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Psicologia da Percepção
Profa. Joan Rios
Atenção
Cap. 6: Padrão visual e percepção da forma: processos básicos da organização perceptual
Processamento perceptual
	Percepção é muito mais do que transmissão de impulsos nervosos pelo sistema sensorial a regiões específicas do cérebro, pois envolve também consciência e representações internas da estimulação. A entrada das informações sensoriais chama-se input sensorial o qual é analisado para criar uma representação significativa do mundo real.
1. Processos Bottom-up e Top-down
	Estas são as duas abordagens básicas de análise e processamento perceptual. Bottom-up (processos dirigidos por dados) começa pelas características sensoriais discretas quando os elementos básicos se combinam aos mecanismos involuntários do cérebro para construir e formar padrões e formas identificáveis.
	Top-down (processos dirigidos conceitualmente) envolve níveis de análise mais elevados, globais e abstratos, voluntariamente comprometidos na operação de processos inferiores. Deles depende o conhecimento, a experiência, o significado, a interpretação dada e as expectativas do observador.
	Destes dois processos faz parte a atenção no processamento perceptual.
2. Atenção
	Apesar dos inúmeros estímulos a que somos submetidos diariamente, apenas alguns deles recebem nossa atenção. O input ambiental passa por um processo de seletividade a fim de organizar as inúmeras informações recebidas e selecioná-las. 
	Esta seletividade oportunizada pelos mecanismos atencionais permite ao homem lidar com ambientes complexos e, mediante as informações oriundas dos sistemas sensoriais, selecionar o que é mais importante. Esta decisão, porém, envolve também questões psicológicas tais como motivação, intenção, emoção, memória, expectativas etc..
	Quando a atenção é dirigida a um estímulo específico ou importante eleva-se a atividade de sua representação cortical correspondente, enquanto diminuem as respostas neurais aos estímulos remanescentes e sem importância. Portanto, a atenção tanto seleciona quanto suprime a estimulação ambiental.
3. Tipos de Atenção
ATENÇÃO DIFUSA 
	É a função mental que focaliza, de uma só vez, diversos estímulos que estão dispersos espacialmente, realizando uma captação rápida de informações e fornecendo um conhecimento instantâneo para o indivíduo.
Ex.: no painel de controle de um carro há vários instrumentos como o relógio de combustível, velocímetro e o odômetro. A Atenção Difusa seria usada no momento em que o motorista, em uma olhada, consiga ver todos esses instrumentos - o relógio do combustível, velocidade do veículo e a quilometragem percorrida.
ATENÇÃO CONCENTRADA
	É a função mental em que os interesses de focalização (dos estímulos) são dirigidos a um centro onde existe apenas um estímulo ou onde estão reunidos um grupo de estímulos que tenham características em comum. Para alcançar-se este tipo de atenção é necessário um tempo maior.
Ex.: o motorista dirigindo na pista deve estar atento tanto às informações advindas das sinalizações quanto à coordenação dos movimentos necessários à direção do veículo. 
ATENÇÃO DISCRIMINATIVA
	É a função mental onde o motorista, ao focalizar dois ou mais estímulos diferentes, necessita realizar uma discriminação, uma separação, para tomar em consideração somente o estímulo de seu interesse e assim emitir uma resposta específica. 
Ex.: o motorista está dirigindo o veículo e ouvindo rádio. Ele pode escolher prestar atenção na estrada ou escutar o rádio. Direcionando a atenção para o rádio o motorista pode ocasionar um ato imprudente tendo como consequência um acidente. 
4. Atenção Auditiva
Quando expostos a dois estímulos auditivos diferentes (um em cada ouvido = escuta dicótica) e solicitados a repetir as palavras de apenas um dos estímulos geralmente muito pouco se consegue registrar mentalmente sobre o que foi ouvido no ouvido que não recebeu atenção, porém conseguimos repetir o que foi escutadopois “desligamos” aquilo que ouvimos no outro ouvido.A este processo damos o nome de memória ecóica do sistema auditivo. Como isso é possível?
Através da seleção precoce! É ela que embasa a Teoria do Filtro!
4.1 Teoria do Filtro: 
As informações sensoriais passam pelo sistema auditivo e quando se deparam com um gargalo, ou seja, com a impossibilidade de seguirem e serem codificadas juntas, a pessoa decide a qual estímulo auditivo dar atenção, sendo as demais informações “filtradas”. Esse filtro se deve ao volume, ou interesse na mensagem ouvida, ou seu valor semântico ou mesmo qual dos ouvidos foi escolhido para recepção do estímulo.
4.2 Teoria da atenuação e a teoria da seleção tardia
Atenuação: quando certas mensagens seriam enfraquecidas mas não filtradas inteiramente com base em suas propriedades físicas, ou seja, o filtro seleciona qual mensagem deve acompanhar.
Teoria da seleção tardia: as pessoas podem perceber várias mensagens mas só podem sombrear uma por vez, necessitando de alguma base para selecionar aquele estímulo que será sombreado. Esta filtragem ocorre depois que o estímulo perceptivo já foi submetido à análise do conteúdo verbal.
Embora seja verdade que as informações auditivas que não recebem atenção não são bem processadas, aparentemente os sujeitos são capazes de conservar estas informações por breves períodos.
5. Atenção Visual
A acuidade da retina varia mas é na fóvea que atinge seu ápice. Ao focarmos em algo, concentramos esta parte importante do olho no estímulo a que queremos nos ater formando a memória icônica. Entretanto, mesmo não usando a fóvea é possível processar o que está no campo visual fora dela. Experimento: olhar nos olhos de alguém fixamente e ler um texto ao lado do rosto desse alguém.
5.1 A metáfora do refletor
A atenção visual seria como um refletor para focalizar as diversas partes do campo visual. Quanto maior o ângulo visual que ele abrange menor a qualidade de processamento de qualquer parte do campo, ou seja, estreitando-se o facho se proporciona o melhor processamento daquela parte do campo visual. Experimento com imagem dupla.
5.2 Base neural da atenção visual
São muito semelhantes aos da atenção auditiva. Ao direcionar a atenção ao olho dominante surge uma resposta neural distinta no córtex visual, seja pela seleção de estímulos a partir de suas propriedades físicas ou pela localização do estímulo.
5.3 Memóriavisuossensorial
Trata-se de uma forma de memória visual de curto prazo cujos estímulos são apagados da memória em pouquíssimo tempo, salvo se estes estímulos receberem mais tempo para serem fixados. É a memória da experiência perceptiva por armazenagem visuossensorial, possibilitada pelos bastonetes.
5.4 Reconhecimento de Padrões e Atenção
Segundo a Teoria da integração de características, as pessoas devem focalizar a atenção em um estímulo para que possam sintetizar suas características em um padrão pois somos capazes de combinar características em uma percepção acurada quando nossa atenção está concentrada no objeto.
5.5 Omissão do Campo visual
Áreas cerebrais responsáveis pela atenção visual relacionam-se ao colículo superior, lobo parietal posterior e a área pulvinar no mesencéfalo. Lesões nessas áreas provocam déficits na atenção visual provocando uma série de dificuldades de localização, identificação e movimentação de objetos no campo visual.
5.6 Atenção baseada em objetos
Nossos olhos geralmente se movimentam a fim de acompanhar os objetos enquanto eles se movimentam pelo nosso campo visual, entretanto a atenção não exige que os olhos se movimentem para acompanhar um objeto, ou seja, a atenção visual pode ser direcionada para objetos independentemente de sua localização. 
6. Um gargalo central
O gargalo central ocorre quando o sujeito tem de raciocinar em uma tarefa de cada vez envolvendo tanto estímulos auditivos quanto visuais. Quando as modalidades de tarefa não são conflitantes é possível processar várias fontes ao mesmo tempo, caso contrárionão.
6.1 Automatismo
A prática leva geralmente a redução do componente cognitivo central ou automatismo limitando assim a atenção necessária. Isso se deve porque os sistemas perceptivos (visão e audição, por exemplo) e motores e os sistemas de cognição central são sistemas independentes que avançam em paralelo. Entretanto, a cognição central é o gargalo já que muitas tarefas exigem coordenação. Quando a prática elimina a necessidade da cognição central, surge o automatismo.
6.7 EfeitoStroop
Os processos automáticos parecem ser difíceis de parar de executar. Assim, ao vermos uma palavra geralmente a lemos, por exemplo, mesmo que isso não seja necessário. Inibir uma ação muito automática é difícil.

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