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Direito Constitucional I Profa. Lílian Reis CONSTITUIÇÃO Constituição Conceito de Constituição: – Concepção sociológica • Ferdinand Lassalle: “A Essência da Constituição” – Concepção política • Carl Schmitt: “Teoria da Constituição” – Concepção jurídica • Hans Kelsen: “Teoria Pura do Direito” Constituição Sentido sociológico uma Constituição só seria legítima se representasse o efetivo poder social, refletindo as forças sociais que constituem o poder. Caso isso não ocorresse, ela seria ilegítima, caracterizando-se como uma simples “folha de papel”. A Constituição seria, então, a somatória dos fatores reais do poder dentro de uma sociedade. Constituição Sentido político (Carl Schimitt – “Teoria da Constituição”) Constituição “só se refere à decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática, etc.); as leis constitucionais seriam os demais dispositivos inseridos no texto do documento constitucional, mas não contêm matéria de decisão política fundamental”. – José Afonso da Silva O que importa para Schimitt é que a Constituição seja resultado de uma decisão de vontade que se impõe: a decisão política fundamental, pouco importando se ela corresponde ou não aos fatores reais de poder na sociedade. – Tercio Sampaio. Constituição Sentido jurídico “Constituição é, então, considerada norma pura, puro dever-ser, sem qualquer pretensão a fundamentação sociológica, política ou filosófica. A concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-positivo. De acordo com o primeiro, Constituição significa norma fundamental hipotética, cuja função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva, que equivale à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, lei nacional no seu mais alto grau”. – José Afonso da Silva. Sentido Jurídico Plano lógico-jurídico: Norma hipotética fundamental; Plano do suposto; Fundamento lógico-transcendental da validade da Constituição jurídico-positiva. Plano jurídico-positivo: Norma posta, positivada; Norma positivada suprema. Outras teorias – A força normativa da Constituição • Konrad Hesse: “A força normativa da Constituição” – A constitucionalização simbólica • Marcelo Neves: “A constitucionalização simbólica” – A constituição aberta • Peter Häberle: “A sociedade aberta dos intérpretes da constituição” – Concepção Cultural • José Afonso da Silva é um dos autores que defendem essa concepção Outras teorias Força Normativa da Constituição critica e rebate a concepção tratada por Ferdinand Lassalle. A Constituição possui uma força normativa capaz de modificar a realidade, obrigando as pessoas. Nem sempre cederia frente aos fatores reais de poder, pois obriga. Tanto pode a Constituição escrita sucumbir, quanto prevalecer, modificando a sociedade. Outras teorias Constitucionalização Simbólica Cita o autor que a norma é mero símbolo. O legislador não a teria criado para ser concretizada. Nenhum Estado Ditatorial elimina da Constituição os direitos fundamentais, apenas os ignora. Ex: salário-mínimo que "assegura" vários direitos. Outras teorias Constituição Aberta Leva em consideração que a Constituição tem objeto dinâmico e aberto, para que se adapte às novas expectativas e necessidades do cidadão. Se for aberta, admite emendas formais (EC) e informais (mutações constitucionais), está repleta de conceitos jurídicos indeterminados. Ex: art. 5º, XI, CF - no conceito de "casa" está incluso a casa e o escritório onde exerce atividade profissional. Outras teorias Concepção Cultural De acordo com esta concepção, a Constituição é fruto da cultura existente dentro de determinado contexto histórico, em uma determinada sociedade, e ao mesmo tempo, é condicionante dessa mesma cultura, pois o direito é fruto da atividade humana. Classificação – Quanto à origem ou positivação: • Constituição promulgada (democrática, popular) • Constituição outorgada (não democrática , imposta) • Constituição cesarista (plebiscitária) • Constituição pactuada – Quanto à origem ou positivação: • Constituição promulgada é aquela Constituição fruto do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, eleita diretamente pelo povo. Ex: as Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. • Constituição outorgada é aquela imposta unilateralmente pelo agente revolucionário (grupo, ou governante), que não recebeu do povo a legitimidade para em nome dele atuar. Ex: as Constituições de 1824, 1937 e 1967. – Quanto à origem ou positivação: • Constituição cesarista é aquela formada por plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador ou um Ditador. Ex: plebiscitos napoleônicos ou plebiscito de Pinochet, no Chile. • Constituição pactuada é aquela em que o Poder Constituinte originário se concentra nas mãos de mais de um titular. Ex: Magna Carta de 1215. Classificação – Quanto à forma • Constituição escrita (dogmática ou instrumental) • Constituição costumeira (não escrita, consuetudinária, histórica) – Quanto à forma • Constituição escrita é a Constituição formada por um conjunto de regras sistematizadas e organizadas em um único documento, estabelecendo as normas fundamentais de um Estado. Ex: Constituição de 1988. • Constituição costumeira é a que, ao contrário da escrita, não traz as regras em um único texto solene e codificado. Ex: Constituição da Inglaterra. Classificação – Quanto ao conteúdo • Constituição material • Constituição formal – Quanto ao conteúdo • Constituição material é o conjunto de normas escritas ou não escritas que se limitam a dispor sobre matéria essencialmente constitucional, as normas fundamentais e estruturais do Estado e os direitos e garantias fundamentais. • Constituição formal é aquela que elege como critério o processo de sua formação e não o conteúdo de suas normas. Classificação – Quanto à estabilidade • Constituição rígida • Constituição flexível ou plástica • Constituição semirrígida ou semiflexível • Constituição relativamente pétrea ou superrígida • Constituição imutável ou pétrea • Constituição fixa ou silenciosa – Quanto à estabilidade: • Constituição rígida só poderá ser alterada atendendo a um processo mais rigoroso que as normas infraconstitucionais. Ex: Constituição brasileira. • Constituição flexível ou plástica não exige nenhum procedimento especial para sua alteração, podendo ser alterada pelo processo legislativo ordinário. Ex: Constituição da França. • Constituição semirrígida ou semiflexível contém uma parte flexível e outra rígida; assim, alguns dispositivos exigem procedimento especial para alteração, outros não. Ex: Constituição brasileira de 1824. – Quanto à estabilidade: • Constituição relativamente pétrea ou super-rígida estas, além de exigir quorum diferenciado para sua modificação, é, em alguns pontos, imutável. Para os que seguem esta posição, como o Prof. Alexandre de Moraes, seria o caso da Constituição brasileira de 1988 em razão do art.60, §4. • Constituição imutável ou pétrea essa denominação criada por Hans Kelsen, significa afirmar que estas seriam Constituições que não admitem alteração alguma, nem mesmo por processo solene. • Constituição fixa somente podem ser alteradas por um poder de competência igual àquele que as criou, isto é, o poder constituinte originário. Tem valor apenas histórico. Classificação – Quanto à extensão • Constituição sintética (concisa, breve, sumária, sucinta, básica) • Constituição analítica (prolixa, longa, ampla, extensa, desenvolvida, larga) – Quanto à extensão: • Constituição sintética dispõe sobre aspectos fundamentaisde organização do Estado em poucos artigos. Ex: Constituição norte-americana. • Constituição analítica não se atém aos aspectos fundamentais, dispõe sobre diversos outros assuntos ou até mesmo dispondo demasiadamente sobre aspectos políticos, devido sua extensão. Ex. Constituição do Brasil de 1988 e a Constituição da indiana de 1950. Classificação – Quanto ao modo de elaboração: • Constituição sistemática ou dogmática • Constituição histórica – Quanto ao modo de elaboração: • Constituição sistemática sempre escritas, materializam-se em um único momento, agregando ao texto constitucional os valores políticos e ideológicos predominantes de dado momento histórico. Ex: CF de 1988. • Constituição histórica são fruto de lenta evolução histórica, representa a síntese da evolução da sociedade, engloba costumes, precedentes, convenções, jurisprudências e textos esparsos, como na Constituição inglesa. Classificação – Quanto à dogmática: • Constituição ortodoxa ou ideológica • Constituição eclética, pragmática, utilitária ou compromissória – Quanto à dogmática: • Constituição ortodoxa quando formada por uma única ideologia. Ex: Constituição soviética de 1936 e Constituição brasileira de 1937. • Constituição eclética formada por diferentes ideologias conciliatórias. Ex: Constituição brasileira de 1988, que p.ex. teve a aprovação do sistema de governo (presidencialismo) com 344 votos a favor e 212 contra. Classificação – Quanto ao sistema: • Constituição principiológica • Constituição preceitual – Quanto ao sistema: Constituição principiológica nela há predominância de princípios, sendo, assim, necessária a ação concretizadora do legislador ordinário. Ex: CF/88. Constituição preceitual nesta prevalecem as regras. Ex: Constituição mexicana. Classificação – Quanto à correspondência com a realidade política – Classificação ontológica (Karl Loewenstein): Constituição nominal ou nominativa Constituição normativa Constituição semântica – Quanto à correspondência com a realidade política – Classificação ontológica (Karl Loewenstein): Constituição nominal embora tenha sido criada com o intuito de regulamentar a vida política do Estado, não consegue implementar este papel, pois em descompasso com a realidade política. Ex: Constituições brasileiras de 1824 e 1934. Constituição normativa são as Cartas políticas que conseguem estar alinhadas com a realidade política. Ex: Constituição de 1988. Constituição semântica não tem por fim regular a vida política do Estado; busca somente conferir legitimidade meramente formal aos detentores do poder. Ex: Constituições de 1937, 1967/69. Constituição brasileira de 1988 – Quanto à origem ou positivação: promulgada – Quanto à forma: escrita – Quanto ao conteúdo: formal – Quanto à estabilidade: rígida – Quanto à extensão: analítica – Quanto ao modo de elaboração: sistemática – Quanto à dogmática: eclética – Quanto ao sistema: principiológica – Quanto à correspondência com a realidade política – Classificação ontológica (Karl Loewenstein): normativa
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