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D. Constitucional I Fatores Reais de Poder

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UNIG/Campus V D. CONSTITUCIONAL I Prof.ª Viviane Bastos
Direito Constitucional I; Saulo Levone de Oliveira; DRN 201
Sentidos tradicionais de Constituição e os
“fatores reais de poder”. 
O Direito Constitucional enquanto ciência, não se desenvolve
isoladamente, apresentando influência da Sociologia, Filosofia, Política por
exemplo.
Essas ciências influenciam de certa forma as elaborações diversas
acerca da natureza, significação e o papel da Constituição. Não cabe aqui
desenvolver de forma extensiva tais conceitos, mas apenas uma breve
apresentação.
Constituição em sentido político: Carl Schmitth desenvolveu tal
concepção, segundo o qual a Constituição é uma decisão política. De acordo
com essa vertente, a Constituição não está apoiada na justiça de suas
normas, mas na decisão política relativo à sua existência. O poder
constituinte seria equivalente à vontade política.
De acordo com a concepção de Schmitth, o fundamento da
Constituição está presente na decisão política fundamental que antecede a
elaboração da própria Constituição. O autor diferencia Constituição de Lei
Constitucional. Para essa doutrina, a Constituição é o conjunto de normas
que dizem respeito à decisão política fundamental, ou seja, que está
relacionada à forma de organização do Estado, princípios democráticos,
direitos fundamentais e outros); já as outras normas que fazem parte do
texto da Constituição seriam, nada além de leis constitucionais. 
Constituição em sentido jurídico: O jurista mais associado a esse
conceito de Constituição é Hans Kelsen, para o qual a Carta Magna é norma,
e como norma pura que é, não deve haver qualquer reflexão de cunho
político, sociológico ou filosófico. O pensador reconhece a importância dos
fatores sociais, entretanto, não compete ao jurista refletir sobre tais
questões.
De acordo com o entendimento de Kelsen, em essência, sua teoria
pura do direito argumenta sobre a desvinculação da ciência jurídica dos
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valores morais, políticos, sociais ou filosóficos. Segundo Luís Roberto
Barroso, podemos observar que:
“Kelsen desenvolveu sua teoria pura, na qual
procurava depurar seu objetivo de elementos de
outras ciências (como a sociologia, a filosofia), bem
com da política e, em certa medida, até da própria
realidade. Direito é norma; o mundo normativo é o do
dever-ser, e não o do ser. Nessa dissociação da
outras ciências, da política e do mundo dos fatos,
Kelsen concebeu a Constituição (e o próprio Direito)
como uma estrutura formal, cuja nota era o caráter
normativo, a prescrição de um dever-ser,
independente da legitimidade ou justiça de seu
conteúdo e da realidade política subjacente. A ordem
jurídica é um sistema escalonado de normas, em cujo
topo está a Constituição, fundamento de validade de
todas as demais normas que o integram” (BARROSO,
2010). 
Constituição em sentido sociológico: O conceito sociológico de
Constituição é associado a Ferdinand Lassalle e expressa uma perspectiva
bem diversa da apresentada por Kelsen e Schmitth.
Para a visão sociológica a Lei Maior é concebida como fato social, e não
propriamente como norma. O texto positivo da Constituição seria na verdade
reflexo da realidade social do País, das forças sociais em determinada
conjuntura histórica. Dessa forma, podemos dizer que essa corrente enxerga
a Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do
Estado.
Para Lassalle havia uma Constituição real (ou efetiva - definição
clássica - é a soma dos fatores reais de poder que regem uma
determinada nação) e uma Constituição escrita (“folha de papel”). Esta soma
poderia ou não coincidir com a Constituição escrita, que sucumbirá se
contrária à Constituição real ou efetiva, devendo se coadunar com a
Constituição real ou efetiva. 
A Constituição escrita ("folha de papel"), na prática só teria validade se
correspondesse à Constituição real, isto é, se tivesse suas raízes nos fatores
reais de poder. Em caso de conflito entre a Constituição real (soma dos
fatores reais de poder) e a Constituição escrita ("folha de papel"), esta
sempre sucumbiria àquela. De acordo com Lassalle, constituem os fatores
reais do poder as forças que atuam, política e legitimamente, para conservar
as instituições jurídicas vigentes. 
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Ainda em relação ao sociologismo constitucional, devemos observar as
palavras de Luís Roberto Barroso que nos afirma que:
“Em outras palavras, o conjunto de forças políticas,
econômicas e sociais, atuando dialeticamente,
estabelece uma realidade, um sistema de poder: esta
é a Constituirão real, efetiva do Estado A Constituição
jurídica, mera "folha de papel", limita-se a converter
esses fatores reais do poder em instituições jurídicas,
em Direito. Com ênfase nos aspectos ligados ao
poder” (BARROSO, 2010). 
A Constituição duradoura e boa para o autor é aquela em que Carta
Magna positivada (escrita) seja equivalente à constituição real, isto é, aquela
na qual seu texto corresponde aos fatores reais do poder. 
REFERÊNCIAS
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os
conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. – 2. ed. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
PAULO, Vicente. Direito constitucional descomplicado / Vicente Paulo, Marce-
lo Alexandrino. – 14. Ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015.
SOUZA JÚNIOR, Luiz Lopes. A Constituição e seus sentidos: sociológico, políti-
co e jurídico. Qual o sentido que melhor reflete o conceito de Constituição?.
Disponível em <https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1516539/a-constituicao-
e-seus-sentidos-sociologico-politico-e-juridico> Acesso em 05 de fevereiro de
2017. 
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