Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Direito Medicina Legal Curso de Direito Medicina Legal Infanticídio Morte do filho provocada pela mãe. Curso de Direito Medicina Legal Sentido JurídicoSentido Jurídico Infanticídio no sentido literal: Infans (infante) Caedere (matar) Curso de Direito Medicina Legal Sentido JurídicoSentido Jurídico Morte do infante (nascente ou neonato), durante o parto ou logo após, provocada pela parturiente. Logo após ► Enquanto perdura o estado puerperal. Código penal de 1940: ►Matar,sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Curso de Direito Medicina Legal Sentido JurídicoSentido Jurídico Juridicamente, infanticídio não é posto no sentido literal, segundo sua origem: Infans (infante) Caedere (matar) Curso de Direito Medicina Legal Estado PuerperalEstado Puerperal O Parto Gera: Reações conscientes, e reações inconscientes da puérpera reativando ansiedades no meio familiar e social restrito Curso de Direito Medicina Legal Estado PuerperalEstado Puerperal Ansiedade importante: Revive inconsciente a angustia do trauma e passagem do canal do parto que inviabiliza para sempre O retorno ao útero Empurrando o concepto Ao mundo temido Curso de Direito Medicina Legal Estado PuerperalEstado Puerperal Secção do cordão umbilical Separação do corpo da criança do corpo materno. Inconsciente grava uma grande perda para a mãe. Filho tem vida própria Filho compartilhado com os demais. Gera estado de total confusão, Perda de algo muito valioso. Sentimento de perda de partes importantes de si mesma. Curso de Direito Medicina Legal Estado Puerperal Fatores a considerar:Fatores a considerar: Secção do cordão umbilical. Separação de corpos mãemãe--filhofilho. Inconscientemente: parto=grande perdaparto=grande perda para a mãe. Sentimento brusco de perda gerando ciúme. Conflito emocional com sentimento de perda de parte de si. Curso de Direito Medicina Legal ESTADO PUERPERALESTADO PUERPERAL • Tanto quanto na morte, no nascimento também ocorre uma separação corporal definitiva. Este é o significado mais doído do parto e que se não for bem elaborado, pode trazer uma depressão muito mais intensa à puérpera: O parto é vida e também é morte. Curso de Direito Medicina Legal Estado Puerperal • Os sintomas do estado depressivo variam quanto à maneira e intensidade com que se manifestam, pois dependem do tipo de personalidade da puérpera e de sua própria história de vida, bem como, no aspecto fisiológico, as mudanças bioquímicas que se processam logo após o parto. Curso de Direito Medicina Legal Sintomas Comuns Cheia de uma energia despropositada, eufórica, falante, preocupada com seu aspecto físico e com a ordem e arrumação do ambiente em que se encontra. Visitas são recebidas calorosamente e parece tão disposta, autossuficiente, como se não precisasse de ajuda externa. Em contrapartida, manifesta alguns transtornos do sono, muitas vezes necessitando de soníferos. Curso de Direito Medicina Legal A puérpera, também pode apresentar-se com um profundo retraimentoretraimento, necessidade de isolamentoisolamento, principalmente se há uma quebra muito grande do que esperava, tanto em relação ao bebê idealizado quanto a si própria como figura materna. A prostração e a decepção com sentimentos de fracasso e desilusão, têm também aspectos regressivos que se somam aos já produzidos pelo parto, com a reatualização do trauma do próprio nascimento, fazendo com que a puérpera sinta-se mais carente e dependente de proteção, como que competindo com o bebê as atenções do meio que a cerca. Sintomas Comuns Curso de Direito Medicina Legal Depressão Normal X PsicoseDepressão Normal X Psicose É muito difícil determinar o limite entre a depressão pós-parto normal da patológica, chamada de psicose puerperal. A característica principal desta é a rejeição total ao bebê, sentindo-se completamente aterrorizada e ameaçada por ele, como se fosse um inimigo em potencial. Curso de Direito Medicina Legal Depressão Normal X PsicoseDepressão Normal X Psicose • A mulher sente-se, então, apática, abandona os próprios hábitos de higiene e cuidados pessoais. Pode sofrer de insônia, inapetência, apresenta idéias de perseguição, como se alguém viesse roubar-lhe o bebê ou fazer-lhe algum mal. Se a puérpera estiver neste quadro de profunda depressão, sem poder oferecer a seu filho o acolhimento necessário, este também entrará em depressão. As características apresentadas são: falta de brilho no olhar, dificuldade de sorrir, diminuição do apetite, vômito, diarréia e dificuldade em manifestar interesse pelo que quer que esteja ao seu redor. Curso de Direito Medicina Legal Depressão Normal X PsicoseDepressão Normal X Psicose O estado puerperal não é uma psicose. Manifestações psicopatológicas, com quadros clínicos bem definidos, encontram no puerpério condições propícias para sua instalação. Quando trata-se de psicose, configura-se a inimputabilidade criminal, mas não é o caso do estado puerperal. Curso de Direito Medicina Legal Necessidade de Tratamento ou Ajuda: • Se há bloqueio materno em manifestar amor pelo filho, alguém deve assumir a tarefa de maternagem em que o bebê possa sentir-se amado e acolhido, pois sem amor não desenvolverá a capacidade de confiar em suas próprias possibilidades de desenvolvimento físico e emocional. • Neste caso, o psiquiatra, ou profissional capaz, deve ser consultado urgentemente Curso de Direito Medicina Legal Puerpério X NormalidadePuerpério X Normalidade • De qualquer maneira, em quaisquer desses estados apresentados, é comum e esperado, na puérpera, a ocorrência de idéias depressivas e persecutórias, o retraimento e o abandono ou a hiperatividade, sem chegar ao nível alarmante da psicose puerperal. O próprio estado regressivo em que se encontra contribui para o surgimento de tais sintomas. Curso de Direito Medicina Legal Puerpério X NormalidadePuerpério X Normalidade • Assim, se a família e os amigos colaborarem de modo satisfatório, proporcionando confiança e segurança à puérpera, principalmente no tocante às atividades maternas, sem críticas e hostilidades, mas com compreensão e carinho, acolhendo-a nos momentos de maior fragilidade emocional, a depressão pós-parto vai diminuindo de intensidade até se transformar em carinho pelo bebê e respeito pelo ritmo de seu desenvolvimento e progresso. Curso de Direito Medicina Legal Objetividade JurídicaObjetividade Jurídica • Infanticídio é espécie de homicídio, uma modalidade de homicídio privilegiado; • Consiste na morte do nascente ou recém- nascido, pela própria mãe e sob a influência do estado puerperal, durante ou logo após o parto (art. 123). Pode ser praticado por ação ou omissão. Trata-se de crime próprio. Curso de Direito Medicina Legal Objetividade JurídicaObjetividade Jurídica • A cláusula,”influência do estado puerperal”, não quer significar que o puerpério acarrete sempre uma perturbação psíquica, é preciso que fique averiguado ter, esta, realmente sobrevindo em consequência do estado puerperal, de modo a diminuir a capacidade de entendimento ou de auto- inibição. • Fora disto, não há por que distinguir entre infanticídio e homicídio. Curso de Direito Medicina Legal SUJEITO ATIVO/PASSIVO E TIPO/SUBJETIVO: • É crime próprio, praticado pela mãe (sujeito ativo) da vítima, já que o dispositivo se refere ao “próprio filho” e “ao estado peuerperal”; • A vítima do delito é o filho nascente ou recém nascido (sujeito passivo); • A conduta típica é matar, como no homicídio; • Como tipo subjetivo, tem-se o dolo. Que é a vontade de causar a morte do filho (dolo direto), como a de assumir conscientemente orisco do exito letal (dolo eventual). Curso de Direito Medicina Legal Objetividade Pericial:Objetividade Pericial: • É o maior de todos os desafios médico-legais pela sua complexidade e pelas inúmeras dificuldades de tipificar o crime. • O exame pericial será orientado na busca dos elementos constituintes do delito, a fim de caracterizar os estados de: – Natimorto, feto nascente, recém nascido; – A vida extrauterina; – Causa jurídica da morte; – O estado psíquico da mulher; – O diagnóstico de parto pregresso. Curso de Direito Medicina Legal • Natimorto: feto morto durante um período perinatal que, de acordo com a CID-10, inicia-se a partir da 22ª semana de gestação, quando o peso fetal é de 500 g. A mortalidade perinetal pode ter causa natural ou violenta. • Feto nascente: O infanticídio também pode ocorrer durante o parto. É necessário estabelecer o estado de feto nascente, o qual, apresenta todas as características do recém nascido, menos a faculdade de ter respirado. • Infante nascido: é aquele que acabou de nascer, respirou, mas não recebeu nenhum cuidado especial. Apresenta proporcionalidade de suas partes, peso e estrutura habitual, desenvolvimento dos órgãos genitais, núcleos de ossificação fêmur-epifisária, estado sanguinolento, tumor de parto, cordão umbilical; Presença de mecônio e respiração autônoma. Curso de Direito Medicina Legal •• Recém Nascido: Recém Nascido: O estado de recém-nascido é caracterizado pelos vestígios comprobatórios da vida intra uterina. Tem o recém-nascido um estágio que vai desde os primeiros cuidados após o parto até aproximadamente o 7º dia. Esse conceito é puramente médico-legal, a fim de atender à exigência pericial tocante à permanência de elementos de prova do estado de recém-nascido. Em pediatria, considera-se até o 30º dia. Curso de Direito Medicina Legal Provas de Vida do Feto Nascente:Provas de Vida do Feto Nascente: • Pode ocorrer morte no período que se situa entre o inicio da expulsão fetal e o momento em que se estabelece a vida autônoma (processo de parturição); • Nesse período o feto é chamado de nascente, pois começou a nascer e ainda não se libertou completamente da dependência do organismo materno. • A autonomia se estabelece quando se instalar o processo respiratório próprio do organismo até então nascente Curso de Direito Medicina Legal Tipos de Provas de Vida do Feto Nascente: a) Tumor de parto =>Tumor de parto => as compressões sofridas pela porção do organismo fetal que primeiro alcança as aberturas genitais da parturiente provocam edema local, que constitui o tumor de parto. Geralmente se situa na cabeça, que chega a assumir aspecto assimétrico. Essa saliência se deve ao fato de haver circulação no organismo fetal; Curso de Direito Medicina Legal Tipos de Provas de Vida do Feto Nascente: b) Reação Vital =>Reação Vital => se a morte do feto nascente foi provocada, é claro que no início da parturição este estava com vida. Logo, as lesões encontradas no feto terão sido produzidas intra vitam. O perito ao examinar o cadáver do feto, deverá colher material para fazer uma reação vital pelas técnicas usuais. Curso de Direito Medicina Legal Provas de Vida ExtrauterinaProvas de Vida Extrauterina A vida extrauterina apresenta, principalmente pela respiração autônoma do recém nascido, profundas modificações capazes de oferecer ao perito condições de um diagnóstico de vida independente. São as chamadas DocimasiasDocimasias respiratórias, do grego dokinos (eu provo); são provas baseadas na possível respiração e seus efeitos. Curso de Direito Medicina Legal Provas Diretas:Provas Diretas: 1. Radiográficas=> Radiográficas=> Estuda-se a transparência do parênquima pulmonar, que se estabelece no que respirou e está ausente na hipótese contrária; 2. Diafragmática=> Diafragmática=> Estuda-se a relação entre a curva diafragmática e a arcada costal. Se houve respiração, o diafragma se movimentou e a inspiração o fez subir ao 5°espaço intercostal; 3. Visual=>Visual=> O pulmão que respirou se mostra rosado, expandido, vesiculado, o que não ocorre caso não tenha havido vida extrauterina; Curso de Direito Medicina Legal PROVAS DIRETAS: 4. Hidrostática=>Hidrostática=> O pulmão fetal não se expandiu, enquanto o que recebeu ar e se inflou mostra-se com cavidades pneumáticas e conseqüente densidade mais baixa. Ao colocarmos o pulmão que não se expandiu em uma vasilha com água ele irá ao fundo enquanto que o segundo caso flutuará; 5. Epimicroscopia=>Epimicroscopia=> São duas provas: epidemicroscopia pneumo-arquitetônica e histológica. São exames feitos por visualização estereoscópica para verificar se os alvéolos pulmonares se distenderam ou não. Curso de Direito Medicina Legal PROVAS INDIRETAS: •• Gastrointestinal=>Gastrointestinal=> consiste em verificar a presença de ar no aparelho digestivo; •• Auricular=> Auricular=> Após o início da respiração passa ar no ouvido médio. É prova delicada e difícil. Tem interesse quando se dispõe apenas da cabeça do recém-nascido para o exame. Curso de Direito Medicina Legal Provas Ocasionais Mais Comuns:Provas Ocasionais Mais Comuns: – Presença de corpos estranhos nas vias respiratórias; – Presença de substâncias alimentares no tubo digestivo; – Lesões; – Indícios de recém-nascimento. Curso de Direito Medicina Legal Como saber até quando Como saber até quando perdurou o estado puerperal?perdurou o estado puerperal? Como toda elementar de uma infração penal, o estado puerperal deve ser provado. Se os peritos judiciais (médicos), afirmam que existiu o estado puerperal, haverá infanticídio, mas se atestarem com convicção que ele não ocorreu, estará tipificado o homicídio. Curso de Direito Medicina Legal E se os Peritos Não Confirmarem com Segurança a Existência do Estado Puerperal? Na dúvida da existência ou não do estado puerperal, deve-se optar pela solução mais benéfica em favor da acusada (in dúbio pro reo). É o que acontece, por exemplo, e com muita frequência, quando a mulher acaba submetida ao crivo dos médicos e psicólogos quando já se passou um longo período da data do fato. Curso de Direito Medicina Legal Conclusão:Conclusão: O estado puerperal, em princípio, deve ser provado, mas se houver dúvida no caso concreto, presume- se que ele ocorreu.
Compartilhar