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Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 61 Aula 04 ASSOCIAÇÕES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR O texto constitucional, ao mencionar o “custeio do sistema confederativo da repre- sentação sindical respectiva” no inciso IV do seu art. 8º manteve a forma piramidal da orga- nização sindical, caracterizada pela presença de sindicatos na base, onde efetivamente acon- tecem os conflitos e as negociações, e de federações e de confederações na parte superior. Não se imagine existente qualquer hierarquia entre sindicato e federação, ou entre federação e confederação. As mencionadas entidades sindicais agrupam-se apenas para me- lhor coordenar seus interesses. É também importante anotar que as associações sindicais de grau superior tem atuação representativa meramente supletiva, residual, uma vez que apenas diante da inexistência de sindicato se atribui a federação e, suscetivamente, a confederação a capacidade de representar os integrantes da categoria. Vejam-se, nesse sentido, os dispositi- vos constantes do parágrafo 2, art. 611 da CLT, da primeira parte do parágrafo I do art. 617 do mesmo diploma legal e do parágrafo único do art. 857 da CLT. Dentre as atuações de caráter explosivo, destaca-se a legitimação das confederações sindicais para propor a ação direta e inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitu- cionalidade, nos moldes do art. 103, IX, da CF. A- Federações São entidades sindicais formadas pela união voluntária de no mínimo cinco sindica- tos. Sua constituição não é obrigatória, mas apenas facultativa. Para chegar a essa evidência, basta verificar o conteúdo do caput do art. 534 da CLT, segundo o qual “é facultado aos sindicatos, quando em numero não inferior a cinco, desde que represente a maioria absoluta de um grupo de atividades ou de profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação”. Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 62 Observe-se, ainda, que as federações são, em rega, formadas dentro de cada estado federado, nada impedindo, entretanto sua constituição em nível interestadual ou nacional, desde que, a teor do art. 8, II, da CF, se respeite a unicidade sindical. B- Confederações São entidades sindicais da cúpula, formadas pela união voluntária de no mínimo, três federações, e com sede na capital da república. Segundo o modelo celetista, as confederações são organizadas por ramo de ativida- de profissional ou econômica. Os dispositivos incertos nos parágrafos I, II e III do art. 535 da CLT, chegam ao ponto de delimitar quais seriam as confederações possíveis, mas essas regras não foram recepcionadas pelo texto constitucional, consoante a firme jurisprudência do STF. Segundo João de Lime Teixeira Filho, “a confederação nacional dos trabalhadores metalúrgicos, antes contida no setor indústria, e, portanto, no âmbito da CNTI, foi a primeira a romper as amarras do art.535, parágrafo II, da CLT, e com aval da corte suprema”. O ple- nário do STF, ao apreciar mandado de segurança n. 20.829-5-DF, manifestou-se no sentido de que “a lei já não pode mais obstar o surgimento de entidades sindicais de qualquer grau, senão quando ofensivo do princípio da unicidade, na mesma base territorial. A pretendida ilegalidade da criação da confederação dos metalúrgicos, porque não prevista no art. 535, parágrafos I e II da CLT, não pode subsistir em face da norma constitucional assecuratória de ampla liberdade de associação laboral, sujeita, exclusivamente, a unicidade de representação sindical”. Anote-se, agora em caráter unicamente acadêmico, ser bem discutível, ante princí- pio da liberdade sindical, a exigência de numero mínimo dos sindicatos para a constituição de federações e de numero mínimo de federações para a criação de confederações. Tais exi- gências, inclusive aquela que impõe a confederação ter sede na capital da republica, revelam interferência da lei na organização sindical, o que, como se sabe, não é mais tolerada. C- Centrais sindicais São entidades associativas de direito privado compostos por organizações sindicais de trabalhadores e que tem o objetivo de coordenar a representação operária e de participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, doas quais estejam em discussão, assuntos de interesses gerais dos trabalhadores. As centrais sindicais são, na verdade, redes de organizações sindicais operadas, não sendo propriamente entidades sindicais. Por esse motivo, nada obsta a pluralidade dessas redes, sendo absolutamente constitucional a regra incerta do parágrafo I do art. 3º da Lei n. Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 63 11.648/2008 no que diz respeito a previsão de coexistência de mais de uma central sindical. Note-se que a vedação constante do art. 8º, II, da CF, não se aplica a entidade as- sociativa ora em análise. Disse isso porque, nos termos do mencionado dispositivo consti- tucional, veda-se apenas “a criação de mais de uma organização sindical em qualquer grau representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial”, e não a criação de mais de uma rede de organizações sindicais. Outro aspecto que se deve observar diz respeito a inexistência, no ordenamento ju- rídico brasileiro, de centrais sindicais compostas de organizações patronais. A lei aqui apre- ciada restringe o direito de criação de centrais sindicais unicamente de representação de trabalhadores, independentemente da categoria de que façam parte. Para participar das negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos, e de mais espaços de diálogo social, a central sindical deverá cumprir os seguintes requisitos cumula- tivos: I- Filiação de no mínimo cem sindicatos distribuídos nas cinco regiões do país; II- Filiação em pelo menos três regiões do país de, no mínimo 20 sindicatos em cada uma; III- Filiação de sindicatos em, no mínimo cinco setores de atividade econômica; IV- Filiação de sindicatos que representem, no mínimo, sete por cento do total de empregados sindicalizados em âmbito nacional. No tocante a esse requisito é importante anotar que, por força do parágrafo único do art. 2 da Lei n. 11.648/2008, até 31/03/2010 o percentual era de cinco por cento do total de empregados sindicalizados no âmbito nacional. Anote-se, ainda, que, do montante arrecadado a titulo de contribuição sindical, será efetuado o crédito de dez por cento para a central sindical a que as entidades sindicais operá- rias se tenham filiado. Na prática e nos moldes no parágrafo I do art. 589 da CLT, o sindicato de trabalhadores indicará ao Ministério do Trabalho e emprego a central sindical a que está associada como beneficiário da respectiva contribuição sindical, para fins de destinação dos créditos. Não havendo indicação de central sindical, os percentuais na forma do parágrafo IV, do art. 590 da CLT, que lhe caberiam serão destinados a “conta especial emprego e salário”, que também arrima o fundo de amparo do trabalhador. SUPORTE FINANCEIRO DAS ENTIDADES SINDICAIS Para alcançar seus propósitos, as associações sindicais, precisam, obviamente, de arrimo financeiro, pra tanto, estão autorizada a se valer de alguma fonte de custeio, assim identificadas no art. 548 da CLT. a) Contribuições devidas dos sindicatos pelos que participem das categorias eco- nômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades sob a denominação de contribuição sindical; b) Contribuições dos associados na forma estabelecida nos estatutos ou pelas as- Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 64 sembléias gerais sob as denominações contribuição confederativa, contribuiçãoassistencial e mensalidades sindicais; c) Rendas produzidas por bens ou valores adquiridos, alugueis e rendimentos decorrentes de investimentos; d) Doações e legadas; e) Multas e outras rendas eventuais. 1 - Contribuição Sindical A contribuição sindical é um suporte financeiro compulsório de caráter parafiscal, previsto na parte final do art. 8 da CF, e dos arts. 578/610 da CLT, e imposto a todos os trabalhadores e empregadores pelo simples fato de integrarem a categoria profissional ou econômica. A despeito do princípio da liberdade de sindicalização, previsto no texto constitu- cional, a contribuição sindical é exigida de associados e de não associados. O STF, apesar de reconhecer que a manutenção dessa base de custeio sindical é um resquício do modelo corporativista que teima em permanecer, tem firme posicionamento nos sentidos de que ela foi recepcionada pela ordem constitucional. O argumento é sempre o mesmo: o inciso IV do art. 8 da CF, ressalvou a existência da contribuição sindical ao mencionar a contribuição confederativa, resguardou a moralidade de custeio prevista e lei. É importante anotar a persistência da contribuição sindical decorre do fato de ser ela uma importante fonte de custeio que, lamentavelmente, independe de qualquer esforço das entidades sindicais. A tentativa de mudar esse estado de coisas, o art. 7 da Lei n. 11.648/2008 previu que os arts. 578 a 610 vigorariam apenas até o instante em que se publicasse lei que disciplinasse a contribuição negocial, vinculada ao exercício efetivo da negociação coletiva e aprovação em assembléia geral da categoria. A mencionada lei ainda não foi publicada. a) Sistemática de exigência e de recolhimento A contribuição sindical é recolhida de uma só vez, anualmente, e consiste: A- Para os empregados, numa importância correspondente a remuneração de um dia de trabalho, qualquer que seja a forma da referida remuneração, no mês de março de cada ano; B- Para os agentes ou trabalhadores autônomos, e para os profissionais liberais, numa importância calculada na forma da nota técnica/CGRT/SRT e n. 05/2004 do Ministério do trabalho e em- prego de cada ano; C- Para os empregadores, numa importância calculada na forma da nota técnica/CGRT/SRT n.5/2004 do Ministério do Trabalho e Emprego, no mês de janeiro de cada ano. O autônomo ou liberal que possui vinculo de emprego na mesma profissão, poderá optar pelo pagamento da contribuição sindical para sua própria atividade, apresentando ao Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 65 empregador o recibo de recolhimento junto a sua entidade sindical, para não sofrer desconto como empregado no mês de março. Por outro lado, o autônomo ou liberal que não exerce a profissão, ficará isento de paga-la, devendo assumir a contribuição sindical correspondente a entidade representativa da categoria profissional em que se enquadre os empregados da empresa em que trabalhe. Se por fim, houver exercício simultâneo da profissão e de um emprego, ficará o trabalhador sujeito a tantas contribuições sindicais quantas sejam as suas atividades. b) Repartição Da importância da arrecadação da contribuição sindical serão feitos os seguintes créditos pela Caixa Econômica Federal. I- Para os empregadores: a) 5% para a confederação correspondente; b) 15% para a federação; c) 60% para o sindicato respectivo; d) 20% para a conta especial emprego e salário. II- Para os trabalhadores: a) 5% para confederação correspondente; b) 10% para a central sindical; c)15% para a federação; d) 60% para o sindicato respectivo e e)10% para conta especial emprego e salário. Anotem-se também as regras de redestinação da repartição, nos casos de inexistên- cia de algum dos destinatários ora mencionados: a) Inexistindo confederação, seu percentual (5%) caberá a federação representa- tiva do grupo; b) Não havendo sindicato ou entidade sindical de grau superior, a contribuição sindical será creditada, integralmente a “conta especial emprego e salário” c) Não havendo indicação de central sindical, os percentuais que lhe caberiam (10%) serão destinados a “conta especial emprego e salário”; d) Inexistindo sindicato, os percentuais devidos (60%) serão creditados à federa- ção correspondente a mesma categoria econômica ou profissional; e) Inexistindo sindicato, além do que seria normalmente devido a confederação (5%), esta receberá o percentual (15%) da federação. c) Aplicação As entidades sindicais não estão obrigadas, por conta do principio da não interferên- cia e da não intervenção estatal, em sua administração, a submeter nos moldes constantes da CLT, a um modelo de aplicação dos recursos financeiros decorrentes das contribuições sindi- cais. É importante recordar, como elemento demonstrativo disso, que o art. 6 da lei 11.648/08 foi vetado justamente porque impunha à prestação de contas do TCU sobre a aplicação dos recursos provenientes das contribuições sindicais e dos outros recursos públicos, que por Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 66 ventura fossem destinados as entidades sindicais. As razões do veto veiculadas mediante a mensagem n. 139, 31/03/2008, foram apresentadas em consonância com a CF/88. Veja-se: “o art. 6 viola o inciso I do art. 8 da CF, porque estabelece a obrigatoriedade dos sindicatos, das federações, das confederações, e das centrais sindicais prestarem, contas ao tribunal de con- tas da união sobre a aplicação dos recursos provenientes da contribuição sindical. Isto porque a CF veda ao poder publico a interferência e a intervenção na organização sindical, em face do princípio da autonomia sindical, o qual sustenta a garantia de auto-gestão às organizações associativas e sindicais”. Dessa forma, as determinações legais constantes nos arts. 593/5936 da CLT servem apenas de macro orientador para a aplicação dos recursos provenientes das contribuições sindicais. É certo, entretanto, que as destinações apontadas nos mencionados dispositivos coincidem com o alcance das funções sindicais, notadamente daquelas de cunho assistencial. Por isso, na prática, os estatutos das entidades sindicais costumam repetir o conteúdo da lei. 2 - Contribuição Confederativa A contribuição confederativa é um suporte financeiro de caráter obrigacional, fixa- do pela assembleia geral sindical, exigível unicamente dos associados da categoria. Ela esta prevista na primeira parte do inciso do art. 8 da CF, e na letra B do art. 548 da CLT, visando finalisticamente ao custeio do sistema confederativo. Não há a menor duvida de que a contribuição aqui em exame é exigível apenas dos associados à categoria, existindo, inclusive, súmula do STF sobre a matéria. Antes da publicação da súmula 666 do STF, mas baseado nas decisões do próprio STF, o TST inseriu em 25/05/88 a orientação jurisprudencial 17 da SDC e publicou em 20/08/1998 o precedente normativo 119 também da SDC. O empregador poderá efetuar o desconto, em folha de pagamento de salário, do montante correspondente a contribuição confederativa quando notificado do valor das con- tribuições. Para os empregados não associados, entretanto, o desconto somente poderá ser materializado depois de colhida a prévia e expressa autorização do contribuinte, que, nos moldes da portaria nº 160/2004 do MTE, somente terá validade durante o período de vigência do instrumento coletivo, podendo ser revogada a qualquer tempo. O empregador fará o recolhimento da contribuição à entidade sindical até o décimo dia do mês subseqüente ao do desconto, de acordo com o parágrafo único do art. 545 da CLT. Caso o empregado sofra desconto de contribuição confederativa, para a qual não tenha anuído, pelo fato de não ser associado no sindicato, poderá ajuizar a ação trabalhista tendente a reaver os valores descontados.Essa ação é aforada na justiça do trabalho e dirigida contra o empregador, responsável pela dedução não autorizada com fundamento do descum- primento do disposto no art. 462 da CLT. O empregador, então, com base no disposto na lei nº 8.984/95 poderá ajuizar ação contra o sindicato da categoria profissional para fins de Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 67 ressarcimento. 3 - Contribuição Sindical A contribuição assistencial é um suporte financeiro de caráter obrigacional, previsto em convenção coletiva, acordo coletivo ou sentença normativa, exigível unicamente dos as- sociados da categoria. O art. 513, alínea e, da CLT constitui sua fonte normativa. A contribuição assistencial se distingue da contribuição confederativa por conta da finalidade. Enquanto a confederativa visa o custeio extraordinário do sistema sindical, a as- sistencial objetiva o revigoramento da entidade sindical depois de uma dispendiosa compa- nha de melhorias das condições de trabalho ou de atividade de crescimento institucional. Afora pequenos dados que caracterizam e distinguem contribuição confederativa e contribuição assistencial, elas são tratadas da mesma forma pela doutrina e pela jurisprudên- cia, sendo-lhes indistintamente aplicáveis às precitadas, Súmula 666 do Supremo Tribunal Federal, Orientação Jurisprudencial 17 da SDC do TST e o Precedente Normativo 119 do mesmo órgão jurisdicional. 4 - Contribuição Associativa Ou Mensalidade Sindical A contribuição associativa ou mensalidade sindical é suporte financeiro de caráter obrigacional, previsto no estatuto das entidades sindicais e exigível dos associados em de- corrência do ato de agremiação. Tem por finalidade garantir vantagens corporativas, muitas vezes extensíveis aos dependentes dos associados, bem como o acesso a clubes ou a espaços de recreio e entretenimento. Nutrição - Administração e Economia Aplicada a Nutrição - Marcelo Koche - UNIGRAN 68
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