Buscar

AP2 LINGUÍSTICA I - ESTRUTURALISMO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
 
Disciplina: Linguística I 
 
Coordenadora: Profª Silvia Maria de Sousa 
 
Avaliação Presencial 2 – 2014/1 
 
 
Aluno(a): _______________________________________________________ 
Polo: __________________________ Matrícula ________________ 
 
Nota: _______________ 
 
Instruções: 
Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. Não escreva em 
tópicos. Escreva um texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com 
o trabalho acadêmico formal. A folha de perguntas deve ser devolvida junto com as 
respostas. Boa prova! 
 
1. Observe os conjuntos de palavras a seguir: 
a. aluno, aluna, alunos, alunas; 
b. pulei, pulávamos, pulamos, pularemos. 
 
i. Comprove, por meio desses conjuntos, que as línguas naturais são 
duplamente articuladas. Em sua resposta explique cada uma das 
articulações. (1,5) 
ii. Por que podemos afirmar que a dupla articulação da linguagem é um 
fator de economia linguística? (1,5) 
 
 
A linguagem humana é articulada, ou seja, ela pode ser desmembrada em unidades 
menores. O linguista André Martinet nos legou com seu trabalho uma importante 
contribuição, pois mostrou que essa articulação da linguagem acontece em dois 
níveis. No primeiro nível – na primeira articulação – desmembramos a linguagem 
humana em unidades menores que ainda têm significado, ou seja, ainda são signos 
linguísticos (imagens sonoras possuidoras de conceito), os denominados 
 
morfemas, e que se constituem em todas as línguas em uma lista aberta e em maior 
número. Martinet aponta que se pode continuar a desmembrar a linguagem 
humana, chegando-se assim a unidades ainda menores, mas que não são mais 
signos linguísticos, pois não detêm significado, mas apenas significantes: os 
fonemas. No caso destes, todas as línguas possuem uma lista fechada de fonemas 
por conta do número limitado de fonemas. 
Trazendo os conjuntos, podemos compreender essa dupla articulação trazendo 
como exemplo a palavra “alunos”. Esta pode ser dividida em unidades menores 
dotadas de significação, ou seja, em morfemas, que formam a primeira articulação: 
“alun – o – s”. Já os fonemas, que são traços distintivos destituídos de significação 
e que pertencem à segunda articulação, podem ser compreendidos através de outra 
divisão: /a/, /l/, /u/, /n/, /o/, /s/. 
 
b) Com a lista fechada de fonemas de uma determinada língua e com a lista aberta 
de morfemas, somos capazes de formar potencialmente infinitas sentenças a partir 
da combinação da 1ª e da 2ª articulação. Tal é o princípio de economia da dupla 
articulação: podemos fazer infinitas combinações linguísticas por um “baixo 
preço”. Em outras palavras, a dupla articulação permite que partes de um 
enunciado compareçam em outro. Nos conjuntos apresentados, podemos 
compreender que um mesmo segmento pode formar diferentes palavras. É o caso 
de “alun-” e “pul-” que podem formar, respectivamente, “aluno”, “alunos”, “aluna”, 
e “pulei”, “pulamos”. Em ambos os conjuntos, podemos compreender que há 
palavras formadas a partir do uso dos mesmos elementos, tanto de morfemas 
quanto de fonemas, mas que formam expressões linguísticas diferentes. 
 
2. Leia o trecho: 
“Apagar o que foi escrito no computador é visto como uma atividade diferente de 
apagar o que foi escrito a lápis. Por isso, cria-se uma nova palavra para denominar 
essa nova realidade, deletar, que é considerada diferente de apagar. Afinal, o 
instrumento desta ação é uma borracha, enquanto se deleta, com um clique, um texto 
selecionado.” 
(“A linguagem humana”. FIORIN, JL. In: FIORIN (org.) Linguística? Que é isso? São 
Paulo: Contexto, 2013, p. 17) 
 
a) A reflexão de Fiorin se baseia na hipótese Sapir-Whorf? Justifique. (2,0) 
 
Sim. A reflexão de Fiorin nos mostra que novas palavras são criadas para dar conta 
de novos fenômenos. No caso, o ato de apagar um texto escrito no computador, 
fazendo uso da tecla “delet” fez com que o verbo deletar fosse criado. De acordo 
com a hipótese Sapir- Whorf, a língua de uma determinada comunidade organiza a 
cultura, modelando o mundo. Assim, cada povo e cada cultura vê e compreende o 
mundo através das categorias gramaticais e semânticas de sua língua. 
 
 
 
3. Para Jakobson: “A linguagem deve ser estudada em toda a variedade de suas 
funções”. (JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, s/d, p. 
122) 
a. Explique e exemplifique duas das funções da linguagem postuladas por 
Jakobson. (2,0) 
b. Indique a função da linguagem predominante no trecho da canção Sinal 
Fechado, de Paulinho da Viola: (1,0) 
“Olá , como vai? 
Eu vou indo, e você tudo bem? 
Tudo bem, eu vou indo, correndo, 
Pegar meu lugar no futuro. E você?” (...) 
 
a) Jakobson demonstrou com seu esquema que em todo ato comunicativo estão 
envolvidas funções da linguagem, que embora funcionem de maneira hierárquicas 
e complementam, masque são isoladas para fins de análise. Cada uma delas 
corresponde a um dos elementos envolvidos em todo ato comunicativo. Em outras 
palavras, para cada elemento, uma função: a emotiva está centrada no remetente; a 
conativa está centrada no destinatário; a referencial, no contexto ou referente; a 
poética, na mensagem; a fática, no contato; e, por fim, a metalinguística, que está 
centrada no código. Podemos exemplificar com a função poética, em que a 
mensagem se volta para ela própria, com o slogan político "I like Ike”. A função 
poética inclusive foi uma novidade desenvolvida por Jakobson e que teve enorme 
impacto nos estudos linguísticos e literários. Outro exemplo é o slogan publicitário 
“Beba Coca-Cola”. Nele predomina a função conativa, em que se tenta interpelar o 
interlocutor e influenciar seu comportamento, e que se marca também pelo uso do 
verbo no modo imperativo. 
 
b) A função predominante na música “Sinal fechado”, de Paulinho da Viola, é a 
fática. Esta função predomina em mensagens que atuam prolongando ou 
interrompendo o circuito comunicativo. Também nesta função, o emissor testa o 
canal, atrai a atenção do remetente e/ou confirma se ele continua atento. 
 
4. Classifique as afirmações como CERTAS ou ERRADAS. Corrija as erradas: 
a) Benveniste entende que a língua não é um sistema que existe fora das práticas 
humanas. A língua, entendida como enunciação, só pode ser analisada em seu 
uso. Benveniste desloca o conceito de língua de Saussure. 
Verdadeiro. Benveniste parte dos estudos saussurianos para posteriormente 
desenvolver suas próprias teses, que, diferentemente do mestre genebrino, incluem 
a relação do sujeito com a língua e a língua pela utilização do sujeito. Para 
Benveniste, a língua não é uma estrutura abstrata, mas uma realização, um 
acontecimento, e somente se realiza quando emitida por um sujeito enunciador. 
Sem essa apropriação, a língua é somente uma possibilidade. E sempre que há a 
apropriação da língua pelo sujeito enunciador (o eu, o locutor), pressupõe-se aí um 
outro, um tu, o alocutário, a quem se dirige o locutor. Além disso, é necessário se 
levar em conta que esses sujeitos existem em uma dada situação (no espaço e no 
tempo). Assim, para Benveniste, a descrição e interpretação de um bilhete como 
“Estive aqui hoje à tarde mas não te encontrei” implicava na consideração dos 
sujeitos (eu/tu) e da situação (espaço/tempo) e não tomar a estrutura voltada para si 
mesma. Por tudo isso, pelas categorias que Benveniste acrescenta à análise, 
(sujeitos e situação), são afetados os modos pelos quais se considera a língua para 
fins de descrição e interpretação e como consequênciaconfigura-se um outro 
objeto: a enunciação. 
 
b) O pensamento de Hjelmslev nos permite perceber que independente das 
diferenças de sotaque, dicção, contexto, entre outros fatores, a pronúncia de um 
/u/, por exemplo, é dotada de traços da expressão que fazem dele um /u/ e não um 
/o/. Desse conjunto de traços resulta a distinção „luto‟ e „loto‟, distinção esta 
pertinente no sistema da língua portuguesa. Assim, sempre que a forma da 
expressão é alterada, altera-se também a forma do conteúdo. É por isso que 
Hjelmslev postula que há entre expressão e conteúdo uma relação de 
solidariedade. 
 
Verdadeiro. Hjelmslev considera o signo como resultante da união entre um 
plano de conteúdo a um plano de expressão. Não se pode tomar esta troca 
como sendo o plano do conteúdo o significado (de Saussure) e o significante 
como plano de expressão. Hjelmslev, com isso, propõe que cada plano é 
composto de dois níveis, a forma e a substância: para o autor, há uma forma 
do conteúdo e uma substância do conteúdo; uma forma da expressão e uma 
substância da expressão. Hjelmslev designa de forma o conjunto de 
diferenças que, num dado sistema, são pertinentes, e cuja pertinência se 
institui por meio da oposição dentro do sistema. Hjelmslev opôs à forma a 
substância: os traços mínimos sonoros e conceituais. Por isso, dizer 
“buneca” não é pertinente, pois trata-se de uma diferença de substância e 
não de forma. Já entre „luto‟ e „loto‟, temos uma diferença de forma da 
expressão e, portanto, da forma do conteúdo, esta sim como uma diferença 
pertinente. 
 
c) O movimento estruturalista representou no Brasil um grande salto para as 
pesquisas de linguística, já que, a partir do trabalho inaugural de Mattoso, passou-
se a adotar uma atitude normativa e a combater com força os erros escolares das 
crianças. O estruturalismo comprovou que a língua portuguesa é falada e escrita 
de modo incorreto no Brasil. 
Falso. Ao contrário da afirmação, o estruturalismo foi um grande salto à medida que 
permitiu uma atitude descritiva da língua portuguesa, o que justamente confere um 
efeito de oposição à tradição normativa. Os estudos descritivos estruturais, além de 
serem fontes confiáveis dos recursos morfológicos da língua, alçam todas as 
variedades não padrão do português do Brasil como legítimo objeto de estudo.

Continue navegando