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Incidência de Líquens na região do Parnaso(bioindicadores de poluição atmosférica)

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6º Simpósio de Gestão Ambiental e Biodiversidade (20 a 23 de junho 2017)
ISSN 2525-4928 http://itr.ufrrj.br/sigabi/anais
INCIDÊNCIA DE LÍQUENS NO PARNASO(BIOINDICADORES DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA), TERESÓPOLIS, RIO DE JANEIRO
Gabriel Santos Ferreira¹; Jonas Da Silva Torres França¹; Raphael Asaph Do Nascimento Alves¹; Thomás Lima Rivello¹; Yuri Oliveira Benedito Dos Reis¹; Michaele Alvim Milward-de-Azevedo². (Instituto Três Rios, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Av. Prefeito Alberto da Silva Lavinas, 1847 - Centro - Três Rios, RJ, Cep- 25802-100, ¹Discentes do Curso de Bacharelado em Gestão Ambiental, ²Professor Adjunto do Departamento de Ciências do Meio Ambiente).
Resumo
Com a Revolução Industrial, ocorrida no século XVII, a poluição atmosférica tem se intensificado de maneira alarmante com a utilização de,  principalmente, a queima de combustíveis fósseis e descargas industriais (Martins et al. 2008).Os Líquens são associações simbióticas entre certos tipos de algas (fotobiontes) e fungos (microbiontes) que são muito sensíveis à pureza do ar. Por esse motivo, os Líquens agem naturalmente como indicadores de poluição, chamados Bioindicadores de poluição. Foi realizado no Parnaso, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, um projeto de pesquisa onde visava analisar o quanto a poluição interferia no crescimento e desenvolvimento desses seres. Para o levantamento e coleta de dados que foi realizada através do uso de um quadrat de 20x20 que contabilizava a porcentagem de cobertura liquênica além de estabelecer a altura da medição no tronco da árvore de 1,50m a partir do solo. Das áreas analisadas, as que mais sofreram com a poluição gerada por automóveis que circulam dentro foram as trilhas Primavera e Poço dois Irmãos, pois estavam mais próximos às ações antrópicas diretas e indiretas. Nas áreas observadas, constatou-se que a área Trilha do Cartão Postal, apresentou menor índice de poluição, enquanto as áreas Trilha Primavera e Trilha Poço Dois Irmãos, apresentaram um resultado maiores resultados no incide de poluição.
Palavras-chave: Líquens, Bioindicadores, Poluição Atmosférica, Parnaso.
Introdução
Desde que surgiram os primeiros ancestrais do homem, na superfície da Terra, há aproximadamente um milhão de anos, na porção mais ao sul do continente africano, estes têm atuado de forma transformadora e, muitas vezes, predatória sobre a natureza. A partir da descoberta do fogo, aproximadamente 800 mil anos antes de Cristo, o Homem passou a contribuir  de forma atuante, porém não consciente, para a deterioração da qualidade do ar e a sofrer as consequências desse ato.   
Com a Revolução Industrial, ocorrida no século XVII, a poluição atmosférica tem se intensificado de maneira alarmante com a utilização de,  principalmente, a queima de combustíveis fósseis e descargas industriais (Martins et al. 2008). Essas partículas físicas e gasosas despejadas constantemente na atmosfera, afetam diretamente a vida de seres vivos, dentre os quais se encontram os  Liquens.  
 
 
Os Líquens são associações simbióticas entre certos tipos de algas (fotobiontes) e fungos (microbiontes) que são muito sensíveis à pureza do ar. Por esse motivo, os Líquens agem naturalmente como indicadores de poluição, chamados Bioindicadores de poluição (Martins et al. 2008).  O Monóxido de carbono e outras substancias em excesso, interferem na qualidade do ar e na quantidade de luz que eles necessitam para se desenvolverem, assim, em lugares com a presença do desenvolvimento industrial e veículos que utilizam combustíveis fosseis, é muito mais difícil de encontrar esses seres. Além de ser ser um mecanismo de baixo custo e alta eficiência para determinar se há ou não poluição atmosférica em determinado local e podem monitorar áreas extensas (Viana 2010).
O Parnaso, “Criado em 30 de novembro de 1939, é composto por uma extensa área de 20 mil hectares que abrange os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim.O Parque é uma das unidades de conservação mais conhecidas e visitadas do Brasil, e o terceiro Parque Nacional mais antigo do país." Por ter uma grande extensão territorial e possuir varias trilhas de diferentes dificuldades é um local propício ao desenvolvimento de diversas pesquisas. Relacionado aos liquens, por possuir a possibilidade de trafego de automóveis em algumas áreas do parque, é possível perceber a ação desses agentes poluidores com a coleta e analise da incidência dos liquens em tais áreas.
O objetivo desse projeto, é de avaliar o quanto a poluição está presente dentro dessas reservas, em foco no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), já que é inevitável o avanço do desenvolvimento industrial que compromete mais e mais a qualidade do ar, tanto perto quanto longe de seus parques industriais.
Material e Métodos
O estudo a seguir foi realizado no município de Teresópolis, localizado na mesorregião metropolitana do Rio de Janeiro, entre as coordenadas 22° 24’ 44”S; 42° 57’ 56”W, no estado do Rio de Janeiro (IBGE). O município possui Área de 770,507 km²,  Densidade 212,59 hab./km² Altitude 910 m, apresenta um Clima tropical de altitude, com verões um pouco quentes e chuvosos e invernos frios e secos. 
A coleta dos dados foi realizada em três trilhas localizadas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos - Cartão postal, Primavera e Poço (sem nome) – durante os dias 13 e 14 de outubro de 2016. Dentro da localidade existe uma estrada que interliga o inicio e termino de algumas trilhas, porém, existe um baixo índice de tráfego de veículos na área, resumido aos trabalhadores do local e a alguns visitantes. 
 Em cada trilha foram coletadas 10 árvores com uma determinada distância para que os resultados tivessem certa variabilidade e os resultados não fossem os mesmos. Para a realização da coleta tivemos o auxilio de um GPS, um quadrante para a análise de porcentagem, uma câmera e um bloco de anotações. Cada coleta era realizada com o quadrante na posição Oeste devido incidência solar em cerca de 1,50cm de altura, eram realizadas anotações sobre a porcentagem dos liquens no quadrante e uma foto para confirmação e amostragem da porcentagem pós a realização da coleta e obtenção de um dado mais preciso. Dentro da coleta também era observado os tipos de liquens e as diferentes cores encontradas. 
Após a coleta de dados em campo, esses tiveram sua amostragem apontada em gráficos para maior compreensão. Para a realização de um parâmetro de análise sobre a poluição os dados coletados foram divididos em cinco classes conforme a cobertura de liquens em cada tronco, baseadas nos estudos de Troppmair (1988), o qual estabeleceu graus de poluição:  
	Área 
	Árvore 
	Cor dos Líquens 
	Tipo de Líquen 
	Incidência de Líquen 
	Área 1 
	A1 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	49% 
	 
	A2 
	Verde Normal/ 
	Crostoso 
	37% 
	 
	A3 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	53% 
	 
	A4 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	66% 
	 
	A5 
	Verde/Verde Claro 
	Crostoso 
	90% 
	 
	A6 
	Verde C/Branco 
	Crostoso 
	47% 
	 
	A7 
	Verde e Verde Claro 
	Crostoso 
	57% 
	 
	A8 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	95% 
	 
	A9 
	Verde Escuro 
	Crostoso 
	97% 
	 
	A10 
	Verde Claro 
	Folhoso 
	17% 
	Área 2 
	 
	 
	 
	 
	 
	A1 
	Verde Claro 
	Folhoso 
	32% 
	 
	A2 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	24% 
	 
	A3 
	Verde Claro C/Vermelho e Verde Normal 
	Folhoso e Crostoso 
	64% 
	 
	A4 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	30% 
	 
	A5 
	Verde Claro C/Vermelho   
	Crostoso 
	53% 
	 
	A6 
	Verde e Verde Claro 
	Crostoso 
	62% 
	 
	A7 
	Verde Escuro 
	Crostoso 
	50% 
	 
	A8 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	26% 
	 
	A9 
	Verde Claro C/Vermelho 
	Folhoso 
	52% 
	 
	A10 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	48% 
	Área 3 
	 
	 
	 
	 
	 
	A1 
	Verde Escuro 
	Folhoso 
	19% 
	 
	A2 
	Verde e Branco 
	Crostoso e Folhoso 
	76% 
	 
	A3 
	Verde Claro e Verde 
	Crostoso 
	79% 
	 
	A4 
	Verde Escuro e Verde  
	Crostoso 
	83%A5 
	Verde Claro 
	Folhoso 
	18% 
	 
	A6 
	Verde Claro 
	Crostoso 
	28% 
	 
	A7 
	Verde Claro e Verde 
	Crostoso 
	30% 
	 
	A8 
	Verde Escuro 
	Folhoso e Crostoso 
	16% 
	 
	A9 
	Verde  
	Crostoso 
	20% 
	 
	A10 
	Verde Escuro e Verde Claro 
	Crostoso 
	80% 
0 a 0,5%: Deserto de liquens poluição muito alta - classe I; 
0,6 a 12%: Poluição alta - classe II;  
13 a 25%: Poluição média - classe III;  
26 a 50%: Poluição fraca - classe IV; 
51 a 100%: Sem poluição - classe V;  
 
Resultados e Discussão 
As trilhas que obtiveram menor incidência de líquens, foram as que tiveram a maior proximidade urbana na região. (Tabela 1) 
Tabela 1.  Resultados observados a partir de pesquisa em colonização de líquens em trilhas do Parnaso (Figura 1) localizada na cidade de Teresópolis, Rio de Janeiro. 
                                                            
                  Figura 1: Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Teresópolis, RJ.. (Google Earth) 
De acordo com a tabela apresentada, podemos observar que as áreas mais próximas do fluxo de automóveis apresentaram maior quantidade de incidência de poluição atmosférica. 
As área mais próximas ao tráfego de veículos e atividades humanas, Trilha Primavera e a Trilha Poço dois Irmãos, enquadraram-se  na Classe IV( poluição fraca). A área com menor ação antropológica e baixa circulação de veículos, Trilha Cartão Postal, enquadrou-se na Classe V (Sem poluição). 
A Trilha Primavera, é a trilha que mais tem fluxo de carro, pois estava mais próxima à uma das estradas que cortavam o parque. A trilha iniciava em uma extremidade da estrada e terminava em outra extremidade. A Trilha Poço Dois Irmãos, começava na estrada, passava por cachoeiras, a qual possuia um grande fluxo humano. A Trilha Cartão Postal, possuia fluxo de automoveis apenas em seu inicio e quanto mais se adentrava na trilha mais distantes da poluição ficava consequentemente, mais propicio ao crescimento dos Líquens. 
Nas áreas observadas, constatou-se que a área Trilha do Cartão Postal, apresentou menor índice de poluição, enquanto as áreas Trilha Primavera e Trilha Poço Dois Irmãos, apresentaram um resultado maiores resultados no incide de poluição. 
 A partir do gráfico, podemos observar, que a Trilha Primavera e a Trilha Poço Dois Irmãos, obtiveram o menor índice de líquens, respectivamente 44,1% e 44,9%, o que indica uma Poluição Fraca – Classe IV. Na trilha do Cartão Postal, registra-se uma média de 60,8%,  o que indica que não existe poluição nesta área, já que pela tabela, estaria na faixa dos Sem poluição - classe V. 
 
                                                               
                           Figura 2 Incidência de Líquens nas Trilhas do Parnaso, Teresópolis, RJ 
Foram coletados nas Trilhas, cerca de 73,3% do tipo Líquen Crostoso, 16,6% do tipo Líquen Folhoso e 10% do Tipo Folhoso e Crostoso. A baixa poluição presente na região, proporcionou uma grande diversidade nos tipos de líquens e cores, onde ocorre a predominância do Verde e Verde Claro demonstrando que os Líquen não sofreram com a poluição presente, conseguindo se manter vivo.   
 
            Figura 3: Tipos de Líquens coletados no Parnaso, Teresópolis, Rio de Janeiro
Conclusão 
 Com esses dados, podemos afirmar que a porcentagem de baixa poluição e nenhuma poluição das trilhas, permitiu que pudéssemos obter uma grande diversidade de líquens nestas áreas, o que não ocorreria se as médias de poluição fossem maiores. Essa diversidade é proporcionada pelo baixo indice de veículos e ação antrópica, já que o Parnaso é uma área de preservação ambiental e essa distribuição vegetal acaba propiciando sombra e umidade, mantendo a área com condições mais favoráveis a essa diversidade.  
Agradecimentos:
Referencias Bibliográficas: 
http://www.parnaso.tur.br/parque/ 
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos/biofungos4.php 
http://www.itr.ufrrj.br/sigabi/wp-content/uploads/5_sigabi/Sumarizado/37%20-%20USO%20DOS%20LIQUENS%20COMO%20BIOINDICADORES%20DA%20QUALIDADE%20DO%20AR%20EM%20TR%C3%8AS%20RIOS,%20RJ.pdf  
http://www.conferencias.ulbra.br/index.php/sic/xviii/paper/view/151 
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