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Apostila 005 Direitos Sociais Constitucional Zélio Maia

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Professor Zélio Maia 
Direito Constitucional 
Material das Aulas 12 a 17 
 
 
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DIREITOS SOCIAIS 
 
1 – Considerações gerais 
 
Os direitos sociais constitucionais vem especificados nos artigos 6° a 11 da Constituição Federal. Os direitos 
sociais são direitos fundamentais reconhecidos expressamente pelo texto constitucional e integram o Título II da 
Constituição, que trata dos “Direitos e Garantias Fundamentais”. 
Pelo disposto no artigo 6°, são direitos sociais: educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, 
previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados. 
Veja que os direitos sociais apresentados no texto constitucional em seu art. 6° constituem-se em preceitos 
abertos, caracterizando típica norma programática, sendo que o art. 7° promove o estudo detalhado dos direitos 
relacionados no art. 6°. 
 
ATENÇÃO 
 
O rol dos direitos do art. 7° é meramente exemplificativo 
podendo, portanto, a lei contemplar outros ali não relacionados. 
 
2 – Destinatários dos direitos trabalhistas constitucionais 
 
Antes de analisar os direitos dos trabalhadores especificados nos incisos há de se entender o alcance da 
expressão trabalhadores empregada no caput deste artigo eis que nem todo trabalhador terá os direitos aqui 
relacionados. Aqui se discute qual o “leque” de trabalhadores que devem ser atendidos pela legislação trabalhista, 
subordinados, portanto, às regras do art. 7.º da Constituição Federal, ou seja, antes de qualquer coisa há de se 
ressaltar que os direitos dos trabalhadores aqui relacionados aplicam-se apenas àqueles que mantém vínculo de 
emprego (exceção feita, conforme se verá, apenas aos avulsos). 
 
ATENÇÃO 
 
Trabalhador para efeitos do disposto no art. 7° é apenas 
aquele que mantém vínculo de emprego, ou seja, é regido pela CLT. 
 
O caput do art. 7° apresenta como destinatários os trabalhadores urbanos e rurais vindo assim especificado: 
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua 
condição social” 
A expressão “trabalhadores” não pode ser entendida como aquele que mantém vínculo administrativista com 
a administração pública (o denominado estatutário) eis que estes são regidos por seu estatuto próprio. É certo que 
vários dos direitos especificados aqui são também aplicáveis aos servidores mas tal aplicação não os converte em 
 
 
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direitos trabalhistas. As férias, por exemplo, o servidor tem direito com suporte no texto constitucional mas esse 
direito é um direito estatutário e não trabalhista. 
Por fim deve ser ressaltado que, dentro dos limites propostos nesta obra a abordagem a ser feita no estudo 
dos direitos dos trabalhadores será exclusivamente os aspectos constitucionais, não entrando em detalhamentos do 
direito do trabalho, salvo, é claro quando imprescindíveis ao entendimento do tema. 
 
ATENÇÃO 
 
O servidor público é regido por estatuto de direito 
administrativo, logo não deve ser confundido com trabalhador (CLT) 
 
3 – Proteção ao trabalhador 
 
“I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei 
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço;” 
 
A relação de emprego deve ser protegida contra a despedida arbitrária ou imotivada a fim de proporcionar o 
emprego aos cidadãos em geral. Essa garantia, no entanto, não alcança o patamar de estabilidade – extinta pela 
Constituição. 
As garantias contempladas no texto constitucional são: indenização compensatória, seguro desemprego e 
fundo de garantia por tempo de serviço. 
Até a Constituição de 1988 era possível o trabalhador alcançar estabilidade, para tanto bastava contar com 10 
anos de serviço na mesma empresa e não se optante pelo FGTS. Com a Constituição atual o FGTS passou a ser direito 
de todo trabalhador (contrario sensu passou a ser uma obrigação do empregador), gerando assim o fim da 
estabilidade antes prevista na CLT. Em substituição á estabilidade no emprego foi criada a garantia no emprego em 
forma de uma indenização compensatória no caso de despedida arbitraria ou sem justa causa. A indenização 
compensatória será prevista em lei complementar. Hoje essa indenização consiste em um percentual pago ao 
trabalhador dispensado sobre os depósitos efetuados em sua conta vinculada do FGTS. 
Outra proteção conferida ao trabalhador consiste no recebimento de seguro-desemprego objeto de 
regulamentação específica. 
Como dito antes o FGTS passou a ser obrigatório para todo e qualquer empregado o gerou o fim da 
estabilidade. O FGTS consiste em um depósito mensal de um percentual definido em lei para, em caso de dispensa 
sem justa causa, o empregado ter uma reserva para usar enquanto busca outra ocupação. 
ATENÇÃO 
O trabalhador não tem mais estabilidade – salvo as provisórias – e 
em substituição tem a indenização como garantia contra as despedidas 
imotivadas. 
 
 
 
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4 – Sistema remuneratório 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais 
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação 
para qualquer fim; 
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; 
20.4.1 – Salário mínimo 
A definição legal de salário mínimo vem expressa no art. 7º, IV do texto constitucional. 
Ressaltem-se os principais pontos de definição: 
O salário mínimo tem como requisitos: 
1 – nacionalmente unificado – não se admite mais, como ocorria antes da atual Constituição, o salário mínimo 
regionalizado; 
2 – fixado por lei – não se pode fixar salário mínimo por norma infralegal (decreto, por exemplo); a medida 
provisória, por ter força de lei pode ser utilizada para legislar sobre salário mínimo. 
3 – vedada sua vinculação para qualquer fim – o salário mínimo não pode ser atrelado a nada, essa é a regra 
decorrente do texto constitucional; o espírito dessa vedação visa evitar que, com o atrelamento do salário mínimo a 
outros fins (ex. fixar um contrato fixado em salários mínimos) venha gerar aumentos em cascatas sempre que se 
promover reajustes no salário mínimo. Nesse passo não se pode utilizar o salário mínimo para indexar vencimentos 
de servidor bem como também não pode ser utilizado como indexador de vantagens (súmula vinculante n° 4). 
4 - necessidade do trabalhador e sua família – para fazer frente às necessidades básicas da família do 
trabalhador. A atual Constituição inseriu na definição de salário mínimo a destinação à família do trabalhador, o que 
até então a lei não contemplava. 
No que diz respeito ao salário mínimo o STF decidiu que a garantia à sua percepção não se aplica aos militares 
(súmula vinculante n° 6). 
ATENÇÃO 
Salário mínimo é apenas o nacional, não pode haver salário 
mínimo estadual ou regional. 
 
4.2 – Piso salarial 
É aquele devido ao trabalhador de determinada categoria(firmado por convenção, acordo coletivo ou 
sentença normativa ou ainda por lei), em termos fixos. 
 
4.3 – Irredutibilidade salarial 
A regra é que o salário do trabalhador não poderá ser reduzido (princípio da irredutibilidade salarial), 
podendo, no entanto, quando precedido de negociação coletiva, ser reduzido, desde que seja diminuída também a 
jornada do trabalhador. 
 
 
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Nem mesmo a lei poderá promover a redução da do salário, pois o texto constitucional é expresso em afirmar 
que isso somente poderá ser alcançado mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho. 
Foi criado, pela Medida Provisória n. 1.709, de 29-10-98 e suas sucessivas reedições, o contrato de trabalho 
parcial; segundo essa medida o trabalhador pode, exercendo uma jornada menor, receber proporcionalmente a tal 
jornada, sendo que tal proporção deve tomar como referência mínima os salários daqueles que cumpram a jornada 
integral (art. 2.º). A última Medida Provisória a regular contrato parcial foi a de n. 2.164-41, de 24-8-2001, tendo 
introduzido definitivamente o art. 58-A na CLT. 
ATENÇÃO 
A redução do salário somente pode ocorrer quando previsto 
em acordo ou convenção coletiva de trabalho. 
 
5 – Gratificação natalina 
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
 
6 – Trabalho noturno 
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
O trabalhado desenvolvido à noite, por provocar maior fadiga ao trabalhador, é contada como 52min. e 
30seg.. 
Veja que o fato da hora noturna ter um acréscimo remuneratório não impede a redução do tempo da hora 
noturno. 
O trabalhador terá, pois, em razão da maior fadiga proporcionada pelo trabalho desenvolvido à noite, uma 
hora contada com 7 minutos e 30 segundo a menos e ainda terá direito ao acréscimo remuneratório. 
ATENÇÃO 
O trabalho noturno não tem definição constitucional, logo 
não a lei é quem cuida de definir o acréscimo. 
 
7 – Retenção dolosa do salário 
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
Esse preceito constitucional ainda não foi objeto de regulamentação. 
 
8 – Participação nos lucros da empresa 
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação 
na gestão da empresa, conforme definido em lei; 
A participação nos lucros da empresa é determinação constitucional a fim de manter uma maior integração 
entre capital e trabalho. 
Os lucros distribuídos aos trabalhadores não integram a remuneração, logo não há incidências legais de FGTS, 
férias, 13° etc. 
 
 
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9 – Salário Família 
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
 
10 – Jornadas constitucionais de trabalho 
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada 
a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo 
negociação coletiva; 
 
10.1 – Jornadas diária e semanal 
A Constituição especifica, no inciso XIII a jornada de trabalho máxima, tanto a diária como a semanal; no 
entanto possibilita o elastecimento das ditas jornadas sem a contrapartida das horas extraordinárias, desde que 
promovida a respectiva compensação e exigindo ainda previsão em acordo ou convenção coletiva de trabalho. 
Nenhum empregado está obrigado a trabalhar além de sua jornada normal, salvo nos casos de necessidade 
imperiosa ou força maior. Havendo concordância do empregado em fazer horas extras, poderá ter sua jornada 
acrescida de até duas horas. 
Sempre que se verificar a prestação de horas suplementares, estas serão, necessariamente, acrescidas de 
cinqüenta por cento. Isso por força do disposto no art. 7º, XVI da CF. 
É possível, no entanto, a compensação de jornada onde as horas trabalhadas a mais serão compensadas com 
folga sem o pagamento de horas extras. Aqui as partes poderão acordar o regime de compensação, de modo que o 
empregado não trabalhe todos os dias da semana. Nesse caso, o excesso de horas em um dia será compensado pela 
respectiva diminuição de horas em outro dia. 
 
10.2 – Jornada ininterrupta de revezamento 
Nessas jornadas, em que não há paralisação para descanso do empregado, a sua duração máxima é de seis 
horas. Sempre que extrapolar esse limite legal, o empregado terá direito a adicional por hora extra, devendo a 
jornada superior a quatro horas, até seis horas, ter um intervalo de quinze minutos, não computados como horário 
de trabalho. 
Assim como na jornada normal, a jornada ininterrupta de revezamento, também admite compensação onde 
restará eliminado pagamento de horas extras. É comum o trabalhador trabalhar 12 horas corridas e folgar 36 horas. 
Neste exemplo temos o turno ininterrupto com compensação. 
 
11 – Repouso semanal remunerado 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
Previsto no art. 7.º, XV, e arts. 67 e 68 da Consolidação das Leis do Trabalho. O repouso semanal remunerado 
deve ser, preferencialmente, gozado aos domingos, não obrigatoriamente, devendo haver compatibilização entre as 
necessidades da empresa e do empregado. 
O repouso semanal tem como fundamento dar ao empregado 1 dia para descanso destinado ao convívio com 
a família, ao convívio social e à reposição das energias gastas em uma semana de trabalho. 
 
 
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Naquelas atividades em que o trabalho é desenvolvido normalmente aos domingos (atualmente esse leque de 
atividades vem aumentando em lugares como shopping, padarias, supermercados, pizzarias etc.), o empregado terá 
direito ao repouso em outro dia da semana. 
 
12 – Horas extras 
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; 
As horas extras serão pagas com adicional que seja especificado em lei ou em convenção ou acordos coletivos 
de trabalho, devendo, no entanto, ser acrescida de pelo menos 50% sobre a hora normal. 
 
13 – Férias 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
As férias anuais remuneradas destinam-se a conferir ao trabalhador um período de reposição de suas energias 
físicas e psíquicas e devem ser acrescidas de pelo menos 1/3 a mais que o salário normal. 
 
14 – Licença gestante 
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; 
Não se tratará aqui do detalhamento da licença gestante como especificado em lei, ficando assentado, no 
entanto, que o período que vier a ser regulamentado não pode ser inferior a 120 dias. 
 
15 – Licença paternidade 
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
Norma de eficácia limitada que, ante a ausência de lei deve ser aplicado o art. 10 da ato das disposições 
constitucionais transitórias (ADCT) que fixa em 5 dias, lembrando que qualquer prazo fixado por lei prevalece sobre 
o prazo transitoriamente fixado no ADCT. 
 
16 – Proteção do trabalho da mulher 
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
O princípio da igualdadeconsiste em conferir o mesmo tratamento aos iguais e tratamento desigual aos que 
estiverem em situação de desigualdade. No caso posto na presente assertiva, há texto constitucional expresso a 
prever o tratamento desigual que deve ser conferido à mulher trabalhadora. Esse dispositivo, portanto, busca, 
mediante ações afirmativas, conferir condições para que a mulher possa desenvolver atividades laborais levando em 
conta suas condições especificas. 
 
 
 
 
 
 
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17 – Aviso prévio 
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; 
O aviso prévio foi contemplado no texto constitucional como um direito do trabalhador onde o seu prazo 
mínimo fixado é de 30 dias ficando dependente de regulamentação a fixação da proporcionalidade em decorrência 
do tempo de serviço. 
Havia em tramitação diversos mandados de injunção buscando a regulamentação do preceito constitucional 
aqui estudado em razão da omissão do legislador ordinário em elaborar lei que regulamentasse a proporcionalidade 
do aviso prévio. 
Em razão do início do julgamento de um dos mandados de injunção foi que o Congresso cuidou de elaborar a 
lei n° 12.506/2011. Pela lei para cada ano trabalhado, após o primeiro, o aviso prévio deve ser acrescido de mais 3 
dias não podendo referido acréscimo passar de 60 dias. Assim, o total do aviso prévio não pode ser superior a 90 
dias. 
ATENÇÃO 
A CF não especifica a proporcionalidade, mas sim a lei. 
 
18 – REDUÇÃO DOS RISCOS DO TRABALHO 
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; 
 
19 – ADICIONAL DE ATIVIDADES PENOSAS, INSALUBRES E PERIGOSAS 
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; 
As atividades, assim como respectivos adicionais citados neste inciso, serão objeto de regulamentação 
específica onde se definirá o que caracterizará cada uma dessas atividades, bem como seus respectivos acréscimos 
remuneratórios. 
 
20 – APOSENTADORIA 
XXIV - aposentadoria; 
As regras gerais da aposentadoria dos trabalhadores são apresentadas nos art. 201 e 202 da CF e sua 
regulamentação ocorreu por força da n° 8.213/1991. 
 
21 – CRECHES PARA DEPENDENTES DOS TRABALHADORES 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em 
creches e pré-escolas; 
Os filhos e dependentes dos trabalhadores, até a idade de 5 anos, terão direito à assistência em creches e pré-
escolas. Antes da EC n° 53/2006 a idade limite do direito em análise era de 6 anos, vindo essa emenda a reduzir a 
idade para 5 anos. 
 
 
 
 
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22 – CONVENÇÕES E ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO 
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; 
As convenções e acordos coletivos de trabalho são instrumentos postos à disposição dos trabalhadores e 
empregadores para a fixação das condições de trabalho. Alcançar o consenso deve sempre ser o objetivo das partes 
envolvidas em uma negociação coletiva. O acordo ou convenção são espécies do gênero negociação coletiva. A 
convenção envolve toda a categoria, já o acordo alcança apenas os trabalhadores de determinada, ou determinadas, 
empresa. Quando se firma uma convenção coletiva, por exemplo, dos bancários, é sinal de que todos os bancários 
da base territorial do sindicato serão beneficiados, já o acordo coletivo, é firmado entre determinada ou 
determinadas empresas e seus respectivos empregados. 
O objetivo de ambos os instrumentos coletivos é alcançar o consenso entre trabalhadores e patrões e com 
isso firmar um “contrato” onde os benefícios serão estipulados. Uma vez violada qualquer das cláusulas da 
convenção ou do acordo, o trabalhador poderá lançar mão do Poder Judiciário para satisfação de seu direito 
contemplado no acordo ou na convenção. 
 
23 – PROTEÇÃO EM FACE DA AUTOMAÇÃO 
 
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; 
Este inciso demonstra o quanto o nosso texto constitucional é detalhista, e o é de modo desnecessário. A CF 
foi promulgada em 1988, época que os avanços tecnológicos na área de informática eram muito tímidos, no entanto, 
os legisladores tinham o entendimento que deveria haver uma proteção do trabalhador diante das “máquinas”. Esse 
preceito jamais foi regulamentado e certamente não o será, eis que estamos diante de uma norma que já nasceu 
“morta” uma vez que as novas tecnologias encontram-se arraigadas de tal modo ao cotidiano do trabalhador que 
proteger o trabalhador do computador soa quase como uma piada nos tempos atuais. 
 
24 – SEGURO CONTRA ACIDENTE DO TRABALHO 
 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este 
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; 
Esse inciso da Constituição determina que todo trabalhador terá direito a um seguro contra acidentes de 
trabalho a cargo do empregador. Apesar disso, sendo acidentado o trabalhador, isso não exclui a responsabilidade 
do empregador (isso decorre de expressa previsão do mesmo inciso) quando incorrer em dolo ou culpa. 
A responsabilidade aqui referida é a subjetiva e, ao contrário da responsabilidade objetiva, depende da 
comprovação do dolo ou da culpa. 
Independentemente de se falar em responsabilidade do empregador o empregado terá sempre direito a um 
seguro contra acidente de trabalhador. Ocorrendo qualquer sinistro o seguro será pago mas isso não exclui a 
possibilidade da indenização quando o empregador incorre em dolo ou culpa. 
Ex.: Um trabalhador cai de um andaime e quebra a perna. Receberá o seguro e, se comprovar que tal sinistro 
só ocorreu porque o empregador foi negligente na conservação do andaime, também receberá a indenização 
respectiva. Portanto a indenização pelo seguro decorre de responsabilidade objetiva; já a indenização pelo 
empregador decorre de responsabilidade subjetiva. 
 
 
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25 – PRESCRIÇÃO TRABALHISTA 
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos 
para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de 
trabalho;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000) 
Prescrição é a perda do direito de ação pelo decurso de determinado lapso de tempo. É o prazo em que, se 
não exercido o direito de ação, o titular o perde, não podendo mais buscar o direito lesionado. O prazo prescricional 
fluirá a partir da data em que o trabalhador tiver o seu direito violado, passando a ser exigível. O prazo prescricional 
é de 5 anos; havendo a dissolução do vínculo empregatício, fica reduzido para 2 anos. Deve-se esclarecer, contudo, 
que, nesse lapso temporal, o trabalhador pode reclamar as verbas relativas aos 5 anos anteriores à data da 
propositura da ação (reclamação trabalhista). 
Ex.: O trabalhador X contratado pela empresa Y cumpre horas extras desde a sua admissão em 20-2-1988; 
sendo demitido em 20-1-1998, terá até 20-1-2000 para reclamar os 5 anos anteriores ao ajuizamento da ação. 
 
26 – ISONOMIA DE TRATAMENTO 
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de 
sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibição de qualquerdiscriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador 
portador de deficiência; 
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais 
respectivos; 
O referido inciso prima pelo princípio da isonomia, o qual proíbe discriminação por motivo de sexo, idade, cor 
e estado civil. 
Contemplando o princípio da isonomia material, não se pode esquecer que é possível o tratamento 
diferenciado para se alcançar a verdadeira igualdade. Quanto ao tema já há inclusive súmula do STF possibilitando 
discriminação positiva. 
Assim vem expressa a Súmula 683 do STF: “O limite de idade para a inscrição em concurso público só se 
legitima em face do art. 7.º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do 
cargo a ser preenchido”. Apesar de a súmula se referir expressamente a concurso público, ela tem como 
fundamento o inciso em análise, devendo, obviamente, ser aplicado o seu entendimento ao campo do direito do 
trabalho. 
A vedação de discriminação quanto ao gozo de direitos sociais decorre do supremo respeito ao princípio da 
isonomia. Esse dispositivo constitucional seria, a rigor, desnecessário, porque todo o texto constitucional é 
construído sob a batuta do princípio da igualdade. 
 
27 – TRABALHO DO MENOR 
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a 
menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998) 
O trabalho desenvolvido nas condições referidas por este inciso coloca em risco não só a formação física do 
menor como também a formação moral razão pela qual a vedação procura dar proteção aos menores. Resta ainda a 
 
 
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esclarecer que antes da Constituição de 1988 a idade mínima para o menor iniciar sua vida profissional como 
empregado era de 12 anos. Com a Constituição passou para 14 anos e posteriormente, pela emenda constitucional 
n° 20/98 passou a ser 16 anos. 
A pessoa pode iniciar como aprendiz aos 14 anos pode se estender até os 24 anos. 
Segundo o disposto no art. 428 da CLT o contrato de aprendizado é “...é o contrato de trabalho especial, 
ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 
quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, 
compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligência, as 
tarefas necessárias a essa formação.". 
A contratação do aprendiz deverá atender aos critérios legais e regulamentares no percentual de 5 a 15 por 
cento do total de empregados da empresa (art. 429 da CLT). 
 
28 – TRABALHADOR AVULSO 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador 
avulso. 
O trabalhador avulso é um autônomo onde, mediante intermediação de entidade específica (Órgão Gestor de 
mão de obra – OGMO) formado por composição diversificada indo desde representantes de trabalhadores e de 
usuários dos serviços. 
Esse órgão tem previsão expressa na lei n° 8.630/93 que assim especifica: 
“O órgão de gestão de mão-de-obra é reputado de utilidade pública e não pode ter fins lucrativos, sendo-lhe 
vedada a prestação de serviços a terceiros ou o exercício de qualquer atividade não vinculada à gestão de mão-de-
obra.” 
Assim as empresas que desejam tomar serviços desses profissionais demandam ao órgão gestor que 
disponibiliza a quantidade de trabalhadores. Esses trabalhadores receberão diretamente do órgão gestor sem 
qualquer vínculo empregatício, seja com a empresa tomadora dos serviços, seja com o órgão gestor. 
A categoria de avulso é formada fundamentalmente pelos portuários, categoria que se organizou e alcançou, 
via legislativa, essa estruturação legal e constitucional. 
A categoria que não tiver esse órgão gestor a intermediação ser promovida pela entidade sindical respectiva. 
 
ATENÇÃO 
O avulso não mantém vínculo de emprego com o tomador do 
serviço. 
 
29 – Direitos constitucionalmente garantidos aos trabalhadores domésticos 
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos 
IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV, bem como a sua integração à previdência social. 
O trabalhador doméstico não tem constitucionalmente assegurado todos os direitos previstos para o 
trabalhador em geral. Não se pode esquecer, no entanto, que os direitos reconhecidos ao doméstico neste parágrafo 
é o mínimo constitucional, nada impedindo que a legislação alargue esse legue mínimo da constituição. 
 
 
 
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30 – DIREITOS SOCIAIS SINDICAIS 
Os direitos sociais contemplados na Constituição Federal foram divididos em direitos dos trabalhadores e as 
regras aplicáveis ao sistema sindical, ou como querem alguns, tratam-se de direitos coletivos. 
30.1 – Associação profissional e sindical – distinção 
A o principio da liberdade associativa já vem contemplada no caput do art. 8° quando especifica “É livre a 
associação profissional ou sindical”. Estamos aqui diante de regramentos aplicáveis à associação profissional e sindical. A 
associação sindical deve ser considerada como uma associação profissional, mas esta não pode ser considerada 
necessariamente sindical. A associação sindical tem características e atribuições que não são conferidas às 
puramente profissionais. Veja que diversas associações profissionais se autodenominam sindicato, sem, contudo, 
deterem tal condição. 
A entidade sindical guarda em si as seguintes características: tem poder de substituição processual ou 
representação processual independentemente de autorização, pode fixar contribuições, firmar acordos e 
convenções coletivas. Essas características, porém, não são compartilhadas pelas associações profissionais, que, 
como tais, podem buscar aprimoramento da classe profissional que representam mediante cursos, orientação de 
questões relacionadas aos interesses financeiros e profissionais do grupo e, para que ocorra atuação de defesa 
judicial, faz-se mister a expressa autorização para tal eis que não detem a prerrogativa da substituição processual, 
própria das entidades sindicais. 
30.2 – Liberdade e unicidade sindical 
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão 
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; 
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria 
profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; 
Os preceitos constitucionais acima transcritos tratam dos regramentos básicos da liberdade sindical e seu 
registro na órgão competente, assim como da unicidade sindical. 
O Estado não pode interferir na estruturação da entidade sindical; o que existe é apenas um órgão na 
estrutura do Ministério do Trabalho encarregado de proceder ao registro das entidades sindicais, o qual tem mera 
função de documentação, sendo da competência do ministro, que poderá delegar tal competência. Trata de órgão 
especifico de registro de entidades sindicais. 
Veja que a Constituição adotou a liberdade sindical híbrida na medida em que, a par de prevera possibilidade 
de livremente a categoria criar o sindicato de seu interesse, limitou a uma entidade sindical, ou seja, adotou uma 
liberdade sindical limitada na medida em que excluiu qualquer intervenção estatal na criação e funcionamento e ao 
mesmo tempo impôs que somente poderá haver uma entidade sindical, do mesmo grau, na base territorial. 
O registro no órgão competente visa dar poder de fiscalização ao princípio da unicidade sindical. O registro da 
organização sindical no Ministério do Trabalho possui dupla função: conferir personalidade jurídica ao sindicato e 
atender ao disposto no inciso II do art. 8º, possibilitando a aferição pelo Poder Público da unicidade sindical naquela 
base territorial. 
A Constituição Federal adotou o princípio da unicidade sindical, no entanto a área mínima de uma entidade 
sindical é o território de um município, não de uma região metropolitana. Lembrando que, em caso de conflito de 
criação de entidades sindicais na mesma base territorial, o princípio a ser considerado quanto a qual delas deve 
permanecer é o da anterioridade de constituição da entidade, ou seja, aquela entidade sindical que tiver sido 
constituída primeiro é a que será mantida. 
 
 
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ATENÇÃO 
O Princípio que norteia o sindicalismo é o da liberdade sindical 
temperada, ou seja, é livre a criação de sindicatos mas devem respeitar 
a unicidade sindical. 
 
30.3 – Substituição processual 
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em 
questões judiciais ou administrativas; 
Trata-se da figura da substituição processual, mediante a qual o sindicato defende, em nome próprio, direito 
que não lhe pertence. Nesse caso, o sindicato tem legitimidade para agir judicial ou extrajudicialmente em defesa 
dos associados, evitando um grande número de demandas judiciais que ficam resumidas em uma única ação 
proposta pelo sindicato na condição de substituto processual. 
Na atuação como substituto processual a entidade não precisa buscar a autorização dos filiados e serão 
beneficiados todos os filiados ao tempo da execução da sentença proferida no processo de conhecimento. 
ATENÇÃO 
A defesa dos direitos da categoria será feita pelo sindicato 
independentemente de autorização. 
 
4 – Contribuição confederativa 
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada 
em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da 
contribuição prevista em lei; 
A contribuição aqui especificada não é obrigatória a todos os filiados do sindicato, cabendo a oposição 
individualizada de cada trabalhador sindicalizado que não desejar que ocorra o desconto da contribuição fixada pela 
assembléia geral dos trabalhadores. 
Não se pode esquecer ainda que os não filiados não estão obrigados ao pagamento da contribuição 
confederativa eis que ele, como qualquer trabalhador, já contribui obrigatoriamente com o imposto sindical (que é a 
contribuição prevista em lei de que fala o inciso e portanto tem natureza tributária). 
Nesse sentido é a jurisprudência do STF que concluiu que a“...contribuição confederativa destina-se ao 
financiamento do sistema confederativo de representação sindical patronal ou obreira sendo conferido à 
assembléia geral a atribuição para criá-la não podendo, no entanto, ser cobrada de toda categoria mas apenas dos 
filiados e desde que assegurado a estes o direito individual de oposição. O denominado imposto sindical citado no 
final do inciso (“contribuição prevista em lei”), no entanto, é obrigatório e será cobrado de toda a categoria 
independentemente de filiação.” (RE 224.885-AgR) 
ATENÇÃO 
A contribuição confederativa somente poderá ser cobrada 
dos filiados. 
 
 
 
 
 
 
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30.5 – Liberdade de filiação 
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; 
O princípio da liberdade geral previsto no art. 5º já seria suficiente para justificar a liberdade sindical, no 
entanto o texto constitucional reafirmou tal liberdade no que se refere à filiação sindical em seu art. 8º, V. 
A liberdade sindical assume diversas vertentes, incluindo: 
- liberdade em face do Estado, pela qual o poder público não pode ter qualquer ingerência na formação e no 
funcionamento da entidade sindical; 
- liberdade em relação a todos os trabalhadores, pela qual cabe ao sindicato definir seu conjunto associativo; 
- liberdade como o direito de não sofrer represálias da empresa a que estiver vinculado o trabalhador, o que 
faz nascer a estabilidade sindical dos dirigentes; e, 
- liberdade de filiação, pela qual o trabalhador mantém o direito individual de filiar-se ou não à entidade 
sindical de sua categoria. 
30.6 – Negociação coletiva e obrigatoriedade da intervenção do sindicato 
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; 
A negociação coletiva somente será levada a efeito com a participação das entidades representativas das 
categorias, seja dos empregados seja dos empregadores. 
30.7 – Aposentados e direito de filiação 
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; 
Mesmo após a aposentadoria, o sindicalizado poderá permanecer em atividade na vida sindical da categoria a 
que esteve vinculado quando em atividade. 
30.8 – Estabilidades provisórias 
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção 
ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer 
falta grave nos termos da lei. 
As estabilidades provisórias contempladas no texto da CF são: 
a) membros da CIPA e seu suplente: desde o registro da candidatura até 1 ano (jurisprudência) após o término 
do mandato (art. 10, II, “a”, do ADCT; 
b) dirigente sindical: desde o registro da candidatura até 1 ano após o término do mandato (art. 8°, VIII, da 
CF). 
c) empregada gestante: desde a confirmação da gravidez até 5 meses após o parto (art. 10, II, “b”, do ADCT. 
Não pode esquecer que as estabilidades aqui destacadas não exclui outras estabilidades que venham a ser 
criadas por lei. 
A estabilidade provisória prevista na Constituição não se compatibiliza com o cargo público ocupado por 
servidor comissionado. (RE 231466/SC). 
30.9 – Sindicatos rurais e de pescadores 
 
 
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Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de 
pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. 
 
30.10 – Direito de greve 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de 
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades 
inadiáveis da comunidade. 
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. 
Os trabalhadores e os servidores públicos tem tratamento distinto no que concerne ao direito de greve. 
Para os trabalhadores, o exercício do direito de greve não é condicionado à edição de lei, apesar de existir 
norma regulamentadora (Lei n. 7.783/89).O texto constitucional não condicionou o exercício do direito de greve à 
edição da lei, apenas exigiu a definição, por lei, dos serviços essenciais. 
Assim, o direito de greve dos trabalhadores não necessita de lei, mas ela é exigida para definir o que se deve 
entender por serviços essenciais; trata-se, pois, de norma constitucional de eficácia contida. 
Já para o servidor, o art. 37, VII da Constituição exige que o exercício do direito de greve esteja condicionado à 
lei ordinária específica (o texto original exigia lei complementar, tendo sido alterado pela EC n. 19/98) sendo, pois, a 
previsão constitucional de greve dos servidores norma constitucional de eficácia limitada. 
 
30.11 – Participação dos trabalhadores em colegiados 
 
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos 
em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. 
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes 
com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NACIONALIDADE 
1 – CONCEITO 
 
Nacionalidade consiste no vínculo jurídico existente entre uma pessoa e determinado Estado. Esse vínculo 
pode decorrer do nascimento (nacionalidade originária ou nata) ou da vontade da pessoa em adquirir outra 
nacionalidade que não aquela que já detenha (nacionalidade adquirida ou naturalizado). 
As regras da nacionalidade encontram-se dispostas no art. 12 da Constituição Federal e no Estatuto do 
estrangeiro (lei n° 6.815/1980). 
 
2 – ESPÉCIES DE NACIONALIDADE 
Doutrinariamente são conhecidas duas espécies de nacionalidades: o nato e o naturalizado. 
 
3 – NATO 
A nacionalidade nata, também denominada de originária ou primária, consiste em considerar a nacionalidade 
daqueles que nascem, de acordo com o critério utilizado, já detentores de determinada nacionalidade. Como a 
própria expressão está a indicar, nato é aquele que já nasce com determinada condição. Assim, o nato é aquele que 
ao nascer já carrega determinada nacionalidade, daí concluir-se também que normalmente o nato detem uma 
nacionalidade involuntária. 
A nacionalidade originária decorre, pois, do nascimento. Quando a pessoa nasce, já vem com a nacionalidade 
definida, daí a expressão “nato”. É nato, é dele, nasceu com ele, decorrendo daí que é involuntária, independe da 
vontade daquele que vem ao mundo com aquela nacionalidade. 
ATENÇÃO 
NATO é aquele que já nasce com determinada nacionalidade 
e normalmente independe da vontade da pessoa. 
 
4 – CRITÉRIOS DEFINIDORES DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA 
A doutrina conhece dois critérios definidores da nacionalidade originária, tratam-se do jus solis e jus sanguinis. 
Jus solis (direito do solo – local de nascimento) – por esse critério o que determina a nacionalidade da pessoa 
é o local de nascimento, ou seja, não interessa a origem de seus ascendentes, mas, sim, o lugar em que nasceu. Esse 
critério é de grande utilização nos Estados em formação cultural e em desenvolvimento social e político. 
Jus sanguinis (direito do sangue – origem dos ascendentes) – por esse critério o que importa não é o local do 
nascimento, mas, sim, a origem dos ascendentes da pessoa. O que interessa aqui é o sangue como determinante da 
nacionalidade. Normalmente utilizado por países mais antigos e de culturas mais arraigadas. 
ATENÇÃO 
Os critérios solis e sanguinis não definem o tipo de 
nacionalidade (se nato ou naturalizado), mas sim define se a pessoa é 
ou não nacional de determinado país. Tudo em torno da 
 
 
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nacionalidade originária. 
 
4 – CRITÉRIO ADOTADO PELO BRASIL 
Da análise das alíneas contidas no inciso I percebe-se que o Brasil não adota nenhum critério com 
exclusividade. 
O Brasil adota predominantemente, porém não exclusivamente, o critério do jus solis, especificando, assim, 
hipóteses em que mesmo o nascido em solo brasileiro não será brasileiro, como é o caso do filho de estrangeiros 
que estejam a serviço do país de origem. 
Veja que a regra é de que todo aquele que nasce no solo Brasileiro é brasileiro nato e as exceções são 
especificadas nas alíneas do inciso I, do art. 12 da CF. assim, e a título exemplificativo, se um casal de estrangeiros 
que esteja a serviço de seu país aqui tiver um filho, essa criança não será brasileira por força do art. 12, I, a da CF. 
Esta criança só não será brasileira em razão da expressa ressalva contida no texto constitucional referido, logo, se 
conclui que a regra é que todo aquele que nasça no território brasileiro é brasileiro nato, salvo apenas os casos 
previstos na CF. 
 5 – OS NATOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
A CF contempla a nacionalidade originária no art. 12, inciso I onde relaciona três hipóteses de alguém ser 
detentor da nacionalidade brasileira na sua forma originária. 
Veja que dentre as situações definidas como de brasileiro nato contempladas no art. 12, inc. I da CF, não se faz 
referência ao filho de brasileiro, nascido no Brasil. Este evidentemente, qualquer que seja o critério utilizado, será um 
brasileiro nato, ou seja, independentemente de sua vontade, nasceu brasileiro. 
5.1 – BRASILEIRO ACIDENTAL 
Assim especifica a alínea “a”, do inc. I, do art. 12 da CF. 
“os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam 
a serviço de seu país;” 
No dispositivo transcrito temos a aplicação do critério jus solis. Temos aí que um casal de estrangeiros, nenhum 
a serviço do país de origem, está a passeio no Brasil e vem a ter um filho aqui. Nesse caso, independentemente da 
vontade dos pais ou da criança, esta será brasileira, pois, para tal, preenche os requisitos constitucionais. 
ATENÇÃO 
Aquele que estiver a serviço de organismos 
internacionais considera-se a serviço de seu país. 
 
Se a legislação do país de origem dos pais da criança afirma ser esta criança detentora da nacionalidade dos 
pais é outra questão que não interessa para a definição da nacionalidade brasileira. O que interessa é que esta criança 
nasceu brasileira nata por seus pais não estarem a servido do seu país. 
Se qualquer deles estiver a serviço de seu país de origem o filho nascido no Brasil não será um brasileiro. Se os 
pais estiverem a serviço de outro país que não aquele de sua origem, igualmente gerará um Brasileiro nato, pois o 
seu pai ou a sua mãe não está a serviço de seu país, mas sim de outro país. 
Aqui prevalece a regra do jus solis. 
 
 
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ATENÇÃO 
Se “A”, japonês a serviço da Alemanha tem um filho no Brasil com “B”, 
alemã a serviço do Japão a criança será brasileira nata pois nenhum está a SERVIÇO 
DE SEU PAÍS. 
 
5.2 – NACIONALIDADE BRASILEIRA DECORRENTE DO PAI OU MÃE ESTAR A SERVIÇO DO BRASIL 
Inicialmente cumpre ressaltar que temos aqui hipótese de exclusão do critério do jus solis onde mesmo não 
tendo nascido no solo brasileiro nascerá um brasileiro nato. Excepcionalmente temos aqui a aplicação do jus 
sanguinis. 
Diz a alínea “b” do inciso I, do art. 12 da CF: 
“os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço 
da RepúblicaFederativa do Brasil;” 
Temos aqui a situação inversa à nacionalidade acidental. Lá se ao menos um estiver a serviço de seu país de 
origem não será brasileiro respeitando, pois, o país de origem a quem o estrangeiro estiver a serviço. 
Aqui, que é exatamente a mesma situação, só que invertida, o filho de brasileiro (basta um – mãe ou pai) que 
estiver a serviço do Brasil (veja que a Constituição fala em República Federativa do Brasil) será brasileiro nato. Se o 
brasileiro estiver a serviço de outro país que não o Brasil não se aplica a regra desta alínea, mas sim da alínea “c” a 
seguir estudada. 
ATENÇÃO 
Um casal de brasileiros a serviço do Chile tem um filho na Argentina: 
a criança não nasceu brasileira. Para essa criança ser uma brasileira terá 
que se submeter à regra contida na alínea “C”. 
 
5.3 – NATO NASCIDO NA EXTERIOR 
Temos aqui a segunda hipótese de aplicação do jus sanguinis. 
Assim especifica a alínea “c”: 
“os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;” 
Esse dispositivo constitucional foi objeto de duas alterações, uma decorrente da emenda de revisão n° 3/1994 
e a outra decorrente da EC N° 54/2007. 
Tivemos em relação a essa matéria verdadeira celeuma legislativa/constitucional onde inicialmente o texto 
original da Constituição previa o registro na repartição competente brasileira situada no estrangeiro como modo 
atribuição de nacionalidade brasileira originária. 
 
 
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Posteriormente, por obra da Emenda Constitucional de Revisão n° 3, de 7-6-1994 essa forma de aquisição de 
nacionalidade brasileira foi extinta o que gerou incompreensível e equivocada forma de surgimento de milhares de 
apátridas filhos de brasileiros mundo afora que não tinham mais o registro na repartição brasileira competente 
como modo de definição da nacionalidade brasileira. 
Somente com emenda constitucional n° 54/2007 o legislador constituinte derivado fez ressurgir a 
nacionalidade originária a partir do simples registro na repartição brasileira competente localizada no estrangeiro. 
Essa emenda veio para corrigir o erro da emenda anterior. 
Agora o problema restou finalmente resolvido. 
Assim, se alguém nasce nessa situação fora do Brasil (o pai ou a mãe não estão a serviço do Brasil), se vier a 
residir no Brasil aos 70 anos de idade, poderá manifestar a opção e ser conseqüentemente um brasileiro nato. Não 
se pode esquecer que “a qualquer tempo” pressupõe a maioridade civil, ou seja, somente a partir dos 18 anos é que 
a opção poderá ser manifestada. 
ATENÇÃO 
A opção não pode ser manifestada pelos representantes legais. É ato 
personalíssimo, logo somente o interessado poderá faze-lo. 
 
5.4 – ALCANCE DA EXPRESSÃO A SERVIÇO DA ‘REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL’ 
A serviço da República Federativa do Brasil está aquele que seu deslocamento para o exterior decorre de 
necessidade da administração pública direta ou indireta de todas as esferas, federal, estadual e municipal, incluído 
aí, é claro, também a distrital. 
5.4 – NACIONALIDADE POTESTATIVA 
A nacionalidade potestativa era mais comum antes da emenda 54/2007, no entanto, não desapareceu 
completamente. Essa nacionalidade potestativa indica ato de vontade, de escolha, denominada pela constituição de 
‘opção’. 
Quando a criança não for registrada na repartição competente e após a maioridade vier residir no Brasil e fizer 
a opção, terá alcançado, nos termos constitucionais, a denominada nacionalidade originária condicionada a uma 
condição suspensiva chamada também de nacionalidade potestativa (decorrente da vontade). É, pois, um brasileiro 
nato, sem qualquer restrição. 
6 – FONTE NORMATIVA DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA 
Importa lembrar que a nacionalidade originária decorre diretamente do texto da Constituição, não podem as 
normas infraconstitucionais criar novas hipóteses de nacionalidade originária, o mesmo não acontecendo com a 
naturalização, que poderá ser objeto de previsão na lei, além das hipóteses já previstas na Constituição. 
Exatamente em razão disso é que outras hipóteses de naturalizações estão contempladas no texto do estatuto 
do estrangeiro. 
7 – NATURALIZAÇÃO 
7.1 – Considerações gerais 
A naturalização, também denominada de nacionalidade secundária ou voluntária, consiste na aquisição de 
nacionalidade por ato de vontade do interessado após cumprir requisitos contemplados na lei ou na Constituição. 
 
 
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As hipóteses de naturalizações constitucionais estão contempladas no inc. II, do art. 12 da CF que contempla a 
naturalização ordinária e a naturalização extraordinária. 
7.2 – NATURALIZAÇÃO ORDINÁRIA 
A naturalização ordinária está prevista na alínea art. 12, II, “a” da CF e assim especifica: 
“a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua 
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;” 
Aos originários de países que falem o português somente é exigido um ano de residência ininterrupta no Brasil 
e idoneidade moral. Estamos aqui diante da denominada naturalização ordinária. 
O menor prazo exigido decorre do motivo óbvio de que, falando a língua portuguesa, o processo de adaptação 
será bem mais fácil. Os países que falam o português, portanto, terão o prazo aqui especificado; países que tem como 
língua oficial o português são: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, 
Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. É exigida também a idoneidade moral, que consiste não só em não 
responder a processo criminal, mas também em conduta, no convívio social, marcada pela retidão. 
A concessão da nacionalidade nesses casos é ato discricionário da autoridade brasileira competente, já que a 
concessão de nacionalidade é ato de exercício da soberania do Estado, razão pela qual, motivos de ordem política 
podem influenciar na concessão, ou não, da nacionalidade brasileira ao estrangeiro. Veja que o art. 111 do Estatuto 
do Estrangeiro (Lei n. 6.815/80) especifica que a concessão da naturalização “... é faculdade exclusiva do Poder 
Executivo e far-se-á mediante Portaria do Ministro da Justiça”. Já o art. 115 do mesmo preceptivo legal especifica que 
o estrangeiro interessado em obter a nacionalidade brasileira mediante naturalização deverá “requerê-la ao Ministro 
da Justiça”. Especifica ainda o art. 121 do Estatuto que: “A satisfação das condições previstas nesta Lei não assegura 
ao estrangeiro direito à naturalização”. Todos esses artigos são anteriores à atual Constituição, mas foram 
recepcionados pelo espírito do texto constitucional. 
Assim não resta dúvida alguma tratar-se de ato discricionário e dependente de requerimento ao órgão 
competente, assim como não estamos diante de direito público subjetivo; ao contrário, encontra-se dentro do poder 
discricionário o deferimento da nacionalidade. 
7.3 – NATURALIZAÇÃO EXTRAORDINÁRIA – QUINZENÁRIA 
A naturalização extraordinária contemplada no art. 12, II, “b” da CF e procura atender aos estrangeiros de 
outras nacionalidades que não as contempladas na alínea “a” assim como os originários de língua portuguesa que 
não conseguiram atender aos requisitos da naturalização ordinária. Assim vem prevista a naturalização 
extraordinária: 
“b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze 
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.” 
As condições para alcançar a nacionalidade mediante naturalização vêm especificadas no Estatuto do 
Estrangeiro, no entanto a Constituição traça as linhas básicas da naturalização, e para aquele de qualquer nacio-
nalidade são exigidos mais de 15 anos de residência ininterruptos e não haver sofrido condenação criminal. 
Temos aqui a chamada naturalização extraordinária, uma vez que não há outras exigências além daquelas 
duas traçadas no texto constitucional. 
 A doutrina majoritária considera que a naturalização extraordinária é direito público subjetivo do interessado, 
estando, pois o Brasil obrigado a conceder a naturalização requerida. 
 
 
 
 
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ATENÇÃO 
O direito brasileiro não contempla mais a naturalização tácita, 
exigindo para qualquer naturalização o requerimento, ou seja, depende de 
manifestação de vontade do interessado. 
 
8 – PORTUGUESES – RECIPROCIDADE 
O art. 12, § 1° da CF contempla a possibilidade de o português, mesmo sem se naturalizar brasileiro, exerça os 
direitos de brasileiro, desde que idêntico tratamento seja conferido aos brasileiros em Portugal. O dispositivo 
constitucional contempla: 
“§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, 
serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.” 
Aqui o português, tendo reconhecido a reciprocidade, passa a exercitar os direitos de um brasileiro. Essa 
equiparação, no entanto exclui direitos exclusivos de brasileiro. 
Cumpre ainda ressaltar que mesmo existindo a reciprocidade o ato de concessão depende da aquiescência do 
Estado brasileiro. Nesse sentido já foi decisão do STF: 
“A norma inscrita no art. 12, § 1º da Constituição da República — que contempla, em seu texto, hipótese 
excepcional de quase-nacionalidade — não opera de modo imediato, seja quanto ao seu conteúdo eficacial, seja no 
que se refere a todas as conseqüências jurídicas que dela derivam, pois, para incidir, além de supor o 
pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro, fundado em sua própria soberania, depende, ainda, de 
requerimento do súdito português interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação de preencher os 
requisitos estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre brasileiros e portugueses.” (Ext 
890, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 5-8-04, DJ de 28-10-04) 
ATENÇÃO 
O português equipara-se ao brasileiro naturalizado, não podendo ocupar 
cargos que sejam privativos de brasileiro nato. 
 
7.5 – IGUALDADE DE TRATAMENTO ENTRE BRASILEIROS 
Não pode haver distinções entre brasileiros natos e naturalizados, essa a regra geral insculpida no art. 12, § 2.º, 
da CF; no entanto, o próprio texto constitucional especifica cargos que só podem ser ocupados por brasileiros natos. 
Tal limitação é dirigida a cargos estratégicos que denotam capital importância para a segurança do Estado. 
 
9 – CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIROS NATOS 
O art. 12, § 3º especifica os cargos privativos de brasileiros natos e são: Presidente e Vice-Presidente da 
República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do Supremo Tribunal 
Federal, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e Ministro de Estado da Defesa. 
São também privativos de brasileiros natos seis cargos do Conselho da República que devem ser ocupados 
exclusivamente por brasileiros natos (art. 89, VII da CF). 
 
 
 
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10 – ESTRANGEIROS E BRASILEIROS NATURALIZADOS – DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS ESPECÍFICAS 
Em decorrência de políticas especiais adotadas pelo Estado brasileiro, alguns dispositivos constitucionais 
contemplam tratamento diferenciado a estrangeiros e a brasileiros naturalizados. 
Como se sabe, de regra, somente o brasileiro pode ocupar cargo público, no entanto o art. 37, inc. I da CF 
especifica a possibilidade do estrangeiro ocupar cargo público, condicionando, no entanto, à regulamentação por lei. 
Independentemente de referida regulamentação o texto constitucional já contempla a possibilidade de 
contratação de professores e pesquisadores universitários estrangeiros (art. 207, 1° da CF). 
Em relação aos meios de comunicação, igualmente a constituição restringe a propriedade de empresas 
jornalísticas e de radiofusão apenas aos brasileiros natos ou aos naturalizados há mais de 10 anos (art. 222 da CF). 
11 – PERDA DA NACIONALIDADE 
Inicialmente cumpre destacar que o brasileiro que adquire outra nacionalidade tem como conseqüência geral 
a perda da nacionalidade brasileira. Essa perda, no entanto, pode não acontecer em situações específica que se verá 
adiante. A perda da nacionalidade pode ocorrer de modo voluntário e involuntário. 
11. 2 – PERDA INVOLUNTÁRIA 
Pelo parágrafo 4° do art. 12 será declarada a perda da nacionalidade quando o brasileiro (naturalizado) tiver 
cancelada a sua naturalização em razão de sentença judicial quando houver constatação de que praticou atividade 
nociva ao interesse nacional. 
Assim, em caso de atividade nociva ao interesse nacional, o brasileiro naturalizado terá sua naturalização 
cancelada por decisão judicial. 
A decisão judicial referida no dispositivo constitucional deve ser com trânsito em julgado. Não obstante a 
Constituição falar apenas em ‘decisão judicial’, sem a especificação de ‘trânsito em julgado’, evidentemente este é 
exigido eis que estamos diante da aplicação de uma pena e em decorrência do princípio geral da presunção de 
inocência, somente após o trânsito em julgado é que se operam os efeitos do cancelamento, sendo, portanto, ex 
nunc (nesse sentido a doutrina majoritária – Uadi Bulos, pág. 433, José Afonso da Silva, pág. 334, Francisco Xavier da 
Silva, pág. 91). 
11. 2 – PERDA VOLUNTÁRIA 
Como dito linhas atrás, a perda da nacionalidade ocorre sempre que se adquire outra nacionalidade e as 
exceções a esta regra devem vir expressas no texto constitucional. 
Por outro lado, a perda da nacionalidade, ressalvado o cancelamento da naturalização acima estudado, 
somente decorrerá de forma voluntária, ou seja, a pessoa somente perde em decorrência de sua atuação voluntária 
em adquirir outra nacionalidade. Se a aquisição de outra nacionalidade decorrer de imposição, não perderá a 
nacionalidade brasileira. Esse princípio foi que norteou as regras inscritas no inc. II, do § 4°, do art. 12 da CF onde 
inicialmente especificou que o brasileiro que adquire outra nacionalidade perderá a nacionalidade brasileira, com as 
ressalvas feitas. 
A regra é de que, sempre que um brasileiro adquire outra nacionalidade perde a brasileira. O texto 
constitucional, no entanto apresenta ressalvas onde, mesmo sendo adquirida outra nacionalidade a pessoa não 
perderá a condição de brasileira. São elas: 
11.2.1 – RECONHECIMENTO DE NACIONALIDADE POR LEI ESTRANGEIRA 
Quando lei de outro Estado reconhece nacionalidade a alguém que já detem a nacionalidade brasileira ele não 
perderá a sua nacionalidade brasileira. 
 
 
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Como dito antes, a nacionalidade normalmente só é perdida quando o brasileiro adquire outra de modo 
voluntário, aqui aquele que jáera brasileiro foi “contemplado” por lei estrangeira que lhe conferiu uma 
nacionalidade (por exemplo, italiana), assim não teria nenhum sentido ele perder a sua primeira nacionalidade 
(brasileira) eis que não decorreu de sua vontade. 
Na situação aqui posta, seria um verdadeiro despropósito o brasileiro perder a sua nacionalidade na medida 
em que, se, por exemplo, uma lei de um país estrangeiro atribuísse a todos os atuais brasileiros outra nacionalidade, 
automaticamente não teríamos mais nenhum brasileiro, logo desapareceria o elemento humano do Estado 
brasileiro, o que seria inconcebível. 
Veja que a aquisição dessa outra nacionalidade independe da vontade do brasileiro que, por determinação 
legal de outro país, passou a ostentar outra nacionalidade. Assim o texto da alínea “a”, que mantem a nacionalidade 
brasileira na situação que sita, é de elevada coerência. 
11.2.2. – IMPOSIÇÃO DE NATURALIZAÇÃO EM OUTRO PAÍS 
Contempla o inc. II, alínea “b” que o brasileiro que se naturalizar em outro pais por “de imposição de 
naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para 
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;” não perderá a nacionalidade brasileira. 
Estamos aqui igualmente diante da aquisição de outra nacionalidade de forma involuntária. 
Veja que a naturalização de alguém pressupõe ato de vontade, no entanto, na situação posta no preceito 
constitucional o brasileiro se vê forçado a se naturalizar em outro país para que possa continuar a exercer seus 
direitos civis. Os direitos humanos ganham dimensão global e são reconhecidos pela declaração dos direitos 
humanos da ONU de 1948, razão pela qual, o exercício dos direitos civis não podem estar condicionados à 
naturalização, logo, se for exigido de um brasileiro a naturalização como condição para permanência em outro país 
ou para o exercício de direitos civis, ele não perderá a sua nacionalidade brasileira, não obstante tenha adquirido 
outra nacionalidade. 
Cumpre por ultimo lembrar que a perda da nacionalidade somente poderá se dar por norma constitucional, 
não sendo admissível norma infraconstitucional criar novas hipóteses de perda de nacionalidade. 
ATENÇÃO 
Brasileiro nato pode perder sua nacionalidade 
 
12 – CONFLITOS DE CRITÉRIOS DEFINIDORES DA NACIONALIDADE ORIGINÁRIA 
12.1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 
O conflito de critérios pode ser positivo ou negativo. O conflito positivo de critérios gera o polipátrida, já o 
conflito negativo de critérios gera o apátrida, também denominado de heimatlos. 
 
12.2 – POLIPÁTRIDA 
O polipátrida, decorrente do conflito positivo de critérios adotados por diferentes Estados, é aquele que 
detem mais de uma nacionalidade. Se alguém nasce em um país que adota o jus solis, sendo filho de pais originários 
de um Estado que adota o jus sanguinis, teremos, em respeito à soberania de cada um desses Estados, uma dupla 
nacionalidade, eis que perante a lei do local de nascimento, a criança carregará a nacionalidade originária deste 
Estado, já para o Estado de origem dos pais da criança ela carregará a nacionalidade dos seus pais. 
 
 
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Esta criança, pois, carregará duas nacionalidades, a do local de seu nascimento e a do Estado de origem de 
seus pais. 
12.3 – APÁTRIDA 
O apátrida é gerado a partir do conflito negativo de critérios definidores da nacionalidade originária. Assim, se 
alguém nasce em um país que adota exclusivamente o jus sanguinis e é filho de um casal originário de um país que 
adota exclusivamente o jus solis, a criança na terá a nacionalidade do local de nascimento, nem tampouco terá a 
nacionalidade dos pais. 
A previsão de registro na repartição brasileira competente resolve esse problema, onde, apesar de não nascer 
com a nacionalidade brasileira de forma automática, basta que os pais se dirijam à repartição e promovam o registro 
para que seja a criança, a partir do registro, considerada brasileira nata.

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