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Desenvolvimento Capitalista e Serviço Social
Conversa inicial Caro aluno, damos início agora à nossa aula a respeito dos modos de produção pré-capitalistas, que tem por objetivo estudar as relações sociais e os modos de produção desde o início da formação das sociedades. Temos como objetivos desta aula: Conhecer o modo de produção primitivo, período desde o surgimento da sociedade humana; Apresentar modo de produção escravista, este marcado pelo domínio e sujeição; Conhecer o modo de produção asiático, predominante na China, Egito, Índia e África no século passado; Conhecer o modo de produção feudal; Transição do modo de produção feudal para o capitalismo. Bons estudos! Contextualizando Trazer os fundamentos teóricos para assegurar e compreender os pressupostos da questão social e sua relação com a formação das sociedades, iniciando com o modo de produção pré-capitalista, buscando discutir o trabalho como natureza fundante do desenvolvimento social em valores de troca, relacionando a forma como são produzidos, usufruídos e partilhados os bens de serviços e consumo. Vamos aos estudos e boa aula! Tema 1 – Conhecer o modo de produção primitivo, período desde o surgimento da sociedade humana 3 A forma como a sociedade manufatura suas riquezas, trabalha e como as dispõe e as emprega são “forças produtivas” somadas às “relações de produção”. No início da civilização, os macacos se utilizavam de paus ou pedras para colher os frutos que utilizavam como alimentos. Também estes objetos eram empregados para defesa de ataque de outros animais. Entretanto não se conhece na história de espécie alguma ter construído o mais rudimentar instrumento. Durante longo tempo, o homem primitivo viveu principalmente da caça e da coleta de alimentos, o que era feito coletivamente, com a ajuda dos rudimentares instrumentos de trabalho. Em face da insuficiência de alimentos, ocorria a antropofagia entre os homens primitivos. Durante muitos milênios, como se estivessem tateando, através de um acúmulo de experiências extremamente lento, os homens aprenderam a produzir instrumentos muito simples. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p) Com o surgimento do homem, ocorreu uma das maiores mudanças no desenvolvimento da natureza, em que a diferença entre o homem e os animais inicia-se com a fabricação de ferramentas de trabalho, ainda que rudimentares, as quais se cingia, então, quase toda a esfera da produção. Uma importante conquista para o homem foi a descoberta do fogo, que trouxe modificações significativas à sua vida material, fazendo com que ele se diferenciasse decisivamente do mundo animal. O homem utilizava o fogo no preparo dos alimentos, na produção de instrumentos e na proteção contra o frio e animais ferozes. Os instrumentos de pedra continuam sendo utilizados por centenas e milhares de anos, período conhecido como a idade da pedra. Depois se seguem a idade do cobre, a idade do bronze e, por fim, a idade do ferro. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). O aprimoramento das ferramentas de trabalho, ainda na idade da pedra, veio com a invenção do arco e da flecha, os quais facilitaram a caça, permitindo assim a melhoria nos meios de subsistência. O desenvolvimento da permitindo o surgimento da pecuária primitiva. Com isso passaram a domesticar os animais, iniciando pelos cães. E, de acordo com as diversas regiões onde se fixavam, foram domesticando cabras, gado, porcos, cavalos, 4 etc. E assim como a pecuária primitiva surgiu da caça, a agricultura primitiva teve início na coleta de frutos e plantas que já eram consumidos por serem comestíveis. A agricultura continuou primitiva por um longo período, em que a terra era mexida com as mãos e depois utilizava-se um pedaço de pau aperfeiçoado com uma das pontas dobradas, imitando uma enxada. As sementes eram disseminadas sobre o lodo deixado pelas enchentes nos vales dos rios. A força de tração foi utilizada graças à domesticação dos animais (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). Com o domínio da fundição do metal pelo homem, nos estágios finais do desenvolvimento da sociedade primitiva, houve também a transformação do trabalho agrícola, tornando-o mais produtivo, e a agricultura passou a ter um alicerce sólido. Com a necessidade de enfrentar as forças da natureza e os animais selvagens, surge a carência da propriedade comunitária que, segundo Marx, citado por Gorender e Almeida (1961): “Este tipo primitivo de produção coletiva ou cooperativa era, está claro, consequência da debilidade do indivíduo isolado, e não da socialização dos meios de produção.” (MARX; F. ENGELS, p. 681. Apud GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p). O homem primitivo só produzia para o seu sustento, sendo assim não podia haver classes e consequentemente não havia exploração. O trabalho fundava-se na “cooperação simples” (emprego simultâneo de uma quantidade considerável pequena de força de trabalho para o desempenho de trabalhos simples). Por um longo período não existiu base de troca, a comunidade produzia para o seu próprio consumo. A mudança ocorreu com o surgimento da primeira grande divisão social do trabalho, que está ligada ao aparecimento da propriedade privada, em que comunidades distintas e componentes individuais passam a ocupar-se de atividades produtivas diversas. Ao longo da separação do homem do mundo animal, as pessoas viviam em “bandos” e “hordas”, mas com o incremento dos instrumentos de trabalho veio a necessidade da mudança da “horda primitiva” para a organização “gentílica da sociedade”. As “gens”, grupos formados por laços consanguíneos. Isso exigiu uma 5 transformação radical na relação entre os sexos, porque dentro das hordas praticava-se o incesto. Houve a necessidade de instituir a proibição de ligação matrimonial entre parentes. As relações passam a ser constituídas entre pessoas de “gens” diferentes, isso aumentava a possibilidade da “colaboração simples". (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). Tema 2 – Apresentar modo de produção escravista, este marcado pelo domínio e sujeição No regime escravista, o aumento da “divisão social do trabalho” e da “troca” ainda constitui a sua base no consecutivo desenvolvimento das forças escravistas. Assim sendo. O aumento da produção em todos os ramos — na pecuária, na agricultura, no artesanato caseiro — tornou a força de trabalho do homem capacitada para produzir uma quantidade de produtos maior do que a necessária à sua subsistência. Ao mesmo tempo, esse aumento fazia crescer a quantidade diária de trabalho que recaía sobre cada membro da “gens”, da comunidade doméstica, ou de famílias isoladas. A incorporação de novas forças de trabalho tornou-se desejável. A guerra proporcionava-as: os prisioneiros passaram a ser transformados em escravos. (MARX; ENGELS,1955, p. 294 Apud GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). A economia natural era explorada pelos camponeses, com isso eram obrigados a comercializar uma parte da sua produção no mercado para adquirir os artefatos fabricados pelos artesãos, além do pagamento dos impostos em espécie (dinheiro). Desse modo, uma cota do que era fabricado pelos artesãos e camponeses lentamente se transformaria em mercadorias. Mercadoria é um produto proposto não ao consumo próprio, mas à troca, à venda no mercado. O surgimento do artesanato como “ofício” autônomo é o início da produção mercantil. A troca transformou-se em um “fenômeno” e, assim, funciona como “dinheiro”, e o “dinheiro” mercadoria universal. E graças 6 ao aparecimento do artesanato e da troca, ocorre a formação das cidades. E com este ofício presente nas cidades, a população se afastava cada vez mais do campo. É aí que se inicia a oposição entre cidade e campo. O aumento da produção e da troca intensifica a disparidade de bens. Os ricos concentravam os instrumentos de produção: as sementes, gados, dinheiro, levando os pobres frequentemente a procurá-los para contrair empréstimos, tanto de ferramentas como de dinheiro em espécie. Quando estes não conseguiam cumprir com os pagamentos, tornavam-se escravos, e suas terras eram tomadas, surgindo a “usura” (GORENDER e ALMEIDA,1961, s/p).A centralização das riquezas monetárias, do número de escravos e a propriedade ficaram nas mãos dos “senhores de escravos” e, assim, surgiu o modo de produção escravista, no qual os homens eram divididos livres e escravos. Os livres, “grandes senhores proprietários de terra e grandes senhores de escravos”, os pequenos produtores (camponeses e artesãos) e sacerdotes. O Estado surge com o advento da “Propriedade privada”, com o aumento da “divisão social do trabalho”, incremento da “troca”, as distintas “gens” e a união das tribos. Com isso as instituições gentílicas foram perdendo o caráter popular. GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). Chefe, ancião e militares das “gens” se tornam príncipes e reis. E assim foi criado o poder estatal, que surge para “para manter subjugada a maioria explorada, em benefício da minoria “exploradora”. O estado escravista teve um papel importante, a concretização das relações de produção da sociedade escravista. Segundo Marx, citado por Gorender e Almeida (1961), “O escravo não vendia sua força de trabalho ao senhor de escravo, do mesmo modo que o boi não vende seu trabalho ao camponês. O escravo, juntamente com sua força de trabalho, era vendido para sempre ao seu senhor.” (MARX; ENGELS, 955, p. 57 apud GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p). Naquele período, o modo de produção escravista acendeu amplamente as forças produtivas em comparação ao regime comunitário primitivo. Havia um grande número de escravos nas mãos do Estado, em que estes escravos testemunharam as mais famosas construções erguidas na antiguidade: 7 Pelos povos do Egito, da índia, da China, de Roma, da Grécia, da Transcaucásia, da Ásia Média e outros: sistemas de irrigação, estradas, pontes, fortificações militares, monumentos culturais. O dinheiro, neste período, começou a ser utilizado para compra e venda de mercadorias, além de ser usado como pagamento por trabalho por meio do comércio da usura. (GORENDER e ALMEIDA,1961, s/p). Marx mostrou: Que o capital comercial e o capital usurário precedem o modo de produção capitalista. Tendo surgido ambos das entranhas do regime escravista, eles não modificam as relações de produção, que repousam na escravidão, mas ao contrário, arruinando os pequenos produtores, agem no sentido da transformação destes em escravos. Ao mesmo tempo, estas formas de capital, não participando da produção, conduzem à concentração de grandes massas de dinheiro nas mãos dos comerciantes e usurários. (ENGELS, 1953, p. 330, apud GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p) A escravidão acabou por modificar o trabalho para uma atividade de escravos, quer dizer, uma tarefa indigna de pessoas livres. "Toda produção baseada na escravidão, e toda sociedade que se apoie sobre ela sucumbirão a essa contradição.” (ENGELS, 1953, p. 330, apud GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p) Tema 3 – Modo de produção asiático Para concepção histórica de Marx, foram fundamentais as formas orientais de sociedade, como o modo de produção asiático. Este modo, que Marx às vezes chamava de forma asiática ou forma oriental de produção, traz como particularidade tanto a evolução sociocultural das formas tribais sedentárias como semissedentárias, além de contraposição mais evidente em relação ao incoerente desenvolvimento da história greco-romana ocidental. Segundo Marx, citado por Antunes (2006): 8 Haviam permanecido culturalmente estagnadas durante milênios. Suas mais importantes formações econômico-sociais, como a China e a Índia, não se teriam alterado substancialmente mesmo com as grandes invasões de povos bárbaros em passado mais remoto, como os mongóis, os árabes e os hunos. Estes povos, apesar de superiores belicamente a chineses e hindus, eram culturalmente inferiores a essas grandes civilizações orientais de culturas milenares. (ANTUNES, 2006 p. 125). Para Engels, citado por Antunes (2006), que durante mais de 40 anos foi parceiro teórico de Marx, além de amigos, após a morte do companheiro, escreve a obra “A origem da família, da propriedade privada e do Estado”, em que rompe de forma indubitável com a compreensão histórico-dialética da qual tinha dividido com Marx, tanto que em parte era coautor. Ele não considera em sua obra o modo de produção asiático e restringe a história asiática à condição de sociedade gentílica. Com esta atitude, Engels tende a cometer dois enormes erros: primeiramente pelo fato de ter tornado falsa, além de rebaixar a história asiática; em segundo pela hipótese de que a história grega teria seu surgimento diretamente na comunidade primitiva. Estava sofrendo influência das ciências sociais sobre o surgimento das novas formas humanas de organização social. Resultante desta mudança metodológica, surge a concepção engelsiano-antropológica. (ANTUNES, 2006 p. 128). Para Marx, citado por Antunes (2006), o modo de produção asiático é fundamental para sua compreensão do processo geral da história da humanidade, em especial para o desenvolvimento do modo de produção capitalista do ocidente europeu. Ela aparece como uma categoria historicamente dada e que expressaria em maior medida a forma mais geral de evolução econômico-social pós-comunidade primitiva. Ela expressaria conceitualmente, do ponto de vista de Marx, os fundamentos daquelas sociedades que teriam evoluído a partir de uma forma tribal, seminômade, para formas de organizações sociais estabelecidas e comandadas a partir de uma entidade comunal abstrata centralizadora 9 do nexo social e que estaria acima das comunidades locais efetivas. Esta unidade superior surgiria, pois, naturalmente, segundo Marx, a partir da necessidade de formação de grandes frentes de trabalhos públicos relativos especialmente à formação de processos produtivos comuns. (ANTUNES ,2006 p. 130). Mesmo com o fato de Marx colocar esta categoria como estruturadora das primeiras configurações efetivas de Estado, o modo de produção asiático não tem relação exclusiva com às formações econômico-sociais do Oriente. Marx a denomina assim: Apesar de ser uma forma bastante geral de formação sociocultural pós-comunidade primitiva, por um lado, porque, com as conquistas imperialistas no Oriente, promovidas pela burguesia ocidental no século XIX, em especial na Índia e na China, afloravam, via relatórios oficiais e não oficiais, as estruturas socioculturais daquelas grandes civilizações. (MARX apud, SOFRI, 1977, ANTUNES ,2006, p. 135). Pelos relatórios, aquelas estruturas estavam ali há milênios, mostrando assim o caráter Inconvertível das formações econômico-sociais. “Na Ásia, o Estado político nada mais é do que o arbítrio de um único indivíduo, ou seja, o Estado político, assim como o material, é escravo.” (MARX. Apud, SOFRI, 1977, apud ANTUNES, 2006 p. 135). Na visão de Marx, a compreensão das formações econômico-sociais do Oriente antigo estava na falta total da propriedade privada da terra. Na Ásia, a propriedade da terra era monopólio do Estado, onde às comunidades locais ficavam apenas com a posse privada da terra e dos frutos por ela produzidos. Entre os orientais, as relações de produção e apropriação da natureza e das riquezas sociais estavam fundadas em formas comunalistas de apropriação. Nenhum indivíduo oriental, mesmo que membro da elite, poderia ser proprietário privado de fato, pois o “direito” de distribuição das riquezas nestas sociedades despóticas não derivava da “vontade popular”, quer dizer, de uma suposta “sociedade civil”, A evolução histórica que começaria com a comunidade primitiva e evoluiria para os modos de produção asiático, escravagista, feudal e burguês, somente a sociedade greco-ocidental teria a desenvolvido de forma independente. (ANTUNES, 2006, p. 140). 10 Tema 4 – Modo de produção feudal Subsídios do feudalismo vinham sendo suscitados ainda da sociedade escravista, sob a forma de colônias. Tinham o comprometimento de trabalhar na terra do seu “senhor”, seu trabalho era recompensado por certa quantia em dinheiro ou recebiam parte da produção agrícola, além de fazer serviços de espécies diferentes. Tinham sua própria economia, por isso o interesse nos resultados. O Império Romanofoi derrotado pelas tribos germânicas, gaulesas, eslavas e por outros povos que viviam em diferentes partes da Europa. As tribos-conquistadoras, a época em que Roma foi vencida, viviam no regime comunitário primitivo já na fase de desagregação. Na vida destas tribos, um grande papel era desempenhado pela comunidade rural, que entre os germanos tinham o nome de marca. A terra, com exclusão das grandes extensões territoriais da aristocracia gentílica, constituía propriedade da comunidade (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). O desmembramento do regime gentílico foi acelerado com a conquista do império Romano. Para manter e fortalecer o comando sobre os camponeses dependentes. Sobre as ruínas do império surgiu uma série de estados comandados por reis. A igreja, com o importante apoio do poder real, ganhou vastas terras que eram trabalhadas por camponeses e deviam serviços. As terras assim distribuídas chamavam-se feudos. Daqui a denominação do regime social — o feudalismo. ” O feudalismo foi uma etapa necessária no desenvolvimento histórico da humanidade. A escravidão cessara de existir. Nessas condições, o ulterior desenvolvimento das forças produtivas somente era possível a base das massas de camponeses dependentes, que possuíam sua economia, seus próprios instrumentos de produção e que tinham certo interesse pelo trabalho (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). A economia que pertence ao senhor feudal tomava uma parte de sua terra, e outra parte era conferida pelo senhor feudal, em condições fraudulentas, para ser utilizada pelo camponês. 11 O senhor feudal “parcelava” a terra, donde a denominação de “parcela”. Quem quer que vivesse na terra do senhor feudal encontrava-se sob sua dependência pessoal. Os camponeses estavam incorporados à terra, dessa ou daquela forma. A parcela de terra camponesa era uma condição para garantir força de trabalho ao latifundiário. Desfrutando hereditariamente de sua parcela, o camponês era obrigado a trabalhar para o latifundiário, a lavrar as terras do latifundiário, para isso empregando seus próprios implementos e gado de tração, ou então a dar ao latifundiário seu produto suplementar sob uma forma natural ou monetária. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). Na propriedade da agricultura, aperfeiçoou a técnica da produção, o arado de ferro e outras ferramentas de trabalho e, do mesmo metal, obtiveram mais extensa propagação. Novas divisões agrícolas apareceram: a vinicultura aumentou espantosamente, como também a indústria vinícola e a horticultura. Surgimento da pecuária, criação de gado. Paulatinamente as ferramentas de trabalho dos artesãos, assim como as formas de manufatura das matérias-primas foram se desenvolvendo de maneira mais aperfeiçoada. A roca começa a ser conhecida na Europa, os serviços se iniciam na especialização, culminando com o invento do tear de fitas no ano de 1.600. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). O aperfeiçoamento na fusão do ferro trouxe um ganho substancial para aprimorar as ferramentas de trabalho. O século XIV marca o início das rodas hidráulicas como força motora para “foles” e martelos utilizados para fragmentar o minério. E neste mesmo século se seguem o desenvolvimento dos fornos e a utilização da pólvora. No século XV inicia-se a utilização de balas de ferro fundido, com isso a necessidade de aumentar a produção de metal, além da produção de ferramentas agrícolas. Surge em meados deste mesmo século a invenção da bússola, que desperta a evolução da navegação, seguida pela concepção e propagação da tipografia. Na China, as forças produtivas e a cultura já haviam atingido notável desenvolvimento nos séculos VI a IX, superando em muitos sentidos a Europa daquela época. Os chineses foram os primeiros a inventar a bússola, a pólvora, o papel para escrita e, ainda que sob uma forma rudimentar, a tipografia. (GORENDER e ALMEIDA,1961, s/p). 12 O regime feudal caracterizava-se por ritmos lentos de desenvolvimento da produção, pela rotina e pelo domínio das tradições. As forças produtivas que se desenvolviam dentro da sociedade feudal entraram em contradição com as relações de produção feudais. A lei da correspondência das relações de produção ao caráter das forças produtivas exigia a passagem do feudalismo ao capitalismo Tema 5 – A transição do modo de produção feudal para o capitalismo A constituição do mercado mundial teve grande importância para o surgimento da economia capitalista. Na segunda metade do século XV, os turcos apoderaram-se de Constantinopla e de toda a parte oriental do Mar Mediterrâneo. Interrompia-se, com isto, a mais importante artéria por onde passavam os caminhos comerciais entre a Europa ocidental e o Oriente. Procurando uma via marítima para a Índia, Colombo descobriu a América em 1492 e, em 1498, Vasco da Gama, navegando em torno da África, descobriu o caminho marítimo para a Índia. Em consequência destas descobertas, o centro de gravidade do comércio transferiu-se do Mediterrâneo para o Oceano Atlântico, e o predomínio comercial deslocou-se para os Países Baixos, a Inglaterra e a França. No comércio europeu, a Rússia desempenhava um papel importante. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). O surgimento da produção capitalista se dá pelo desmantelamento da economia natural. Inicialmente como mediador de troca de mercadorias, entre os produtores menores, artesãos e camponeses — e na realização da parte do produto suplementar de que se apropriavam os senhores feudais. Mais tarde, o comerciante começou a açambarcar regularmente as mercadorias produzidas pelos pequenos produtores, revendendo-as depois num mercado mais amplo. O comerciante transformou-se em açambarcador. O açambarcador emprestava dinheiro, matérias-primas e outros materiais aos mestres empobrecidos, com a condição de que estes lhes vendessem as mercadorias acabadas por um preço baixo, previamente fixado. As empresas capitalistas, que empregam operários 13 assalariados, que trabalham à mão e à base da divisão do trabalho, chamam-se manufaturas. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). As insurreições camponesas possuíam uma particularidade autêntica. Pertenciam a uma camada social de modestos senhores de propriedade privada que, por estarem disseminados, não podiam construir um programa organizado e unidos de luta. Sendo assim nos séculos XVII e XVIII a classe operaria era considerada frágil, sem muitos adeptos e sem organização. Entende-se que se as revoluções camponesas se unirem ao movimento operário e forem lideradas pelos operários poderão alcançar êxito. Entretanto, no período das revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII, a classe operária ainda era débil, pouco numerosa e desorganizada. Nas entranhas da sociedade feudal, amadureceram formas mais ou menos acabadas da economia capitalista, cresceu uma nova classe exploradora — a classe capitalista — e, ao lado disso, surgiram massas de homens privados dos meios de produção — os proletários. As revoluções burguesas acabaram com o regime feudal e instauraram o domínio do capitalismo. (GORENDER; ALMEIDA,
CONTEXTUALIZANDO No século XIX, com a abertura para as indústrias, inicia-se um novo formato de organização social, o Sistema Capitalista. Este estabelece a sociedade de classe e um novo modo de produção e relações sociais. Com isso, o agravamento dos problemas sociais, vivenciado pela população em seu dia a dia, nas diversas expressões da “Questão Social”. Nesse cenário a profissão de assistente social ainda não era regulamentada. Com a materialização do modo de produção capitalista, e das questões sociais que se agravavam, a classe burguesa tinha que obter um modo para sustentar a ordem e dar prosseguimento ao seu poder. É nesse contexto que nasce a necessidade de formar pessoas exclusivamente para realizar as tarefas de assistência social e pensar a institucionalização do Serviço Social. Vamos aos estudos e boa aula! 3 TEMA 1 – SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CAPITAL MERCANTIL Tanto no modo de produção escravista como no feudalismo a produção mercantil já se fazia presente. Por ocasião da derrocada do feudalismo, a produção mercantilfoi o alicerce para o surgimento da produção capitalista. O que diferencia a produção mercantil simples da mercantil capitalista é que a primeira tem como base o trabalho individual daquele que produz as mercadorias; e a segunda se apoia no poder da propriedade privada. Assim a produção mercantil ainda pequena é passo inicial para o aparecimento e o desenvolvimento das “relações capitalistas”. No capitalismo, a produção mercantil adquire um caráter predominante, universal. A troca de mercadorias, segundo Lenin, é “a relação mais simples, corrente, fundamental, maciça e comum, que se encontra bilhões de vezes, na sociedade burguesa (mercantil).” (LENIN, p. 325, apud GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). O caráter do trabalho materializado na mercadoria, esta satisfaz uma necessidade humana em primeiro lugar, em segundo é produzida não para o consumo próprio, mais para a comercialização. Esta venda gera um valor de uso que pode tanto satisfazer a necessidade do homem como também o meio de produção de bens materiais. Exemplos: o trigo satisfaz a necessidade de alimento, o tecido do vestuário e o valor de uso da ferramenta “tear”, é porque por seu intermédio que o tecido é produzido. Dentre outras coisas que não necessitaram do homem para sua criação, mas que tem valor de uso, exemplo: água das nascentes, os frutos silvestres. Contudo nem tudo que tem valor de uso é mercadoria, para que isso ocorra deverá ser um produto do trabalho proposto à venda. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). Os produtores, ao manufaturarem mercadorias, necessitam da força de trabalho que, mesmo se apresentando de maneira concreta, não deixa de ser “trabalho abstrato”, trabalho este que define o valor mercadológico. Sendo assim, tanto um quanto outro, abstrato ou concreto, aparecem como aspectos importantes do trabalho transformado em mercadoria. Todo trabalho é, de um lado, gasto de força de trabalho humano, no sentido fisiológico da palavra, e, nesta sua qualidade de trabalho humano igual, ou abstrato, cria o valor das mercadorias. Todo trabalho é, por outro lado, gasto de força de trabalho humana, sob uma forma racional particular e, nesta sua qualidade de trabalho útil concreto, cria 4 valores de uso.” (MARX, 1955, p. 79 apud GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p). Com base na propriedade privada, a economia mercantil é realizada por vários produtores, trava-se uma ação de concorrência. Um produtor tentando destacar-se mais que outro para ocupar um lugar melhor no mercado, produzindo cada um por si aquilo que quiser produzir, sem plano nenhum estabelecido, sem conhecer a procura por aquela mercadoria ou mesmo sem saber se conseguirá vender a sua produção Os produtores buscam se sobressair uns sobre os outros, além de se firmar e alcançar lugar de destaque no mercado. Cada um tem autonomia para produzir o que bem entender sem justificar a respeito da carência daquela mercadoria fabricada, ou se obterá espaço de venda no mercado e se será recompensadora a força de trabalho empregada. Com o alargamento da “produção mercantil”, o mando do mercado sobre os fornecedores das mercadorias é intensificado. (GORENDER e ALMEIDA,1961,s/p) Baseada na propriedade privada sobre os meios de produção, impera a lei econômica da concorrência e da anarquia da produção. Esta lei expressa o caráter espontâneo da produção e da troca e a luta entre os produtores privados por condições mais vantajosas de produção e de venda das mercadorias. Em meio à anarquia da produção, que impera na economia mercantil baseada na propriedade privada, a lei do valor, que atua através da concorrência no mercado, é o regulador espontâneo da produção”. (GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p). A conquista da América proporciona riquezas imensas, devido à exploração de jazidas de metais nobres, estas minas necessitavam de mão de obra da população local indígena, onde muitos morreram, não suportando as condições de prisioneiros do trabalho. Os comerciantes europeus casavam os negros da África como animais, os transformavam em escravos por ser muito lucrativo e com isso o tráfego de escravos aumentava cada vez mais. Então estes passaram a ser usados como mão de obra escrava nas plantações de algodão da América. (GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p). Depois surgiu o mercado colonial, comerciantes holandeses, ingleses e franceses organizaram as Companhias das Índias Orientais a fim de 5 comercializar com a índia, com direito de exploração sem limites das colônias. Os lucros eram calculados pelas taxas que subiam algumas vezes ao ano. Na Rússia, os resultados eram obtidos pelos comerciantes por meio das negociações feitas com os povos siberianos e do sistema de ganho chamado de aluguel ou cessão de vinhos. A opressora desapropriação dos pequenos produtores mercantis, acompanhada do emprego da violência das terras dos camponeses, a pilhagem colonial, o massacre das populações indígenas e a introdução da nova e implacável disciplina capitalista do trabalho (GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p). TEMA 2 – A CONCEPÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO O capitalismo constitui-se no trabalho assalariado. Os trabalhadores assalariados estão livres das restrições feudais, mas, como também privados dos meios de produção, veem-se forçados, pela iminência da falta do alimento. Segundo Marx (1957), citado por Gorender e Almeida (1961), “ao vender sua força de trabalho aos capitalistas”. A principal característica do capital está na analogia entre o burguês e o proletário, é a fundamental relação de classe da “sociedade capitalista”. (MARX, 1957, p. 552) O modo de produção capitalista repousa no fato de que as condições materiais da produção se encontram nas mãos dos que não trabalham, sob a forma de propriedade do capital e propriedade do solo, ao passo que a massa possui apenas a condição pessoal da produção — a força de trabalho. (MARX; ENGELS, 1955, p. 16, apud GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p) Transformação do Dinheiro em Capital, inicia sua direção com a configuração de uma determinada soma de dinheiro. Este em si próprio não é capital, o dinheiro serve como meio de circulação mais não como “Capital”, obedece: A seguinte fórmula da circulação mercantil: M (mercadoria) D (dinheiro) M (mercadoria), isto é, a venda de uma mercadoria para a compra de outra. O dinheiro transforma-se em capital quando ele é usado com o fim de explorar o trabalho alheio. A fórmula geral do capital é D—M— D, isto é, a compra para a venda, com fins de enriquecimento. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). 6 O conjunto das aptidões físicas e intelectuais que o homem coloca no processo da produção de bens materiais é denominado de força de trabalho. Esta força é essencial para qualquer configuração de sociedade. Contudo só no capitalismo ela se transforma em mercadoria. A produção mercantil no ápice da evolução converteu-se em capitalismo. Com a força de trabalho transformada em mercadoria, a produção mercantil adquire um “caráter universal”. A exploração do trabalho assalariado é a principal característica do capitalismo, quando ele contrata o operário, nada mais é do que compra – e – venda da mercadoria, também conhecido como venda da força de trabalho. O capitalismo proporciona ao proletário uma oportunidade de trabalho e, como consequência, de viver, pois do trabalho ele trará o seu sustento, desde que dispense certa quantidade de tempo para trabalho gratuito. E não tem outra opção, porque saindo de uma empresa cairá fatalmente em outra capitalista, e o círculo de exploração continua podendo ser maior ou menor. Segundo Marx (1955), citado por Gorender e Almeida (1961), “o trabalho assalariado, como um sistema de escravidão assalariada, que se o escravo romano estava sujeitado por cadeias, o operário assalariado está atado ao seu proprietário por grilhões invisíveis. Este proprietário é a classe dos capitalistas, em seu conjunto.” (MARX; ENGELS, 1955, p. 16) Tudo que é produzido como sobra do “trabalhador assalariado” é transformado em dinheiro, que é gasto em parte na aquisição de itens de consumo e de artefatos requintados, a outra parte retorna ao negócio comocapital sobressalente, que trará uma nova mais-valia. Segundo Marx, citado por Gorender e Almeida (1961), o capital sugere uma intensidade profundamente “canina” pelo trabalho adicional. “O objetivo permanente da produção capitalista consiste em, “com um mínimo de adiantamento de capital, produzir o máximo de mais-valia ou de produto suplementar.” (MARX; ENGELS, 1955, p. 16, apud GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). A sociedade se segmenta em duas áreas contrárias, isso se traduz claramente no capitalismo. A burguesia é a classe dominadora na sociedade capitalista, que possui os elementos de produção e vale-se dele para a exploração do trabalho assalariado. O proletariado são os operários assalariados, carentes dos meios de produção e, com isso, forçados a vender sua “força de trabalho aos capitalistas”. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). 7 TEMA 3 – A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A ACUMULAÇÃO CAPITALISTA A manufatura baseada na técnica primitiva já não atendia a demanda por mercadorias industriais ofertada pelo mercado em desenvolvimento, ao mesmo tempo, os capitalistas se sentiam limitados, pois a mais-valia brotava do trabalho manual e do processo artesanal. Nasceu a necessidade econômica da abertura, a grande produção mecanizada. A indústria mecanizada surge na Inglaterra no século XVIII. As condições eram propícias ao acelerado desenvolvimento do modo de produção capitalista, abolição dos escravos — antecipando os demais países —, a vitória da revolução burguesa, além da acumulação de capitais por meio do comércio vastamente desenvolvido e dos saques das colônias. A revolução industrial teve início no final do século XVIII e início do século XIX. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). Devido ao aumento da procura por tecidos de algodão na indústria têxtil algodoeira, era preciso uma metodologia específica da tecelagem. A lançadeira volante, inventada em 1733, produzia o dobro. Mais tarde, entre os anos 1765 e 1767, surge a máquina de fiar, que foi substituída em 1785 pelo tear mecânico. Ao longo das margens dos rios foram construídas as primeiras fábricas têxteis movidas por roda hidráulica, a qual reduzia o possível emprego da técnica mecanizada. Tornava-se urgente pensar em um motor que não dependesse da sua localização e tão pouco da época do ano. Assim surge a máquina a vapor. O incremento da grande indústria mecanizada e o aumento do comércio interno e externo geraram uma revolução nos meios de transporte e comunicação. A máquina a vapor obteve um grande avanço nos transportes. Houve a construção do primeiro navio a vapor, construído em 1807, nos Estados Unidos, e em 1825 nascia na Inglaterra a primeira estrada de ferro. A Inglaterra ficou conhecida como oficina industrial do mundo. Em consequência da revolução industrial, em seguida da Inglaterra, a produção mecanizada começou a alastrar-se em outros países da Europa e na América. Em sua caça insaciável a mais-valia, o capital encontrou na máquina um, em que se achava condicionado pelos órgãos do corpo humano, poderoso meio de elevação da produtividade do trabalho. Em primeiro lugar, o emprego de máquinas, movimentando simultaneamente um grande número de ferramentas, libertava o processo produtivo dos estreitos marcos. (GORENDER; ALMEIDA,1961, s/p). 8 Comparado ao modo de produção feudal, a técnica mecanizada promove um grande avanço das forças produtivas desenvolvidas na sociedade. Além da ampla socialização do trabalho pelo capital. Com o emprego das máquinas, é nas grandes empresas que está a concentração da produção industrial. Para o manuseio das máquinas, é necessário o trabalho coletivo. Com o capitalismo acontece progressivamente a divisão social do trabalho. Crescem a indústria e a agricultura e, ao mesmo tempo, distintos ramos e empresas tornam-se subordinados uns dos outros. Em face da ampla especialização dos diferentes ramos, o industrial que produz, por exemplo, tecidos passa a depender diretamente do industrial que produz fios; este último, do capitalista produtor de algodão, do dono da fábrica de maquinário, das minas de carvão, etc. Em terceiro lugar, desaparece a dispersão das pequenas unidades econômicas, que é própria da economia natural, e os pequenos mercados locais fundem-se num vasto mercado nacional e mundial. Em quarto lugar, o capitalismo, com sua técnica mecanizada, vai suprimindo as diferentes formas de dependência pessoal do trabalhador. A base da produção se torna o trabalho assalariado livre. Cria-se uma grande mobilidade da população, o que assegura uma ininterrupta torrente de força de trabalho aos ramos industriais em crescimento. Em quinto lugar, à medida que se difunde a produção mecanizada, surgem numerosos centros industriais e grandes cidades. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p) A elevação dos salários é um dos motivos da luta de classes, no capitalismo este valor ínfimo do salário é pontuado por conjunturas puramente físicas: o operário deve dispor do número de meios de existência “estritamente necessária à sua vida e à reprodução da força de trabalho”. Os salários baixos, e com o desgaste pela força de trabalho há uma diminuição da duração de vida, diminuição de nascimentos e aumento de óbitos entre os operários. O aumento do capital obtida como resultado da mais-valia chama-se concentração do capital, e o aumento do capital em decorrência da junção de diversos capitais em um capital maior chama-se centralização de capital: Lei da concentração e da centralização do capital conduz à concentração de riquezas gigantescas nas mãos de uns poucos. O aumento dos capitais abre amplas possibilidades para a concentração da produção, isto é, para a concentração da produção nas grandes empresas. (GORENDER; ALMEIDA, 1961, s/p). 9 TEMA 4 - A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E GLOBALIZAÇÃO CAPITALISTA A Revolução Industrial atinge o seu auge no século XX, quando acontece a primeira crise da acumulação com início nos anos 70, e destacando-se na década de 90 com processos de reestruturação produtiva e estruturais. Nas últimas décadas, as relações de trabalho vêm sofrendo intensas transformações. Uma das “mais evidentes são as privatizações, responsáveis pelo aumento do desemprego, contratos temporários e como consequência o avanço das desigualdades” e exclusão social. (DALLAGO, 2010, p. 2). A precarização do trabalho surge do capital e da concepção do Estado neoliberal no país, que amplifica o abuso desta força de trabalho, trazendo o desmantelamento dos grupos de trabalho, oposição sindical, também pela desagregação social nas cidades em razão do desenvolvimento sem limites do desemprego em massa. A experimentação como trabalho precarizado no Brasil procede do sintoma objetivo da insegurança de classe. Em 1989, no Brasil, com o insucesso da “frente popular”, há o rompimento das oposições sociais e políticas do “trabalho organizado”, devido à recessão econômica do governo Collor. Na década de 1990, ocorre uma mudança substantiva na dinâmica (e forma de ser) das greves no Brasil, que apontam para tendências novas, em contraste com a década anterior, indicando, deste modo, uma nova dinâmica da prática sindical-corporativa ou prática sindical propriamente dita. Na verdade, as dificuldades de “greves gerais” por categoria e a disseminação de greves por empresas no decorrer da “década neoliberal” expressam condições objetivas adversas de precarização do mercado de trabalho e de ofensiva do capital na produção. (ALVES, 2009, p. 190) As greves aumentam, a partir de 1993, acontece, nesse período, uma modificação importante na estrutura social das greves. É importante observar que o Plano Real, de 1994, suprimirá a política salarial, apresentando novos procedimentos para a negociação coletiva no país, a ofensiva neoliberal no plano da gestão econômica em sua visão macro e reestruturação patrimonial do Estado brasileiro, seguida pelos grandes empresários privados. Segundo Alves (2009), “com a privatização das empresas estatais e abertura das Reformas do Estado: previdenciária, administrativa, tributária, etc., a agenda política que 10 percorria a era neoliberal”reproduz uma importante ofensiva nas negociações coletivas. O Brasil inseriu-se de forma subordinada no método de mundialização do capital. O emprego de políticas neoliberais sujeitou o país à lógica da financeirização vigente no capitalismo global. Fundando-se “na economia da sociabilidade constrangida, tendo em vista que, sob a ditadura dos credores, os gestores da política macroeconômica colocaram.” (ALVES, 2009, p. 190). A mundialização das finanças pode ser considerada como uma particularidade importante e fundante da globalização. Dessa forma, os regimes globalitários são denominações dadas aos regimes políticos que “assassinaram” a política, desenvolvida como sendo pública. Nos Estados do Sul, a exemplo do Brasil, e do Norte, grupos multinacionais dominam setores importantes da economia. Segundo Alves (2001): A globalização e a desregulamentação da economia, levada a cabo pelos regimes globalitários, favoreceram a emergência de novos poderes que, com a ajuda das novas tecnologias da informática e da telemática, transbordam e transgridem, incessantemente, as estruturas estatais. (ALVES, 2001, p. 18) A fragmentação do mundo do trabalho e a desigualdade estrutural em consequência da globalização agravam a concentração e centralização do capital nos planos regional, nacional e internacional. Alves (2001) afirma que: A onda de fusões e aquisições de capitais expressa o desenvolvimento de uma nova desigualdade estrutural entre os senhores do mundo - por um lado, o oligopólio mundial e por outro lado, os servos recolonizados (os novos países industrializados que, apesar de serem expressão do desenvolvimento capitalista mundial, constituindo um mercado interno e uma estrutura de negócios sustentável, mantêm-se subalternos à nova ordem do capitalismo central, como é o caso, por exemplo, do Brasil) e os condenados da terra (regiões, países, classes e indivíduos expropriados das características da nova ordem competitiva mundial). (ALVES, 2001, p. 81) Conforme Antunes (1999), citado por Alves (2001), a desigualdade com seu crescimento não afeta apenas a relação social estrutural do capital, o que é peculiar entre proletários e capitalistas, mas também o próprio mundo do trabalho. “Aprofunda-se a segmentação intraclasse social, principalmente na classe que-vive-do-trabalho” (ANTUNES, 1999). O discurso da “nova economia” e seus requisitos básicos de competitividade e produtividade tende a reforçar no interior do mundo do trabalho, a segmentação relativa entre, por um lado, os possuidores das novas competências profissionais e, por outro lado, os expropriados de seu saber e de sua capacidade física e espiritual de 11 continuarem sendo força de trabalho efetiva: são os trabalhadores desempregados estruturais e os que não tem acessos à nova ordem sistêmica do capital. (ALVES, 2001, p. 82) Sob pena de não terem a mera possibilidade de uma inserção produtiva na nova ordem da globalização, há uma exigência no tocante às habilidades e competências profissionais de cada homem e mulher trabalhadora, que devem ter como preocupação constante se atualizar e se requalificar, participando de treinamentos para melhorar cada vez mais a sua força de trabalho. (ALVES,2001, p. 82) TEMA 5 – O AVANÇO DO NEOLIBERALISMO O neoliberalismo nasce no final da década de 1970, início da década de 1980, com o intenso sentimento anticomunista em fins desse período, instigado pela segunda guerra fria, que surgiu com a intercessão soviética no Afeganistão. Na Europa e Estados Unidos, com a conquista de seus candidatos conservadores. Em 1979 a Europa torna-se pioneira com a concretização do neoliberalismo com o triunfo de Margareth Tacher na Inglaterra. As ações de Thatcher foram: contração da emissão de moeda; elevação da taxa de juros; redução considerável dos impostos sobre os rendimentos altos; abolição do controle sobre os fluxos financeiros; criação de níveis de desemprego massivos; imposição de uma legislação antissindical; corte de gastos sociais; e lançamento de um amplo programa de privatização que atingiu a habitação pública, a indústria de aço, o setor elétrico, a produção de petróleo, a produção de gás e o fornecimento de água” (CREMONESE, 2001, p. 9 apud MARIANI, 2007 p. 1). Os outros países da Europa enfrentaram dificuldades motivadas pelos sindicatos e movimentos populares que se opuseram para que os direitos adquiridos fossem mantidos. Os processos de oposição ocorreram em diferentes países, tais como Alemanha, França, Espanha e Itália. Ronald Reagan vence nos Estados Unidos, marcando o início da receita neoliberal nesse país. O neoliberalismo foi erguido pelo preceito oficial da política econômica do governo dos Estados Unidos e permaneceu em toda a década de 1980. Por isso foi suprido por formas menos dogmáticas, mas sempre determinadas do princípio do “laissez faire”, do início da não intervenção do Estado na economia. (MARIANI, 2007 p. 2) 12 Eis algumas medidas neoliberais implementadas por Reagan: elevação das taxas de juros e redução dos impostos dos ricos. No entanto, não acatou outra medida da cartilha neoliberal, o controle orçamentário. Gastou muito dinheiro numa corrida armamentista sem precedentes com a URSS, levando os USA ao maior déficit público de sua história. Dessa forma, a maior economia do mundo se transformou de principal credor do planeta em primeiro devedor do universo. (ARANTES, 1999, p.8 Apud MARIANI, 2007 p.2). Chegam na década de 1970 as convicções neoliberais à América Latina, com o General Pinochet no Chile. Foi o primeiro país, antecedendo até mesmo à Inglaterra, a principiar o padrão neoliberal. Diferenciou-se pela: liberalização da economia, altíssimas taxas de desemprego, coerção sindical, renda centralizada em favor dos mais abastados e privatização de bens públicos. O projeto neoliberal no Chile só acontece depois da destruição da dinâmica dos operários. Assim, não houve oposição expressiva. Logo vem o México com Salinas, Argentina com Menem, na Venezuela com Carlos Andrés Perez e, em 1990, com Fujimori no Peru. O Estado é o responsável pela crise, esta é a questão central do neoliberalismo, pelas vantagens e pela falta de eficiência. No Brasil teve seu surgimento com o ex-presidente Fernando Collor de Melo, seguindo no governo de Fernando Henrique. Sendo assim, ter a obrigação de discutir os avanços sociais no “Estado mínimo como a estabilidade de emprego, o direito à saúde, à educação e aos transportes públicos. O Estado deve ser reduzido a uma proporção mínima, apenas necessária para a reprodução do capital”. (MARIANI, 2007, p. 2). Diante da miséria motivada principalmente pelo compromisso externo com as dívidas, os estudiosos do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional e do Consenso de Washington instituem a política do ajustamento estrutural, ou neoliberalismo. Isso se dá por meio de táticas como: “redução e um controle rígido da inflação; controle do déficit público, feito através de cortes nas áreas da saúde, da educação e do setor social em geral; privatização, devendo o estado ficar o mais longe possível dos negócios.” (MARIANI, 2007 p. 2). O Consenso de Washington foi a designação de uma tensão para implantar o neoliberalismo de maneira sistemática nos diversos países. Em 1989, reuniram-se na capital dos Estados Unidos funcionários do governo daquele país e dos organismos financeiros internacionais especializados em assuntos latino-americanos - FMI, Banco Mundial e 13 Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O objetivo do encontro era fazer uma avaliação das políticas econômicas implantadas até então. (MARIANI,
CONTEXTUALIZANDO O serviço social surge em meio ao capitalismo monopolista, à proporção que as diferenças entre as classes aumentam, concomitante à fase do capitalismo mercantil, que causa importante modificação na estrutura das relações e processos sociais. O capitalismo dos monopólios apresentou padrões básicos, como o comando da indústria acumula grandes reservas de capitais, no trabalho da classe trabalhadora como também no do assistente social. Nota-sea ausência do Estado, a precarização do mercado de trabalho, as políticas públicas sociais, precarizadas, que vêm fortalecer o contexto da contrarreforma. Reflexão importante para compreender as decorrências desse processo, é analisar a conjuntura em que se manifesta a ampliação das desigualdades sociais. Vamos aos estudos e boa aula! 3 TEMA 1 – A CONCEPÇÃO DO CAPITALISMO BRASILEIRO No Brasil, o primeiro surgimento industrial que alcançou dimensões expressivas ocorre no início da República. Nos seus níveis fundamentais, encontram-se: 1. São Paulo-Rio, na base da cafeicultura, o da Zona da Mata, ao redor do Recife (na base da economia açucareira) e o do Sul, tendo as cidades de Rio Grande e Porto Alegre por centros (na base de uma agropecuária voltada para o abastecimento interno); 2. A abolição da escravatura e a imigração europeia, fatores importantes tanto para a formação de mercados internos, já referida, como para a libertação de capitais e para a constituição de uma mão de obra, que puderam ser aproveitadas pela indústria; 3. Medidas de proteção tarifária, e as financeiras e creditícias de dinheiro fácil, adotadas pelo Governo republicano. (LOPES, 2008, p. 130). O meio de industrialização brasileira basicamente surge das respostas da economia local aos inconvenientes impostos pela Primeira Guerra Mundial e pela depressão dos anos 1930, no que diz respeito à diminuição das importações que teriam motivado o desenvolvimento da indústria local. Segunda explicação seria a ampliação da economia agroexportadora cafeeira, essencial para o aparecimento e o incremento das atividades industriais no país. Um terceiro aspecto — o “capitalismo tardio” — ênfase para o atraso do processo de industrialização no país como componente central para a sua compreensão. O surgimento das atividades industriais está ligado, de acordo com essa interpretação, à expansão das atividades agroexportadoras do café. Nesse sentido, a acumulação de capital do setor agroexportador e a impossibilidade de inversão desses recursos na própria atividade são vistas como essenciais para a expansão das atividades industriais. No entanto, a relação entre o desenvolvimento da indústria e a expansão do setor cafeeiro não é linear, tal como proposto pela segunda vertente. (CURADO; CRUZ, 2008, p. 406). 4 O sistema de industrialização funda-se no surgimento do capitalismo que, no Brasil, é conhecido como “Capitalismo Tardio”, conforme os três momentos que seguem: (1) a fase do crescimento com diversificação da atividade industrial (1860-1933) - observa ao acelerado desenvolvimento das atividades industriais, centralizadas nos setores de bens de consumo não duráveis e com abreviada importância das atividades ligadas à produção de bens de capital e bens intermediários [...]; (2) a industrialização restringida (1933-1955) - a partir de 1933 deu-se, o início do processo de industrialização no Brasil, o compasso do crescimento da economia passou a ser determinado pelo ritmo de expansão do setor industrial. [...] Resumindo, as crises de natureza cambial continuam a desempenhar papel fundamental como limitadoras do processo de desenvolvimento brasileiro durante o período de industrialização restringida; (3) a industrialização pesada (1955-1980) - durante a execução do Plano de Metas, o modo restrito do processo de industrialização foi suplantado, dando-se início à fase de “industrialização pesada” da economia brasileira. (CURADO; CRUZ, 2008, p. 407). A “industrialização pesada” é vista como um novo ciclo do regime de industrialização que se caracteriza pelo formato de capital que evolui diante do processo pelas peculiaridades técnicas e fazendárias dos capitais. Esse momento foi distinguido pela efetivação de um bloco de investimentos centralizados, tanto em termos de tempo “(realizados em um curto período de tempo) quanto setoriais (particularmente nos setores de bens de produção)” sob o mando do estado e do “capital privado internacional, ao qual o capital privado nacional” associou-se de forma subordinada. (CURADO; CRUZ, 2008 p. 407). Na década de 1960, instigam-se os contrassensos do capitalismo periférico concomitante, a isso se segue o golpe militar e a instalação do Estado autoritário. A opção pelo crescimento econômico acelerado, a partir de fontes de investimento externas, como base do desenvolvimento, abriu o país ao capital monopolista. O Estado amplia seu nível de intervenção, tornando-se o eixo político da recomposição do poder burguês, com a implantação de novas estratégias de desenvolvimento concentradoras de capital, intensificando o nível de exploração da classe operária. (YAZBEK, 2012, p. 299). 5 A desigualdade social aumenta em um clima de repressão e de forma autoritária. Com a ampliação do capitalismo monopolista, incidem alterações que vão se concretizar durante as décadas de 1960 e 1970, no sentido de ampliação e atualização do sistema de proteção social do país. Segundo Netto: Tomar “questão social” como problemática configuradora de uma totalidade social é remetê-la concretamente à relação capital/trabalho – o que significa, liminarmente, colocar em xeque a ordem burguesa. Enquanto intervenção do Estado burguês no capitalismo monopolista, a política social deve constituir-se necessariamente em políticas sociais: as sequelas da “questão social” são recortadas como problemáticas particulares (o desemprego, a fome, a carência habitacional, o acidente de trabalho, a falta de escolas, a incapacidade física etc.) e assim enfrentadas. (NETTO, 1992, p. 28). TEMA 2 – NEOLIBERALISMO NO BRASIL Na América Latina o neoliberalismo, causou muitos obstáculos, trazendo dificuldades a sua implantação. Entre as limitações, destacaram-se a vulnerabilidade externa, o retardamento tecnológico, a deficiência de uma infraestrutura adequada, a crise fiscal e o endividamento externo do Estado. O “Consenso de Washington”, como as ampliações políticas e de adequações na área econômica para América Latina, oriundas no seminário realizado pelo: Institute for Internacional Economics, em novembro de 1989, contando com a participação de integrantes do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e de representantes do governo dos Estados Unidos e de alguns países da América Latina, deixou documentadas as possibilidades de a América Latina inserir-se nisso, que se tornou a panaceia da década de 1990. (LEME, 2010, p. 130) Para o Brasil, em particular, as estratégias recomendadas foram as de que houvesse: a) a rápida privatização das empresas estatais (federais e estaduais), principalmente as de caráter estratégico (tais como telecomunicações e 6 energia) para compor “caixa” para o pagamento das dívidas externa e interna; b) as reformas constitucionais – sobretudo na área fiscal – para redução dos impostos sobre os capitais privados; c) a desregulamentação dos aspectos econômicos em todas as instâncias; d) a flexibilização dos direitos trabalhistas; e) a redução dos investimentos estatais em políticas públicas básicas; f) as reformas no aparato burocrático do Estado, a fim de reduzir gastos em geral, incluindo aquelas em recursos humanos. (SAUER, 2002 apud LEME,2010, p. 130). No Brasil, a concepção neoliberal se iniciou com o ex-presidente Collor de Melo e permaneceu com o governo de Fernando H. Cardoso. Os anos 1990 foram caracterizados, no Brasil, por uma atmosfera de hesitação e de angústia principalmente em relação à educação. Os governos Collor e Cardoso, de orientação neoliberal, distinguiram-se: Por uma política educativa contraditória, combinando um discurso sobre a importância da educação e um descompromisso do Estado no setor, com um papel crescente da iniciativa privada e das organizações não governamentais (ONGs). (SAVIANI, 1996 apud LEME, 2010, p. 130). Os neoliberais acusam que as políticas obrigatórias de direitos aos cidadãos provocam o esgotamento dos cofres públicos, assim sendo, seria o recurso da crise capitalista, o neoliberalismo tem como objetivo a reconstituição do mercado, diminuindo ouaté eliminando a ingerência social do Estado nas diversas áreas. Desta forma, o projeto neoliberal, que confecciona esta nova modalidade de resposta à “questão social”, quer acabar com a condição de direito das políticas sociais e assistenciais, com seu caráter universalista, com a igualdade de acesso, com a base de solidariedade e responsabilidade social e diferencial (todos contribuem com seu financiamento e a partir das capacidades econômicas de cada um). No seu lugar, cria-se uma forma diferencial e dual de respostas às necessidades individuais, diferente, segundo o poder aquisitivo de cada quem. (MONTAÑO, 2001, p. 4) 7 O estado no afastamento do encargo social, permitindo que muitos segmentos da população sejam atendidos de forma precária ou ainda desassistidos pelo poder público, causa o que Tavares chama de um “Estado de Mal-Estar” (TAVARES, 2000, p. 72 apud MONTAÑO, 2001). Neste, ocorre um “esvaziamento orçamentário” das atividades e dos desempenhos sociais estatais; e com isso “produz-se uma ritualização” dos “ministérios sociais”, que se transformam em meros gestores subordinados às políticas econômicas (cf. idem: 76-7, apud MONTAÑO, 2001). O afastamento do Estado do trato universal/não contratualista da “questão social”, a “precarização/focalização/descentralização da atividade estatal e o análogo aumento da ação social privada (filantrópica ou mercantil), finda pelo aprofundamento e ampliação das “desigualdades sociais”. A privatização da seguridade e das políticas sociais e assistenciais, seguindo dois caminhos: a) a remercantilização dos serviços sociais. Estes, enquanto lucrativos, são mercantilizados, transformados em “serviços mercantis”, em mercadorias, sendo traspassados para o mercado e vendidos ao consumidor, como uma nova forma de apropriação da mais-valia do trabalhador. Isso conforma o tipo de fornecimento empresarial de serviços sociais, dirigidos aos cidadãos plenamente integrados. b) a refilantropização das respostas à “questão social” (cf. Yazbek, 1995). Na medida em que amplos setores da população ficarão descobertos pela assistência estatal (precária, focalizada e descentralizada, ou seja, ausente em certos municípios e regiões e sem cobertura para significativos grupos populacionais) e também não terão condições de acesso aos serviços privados (caros), transfere-se à órbita da “sociedade civil” a iniciativa de assisti-la mediante práticas voluntárias, filantrópicas e caritativas, de ajuda-mútua ou autoajuda. É neste espaço que surgirá o que é chamado de “terceiro setor”, atendendo a população excluída ou parcialmente integrada. Isto se 8 constitui como “uma luva” na mão do projeto neoliberal. (YAZBEK, 1995, apud MONTAÑO, 2001, p. 9). Tornando-se uma ferramenta de estratégia neoliberal, o terceiro setor toma para si o posto de modificar o modelo de respostas às decorrências da questão social. Constitutivo de direito universal, sob tutela prioritária do Estado. O “terceiro setor”, orientado estrategicamente pelo conceito neoliberal, tem o papel tanto de explicar como de autenticar o processo de desestruturação da Seguridade Social (cf.1999, p. 85). Modificar a ação contra a reforma do Estado junto com o Estado, além de diminuir os conflitos negativos ao sistema da ampliação do desemprego, quanto de tornar as respostas à “questão social” em atividades cotidianas. Isso tudo para minimizar visivelmente as contradições de classe, desviando “as lutas sociais para atividades mancomunadas com o Estado e o empresariado, provocando aceitação e diminuindo o enfrentamento ao projeto neoliberal”. (MONTAÑO, 2001, p. 26). TEMA 3 – POLÍTICAS SOCIAIS NA CRISE CAPITALISTA No estado Liberal, as políticas sociais do capitalismo distinguem-se pelos arranjos da política social (que acompanha até a crise de 1929/1932) do keynesianismo-fordismo, que prevalece após a Segunda Guerra Mundial até os anos de 1970; e no início dos anos 80 do século XX, com avanços do governo burguês, surge o neoliberalismo, na procura do interesse próprio pelos indivíduos, ou seja, o desejo “natural” de melhorar as condições de existência, essa é a base da lógica liberal. “Trata-se, portanto, de um Estado mínimo, sob forte controle dos indivíduos que compõem a sociedade civil, na qual se localiza a virtude.” (BEHRING, 2000, p. 304) Trata-se de analisar as políticas sociais como processo e resultado de relações complexas e contraditórias que se estabelecem entre Estado e sociedade civil, no âmbito dos conflitos e luta de classes que envolvem o processo de produção e reprodução do capitalismo, nos seus grandes ciclos de expansão e estagnação, ou seja, problematiza-se o surgimento e o desenvolvimento das políticas sociais no contexto da acumulação capitalista e da luta de classes, com a perspectiva de demonstrar seus limites e possibilidades. (BEHRING, 2000, p. 304). 9 Como consequência de determinados processos político-econômicos, ocorridos em meados do século XIX e princípio do século XX, instaura-se o enfraquecimento dos alicerces que sustentam os pressupostos liberais. O avanço do movimento operário foi um dos primeiros a serem considerados como espaços políticos de grande importância, impelindo os burgueses a “oferecer os anéis para não perder os dedos”, ou seja: Reconhecer direitos de cidadania política e social cada vez mais amplos para esses segmentos, sendo que a luta em defesa da diminuição da jornada de trabalho, tão bem analisada por Marx (1988), foi a concentração e monopolização do capital, derrubando a ilusão liberal do indivíduo empreendedor orientado por sentimentos morais. Para Keynes, o Estado tem legalidade para interferir por meio de medidas econômicas e sociais, tendo em vista gerar demanda efetiva, ou seja, disponibilizar meios de pagamento e dar garantias ao investimento, inclusive contraindo déficit público, tendo em vista controlar as flutuações da economia. (BEHRING, 2000, p.309). A quantidade da produção precisa atender demanda do consumo e das convenções coletivas que trata dos resultados relacionados à produção, demonstrando assim o pacto fordista, ao qual o keynesianismo se agregou. Com a concretização dos direitos sociais, o estado atende ao modelo de bem-estar social, com capacidade de desempenhar seu papel de mediador, opondo-se a “expectativas do pleno emprego”. Para sair da crise, a receita neoliberal apresenta certas proposições fundamentais: 1) um Estado forte para romper o poder dos sindicatos e controlar a moeda; 2) um Estado parco para os gastos sociais e regulamentações econômicas; 3) a busca da estabilidade monetária como meta suprema; 4) uma forte disciplina orçamentária, diga-se, contenção dos gastos sociais e restauração de uma taxa natural de desemprego, ou seja, a recomposição do exército industrial de reserva que permita pressões sobre os salários e os direitos, tendo em vista a elevação das taxas de mais-valia e de lucro; 5) uma reforma fiscal, diminuindo os impostos sobre os rendimentos mais altos; e 6) o desmonte dos direitos sociais, implicando quebra da vinculação entre política social e esses direitos, que compunha o pacto político do período anterior. O crescimento do desemprego levou ao aumento da demanda por proteção social e por maiores gastos públicos no trinômio articulado da focalização, 10 privatização e descentralização. Assim, trata-se de “desuniversalizar” e “assistencializar” as ações, cortando os gastos sociais e contribuindo para o equilíbrio financeiro do setor público. (BEHRING, 2000, p.310). As políticas sociais definidas como concessões/conquistas mais ou menos flexíveis, dependendo da relação de forças na ação política entre os interesses das classes sociais e suas partes envolvidos na questão política social não se constituiu nem se funda, sob o capitalismo, num verdadeiro remanejamento de renda e riqueza. Compreende-se que a economia política se move historicamente a partir de condições objetivas e subjetivas e, portanto, o significado da política social não pode ser apanhado nem exclusivamente pela sua inserção objetiva no mundo do capitalnem apenas pela luta de interesses dos sujeitos que se movem na definição de tal ou qual política, mas, historicamente, na relação desses processos no todo. A política social – que recebe as obrigações do capital e, também, do trabalho, já que para muitos se trata de uma questão de sobrevivência – configura-se, no contexto da estagnação, como um terreno importante da luta de classes: da defesa de condições dignas de existência, face ao recrudescimento da ofensiva capitalista em termos do corte de recursos públicos para a reprodução da força de trabalho. (BEHRING, 2000, p. 316). TEMA 4 - CAPITALISMO E A DEMOCRACIA BRASILEIRA O Período do regime militar, no Brasil, teve suas particularidades, assim como também particular foi o processo de democratização. O período de transição foi longo gradual e vagaroso. Foram 11 anos até que os civis retomassem o poder, e se passaram mais cinco anos para que a população pudesse votar. No período de 1974 a 1982, ocorreu na primeira fase, período este em que a política de transição encontrava-se no poder dos militares, momento de ascendência do general Geisel na presidência da República, em 1974. Apesar dos obstáculos, o processo de liberalização teve prosseguimento, começando uma nova fase com as eleições de 1982. “A terceira fase foi de 1985 a 1990, a segunda fase da transição termina com a eleição de Tancredo Neves 11 e José Sarney, em 15 de janeiro de 1985.” (KINZO, 2001, p. 80) Entretanto o início de seu governo, em que começa à terceira fase da mudança, incidiria ainda pelo chamado efeito do acaso: a doença inesperada de Tancredo, culminando com a sua morte, induzindo à posse do vice, José Sarney, na presidência da República. A Nova República passou a ser chamada de o restabelecimento do governo civil, que nasce de forma frágil, de maneira especial para um presidente que enfrentaria uma crise econômica e social que se encorpava. Foi um presidente que tomou posse sem um plano de governo, sem legitimidade, além de uma figura política caracterizada por anos de vinculação aos militares. (KINZO, 2001, p. 80) A democratização que se inicia com a recomposição do governo civil, conforme aconteceu em outros períodos da história do Brasil, não foi o resultado de um rompimento com a antiga, aconteceu por meio de arranjos e do entrelaçamento de práticas e composições novas e antigas. Porém, tampouco há como negar que existam problemas no que se refere tanto à qualidade da contestação pública e da participação do cidadão quanto ao funcionamento efetivo do processo decisório democrático. Vale lembrar, em primeiro lugar, a questão social, isto é, o problema da pobreza e da desigualdade. Não resta a menor dúvida de que extremas desigualdades sociais são um fator que constrange a consolidação da democracia, especialmente no que se refere à efetiva participação política de todos os cidadãos. (KINZO, 2001, p. 80). A ampliação de direitos com a Constituição de 1988, que foi reconhecidamente inovadora, em distintas direções, continuando ainda hoje em processo de construção, múltiplos artigos que precisam de leis complementares, regulamentações à Constituição, no espírito de uma verdadeira (re)fundação da República, são descentralização; participação popular na vida política das associações civis; revalorização da ação política; e cidadania. Além dos movimentos sociais e populares. (FONSECA, 2007, p. 247). 12 Foi em 1988 o período máximo da resistência democrática, acontece junto com a terceira revolução industrial, que dá novas formas ao capitalismo, pois atribui o “modelo de acumulação flexível”, que substitui o “modelo fordista-keynesiano”, em vigor desde o pós-guerra, e apropriado como balizador, embora com outros ingredientes para o Brasil. Tal modelo pode ser resumido na extrema flexibilização das relações de produção – aqui o capital financeiro ocupa papel central – de trabalho. Mesmo com os problemas políticos, federativos, institucionais e societários das políticas públicas. (FONSECA, 2007, p. 247). A participação popular e um fator importante para democratização das sociedades, governos confiáveis, a distribuição equilibrada dos recursos públicos e da riqueza, no atual contexto do capitalismo.” Afinal, a democracia e a participação popular – temas eminentemente políticos – ampliam-se ao incorporar elementos substantivos à democratização: a distribuição da renda e a preocupação com as políticas sociais como extensão da democracia.” (FONSECA,2007, p.247). TEMA 5 – AS DEMONSTRAÇÕES IDEOCULTURAIS DA CRISE CAPITALISTA As insurreições científicas acontecidas entre os séculos XVI e XVII podem ser consideradas os principais padrões do pensamento moderno. Institui-se um novo modelo de se explicar o real, estabelecido pela razão, ou seja, a competência do homem em desenvolver proposições científicas como consequência de leis práticas. Esse modo de pensamento se encontra na base do projeto epistêmico da herança racionalista instituída por Descartes e da probabilidade empirista iniciada por Francis Bacon. Contudo o filósofo alemão Immanuel Kant vai aprimorar as ponderações acerca das probabilidades da razão na coordenação e forma de sistematizar os dados experenciados de modo mais científico. Para Kant, na produção do conhecimento, evidenciam-se dois elementos principais: “a existência do objeto que desencadeia a ação do pensamento e a participação do sujeito ativo e de sua capacidade de conhecer”. Ao vincular “razão” e “experiência”. (SIMIONATTO, 2009, p. 89). O humanismo, que remete à compreensão do homem enquanto “produto da sua própria atividade, de sua história coletiva”; o 13 historicismo concreto, relativo à “afirmação do caráter ontologicamente histórico da realidade, com a consequente defesa do progresso e do melhoramento da espécie humana”; e a “razão dialética”, que implica na compreensão objetiva e subjetiva da realidade e na superação do saber imediatista e intuitivo. Essa forma de apreensão da realidade, inaugurada com o pensamento hegeliano, contribuirá para a formação teórica de pensadores como Marx, Engels e toda a tradição marxista. (SIMIONATTO, 2009, p. 89) Na passagem entre os séculos XVIII e XIX se constitui o Estado burguês, com transformações expressivas nas esferas econômica, política, social e cultural. A supremacia burguesa no terreno das ideias foi favorável para a ruptura determinante com o feudalismo e o aparecimento do capitalismo. A sociedade burguesa trará um processo de modernização, com uma série de mudanças que há muito estão camufladas na Europa, tanto no campo da ciência como no da tecnologia. A teoria social de Marx, contemporânea ao positivismo, é outra das grandes expressões da razão moderna. Marx, diferentemente de Kant e de Comte, desenvolve uma teoria tendo como objeto a sociedade burguesa e como objetivo sua superação, mediante um processo revolucionário. O conhecimento, em Marx, não se apresenta apenas como ferramenta para a compreensão do mundo, mas, acima de tudo, como possibilidade de sua transformação, segundo as necessidades e os interesses de uma classe social. (SIMIONATTO, 2009, p. 89). Um dos fundamentos da “razão ontológica” é o ponto de vista da “totalidade”. Ao contestar a “razão instrumental”, proposta por Marx (1989) “também tem na realidade empírica seu ponto de partida, mas, ao desvendá‐la, possibilita uma crítica radical à sociedade capitalista, revestindo‐se, assim, de grande força política na luta pela transformação social.” A crise geral do capitalismo, provocada na passagem entre os anos 1960 e 1970, e as respostas proferidas pelo grande capital geraram transformações expressivas em distintas esferas da vida social. As transformações societárias desencadeadas nas últimas décadas do século XX e seus desdobramentos, no início do século XXI, sob o domínio do capitalismo financeiro e da sua 14 afirmação enquanto sistema hegemônico, exacerbaram os problemas e as contradições em todas as esferas da vida social. A razão dialética, até então afirmada como o instrumento por excelência para se analisar a realidade social, é desqualificadaem favor das tendências fragmentárias e em detrimento dos sistemas globalizantes de explicação do mundo. (SIMIONATTO, 2009, p. 92). Centrada nas “práticas discursivas”, a concepção do conhecimento ocorre na dimensão habitual, nas questões sobre os “novos sujeitos sociais, enfeixados” na opinião de um novo modelo que toma a realidade como um todo. No terreno das ciências sociais, iniciam-se as polêmicas metodológicas, tentando demonstrar que as abordagens “individualistas” e “culturalistas” toleram uma maior aproximação com o mundo vivido pelos sujeitos sociais. Não se pode negar que a globalização trouxe novas provocações e perspectivas no que tange ao conhecimento, estabelecendo empasses práticos e teóricos. Conforme Simionatto (2009), “no campo de movimentação das classes e grupos sociais, das estruturas de poder, dos processos de integração e fragmentação, das tensões religiosas, étnicas e de gênero”. O conjunto de transformações sociais, econômicas, políticas e culturais, pontuadas até aqui como expressões da pós‐modernidade, intervém inteiramente nas diferentes profissões e, assim, no Serviço Social, trazendo modificações nos campos teórico, prático‐operativo e político‐organizativo (SIMIONA
CONTEXTUALIZANDO Refletir sobre as desigualdades, vulnerabilidades sociais, pobreza e a exclusão, como as expressões da questão social. Um conjunto de circunstâncias distinguidas pela falta de acesso a meios de vida, tais como: bens e serviços públicos, educação, moradia, empregos dentre outras questões. Desestruturação dos vínculos sociais, que promovem o conjunto da sociedade, bem como aos riscos de quebra da integração social, da fragmentação política, econômica, social e cultural. Isso tudo está relacionado à perda dos vínculos sociais como resultado da negligência dos direitos sociais estabelecidos. Vamos aos estudos e boa aula! 3 TEMA 01 – EXCLUSÃO X INCLUSÃO A exclusão está presente em todos os países, não depende do seu nível de desenvolvimento, tendo em comum a questão social. Nos dias de hoje, quando a sociedade não tem acesso às políticas públicas, há situações de vulnerabilidade social fragilizando esta coletividade. Esse tipo de vulnerabilidade gera a exclusão social. Apresentando alguns conceitos sobre a vulnerabilidade na visão de alguns autores: Exclusão social pode ser definida como múltiplas privações resultantes da falta de oportunidades pessoais, sociais, políticas ou financeiras. A noção de exclusão social visa à participação social inadequada, falta de integração social e falta de energia. (HUNTER, 2000, p. 2-3, apud BORBA, LIMA, 2011 p. 219-220) Para Barry: Exclusão social é uma violação das exigências da justiça social manifestada através de conflitos de oportunidades e associados com a incapacidade de participar efetivamente na política. É um fenómeno distinto da pobreza e da desigualdade econômica. (BARRY, 1998, p. 1. apud BORBA, LIMA, p. 219-220, 2011) Para Silver: Alguns conceitos sobre exclusão social assinalam como falta de cidadania e que pode atuar como complemento das várias formulações elaboradas sobre o tema. Como os fatores de exclusão e inclusão social está associada à vulnerabilidade social, percebe-se, no entanto, que alguns dos fatores clássicos de exclusão, como fome, pobreza e desemprego. “A exclusão social de um grupo, ou dos indivíduos que pertencem a esse grupo é, antes de tudo, uma negação de respeito, reconhecimento e direitos." (SILVER, 2005, p. 138). O pleno emprego é antagônico ao processo de acumulação gerado pelo capitalismo. Esse aspecto é evidenciado conforme Sposati (1999), citado por Silva e Silva (2010), “a exclusão não é um fenômeno novo. Provém do processo de acumulação capitalista, apresentando caráter estrutural com adensamentos 4 cíclicos”. Portanto é próprio da sociedade capitalista incluir e excluir. Contudo, coloca a atribuição ou não do conceito de exclusão social para inclusão do quadro social brasileiro. (SILVA; SILVA, 2010 p. 156). Quando se fala de exclusão social, além dos recursos financeiros e materiais, junta-se aqueles que são restritos por uma causa ou uma diversidade de impedimentos tais como: a discriminação, qualificações baixas, doenças crônicas, morar em áreas isoladas, ausência de oportunidades de emprego e se enquadra em um processo que compreende a todos com condições e graus diferenciados. Também: Caracteriza se por um conjunto de fenômenos que se configuram no campo alargado das relações sociais contemporâneas: o desemprego estrutural, a precarização do trabalho, a desqualificação social, a desagregação identitária, a desumanização do outro, a anulação da alteridade, a população de rua, a fome, a violência, a falta de acesso a bens e serviços, à segurança, à justiça e à cidadania, entre outras. (LOPES, 2006, p. 13). Para que todos possam participar plenamente na sociedade, de haver a valorização das pessoas e dos grupos de forma imparcial no que diz respeito à religião, etnia, gênero ou diferença de idade; estruturas que possibilitem possibilidades de escolhas; envolvimento nas decisões que afetam a si em qualquer escala; disponibilidade de oportunidades e recursos necessários. Na esfera da inclusão social, sobressai-se a abordagem da solidariedade social com a implicação de todos os segmentos da sociedade. Contudo, todas as ações de inclusão social demandam, mais concretamente, uma gestão econômica e uma política social. Nesse contexto, alguns autores citados por Silva e Silva (2011) — como Glennerster (2000); Laclau (2006); Lopes (2006); Kowarick (2003) e Silver (2005) — colocam sobre a responsabilidade do Estado pela implementação de programas de compensação (SILVA; SILVA, 2011, p. 214 e 219). 5 TEMA 2 – CAPITALISMO E A DESIGUALDADE O tema desigualdade sempre esteve presente no cerne das preocupações das ciências sociais. Segundo Reis (2000), “moral da exploração do homem pelo homem”. Sua preocupação era que, se existisse uma relação entre igualdade social e opressão política, e por conhecer a imunidade dos nobres como trava ao “despotismo dos governantes”, isso trouxesse um conjunto de indivíduos igualmente “privados de liberdade”. Apostando na agregação espontânea e aleatória de “iguais/indivíduos” como um soro possível à opressão (REIS, 2000, p. 74). Durkheim (2004), citado por Reis (2000), viu a desigualdade moderna como diferença resultante da especialização, com proposta a solidificar “solidariedade social”, julgando que as pessoas não eram “iguais” e, por dependerem umas das outras, portanto, integravam-se a um todo social. É a esse estado de anomia que devem ser atribuídos, como mostraremos, os conflitos incessantemente renascentes e as desordens de todo tipo de que o mundo econômico nos dá o triste espetáculo. Porque, como nada contém as forças em presença e não lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar, elas tendem a se desenvolver sem termos e acabam se entrechocando, para se reprimirem e se reduzirem mutuamente [...] as paixões humanas só se detêm diante de uma força moral que elas respeitam. Se qualquer autoridade desse gênero inexiste, é a lei do mais forte que reina e, latente ou agudo, o estado de guerra é necessariamente crônico.” (DURKHEIM, VII, 2004, apud REIS, 2000, p. 75). Os conceitos de igualdade e diferença, se pusermos a questão dentro de estudo semântico, são opostos e se contradizem. O contraste entre igualdade e desigualdade refere-se, quase sempre, não a um aspecto «essencial», mas a uma «circunstância» associada a uma forma de tratamento (mesmo que esta circunstância aparentemente se eternize no interior de determinados sistemas políticos ou situações sociais específicas). Tratam-se de dois ou mais indivíduos com igualdade ou desigualdade relativamente a algum aspecto ou direito, conforme sejam concedidos mais privilégios ou 6 restrições a um e a outro (isto pode ocorrer independentemente de serem eles iguais ou diferentes no que se refere ao sexo, à etnia ou a profissão). (BARROS, 2005, p. 345) Na era dos monopólios da sociedade capitalista, a desigualdade social é fruto do

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