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Aula 3 - Direito do Consumidor ADM- CONT-1.doc

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5 DIREITO DO CONSUMIDOR
5.1 Relação de Consumo: Consumidor, Fornecedor, Produto e Serviço
5.1.1 Consumidor: A definição de consumidor está contida basicamente no artigo 2º e completado pelos artigos 17 e 29 do Código de Defesa do consumidor.
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Estudando o artigo 2º:
Toda pessoa física ou jurídica: qualquer pessoa natural ou jurídica, ou seja, até mesmo uma empresa, associação ou fundação estaria, a princípio, incluída no conceito.
Adquire: obter a título oneroso ou gratuito, conseguir, comprar, ou mesmo utilizar o produto ou serviço sem ter comprado. Isto é, a norma define como consumidor tanto quem efetivamente adquire (obtém o produto ou o serviço como aquele que, não o tendo adquirido, utiliza ou consome. Assim, por exemplo, se uma pessoa compra cerveja para oferecer aos amigos numa festa, todos aqueles que a tomarem serão considerados consumidores.�
Destinatário final: para uso próprio e não para inclusão em uma cadeia de produção (confecção de outros produtos ou serviços), ou para revenda ou intermediação.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
Bruno Miragem afirma que “a rigor, todas as pessoas são, em algum tempo, ou em um dado número de relações jurídicas, consumidoras”. O mesmo autor caracteriza direitos do consumidor como direitos humanos através do reconhecimento jurídico de que a necessidade de consumo é necessidade humana essencial.�
Ademais, o conceito de consumidor não se resume ao disposto no referido artigo 2°. Miragem, ao se referir ao conceito de consumidor, cita a definição de Eros Roberto Grau, segundo a qual consumidor seria “identificado pela ordem constitucional em uma posição de debilidade e subordinação estrutural em relação ao produtor do bem, produto ou serviço”.� 
A proteção diferenciada conferida a esse sujeito de direitos, o consumidor, se justifica, pois, na verificação da desigualdade fática entre ele e o fornecedor, em razão deste deter poder econômico e técnico. Logo, atua o Estado e legislador na realização do direito fundamental de defesa do consumidor – já que não há dúvidas de que os direitos do consumidor são considerados direitos fundamentais, pois existe previsão constitucional expressa nesse sentido (art. 5º, XXXII, art. 170, V, CF/88) – e como garantidor dos demais direitos fundamentais, sobretudo da isonomia, no restabelecimento do direito à igualdade fática, erigindo regras e princípios de proteção ao consumidor, frente ao fornecedor.
5.1.2 Fornecedor: é definido pelo artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor com amplitude e clareza:
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Assim, fornecedor é gênero do qual o fabricante, o produtor, o construtor, o importador e o comerciante são espécies.�
5.1.3 Produto: o conceito de produto foi delimitado no artigo 3º, § 1º do Código de Defesa do Consumidor, é universal nos dias atuais e está estreitamente ligado à idéia do bem, resultado da produção no mercado de consumo das sociedades capitalistas contemporâneas.�
        § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
5.1.4 Serviço: qualquer atividade prestada no mercado de consumo. A enumeração feita no artigo 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor é apenas exemplificativa, não excluindo outras atividades.
        § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
5.2 Política nacional de Consumo
A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus direitos econômicos, a melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, na forma do artigo 4º do Código de Defesa do Consumidor. O referido artigo 4º descreve um quadro amplo de condições morais e materiais para o consumidor.
5.3 Direitos Básicos do Consumidor
Dignidade: Sarlet (2009, p.67) conceitua dignidade da pessoa humana:
Assim sendo, temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que integram a rede da vida.
Proteção à vida, saúde e segurança: são direitos mínimos ligados ao princípio da dignidade da pessoa humana.
Proteção e necessidade: necessidade de proteção do consumidor em relação à aquisição de bens e serviços.
Transparência: está expressa no artigo 4º do CDC e significa a obrigação do fornecedor de oportunizar ao consumidor o conhecimento prévio dos produtos e serviços ofertados. Também os artigos 6º e 48, do CDC, contemplam a transparência quando determinam o dever de informar e o de apresentar previamente o conteúdo do contrato.
Harmonia: em todas as fases da relação de consumo é necessário harmonizar os vários interesses e valores envolvidos, com a finalidade de garantir a justiça contratual e a igualdade.
Vulnerabilidade: é a situação de fragilidade e enfraquecimento do consumidor frente ao fornecedor, tanto no aspecto técnico quanto no econômico. O fornecedor detém o monopólio dos meios de produção e o conhecimento dos processos técnicos e administrativos de produção, fabricação, distribuição dos produtos e da prestação de serviços, o que lhe garante uma superioridade técnica em relação ao consumidor. 
Liberdade de escolha: advêm do princípio da liberdade, descrito no artigo 1º, III, artigo 3º, I e artigo 5º caput, todos da Constituição Federal.
Intervenção do Estado: o inciso II, do art. 4º do Código de Defesa do Consumidor autoriza a intervenção direta do Estado para proteger efetivamente o consumidor, não só visando assegurar-lhe acesso aos produtos e serviços essenciais como para garantir qualidade e adequação dos produtos e serviços (segurança, durabilidade, desempenho).�
Boa-fé: A boa-fé se apresenta sob duas óticas parecidas, mas não idênticas. A primeira delas é a boa-fé subjetiva, sendo a segunda a boa-fé objetiva. A boa-fé subjetiva busca aferir o estado de consciência, ou o convencimento individual do sujeito no momento da prática do ato ou negócio jurídico. Vislumbra-se a íntima convicção psicológica do sujeito a partir da sua crença ou ignorância dos fatos que o circundam. Ou seja, a boa-fé subjetiva fixa-se na vontade do agente afastando-se da análise de sua conduta propriamente dita. A boa-fé subjetiva é um estado de consciência representado pela ausência de conhecimento da ilicitude do ato praticado e pela crença da correção no exercício do direito. Por sua vez, a boa-fé objetiva, constitui regra geral de conduta, segundo o padrão médio de lealdade, honestidade, confiança, informação e probidade, cuja sociedade se utiliza emseus relacionamentos do dia-a-dia. Não se apresenta no animus nocendi, mas na conduta do sujeito que deve seguir um padrão ético e socialmente adequado. Assim, a segurança jurídica exigida pelo interesse social também nas relações de direito privado é traduzida pela prática de atitudes afetas à lealdade, confiança, colaboração, equidade, razoabilidade e cooperação entre as partes e entre estas e a sociedade. Sílvio de Salvo Venosa traça a distinção entre a boa-fé subjetiva e a boa-fé objetiva, cujo teor merece ser citado:
Na boa-fé subjetiva, o manifestante de vontade crê que sua conduta é correta, tendo em vista o grau de conhecimento que possui de um negócio. Para ele há um estado de consciência ou aspecto psicológico que deve ser considerado. A boa-fé objetiva, por outro lado, tem uma compreensão diversa. O intérprete parte de um padrão de conduta comum, do homem médio, naquele caso concreto, levando em consideração os aspectos sociais envolvidos. Desse modo, a boa-fé objetiva se traduz de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever de agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos e reconhecidos.�
Igualdade nas contratações: está contemplado no art. 6º, inciso II, do CDC, o fornecedor não pode diferenciar os consumidores entre si, ficando obrigado a oferecer a todos as mesmas condições. Somente podem ser diferenciados aqueles que têm proteção especial conferida por lei, como os idosos, crianças, portadores de necessidades especiais.
Dever de informar: está contemplado no art. 6º, inciso II, do CDC, pelo qual o fornecedor é obrigado a prestar todas as informações sobre o produto ou serviço que coloca no mercado, incluídas as características, qualidades, riscos, preços, etc.
Proteção contra publicidade enganosa ou abusiva, práticas e cláusulas abusivas: está contemplada no art. 6º, inciso IV, do CDC. São nulas todas as cláusulas abusivas (art. 51 a 53 do CDC). Publicidade consiste em toda e qualquer comunicação ao público, com o objetivo de chamar sua atenção, promover a imagem de produtos e serviços, no intuito de que haja aquisição e contratação. A publicidade é abusiva quando gera discriminação, provoca violência, explora o medo e a superstição do consumidor, aproveita-se da falta de experiência do consumidor, desrespeita valores ambientais, induz o consumidor a comportamento prejudicial à saúde e à segurança, dentre outros.
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
        Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
        Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
        § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
        § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.
        § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
        § 4° (Vetado).
        Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
Princípio da conservação: está contemplado no art. 6º, inciso V, do CDC, e indica que a lei busca manter o contrato, preservá-lo, mesmo que para isso seja necessário modificar e rever suas cláusulas.
Modificação das cláusulas que estabeleçam prestações desproporcionais e direito de revisão: reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor e buscando a igualdade o CDC garante o direito de modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou a revisão daquelas que, em função de fatos novos posteriores à celebração do negócio, tornem a prestação excessivamente onerosa.
Prevenção e reparação de danos materiais e morais: o consumidor tem direito de pleitear medidas cautelares em juízo para evitar danos e também tem o direito à reparação integral dos danos morais e materiais sofridos, somando-se a perdas emergentes e os lucros cessantes.
Acesso à justiça: está contemplado no art. 6º, inciso VII, do CDC, e garante a proteção de acesso aos órgãos administrativos e judiciais para prevenção e garantia dos direitos dos consumidores, com abono e isenção de taxas e custas, nomeação de procuradores para sua defesa, atendimento preferencial, etc.
Adequada e eficaz prestação de serviços públicos: está contemplada no art. 6º, inciso X, do CDC, e determina que o serviço público deve ser realmente eficiente, ou seja, tem de alcançar sua finalidade, tem que funcionar.
5.4 Responsabilidade por Produtos e Serviços
	Toda vez que o consumidor sofrer dano físico ou moral em decorrência do consumo de um produto ou serviço, serão aplicadas as regras de responsabilidade. Isso, pois o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 8º estabelece o princípio da segurança, pelo qual o fornecedor tem o dever de não colocar no mercado de consumo produtos ou serviços com defeito ou que coloquem em risco a saúde ou segurança do consumidor. Se, desrespeitando o comando, o fizer, responderá objetivamente pelos danos causados ao consumidor. 
	Rizzato Nunes define vícios como características de qualidade ou quantidade que tornem os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam e também que lhes diminuam o valor. Da mesma forma, são considerados vícios os decorrentes da disparidade havida em relação às indicações constantes do recipiente, embalagem, rotulagem, oferta ou mensagem publicitária.� O mesmo autor define defeito como sendo o vício acrescido de um problema extra, alguma coisa extrínseca ao produto ou serviço, que causa um dano maior que simplesmente o mau funcionamento, o não funcionamento, a quantidade errada, a perda do valor pago – já que o produto ou serviço não cumpriram o fim ao qual se destinavam. O defeito causa, além desse dano do vício, outro ou outros danos ao patrimônio jurídico material e/ou moral e/ou estético e/ou à imagem do consumidor. Logo, quando a irregularidade resulta apenas em deficiência no funcionamento do produto ou serviço, mas não coloca em risco a saúde ou segurança do consumidor não se fala em defeito, mas em vício. 
	Existem, nas relações de consumo, duas espécies de responsabilidade : a primeira, pelo fato do produto ou serviço, prevista nos artigos 12 a 17 do CDC e a segunda, pelo vício do produto ou serviço, com previsão nos artigos 18 a 25, também do CDC:
Na responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, a palavra fato está ligada a defeito, o qual ultrapassa, em muito, o limite valorativo do produto ou serviço, causando danos à saúde ou segurança do consumidor. Já na responsabilidade pelo vício do produto ou serviço o vício não ultrapassa tal limite versando, sobre a quantidade ou qualidade do mesmo. 
Na responsabilidade pelo fato do produto ou serviço o CDC adotou a responsabilidade objetiva, cabendo ao consumidor mostrar a verossimilhança do dano, o prejuízo e o nexo de causalidade entre eles. Não é necessário provar a culpa do fornecedor. Ao fornecedor cabe desconstituir o risco e o nexo causal. Já na responsabilidade pelo vício do produto ou serviço, o CDC adotou a responsabilidade subjetiva com presunção de culpa, porém o consumidor poderá ser beneficiado com a inversão do ônus da prova (art. 6o, VIII), caso em que o fornecedorterá o mesmo ônus previsto na responsabilidade objetiva, ou seja, desconstituir o nexo causal entre o risco e o prejuízo. 
Na responsabilidade pelo fato do produto ou serviço o comerciante responde subsidiariamente, pois o obrigado principal é o fabricante, o produtor, o construtor e o importador. Assim, o comerciante só será responsabilizado quando o fabricante não puder ser identificado, quando o produto fornecido não for devidamente identificado, ou ainda, quando não conservar os produtos perecíveis adequadamente (art. 13, CDC). Na responsabilidade pelo vício do produto ou serviço, por sua vez, o comerciante responde solidariamente, juntamente com todos os envolvidos na cadeia produtiva e distributiva (art. 18, CDC). 
Como semelhanças temos que a reparação do dano é integral tanto para a hipótese de acidente de consumo (responsabilidade pelo fato do produto ou serviço), quanto para os vícios de adequação. Assim, poderá o consumidor reparar todos os danos, sejam pessoais, morais ou patrimoniais. 
5.5 Principais práticas Comerciais Abusivas
	As práticas abusivas são um gênero do qual as cláusulas e a publicidade abusiva são espécies. Prática abusiva é a desconformidade com os padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao consumidor. Antonio Herman, citando Gabriel A. Stiglitz define como condições irregulares de negociação nas relações de consumo, condições estas que ferem os alicerces da ordem jurídica, seja no prisma da boa-fé, seja pela ótica da ordem pública e dos bons costumes.�
	As práticas abusivas nem sempre são enganosas. Muitas vezes, apesar de não ferirem o requisito da veracidade, carreiam alta dose de imoralidade econômica e opressão. Elas estão descritas em todo o Código de Defesa do Consumidor. São práticas abusivas: a colocação no mercado de produto ou serviço com alto grau de nocividade ou periculosidade (art. 10), a comercialização de produtos e serviços impróprios (arts. 18, § 6º, e 20, § 2º), o não emprego de peças de reposição (art. 32), a ausência de informação, na venda a distância, sobre o nome e endereço do fabricante (art. 32), a cobrança irregular de dívidas de consumo (art. 42), o arquivo de dados sobre o consumidor em desrespeito aos seus direitos de conhecimento, de acesso e de retificação (art. 43), a utilização de cláusula contratual abusiva (art. 51), dentre outros.� Por sua vez, o artigo 39 do CDC concentra grande parte das práticas abusivas vedadas ao fornecedor:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
        I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;
        II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
        III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
        IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;
        V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
        VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes;
        VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos;
        VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);
        IX - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério;
        IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
        X - (Vetado).
        X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
        XI -  Dispositivo  incluído pela MPV  nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso  XIII, quando da converão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
        XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério.(Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995)
        XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999)
        Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
        Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços.
        § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor.
        § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes.
        § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio.
        Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
5.6 Proteção Contratual
	O Código de Defesa do Consumidor garante igualdade nas contratações, possibilitando modificação, revisão ou supressão de cláusulas contratuais abusivas, desproporcionais, que gerem desequilíbrio na relação entre consumidor e fornecedor.
	O CDC admite todas as formas de contratação: contratos escritos, verbais, por correspondência, contrato de adesão. O contrato pode ser elaborado por ambas as partes e é considerado de adesão quando as cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo (art. 54, do CDC). Os contratos de adesão tem ainda outras imposições, tais como as descritas nos parágrafos terceiro e quarto do artigo 54 do CDC:
 § 3o  Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008)
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
	
Outras disposições do Código de Defesa do Consumidor sobre os contratos:
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
  Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
  Art. 48. As declaraçõesde vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos às relações de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.
  Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.
 Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo, os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente atualizados.
Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida mediante termo escrito.
 Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
Referências bibliográficas
GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. 
MIRAGEM, Bruno. Os direitos da personalidade e os direitos do consumidor. In: Revista de Direito do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais v.13, n.49 (jan./mar.2004), p.40-76.
MIRAGEM, Bruno Nubens Barbosa. O direito do consumidor como direito fundamental – conseqüências jurídicas de um conceito. In: Revista de Direito do Consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais v.11, n.43 (jul./set.2002), p.111-132.
MIRAGEM, Bruno. Direito do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. 491p.
NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 5 ed. Saraiva, 2010.
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição de 1988. 7.ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009. 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil – teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. Vol. 2. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.
� NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 5 ed. Saraiva, 2010. p. 118.
� MIRAGEM, Bruno. Direito do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 38.
� MIRAGEM, Bruno. Direito do consumidor. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 39.
� NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 5 ed. Saraiva, 2010. p. 135.
� NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 5 ed. Saraiva, 2010. p. 135.
� NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 5 ed. Saraiva, 2010. p. 175.
� VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil – teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. Vol. 2. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 379.
� NUNES, Rizzatto. Curso de direito do consumidor. 5 ed. Saraiva, 2010. p. 225.
� GRINOVER, Ada Pellegrini et al. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001. p. 319.
� Idem.
_1222878171/ole-[42, 4D, 26, 24, 01, 00, 00, 00]

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