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Origem do Cloroplasto e Classificação das Algas A fotossíntese baseada na clorofila a é restrita a cianobactérias, algas ou eubactérias produtoras primárias, que utilizam o dióxido de carbono (CO2) com desprendimento de oxigênio. Os eucariontes fotossintéticos adquiriram essa capacidade por endossimbiose com estas eubactérias autotróficas. O surgimento da clorofila, uma molécula complexa, alterou completamente a atmosfera, causando um enorme impacto na historia do planeta e redirecionando a evolução dos seres vivos. Com o advento da fotossíntese, o O2 (oxigênio) começou a ser liberado para a atmosfera terrestre e foi se acumulando gradativamente. Com 2,8 a 2,4 bilhões de anos, o oxigênio já deveria estar presente em pequena quantidade (em torno de 0,5%) possibilitando a respiração aeróbia. Nessa época, devem ter-se originado os ancestrais de bactérias aeróbicas que deram origem às mitocôndrias. Nesse período, também devem ter surgido as primeiras defesas celulares contra os efeitos tóxicos do oxigênio, até então um gás tóxico e letal para a maioria das formas de vida existentes no planeta. Há cerca de 2 bilhões de anos é que o oxigênio começou a ser acumulado na atmosfera em quantidades suficientes para formar uma camada de ozônio (O3), a qual diminuiu a incidência dos raios ultravioletas sobre a superfície terrestre. As evidências que apóiam a simbiogênese, uma associação simbiótica estável entre uma célula hospedeira e células procarióticas, estão baseadas em: (1) as proteínas presentes nas organelas são mais semelhantes aos seus análogos procarióticos do que aos eucarióticos; (2) existem procariotos de vida livre com forte semelhança estrutural, bioquímica e genética com as respectivas organelas; (3) as organelas possuem genoma próprio, com organização semelhante ao genoma procariótico; (4) os RNAs (ribossômico, transportador e mensageiro) das organelas são mais semelhantes aos de procariotos; (5) as organelas são semi- independentes, com capacidade de replicação; e (6) as organelas e suas funções estão presentes ou ausentes das células eucarióticas, não sendo encontradas formas intermediárias. Ocorrem quatro grupos distintos em algas. O primeiro contém somente as algas procariontes, as Cyanophyta (Cyanobacteria), caracterizada pela organização celular procarionte. O segundo grupo contém as algas eucarióticas com cloroplastos envolvidos somente pelo envelope cloroplástico, não contendo retículo endoplasmático. Estas algas foram formadas pelo evento evolucionário que envolveu a captura de uma cianobactéria por um protozoário aeróbico fagotrófico contendo mitocôndrias e peroxissomas. Normalmente a cianobactéria seria digerida como fonte de alimento pelo protozoário heterotrófico. Entretanto, por alguma razão, a célula algal foi retida no citoplasma hospedeiro como um endossimbionte. Como endossimbiose, esta foi benéfica ao protozoário hospedeiro porque este recebe alguns produtos da fotossíntese vindo do endossimbionte. Foi também um benefício ao endossimbionte, porque este reside no ambiente estável do citoplasma do hospedeiro. Figura 1: evento de simbiose primária, a inclusão de uma alga procariótica por uma vesícula alimentar de um protozoário. No processo da evolução desta endossimbiose, a membrana plasmática do endossimbionte tornou-se a membrana interna do envelope cloroplástico e a vesícula alimentar (membrana do fagossoma do hospedeiro) tornou-se a membrana externa do envelope cloroplástico. Evidências em criofratura demonstram que a orientação das membranas apresenta-se diferente, pois as duas camadas lipídicas têm aparências distintas quando estão voltadas para o interior ou exterior. A membrana mais interna parece estar na orientação “correta”, enquanto que a membrana mais externa parece estar invertida, indicando uma origem a partir do fagossomo. Uma vez ocorrida a endossimbiose, genes do endossimbionte podem ser transferidos lateralmente para o núcleo da célula hospedeira. Os produtos desses genes devem ser então direcionados às organelas, portanto estas são semi-independentes, já que mitocôndrias e cloroplastos necessitam dos produtos de alguns genes que agora são codificados no núcleo. Em alguns complexos enzimáticos, como o caso da formação da RUBISCO (ribulose 1,5 difosfato carboxilase/oxigenase), a enzima responsável pela fixação do dióxido de carbono pelo ciclo de Calvin na fotossíntese, uma parte das suas subunidades (as menores) é codificada pelo genoma nuclear e a outra parte (subunidades maiores) pelo genoma da organela. A hipótese tradicional diz que a célula hospedeira, adquiriu sua mitocôndria, já possuía um núcleo. Alguns autores propõem que uma ordem de origem das estruturas eucarióticas seria mais lógica se primeiro se formasse o citoesqueleto, possibilitando a fagocitose, depois a origem da mitocôndria, seguido do sistema de endomembranas e, por fim, o compartimento nuclear. A associação simbiótica entre organismos autótrofos e heterótrofos é extremamente comum na natureza. Diversos animais e protozoários apresentam associações com microalgas (como corais, esponjas, ascídias e foraminíferos). Os fungos associam-se às algas, formando os liquens. Em ambientes iluminados e ricos em nutrientes, a fotossíntese tende a ser superprodutiva, a ponto de haver excesso de produção para o organismo hospedeiro. Todos os organismos que possuem cloroplastos também possuem mitocôndrias, o que sugere que as mitocôndrias precederam os plastos. Entretanto, isso também pode indicar que as mitocôndrias são obrigatórias para a manutenção de plastos. Existem vários tipos de cloroplastos que diferem em forma, ultraestrutura e pigmentação. Entretanto, seqüências de RNAr e de vários outros genes indicam uma origem monofilética para todos os cloroplastos, contrapondo-se a teoria vigente, de uma origem polifilética. As árvores filogenéticas indicam um único evento primário de endossimbiose. Entretanto, esses dados também poderiam ser interpretados como eventos múltiplos com um grupo de cianobactérias filogeneticamente próximas. As Glaucophyta representam o estágio intermediário neste processo, na qual a alga endossimbiótica não está completamente envolvida em um cloroplasto. A alga em Rhodophyta (algas vermelhas) e Chlorophyta (algas verdes) representa a completa transformação evolucionária em cloroplastos maduros. Além deste evento de endossimbiose primário, múltiplos eventos endossimbióticos secundários ocorreram nas linhagens eucarióticas fotossintetizantes. Um evento de endossimbiose secundário é aquele onde uma célula eucariótica engloba outra célula eucariótica que já contenha um cloroplasto (produto de evento primário). Eventos de endossimbiose secundários geraram cloroplastos complexos com mais de duas membranas (três ou quatro). Em alguns casos, é ainda possível verificar a presença de um nucleomorfo (núcleo vestigial) entre a segunda e a terceira membranas do cloroplasto. Na endossimbiose secundária, o núcleo da célula englobada sofre o mesmo processo de redução, com perda e transferência lateral de genes para o núcleo da célula hospedeira. O cloroplasto secundário além das duas membranas (interna e externa do cloroplasto) possui ainda uma terceira (membrana do eucarioto que foi englobado) e uma quarta (do fagossomo) membranas eucarióticas. Em alguns casos, parece ter ocorrido a perda de uma das membranas, como nas euglenófitas e nos dinoflagelados. O terceiro grupo evolucionário contém as Euglenophyta (euglenóides) e Dinophyta (dinoflagelados), algas que possuem um cloroplasto envolvidopor uma membrana de retículo endoplasmático. Este padrão evolucionário resultou quando o cloroplasto de uma alga eucariótica foi aprisionado em uma vesícula alimentar por um protozoário fagotrófico. Os benefícios encontrados pelo hospedeiro e endossimbionte são os mesmos que no de algas do segundo grupo. A membrana da vesícula alimentar do hospedeiro torna-se a membrana simples do retículo endoplasmático cloroplástico envolvendo as duplas membranas do cloroplasto nas Euglenophyta e Dinophyta. Figura 2: evento de simbiose secundária, a inclusão de um cloroplasto por uma vesícula alimentar de um protozoário. Presença de três membranas cloroplásticas (a mais externa é do retículo endoplasmático). Perda de uma das quatro membranas, provavelmente a membrana do eucarioto que foi englobado. O quarto grupo evolucionário contém aquelas algas com duas membranas de retículo endoplasmático cloroplástico envolvendo o cloroplasto. A membrana mais externa do retículo endoplasmático cloroplastico é contínua com a cariomembrana (carioteca) e possui ribossomos na superfície mais externa. Então se pode entender que, uma alga vermelha deu origem aos cloroplastos das algas com clorofila c (dinoflagelados, criptófitas, haptófitas (Prymnesiophyta) e heterocontes). As algas verdes são apontadas como o grupo que deu origem aos cloroplastos das euglenófitas e, possivelmente, do plasto não- fotossintetizante dos apicomplexa, grupo que inclui o Plasmodium (causador da malária) e Toxoplasma (causador da toxoplasmose). Figura 3: evento de simbiose secundária. A seqüência de eventos mostra a formação do cloroplasto envolvido por duas membranas do retículo endoplasmático. Referências Bibliográficas: LEE, R.E. Phycology. 3ª ed. Cambridge: University Press, 1999. 614p. www.editorasaraiva.com.br/biosonialopes/pdf/origem_ organelas .pdf , consulta em 19/10/06.
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