

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