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Aula 08 Os Direitos Fundamentais como direitos a prestações 3

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Direito - Direitos Humanos- Gassen Gebara - UNIGRAN
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Aula 08
Os direitos de terceira dimensão são marcados por mudanças na co-
munidade internacional (sociedade de massa, crescente desenvolvimento tecnológico e cien-
tífico). Denominam-se os direitos de solidariedade internacional, ou seja, fraternidade, nos 
quais os beneficiários são, não só os indivíduos, mas também os povos. Estes últimos foram 
reconhecidos após a Segunda Guerra Mundial. Há quem acrescente a este rol de direitos, os 
direitos à paz, ao desenvolvimento, ao meio ambiente e qualidade de vida, bem como o di-
reito à conservação e utilização do patrimônio histórico e cultural e o direito de comunicação 
pertencem a esta terceira dimensão (BOBBIO, Norberto em A era dos direitos).
Dotados de elevado conteúdo de humanismo e universalidade, os direitos da terceira 
dimensão ganharam novo fôlego nas últimas décadas enquanto direitos que não se destinam 
especificamente à proteção dos interesses de um indivíduo, de um grupo ou de um deter-
minado Estado. Corresponde aos direitos de fraternidade pois o Estado, além de proteger 
os interesses individuais e sociais, passou a preocupar-se com aqueles (direitos) voltados à 
sociedade de massa, surgidas em face dos processos de industrialização e urbanização.
 
são de terceira dimensão: os direitos humanos inerentes ao desenvolvimento; 
ao meio ambiente equilibrado; sobre o patrimônio comum da humanidade; e o direito 
à comunicação; a proteção ao consumidor; à infância e à adolescência; ao idoso; ao de-
ficiente físico; difuso, coletivo e individual homogêneo (relevância do mP no Brasil, na 
tutela desses direitos)
De modo mais amplo, como vimos, são os DIREITOS DOS POVOS e De SOLIDA-
RIEDADE1, possuindo Dimensão Internacional. Documentos mais importantes do período: 
Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU- 1948); Declaração de Viena, de 1993; 
1 A solidariedade ou afetividade pode ser aferida em vários pontos da Constituição: art. 3º, I, 194, 225, 227, 229.
Direito - Direitos Humanos - Gassen Gebara - UNIGRAN 
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Pacto de San José, de Costa Rica, de 1969 ( Decreto n. 678, de 06 de novembro de 1992); 
 
Proclamação de Teerã de 1968; Convenção Internacional sobre a Eliminação de to-
das as Formas de Discriminação Racial, de 1966 (DECRETO Nº 65.810, DE 08 DE DEZEM-
BRO DE 1969). Pacto internacional sobre direitos econômicos, sociais e culturais, de 1966 
(decreto n. 591, de 06 de julho de 1992); Declaração de direitos dos povos africanos, de 1981.
ESSES DOCUMENTOS CONSAGRAM, IGUALMENTE, OS DIREITOS HUMA-
NOS DE 1ª DIMENSÃO (LIBERDADES) E OS DE 2ª DIMENSÃO (IGUALDADE MA-
TERIAL - SOCIAIS)
os direitos de terceira dimensão consolidaram definitivamente a internacio-
nalização ou a universalização dos direitos humanos, os quais eram vistos tão somente 
nacionalmente2, ou seja, valiam somente no ambiente interno de cada país, de modo que 
os direitos humanos não possuam contornos idênticos no ponto de vista global.
Todas as gerações acima estão inseridas na nossa constituição de modo expresso.
Paulo Bonavides vai mais além, e fala ainda numa quarta dimensão3 de direitos, 
com o que se constitui os direitos fundamentais de quarta dimensão. Diz ele: 
"O Brasil está sendo impelido para a utopia deste fim de século: a globalização do 
neoliberalismo, extraída da globalização econômica. O neoliberalismo cria, porém, mais pro-
blemas do que os que intenta resolver. Sua filosofia do poder é negativa e se move, de certa 
maneira, rumo à dissolução do Estado nacional, afrouxando e debilitando os laços de sobe-
rania e, ao mesmo passo, doutrinando uma falsa despolitização da sociedade. Há contudo, 
outra globalização política, que ora se desenvolve, sobre a qual não tem jurisdição a ideologia 
neoliberal. Radica-se na teoria dos direitos fundamentais. Globalizar direitos fundamentais 
equivale a universalizá-los no campo institucional. Só assim aufere humanização e legitimi-
dade um conceito que, de outro modo, qual vem acontecendo de último, poderá aparelhar 
unicamente a servidão do porvir. 
São direitos da quarta dimensão:
• direito à democracia participativa;
• o direito à informação
• o direito do pluralismo. 
2 Fica o registro de que a Revolução Francesa e a respectiva Declaração de 1789 projetaram seus efeitos, ainda que filosoficamente, para o 
mundo todo.
3 Essa geração está consubstanciada especialmente nos artigos 1º e 3º, da CF.
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• pode-se incluir como de 4a dimensão o direito a uma vida saudável e em harmonia 
com 
Quanto ao direito à informação interesse abordar uma situação muito atual: com 
expansão das redes sociais na internet e com o avanço da telefonia móvel, as fronteiras da 
nacionalidade já não resistem a essas modernidades. No Irã, em 2009, as agressões sofridas 
pela população foram transmitidas ao vivo para o mundo todo, o que certamente conteve a 
violência. 
No dia 11 de fevereiro de 2011, o Presidente egípcio Mubarak, ditador há mais de 
trinta anos, foi obrigado a renunciar vítima de uma história revolução cibernética, não através 
de mísseis intercontinentais ou da espionagem característica da guerra fria, mas das informa-
ções entre toda a população. Esse direito a informação traduz-se, nesse viés, em instrumento 
para a democratização, contra a autocracia que oprime várias nações da África e da Ásia. 
A Tunísia também promoveu essa revolução “sem armas e sem sangue”; a Argélia 
certamente será a próxima. É a informação – fio condutor da comunicação em massa – a 
arma mais eficiente contra a opressão e a tirania, pois expõe ao vivo a violência perpetrada 
pelo Estado.
O direito a natureza; ao desenvolvimento sustentável; a Bioética e a Manipulação 
genética (Biotecnologia e Bioengenharia); bem como os Direitos advindos da Realidade Vir-
tual compõem esse painel da 4ª dimensão.
Desses direitos em espécie depende a concretização de uma sociedade aberta do 
futuro, em sua dimensão de máxima universalidade, para a qual parece o mundo inclinar-se 
no plano de todas as relações de convivência. Os direitos da quarta dimensão não somente 
culminam a objetividade dos direitos das duas gerações antecedentes como absorvem – sem, 
todavia, removê-la – a subjetividade dos direitos individuais, a saber, os direitos da primeira 
dimensão. 
Tais direitos sobrevivem, e não apenas sobrevivem, senão que ficam opulentos em 
sua dimensão principal, objetiva e axiológica, podendo, doravante, irradiar-se com a mais 
subida eficácia normativa a todos os direitos da sociedade e do ordenamento jurídico. Enfim, 
os direitos da quarta dimensão sintetizam o futuro da cidadania e a posteridade da liberdade 
de todos os povos. Somente com a consagração desses direitos é que será legítima e possível 
a globalização política". 
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Rejeita-se, como antes averbado, que se as gerações de direitos induzem à idéia de 
sucessão ou hierarquia através da qual uma categoria de direitos sucede ou tem primazia 
sobre a outra – historicamente o que se observa e no sentido da concomitância do surgi-
mento de vários textos jurídicos concernentes a direitos humanos de uma ou outra natureza. 
Internamente a consagração dos direitos sociais nas Constituições ocorreu a posteriori à das 
Cartas que recepcionaram os direitos civis e políticos, ao passo que no plano internacional 
o surgimento da Organização Internacional do Trabalho, em 1919, permitiu a elaboração de 
diversas convenções no sentido de serem os direitos sociais dos trabalhadores assegurados, 
antes mesmo da internacionalização dos direitos civis e políticos no plano externo. 
O processo de desenvolvimento dos direitos humanos acontece em uma evidente 
acumulação, sucedendo-se temporalmentevários direitos que mutuamente aperfeiçoam-se, 
em conformidade com a concepção contemporânea desses direitos, alicerçada em sua univer-
salidade, indivisibilidade e interdependência.
A percepção contemporânea dos direitos humanos alia a liberdade e a igualdade em 
direitos, do que deflui que esses direitos passam a ser acolhidos como uma unidade interde-
pendente e indivisível. Não há como admitir que uma dimensão sucede a outra, repise-se, 
haja vista que há uma verdadeira interação e, porque não, uma fusão dos direitos humanos já 
consagrados com os trazidos mais recentemente. 
Refuta-se, então, a visão fragmentária e hierarquizada das várias classes de direitos 
humanos, para se encontrar uma concepção contemporânea, a qual foi nitidamente recepcio-
nada ou inspirada com a Declaração Universal de 1948, posteriormente ratificada e aperfei-
çoada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993, além de outras pactuadas e já 
aludidas acima.

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