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Direito Processual Civil I A

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19/5/17 
4 .Despesas / Sucumbência
Ônus financeiro do processo
 “Incumbe às partes prover as despesas dos atos
que realizarem ou requererem no processo” (art. 82).
Essas despesas compreendem as custas e todos os demais gastos efetuados
com os atos do processo, como indenização de viagem, diária de testemunha e a
remuneração de perito e assistentes técnicos (art. 84).
São custas as verbas pagas aos serventuários da Justiça e aos cofres públicos,
pela prática de ato processual conforme a tabela da lei ou regimento adequado.
Pertencem ao gênero dos tributos, por representarem remuneração de serviço
público.
Despesas são todos os demais gastos feitos pelas partes na prática dos atos
processuais, com exclusão dos honorários advocatícios, que receberam do novo
Código tratamento especial (art. 85).
A indenização de viagem, a que alude o art. 84, pode corresponder a gasto
da testemunha, da parte ou dos advogados, sempre que tenham que se deslocar
do local onde residem para praticar o ato processual. Incide, por exemplo,
quando a testemunha reside na zona rural ou em distrito afastado da sede do
juízo; quando o advogado tem que se deslocar para acompanhar o cumprimento
de uma carta precatória; ou quando a parte tenha que comparecer à tentativa de
conciliação em comarca que não a de seu domicílio.
Pagamento Antecipado
Impõe o Código a cada parte o ônus processual de pagar antecipadamente
as despesas dos atos que realizar ou requerer, em curso do processo (NCPC, art.
82, caput). Ao autor incumbe, mais, o ônus de adiantar as despesas relativas
aos atos cuja realização for determinada pelo juiz, ex officio, ou a requerimento
do Ministério Público, quando sua intervenção ocorrer como fiscal da ordem
jurídica (art. 82, § 1º). Se este requerer diligência como parte, não será o caso
de exigir do outro litigante que a custeie. 
O descumprimento do ônus financeiro processual, pelo não pagamento
antecipado das despesas respectivas, conduz à não realização do ato requerido,
em prejuízo da parte que o requereu. Assim, se se requereu o depoimento de
testemunha, mas não se depositou a verba necessária para a devida intimação, a
diligência não será praticada e a audiência será realizada sem a coleta do
depoimento. Mutatis mutandis, o mesmo acontecerá com a parte que requereu
prova pericial, mas não depositou, no prazo que o juiz lhe assinou, a importância
para cobrir a remuneração do perito e outros gastos da prova técnica.
No tocante à antecipação das despesas de perícia, dispõe o art. 95 que
“cada parte adiantará a remuneração do assistente técnico que houver indicado;
sendo a do perito adiantada pela parte que houver requerido a perícia, ou rateada
quando a perícia for determinada de ofício ou requerida por ambas as partes”. O
juiz determinará que a parte responsável pelo pagamento da diligência deposite
em juízo o valor correspondente à remuneração do perito (art. 95, § 1º).
Quanto ao pagamento, será feito em duas oportunidades: até a metade do valor
depositado, o juiz poderá autorizar o levantamento pelo perito no início dos
trabalhos; o restante será pago após a apresentação do laudo e a prestação de
todos os esclarecimentos necessários pelo expert (arts. 95, § 2º, e 465, § 4º).
O Código previu uma forma diferenciada para o custeio da perícia que for
de responsabilidade de beneficiário de justiça gratuita (art. 95, §§ 3º e 4º). A
despesa com a prova poderá ser paga com recursos alocados ao orçamento do
ente público e realizada por servidor do Poder Judiciário ou por órgão público
conveniado. Caso a perícia seja efetuada por particular, o valor será fixado
conforme tabela do tribunal respectivo, ou, em caso de sua omissão, do Conselho
Nacional de Justiça, e pago com recursos alocados ao orçamento da União, do
Estado ou do Distrito Federal.
Toda vez que a diligência for custeada pelo Poder Público, após o trânsito
em julgado da decisão final, o juiz oficiará a Fazenda Pública respectiva, para
que promova a execução dos valores gastos com a perícia particular ou com a
utilização do servidor público ou da estrutura de órgão público contra quem tiver
sido condenado ao pagamento dessas despesas processuais. Se o responsável for
beneficiário de gratuidade da justiça, a exigibilidade do crédito ficará suspensa
até que o credor demonstre que deixou de existir a situação de insuficiência. Caso
não haja alteração das condições econômicas do beneficiário em até cinco anos
do trânsito em julgado da decisão, a obrigação será extinta (arts. 95, § 4º, e 98, §§
2º e 3º).
Por fim, cumpre ressaltar que o Código proibiu a utilização de recursos do
fundo de custeio da Defensoria Pública para o adiantamento das despesas com a
realização da perícia de responsabilidade de beneficiário de justiça gratuita (art.
95, § 5º).
Na eventualidade de adiamento ou de repetição de ato processual, por culpa
da parte, órgão do Ministério Público ou juiz, as despesas ficarão a cargo do que
houver dado causa ao adiamento (art. 93). Não se sujeitam ao ônus de
antecipação de preparo a Fazenda Pública e o Ministério Público (art. 91,
caput).
O art. 91,§ 1º, ao prever que “as perícias 
requeridas pela Fazenda Pública, MinistérioPúblico ou Defensoria Pública
 poderão ser realizadas por entidade pública ou,
havendo previsão orçamentária, ter os valores adiantados por aquele que
requerer a prova”. Assim, caso não haja previsão orçamentária para o
adiantamento dos honorários periciais, a despesa deverá ser paga no exercício
financeiro seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre antes do
adiantamento a ser feito pelo ente público (art. 91, § 2º). Instituiu-se, dessa forma,
a obrigação de diligência pericial sem imediata garantia de remuneração do
técnico. 
Parte autora residente no Exterior => Caução acaso não possuía imóveis no Brasil
Autor residente fora do Brasil (cautio pro expensis)
O Código de Processo Civil prevê que o autor, nacional ou estrangeiro,
que residir fora do Brasil ou deixar de residir no país ao longo da tramitação do
processo, deverá prestar caução suficiente ao pagamento das custas e dos
honorários de advogado da parte contrária, sempre que não possuir no país bens
imóveis que lhes assegurem o pagamento (art. 83).
intuito resguardar eventual direito do réu que sair vencedor na ação de receber as
custas e os honorários sucumbenciais do vencido.
A caução, contudo, poderá ser dispensada quando: 
(A) houver previsão nesse
sentido em acordo ou tratado internacional de que o Brasil seja parte;
(B) na execução fundada em título extrajudicial; 
(C) no cumprimento de sentença; e
(D) na reconvenção (art. 83, § 1º).
Uma vez prestada a caução, a parte interessada poderá exigir o seu reforço,
toda vez que ocorrer o desfalque da garantia, oportunidade em que deverá
justificar o pedido com a indicação da depreciação do bem e da importância do
reforço que pretende obter (art. 83, § 2º).
A sucumbência e as obrigações financeiras do processo
Diversa do ônus de antecipar as despesas dos atos processuais é a obrigação
que resulta para a parte vencida de ressarcir à vencedora todos os gastos que
antecipou. Com efeito, impõe o art. 82, § 2º, do NCPC ao juiz o dever de
condenar o vencido a “pagar ao vencedor as despesas que antecipou”. E o art.
85 determina a condenação do vencido a pagar honorários ao advogado do
vencedor. São também devidos honorários de advogado na reconvenção, no
cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não,
e nos recursos interpostos, cumulativamente (art. 85, § 1º).
Qualquer que seja a natureza principal da sentença – condenatória,
declaratória ou constitutiva –, conterá sempre uma parcela de condenação, como
efeito obrigatório da sucumbência. Nessa parte formará, portanto, um título
executivo em favor do que ganhou a causa (autor ou réu, pouco importa).
Adotou o Código, assim, o princípio da sucumbência, que consisteem
atribuir à parte vencida na causa a responsabilidade por todos os gastos do
processo. Assenta-se ele na ideia fundamental de que o processo não deve
redundar em prejuízo da parte que tenha razão. Por isso mesmo, a
responsabilidade financeira decorrente da sucumbência é objetiva e prescinde de
qualquer culpa do litigante derrotado no pleito judiciário. Para sua incidência
basta, portanto, o resultado negativo da solução da causa, em relação à parte.
O Código só fala de condenação do vencido ao pagamento das despesas antecipadas pelo
vencedor, bem como dos honorários de seu advogado, como ato integrante da
sentença (arts. 82, § 2º, e 85). O regime atual, destarte, é o de que o
ressarcimento das despesas adiantadas para os diversos incidentes e diligências
pelo vencedor só seja objeto de decisão por ocasião da sentença.
Se vários forem os litigantes sucumbidos, o que ocorre nos casos de
litisconsórcio, os vencidos responderão pelas despesas e honorários em proporção
(art. 87). Cada sucumbente será responsabilizado, assim, na medida do
interesse que tiver no objeto da decisão. Se um litisconsorte, por exemplo, perdeu
R$ 100.000,00 e outro R$ 200.000,00, caberá ao primeiro 1/3 e ao segundo 2/3
dos efeitos da sucumbência. A sentença, portanto, deverá distribuir, de forma
expressa, a responsabilidade proporcional pelo pagamento das despesas e
honorários. Não o fazendo, os litisconsortes vencidos responderão solidariamente
por essas verbas (art. 87, §§ 1º e 2º). Também quando por força da relação
jurídica material os litisconsortes vencidos forem solidários, sê-lo-ão, igualmente,
na sujeição à responsabilidade pelos gastos processuais do vencedor,
independentemente de manifestação judicial.
Ressalvas aos efeitos da sucumbência
As consequências normais da sucumbência, no tocante ao ressarcimento de
despesas e honorários advocatícios, submetem-se a alguns regimes particulares
em procedimentos especiais.
Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interessados pagarão as
despesas proporcionalmente aos seus quinhões (art. 89). Se houver
controvérsia entre os condôminos, sua solução será dada na primeira fase do
procedimento, cuja sentença imporá ao vencido o encargo da sucumbência. Na
segunda fase, reservada aos trabalhos divisórios propriamente ditos, as despesas
serão sempre rateadas, salvo apenas aquelas provocadas por impugnações ou
recursos, que seguirão a regra comum da sucumbência.
Se o processo terminar por desistência, renúncia ou reconhecimento do
pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu, renunciou
ou reconheceu (art. 90). Porém, se a desistência, a renúncia ou o
reconhecimento for parcial, a responsabilidade pelas despesas e pelos honorários
será proporcional à parte de que se desistiu, se renunciou ou que se reconheceu
(art. 90, § 1º).
Se as partes transigirem, extinguindo o litígio, a sucumbência seguirá os
termos do acordo celebrado. Contudo, se as partes não dispuserem sobre as
despesas na transação, deverão elas ser divididas igualmente (art. 90, § 2º). O
NCPC inovou ao dispor que, sendo a transação realizada antes da sentença, as
partes ficarão dispensadas do pagamento das custas processuais remanescentes,
se houver (art. 90, § 3º).
Prestigiando os princípios da boa-fé e da cooperação processual, o NCPC
determinou, ainda, que, se o réu reconhecer a procedência do pedido e,
simultaneamente, cumprir, de forma integral e espontânea, a prestação
reconhecida, os honorários advocatícios serão reduzidos pela metade (art. 90, §
4º). Não basta, portanto, que o réu dê sua adesão ao pedido do autor. Para que os
encargos dos honorários sejam reduzidos, é indispensável que se proceda ao
mesmo tempo ao reconhecimento do direito e ao imediato pagamento,
espontâneo e integral, da prestação reconhecida.
Não se pode falar em sucumbência nos procedimentos de jurisdição
voluntária, por inexistência de litígio e de parte. Assim, o requerente adiantará o
pagamento de todas as despesas, mas terá direito de rateá-las entre os demais
interessados (art. 88).Havendo impugnação ao pedido, porém, instala-se
contraditório que conduzirá à configuração de sucumbência, cabendo, então, as
regras comuns das causas contenciosas, no que diz respeito tanto às despesas
comuns do processo como aos honorários de advogado.
Quando houver assistência e ocorrer sucumbência da parte assistida, o
assistente será condenado nas custas em proporção à atividade que houver
exercido no processo (art. 94). Caberá ao juiz arbitrar em que proporção o
assistente atuou no processo, para determinar a sua parcela de responsabilidade
pelos encargos sucumbenciais. Não há, contra ele, condenação em honorários.
Nos casos em que o processo for extinto, sem resolução do mérito, a
requerimento do réu, o autor não poderá propor novamente a ação sem pagar ou
depositar em cartório as despesas e honorários a que foi condenado (art. 92).
Extinção do processo por perda do objeto
Uma hipótese frequente é a de extinção do processo que se instaurou com
observância de todas as condições da ação, mas que, por fato superveniente,
sofre perda do respectivo objeto, fazendo desaparecer o interesse do autor no
julgamento do mérito da causa. Quando isso se dá por fato imputável ao réu,
como, por exemplo, no pagamento voluntário da dívida ajuizada, é claro que
ficará ele responsável pelos honorários de sucumbência, pela simples razão de
que foi o causador do litígio, ficando, outrossim, reconhecida de sua parte,
implicitamente, a procedência inicial do pedido do autor. O NCPC, no tocante aos
honorários advocatícios, foi claro ao determinar que, “nos casos de perda do
objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo” (art. 85, §
10).
 Sucumbência recíproca
Opera-se a sucumbência recíproca quando o autor sai vitorioso apenas em
parte de sua pretensão. Tanto ele como o réu serão, pois, vencidos e vencedores,
a um só tempo. Nesses casos, “serão proporcionalmente distribuídas entre eles as
despesas” (art. 86)
Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o juiz
desprezará a sucumbência recíproca e atribuirá por inteiro, ao outro, a
responsabilidade pelas despesas e honorários (art. 86, parágrafo único)
Quando, todavia, o processo tiver sido extinto, sem resolução de mérito, a
requerimento do réu, “o autor não poderá propor novamente a ação, sem pagar
ou depositar em cartório as despesas e honorários a que foi condenado” (art.
92).
Honorários de advogado
Entre os gastos necessários que a parte faz no processo figuram os
honorários pagos a seu advogado. Em sentido amplo, são uma espécie do gênero
despesas processuais, portanto. Mas o Código, em matéria de sucumbência,
reserva um tratamento especial para a verba advocatícia, principalmente em
alguns aspectos:
(a) só a sentença, ao encerrar o processo, é que resolverá a questão dos
honorários, salvo na execução e no cumprimento de sentença, quando é tratada
em decisão interlocutória (NCPC, arts. 85, § 1º, e 827, caput);
(b) por outro lado, pouco importa o contrato firmado entre a parte e seu
advogado, ou a quantia que efetivamente lhe foi paga. O ressarcimento dos
gastos advocatícios será sempre feito conforme valor fixado pelo juiz na
sentença (art. 85, § 2º);
(c) na verdade, os honorários de sucumbência não revertem para a parte
vencedora, mas “constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com
os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho”. Por isso
mesmo, fica vedada a compensação em caso de sucumbência parcial (art. 85, §
14).
Honorários sucumbenciais e direito autônomo do advogado
O Código, separou, para fins sucumbenciais, as despesas processuais dos
honorários, estabelecendo um regime próprio para cada qual:
(a) “a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que
antecipou” (NCPC, art. 82, § 2º); mas tais despesas só “abrangem as custas dos
atos do processo, a indenizaçãode viagem, a remuneração do assistente técnico e
a diária de testemunha” (art. 84); não incluem, portanto, os gastos do vencedor
com seu advogado;
(b) quanto à remuneração do causídico, a regra legal traçada para a
sucumbência, é a de que “a sentença condenará o vencido a pagar honorários ao
advogado do vencedor” (art. 85). Trata-se, assim, de remuneração direta ao
advogado do vencedor, e não de reembolso de gasto da parte. Constituem, tais
honorários, como esclarece o novo Código, “direito do advogado”, tendo,
legalmente, “natureza alimentar” (art. 85, § 14)
Cabimento da verba sucumbencial de honorários
Ainda que não haja pedido expresso do vencedor, é devido o ressarcimento
dos honorários de seu advogado. E, mesmo funcionando o advogado em
causa própria, terá direito, se vencedor, à indenização de seus honorários (art. 85,
§ 17). É que o pagamento dessa verba não é o resultado de uma questão
submetida ao juiz. Ao contrário, é uma obrigação legal, que decorre
automaticamente da sucumbência, de sorte que nem mesmo ao juiz é permitido
omitir-se frente à sua incidência.
O art. 85, caput, é taxativo ao dispor, de forma imperativa, que a
sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. De
tal sorte, essa condenação é parte integrante e essencial de toda sentença. 
fazê-lo em ação própria.159
O novo Código previu, todavia, de forma expressa, que, havendo omissão na
sentença quanto ao direito aos honorários ou a seu valor, mesmo com o trânsito
em julgado, é possível à parte ajuizar ação autônoma para sua definição e
cobrança (art. 85, § 18). 
Ocorrendo embargos, haverá a possibilidade de duas sucumbências do
devedor: uma na execução e outra nos embargos (NCPC, art. 85, § 13). No
regime do Código anterior, a jurisprudência se fixou no sentido de que os
honorários acumulados da execução e dos embargos deveriam observar o limite
máximo de 20% do antigo art. 20, § 3º (NCPC, art. 85, § 2º). 
Tanto na execução de título extrajudicial como no cumprimento de
sentença, os honorários advocatícios aplicados nos embargos ou no cumprimento
de sentença “serão acrescidas no valor do débito principal, para todos os efeitos
legais” (art. 85, § 13). 
Entretanto, excepcionou a regra quando se tratar de decisão proferida em
desfavor do Poder Público: “não serão devidos honorários no cumprimento de
sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório, desde
que não tenha sido impugnada” (art. 85, § 7º). Logo, sobrevindo embargos, a
execução contra a Fazenda Pública sujeitar-se-á, também, à incidência de nova
verba honorária sucumbencial.
 – Honorários nos recursos:
O art. 85, § 11, prevê que o
tribunal majore os honorários fixados anteriormente na sentença, levando em
conta o trabalho adicional realizado em grau de recurso e observando, conforme
o caso, os critérios traçados nos §§ 2º a 6º, do referido art. 85. Caberá, outrossim,
ao tribunal respeitar os limites estabelecidos pelo Código para a fase de
conhecimento (art. 85, §§ 2º e º e 3º). Referida verba, entretanto, pode ser
cumulada com multas e outras sanções processuais, sem respeitar o limite em
questão (art. 85, § 12).
 – Honorários dos advogados públicos:
O novo Código adotou orientação um pouco diversa ao reconhecer o direito do 
procurador do ente público ao recebimento dos honorários. 
Doravante, “os advogados públicos
perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei” (art. 85, § 19). O
regime de atribuição e divisão entre os procuradores públicos regular-se-á por lei
própria.
Inoperância da sucumbência
Há caso em que o Código carreia a responsabilidade pelos honorários a uma
das partes sem atentar para a sucumbência, quando a parte vencedora, ou não,
for havida como litigante de má-fé (NCPC, art. 81).
O encargo da verba honorária, na sistemática do art. 85, é, em princípio,
imposição que decorre da lei, independentemente de ter, ou não, o vencido
atuado de má-fé. Para suportar dito encargo, basta que a parte tenha sido
derrotada na solução dada à causa pela sentença. Nisso consiste o princípio da
sucumbência.
Em muitos casos, porém, a distribuição das despesas do processo não pode
se dar apenas à luz de tal princípio, tornando-se necessária “a sua articulação
com o princípio da causalidade”. É o que ocorre, por exemplo, quando o
processo se extingue, sem solução do mérito, em razão de fato superveniente que
esvaziou o objeto do feito. Caberá ao juiz, em semelhante conjuntura, verificar
quem deu causa ao processo, para atribuir-lhe responsabilidade dos gastos
processuais. Nisso consiste o princípio da causalidade.
Fixação dos honorários
Os limites da fixação dos honorários, pelo juiz, são tratados pelo art. 85, §
2º, em função do valor da condenação principal ou do proveito econômico
obtido. Apenas na hipótese de não ser possível mensurar esse proveito é que o
Código permite que se utilize o valor atualizado da causa como base do respectivo
cálculo.
Assim, o juiz condenará o vencido a pagar honorários ao vencedor entre o
mínimo de dez por cento e o máximo de vinte por cento “sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo,
sobre o valor atualizado da causa” (art. 85, § 2º).
Entre esses dois parâmetros, o arbitramento judicial, para chegar ao
percentual definitivo, levará em conta:
(a) o grau de zelo profissional;
(b) o lugar da prestação do serviço;
(c) a natureza e a importância da causa;
(d) o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço
(art. 85, § 2º, I a IV).
De forma contrária ao posicionamento adotado pelo Código revogado, que
admitia com largueza o arbitramento por equidade, a legislação atual determinou
a aplicação, em regra, dos critérios objetivos previstos nos §§ 2º e 3º
“independentemente de qual seja o conteúdo da decisão, inclusive aos casos de
improcedência ou extinção do processo sem resolução do mérito” (art. 85, §
6º). Assim, ainda quando a ação não resultar em condenação ou nas ações
constitutivas e declaratórias, o juiz deverá observar aqueles critérios. Até mesmo
nas sentenças contrárias à Fazenda Pública, a lei nova evitou o emprego do
arbitramento de honorários por critério de equidade.
Deixarão de ser aplicados os limites em questão (máximos e mínimos)
quando a causa for de valor inestimável, muito baixo, ou quando for irrisório o
proveito econômico (art. 85, § 8º). Apenas nessas hipóteses, o juiz fixará os
honorários por apreciação equitativa, observando os critérios estabelecidos no §
2º do art. 85. Isso se dará para evitar o aviltamento da verba honorária.
Critérios de fixação de honorários nas ações de que participe a
Fazenda Pública
A legislação atual alterou esse regime de duas maneiras:
 (i) adotou um critério único de cálculo para todas as “causas em que a Fazenda Pública for
parte”, aplicável indistintamente a ela e à parte contrária; 
(ii) abandonou o critério da equidade, adotando percentuais sobre o valor da condenação ou do
proveito econômico obtido pela parte vencedora (art. 85, § 3º).
O atual sistema determina que sejam considerados os critérios objetivos do
§ 2º, do art. 85, estabelecendo, ainda, limites mínimos e máximos para o
arbitramento, submetendo-os, entretanto, a regras próprias. Quanto maior o valor
da condenação ou do proveito econômico obtido pela parte vencedora (seja a
Fazenda, seja a outra parte), menor será o percentual da verba honorária a ser
fixada pelo juiz.
De acordo com o art. 85, § 3º, serão adotados os seguintes percentuais:
(a) mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido até duzentos salários mínimos
(inciso I);
(b) mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação
ou do proveito econômico obtido acima de duzentos salários mínimos até dois mil
salários mínimos (inciso II);
(c) mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da
condenaçãoou do proveito econômico obtido acima de dois mil salários mínimos
até vinte mil salários mínimos (inciso III);
(d) mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da
condenação ou do proveito econômico obtido acima de vinte mil salários
mínimos até cem mil salários mínimos (inciso IV);
(e) mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação
ou do proveito econômico obtido acima de cem mil salários mínimos (inciso
V).
A aplicação desse critério, dividido em razão de faixas de condenação, deve
ser feita de forma cumulativa, i.e., o percentual relativo à condenação que atinge
a faixa maior somente será utilizado sobre o que exceder o valor englobado na
faixa menor, e assim sucessivamente: “quando, conforme o caso, a condenação
contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido pelo vencedor ou o
valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I, do § 3º, a fixação do
percentual de honorários deverá observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder,
a faixa subsequente, e assim sucessivamente” (art. 85, § 5º). Exemplo: se a
Fazenda Pública ou a parte contrária for condenada a pagar ao vencedor valor
equivalente a três mil salários mínimos, a verba honorária será arbitrada da
seguinte forma: (i) mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre duzentos
salários mínimos; (ii) mínimo de oito e máximo de dez sobre o valor que exceder
duzentos salários mínimos até o limite de dois mil salários, e; (iii) mínimo de
cinco e máximo de oito por cento sobre os mil salários mínimos restantes.
Em qualquer caso, esses percentuais devem ser aplicados desde logo quando
a sentença for líquida. Caso a decisão seja ilíquida, a definição desses percentuais
somente poderá ocorrer após a liquidação da sentença. Se não houver
condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico
obtido pelo vencedor, a condenação de honorários deverá ser sobre o valor
atualizado da causa, observada a gradação do § 3º. Por fim, o salário mínimo a
ser considerado para fins de definição dos percentuais será o vigente à época da
prolação da sentença líquida ou daquela proferida em sede de liquidação (art. 85,
§ 4º).
Finalmente, cabe relembrar, que não serão devidos honorários no
cumprimento de sentença, não embargado, contra a Fazenda Pública, quando se
tratar de procedimento que enseje a expedição de precatório (art. 85, § 7º). A
Fazenda Pública, portanto, tem o privilégio de responder pela execução de
sentença sem nova sujeição aos honorários sucumbenciais, desde que não
oponha resistência ao cumprimento da condenação. 
. Alguns casos especiais de fixação de honorários
Nas ações de pensionamento decorrente de ato ilícito, a verba de honorários
deve ser calculada sobre a soma das prestações vencidas com mais doze
prestações vincendas, de conformidade com o art. 85, § 9º.
Nos casos de sucumbência recíproca, o cálculo dos honorários terá de ser
feito observada a proporção em que cada parte saiu vitoriosa, segundo os
critérios do art. 85, § 2º, sendo vedada a compensação dos respectivos valores
(art. 85, § 14). Discute-se se haveria sucumbência recíproca nos casos de pedidos
subsidiários cumulados (art. 326), na hipótese de o pedido principal ser rejeitado.
Entendemos que basta que um dos diversos pedidos cumulados seja acolhido,
pouco importando se o principal ou o subsidiário, para que o autor seja tratado
como parte vencedora, o que exclui a possibilidade de imputar-lhe
proporcionalmente as verbas sucumbenciais (ver item 579 adiante).
Posição interessante tem sido adotada pela jurisprudência em torno da ação
de indenização por dano moral. Uma vez que o arbitramento da verba
indenizatória é de exclusiva competência do juiz, o entendimento sumulado do
Superior Tribunal de Justiça fixou-se no sentido de que, “na ação de indenização
por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não
implica sucumbência recíproca” (Súmula 326/STJ).
No caso de litisconsórcio entre os vencidos, observar-se-á a regra do art. 87
(vide item 201).
A fixação de honorários, finalmente, é atribuição que o juiz tem apenas na
sucumbência, que pressupõe procedimento contencioso. Por isso, nos
procedimentos de jurisdição voluntária e nos inventários não contenciosos, não é
lícito ao advogado pretender que o juiz arbitre seus honorários para inclusão na
conta de custas e cobrança de seu próprio constituinte. Em tais casos, se não
houve contrato prévio, o advogado terá de se valer das vias ordinárias para
acertar e cobrar a remuneração a que tem direito.
Execução dos honorários de sucumbência
A condenação do vencido ao pagamento de honorários, mesmo quando se
considerava destinada a ressarcir os gastos despendidos com seu advogado, não
conferia ao vencedor disponibilidade sobre tal indenização o novo
CPC estatuiu, expressamente, a autonomia do direito do advogado aos honorários,
no art. 85, § 14: “os honorários constituem direito do advogado e têm natureza
alimentar, com os mesmos privilégios dos créditos oriundos da legislação do
trabalho, sendo vedada a compensação em caso de sucumbência parcial”.
O Código permitiu, ainda, que o causídico requeira o pagamento dessa verba
em favor da sociedade de advogados que integre na qualidade de sócio (art. 85, §15). 
Exigência dos honorários sucumbenciais e encargos moratórios
O novo Código supera a dificuldade exegética instaurada em razão da
omissão da lei anterior, dispondo que a contagem em causa começa do trânsito
em julgado da decisão que impuser a condenação à verba advocatícia, desde que
fixada em quantia certa (art. 85, § 16). 
3/5/17 Dos Procuradores
Capacidade Postulatória
ADVOGADOS
A capacidade de postulação em nosso sistema
processual compete exclusivamente aos advogados, de modo que é obrigatória a
representação da parte em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil (NCPC, art. 103).Trata-se de um pressuposto
processual.
Permite, ainda, o art. 103, parágrafo único, do NCPC que a parte postule em
causa própria, isto é, sem outorga de mandato a advogado, quando tiver
habilitação legal.
O mandato judicial
Para que o advogado represente a parte no processo, há de estar investido de
poderes adequados, que devem ser outorgados por mandato escrito, público ou
particular assinado pela parte (NCPC, art. 105). O instrumento público só é
obrigatório para os analfabetos ou para os que não tenham condições de assinar o
nome. Admite-se que a procuração ad judicia seja assinada digitalmente, na
forma da lei (art. 105, § 1º).
Para o instrumento particular de mandato judicial, não se exigem maiores
solenidades. Basta que o documento seja assinado pelo outorgante (art. 105),
sendo desnecessário o reconhecimento de firma. Qualquer pessoa maior e capaz,
mesmo os menores devidamente representados ou assistidos, pode constituir
advogado por instrumento particular.
A procuração judicial não depende de especificação de poderes, pois é
suficiente outorgá-la como “procuração geral para o foro” (procuração ad
judicia) para que o advogado esteja habilitado a praticar todos os atos do processo
(art. 105, caput, primeira parte). Dependem, porém, de outorga expressa em
cláusula específica os poderes para receber a citação inicial, confessar,
reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre
que se funda a ação, receber, dar quitação, firmar compromisso e assinar
declaração de hipossuficiência econômica (art. 105, caput, segunda parte).
Os poderes podem ser conferidos ao advogado para todo o processo ou
algum ato ou fase dele. Não havendo restrição expressa no próprio instrumento, o
mandato outorgado na fase de conhecimento é eficaz para todas as fases do
processo, inclusive para o cumprimento de sentença (art. 105, § 4º).
A procuração deverá conter, ainda, o nome do advogado, seu número de
inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e endereço completo(art. 105, §
2º), bem como, se for o caso, o nome da sociedade de advogados, da qual o
outorgante participa, seu número de registro na OAB e endereço completo (art.
105, § 3º).
O advogado, em regra, não pode postular sem a exibição do competente
instrumento de mandato (art. 104, caput). Essa exigência é dispensada
provisoriamente em casos de urgência. Assim é que lhe é permitido, em nome
da parte, intentar ação, a fim de evitar preclusão, decadência ou prescrição. E,
ainda, poderá intervir no processo, praticar atos reputados urgentes, como
contestar uma ação ou embargar uma execução, estando ausente a parte
interessada.
Quando a intervenção no processo se der sem a exibição da procuração, o
advogado se obrigará, independentemente de caução, a apresentar o competente
instrumento no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período, por despacho
do juiz (art. 104, § 1º).
Apresentada a procuração, o ato praticado estará perfeito e considerar-se-á
ratificado na data de sua prática. Mas, não exibido o instrumento no prazo do art.
104, § 1º, o ato do advogado sem mandato “será considerado ineficaz
relativamente àquele em cujo nome foi praticado”, ficando o causídico, ainda,
responsável pelas despesas e perdas e danos que acarretar ao processo (art. 104,
§ 2º).
	
Revogação e renúncia do mandato
O mandato judicial, como qualquer outro, pode ser livremente revogado
pelo outorgante, mas a parte terá que, no mesmo ato, constituir outro advogado
para substituir o primitivo no processo (NCPC, art. 111). Não sendo
constituído outro procurador em quinze dias, o juiz suspenderá o processo e
designará prazo razoável para que a parte sane o vício, sob pena de: (i) ser extinto
o processo, se for o autor quem deixar de cumprir a diligência; (ii) ser
considerado revel, se for o réu; ou (iii) ser o terceiro considerado revel ou
excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre (art. 111,
parágrafo único).
A renúncia ao mandato judicial, também, é ato possível no curso do
processo, caso em que se observará o disposto no art. 112 (ver item 228 adiante).
 Direitos e deveres
I – Deveres do advogado:
Quando o advogado atua por força de mandato, ele exibirá procuração na
qual constam seu número de inscrição na OAB e endereço completo.
Se a postulação se der em causa própria, não haverá procuração, mas a
parte deverá (NCPC, art. 106):
(a) declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número
de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de
advogados da qual participa, se for o caso, para recebimento de intimações
(inciso I);
(b) comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço (inciso II).
Descumprido o disposto no item I, o juiz mandará que se supra a omissão no
prazo de cinco dias, antes de determinar a citação do réu. Não sanada a falta, a
petição será indeferida (art. 106, § 1º). Desobedecida a norma do item II,
reputar-se-ão válidas as intimações enviadas por carta registrada ou por meio
eletrônico ao endereço constante dos autos (art. 106, § 2º).
II – Direitos do advogado (Prerrogativas):
O art. 107 assegura aos advogados, atuando em causa própria
ou por mandato, os seguintes direitos:
(a) examinar, em cartório de fórum e secretaria de tribunal, mesmo sem
procuração, autos de qualquer processo, independentemente da fase de
tramitação, assegurados a obtenção de cópias e o registro de anotações, salvo na
hipótese de segredo de justiça, nas quais apenas o advogado constituído terá
acesso (inciso I);
(b) requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo
prazo de cinco dias (inciso II);
(c) retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que
neles lhe couber falar por determinação do juiz, nos casos previstos em lei (inciso
III) . Exclusivo do advogado e do estagiário.
Sendo comum às partes o prazo para falar no processo, os autos não deverão
sair do cartório, a não ser em conjunto mediante prévio ajuste dos procuradores,
manifestado em petição dirigida ao juiz (art. 107, § 2º). Quando, porém,
houver necessidade de extrair cópias de peças do processo, a retirada dos autos,
pelo prazo de duas a seis horas, é assegurada ao procurador de qualquer das
partes, independentemente de prévio ajuste e sem prejuízo da continuidade do
prazo (art. 107, § 3º). Contudo, o advogado perderá no mesmo processo esse
direito, caso não devolva os autos tempestivamente, salvo se o prazo for
prorrogado pelo juiz (art. 107, § 4º).
Ao receber os autos do escrivão, o advogado dará recibo no competente
livro de carga do Cartório ou em documento próprio (art. 107, § 1º).
A faculdade de examinar em cartório os autos (inciso I do art. 107) pode ser
usada a qualquer tempo e mesmo por advogado que não tenha procuração nos
autos; desde que o feito não corra em segredo de Justiça.
Mas as faculdades de requerer vista dos autos e retirá-los do cartório (incisos
II e III do art. 107) são exclusivas dos advogados das partes que litigam no
processo e dependem de mandato nos autos.
. SUCESSÃO DAS PARTES E DOS PROCURADORES
Sucessão de parte
O processo, uma vez aperfeiçoada a relação processual pela integração de
todos os seus elementos subjetivos, estabiliza-se. Nesse sentido, dispõe o art. 108
do NCPC que “no curso do processo, somente é lícita a sucessão voluntária
das partes nos casos expressos em lei”. É o que se passa com o adquirente de
coisa ou direito litigioso, que só pode suceder o alienante, com o consentimento
da parte contrária (art. 109, § 1º). Isto não quer dizer que o titular do direito
material litigioso não possa transferi-lo na pendência do processo. Pode, mas não
deixará de ser a parte da relação processual, em que, a partir da alienação,
passará a agir como substituto processual do adquirente.
I – Sucessão inter vivos:
Substituição Processual
Sucessão de Partes # Substituição Processual
Ocorre a sucessão inter vivos quando a parte aliena, por meio de negócio
jurídico, a coisa ou o direito litigiosos. Assim, de acordo com o art. 109 do NCPC,
essa alienação “não altera a legitimidade das partes.” Haverá mudança na
situação jurídica material, mas não na formal. Em consequência, o adquirente ou
cessionário não poderá ingressar em juízo para ocupar a posição de parte que
toca ao transmitente, a não ser que o outro litigante o consinta (art. 109, § 1º).
O sistema do Código inspirou-se na lição de Lopes da Costa, que lembrava
que, in casu, a insolvência do adquirente não deveria exonerar a parte
transmitente da responsabilidade pelas despesas do processo. Fica, outrossim, à
escolha da parte contrária consentir ou não na substituição da parte por seu
sucessor inter vivos, como esclarece o art. 109, § 1º, in fine.
Em qualquer caso, todavia, o adquirente ou cessionário terá sempre
assegurado o direito de intervir no processo, para assistir o transmitente como
assistente litisconsorcial (art. 109, § 2º). 
Por outro lado, a alteração de direito material, por não refletir na situação
processual pendente, nenhum prejuízo acarretará à força da sentença, cujos
efeitos se estenderão normalmente aos sucessores das partes, entre as quais foi
prolatado o julgado (art. 109, § 3º). Assim, com ou sem sucessão de parte, o
cessionário do direito litigioso receberá os benefícios e encargos da sentença:
 
a) Se o cedente ou o assistido for condenado, o adquirente sujeitar-se-á,
passivamente, ao cumprimento da sentença;
 b) Se vitorioso, caberá ao adquirente ou cessionário, o poder de submeter o vencido 
à execução forçada da sentença.
É que compete a quem compra bem dessa natureza
proceder à apuração de sua situação jurídica nos foros e registros pertinentes. Se
tal não se fez adequadamente, não cabe afastar a regra do art. 109, § 3º, a
pretexto de proteção à boa-fé do adquirente, já que não teria sido diligente ao
realizar a compra.
II – Sucessão universal:
No caso de morte de qualquer dos litigantes, a sucessãopor seu espólio ou
seus sucessores é necessária, salvo a hipótese de ação intransmissível (NCPC, art.
110). 
Enquanto isto não se verificar, não fluirá, obviamente, o prazo de apelação para a
parte vencida.
Quanto às alterações estatutárias de pessoas jurídicas, não se pode tratá-las
como sucessão de parte em casos de admissão de novos sócios e modificação de
denominação social. Tampouco se sujeitam às regras do art. 109, caput, as
modificações societárias provenientes de fusão ou incorporação de pessoas
jurídicas, por não se tratar de transmissão a título particular, e, sim, de sucessão
universal entre empresas, cujo regime, mutatis mutandis, é o mesmo da sucessão
pessoal causa mortis. 
Sucessão do advogado
A Sucessão do advogado no curso do processo pode decorrer de ato de
vontade ou de fato natural. Pode advir de revogação ou renúncia do mandato, da
morte ou incapacidade do próprio advogado. Pode, ainda, decorrer de caso de
força maior que o impeça de continuar no patrocínio da causa.
Quando a parte revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo
ato constituirá outro que assuma sua função nos autos (NCPC, art. 111).
Quando a representação processual tiver de cessar, em virtude de renúncia
do advogado ao seu mandato, deverá este cientificar a parte para que lhe nomeie
sucessor (art. 112, caput). Durante os dez dias seguintes à cientificação, o
advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe
evitar prejuízo (art. 112, § 1º). Não há exigência legal de uma forma solene
de cientificação. Qualquer meio de ciência será válido. Um “ciente” na
declaração pessoalmente apresentada, um telegrama, um “telex” ou “fax” ou
“e-mail”, conforme o caso, serão suficientes para a comprovação a ser feita em
juízo pelo advogado, para liberar-se do munus processual de continuar
representando a parte.
O novo Código dispensa a comunicação ao mandante, caso a procuração
tenha sido outorgada a vários advogados e a parte continuar representada por
outro, apesar da renúncia (art. 112, § 2º).
17/05/17 Litisconsórcio
Comumente, tende-se a definir o litisconsórcio como a presença de mais de
um sujeito em um dos polos do processo. Porém, é preciso distinguir o litisconsórcio
da simples pluralidade de partes ou cumulação subjetiva.
 Ocorrerá pluralidade de partes ou cumulação subjetiva no processo quando
se tiver, em um dos seus polos, mais de um autor ou mais de um réu. Para que essa
cumulação possa caracterizar-se como litisconsórcio, porém, é preciso que seme-
lhante multiplicidade de sujeitos encontre-se vinculada por certo grau dignidade
de interesses. Assim, na ação de consignação em pagamento proposta por Pl..contra
"B" e "C", dois supostos credores da dívida, fundada na dúvida sobre qual deles deverá
legitimamente receber o crédito (arts. 547 e 548), não é possível enxergar um
litisconsórcio passivo. Como é evidente, nesse processo, os dois sujeitos que figuram
em seu polo passivo não têm afinidade entre si, possuindo interesses antagônicos
relativamente ao crédito, visando cada qual a reclamar para si o montante. Por outro
lado, na ação de cobrança contra dois devedores, relativamente à obrigação assumida
por ambos, constitui hipótese típica de litisconsórcio.39
Essa discussão conceitual, que a um primeiro momento poderia parecer meramente
acadêmica, tem uma indiscutível importância prática no direito brasileiro.Isso
porque nosso Código prevê prazos diferenciados para a prática de atos processuais por
litisconsortes com procuradores distintos (art. 229). Daí a relevância de se distinguir
bem o litisconsórcio da simples pluralidade de partes.
Em regra, a presença de litisconsórcio no processo representa, ao lado de uma
cumulação subjetiva, também uma cumulação objetiva, é dizer, a presença de várias
causas de pedir e de vários pedidos em um único processo. Por isso, normalmente a
formação do litisconsórcio poderia ser tranquilamente substituída por tantas ações
quantas fossem as partes que integram o litisconsórcio. A formação do litisconsórcio,
então, na grande maioria das vezes, responderá a uma conveniência de economia
processual e de decisão uniforme aos conflitos de interesse. Apenas nas hipóteses de
litisconsórcio necessário é que a cumulação subjetiva não implica cumulação objetiva,
porque aí o que existe é uma pretensão comum alegada em litisconsórcio ativo ou
passivo, sendo a litigância em conjunto consiste requisito erigido para resguardar o
direito ao contraditório de todos os potencialmente atingíveis pela decisão da causa.40
Em geral, costuma -se classificar o litisconsórcio em diversas categorias. Quatro
são os critérios mais comuns: (I) posição processual; (II) momento de formação; (IIl)
obrigatoriedade de formação; e (IV) uniformidade na solução da causa.
Conforme a posição processual em que se forma o litisconsórcio, o litisconsórcio
pode ser classificado em litisconsórcio ativo, passivo ou misto. O litisconsórcio
é ativo quando é formado no polo ativo do processo. Ocorre quando se tem mais de
um autor da demanda, como seria o caso em que marido e mulher propõem ação para
I recuperar a posse da coisa tomada por alguém. É passivo quando se tem vários réus
no processo. Seria o caso semelhante ao anterior, mas na hipótese em que os cônjuges
fossem réus dessa mesma demanda possessória. É misto ou recíproco quando em
ambos os polos do processo há uma pluralidade de partes, importando na presença
de mais de um autor e de mais de um réu no mesmo processo.
Conforme o momento de formação do litisconsórcio, o litisconsórcio pode ser
inicial ou ulterior. Litisconsórcio inicial é aquele que se forma já na fase preambular
do processo, sendo indicado desde logo na petição inicial. Seria, por hipótese, o caso
em que a formação do litisconsórcio ocorre desde o início do processo, sendo a ação
proposta conjuntamente por vários autores ou contra vários réus desde o princípio.
Litisconsórcio ulterior é aquele que se forma no curso do processo. Como se verá
adiante, algumas espécies de intervenção de terceiros geram a formação de um litisconsórcio
ulterior (como ocorre com a assistência litisconsorcial e com o chamamento
ao processo, arts. 124 e 130), o que, ressalvadas essas hipóteses, somente é admissível
excepcionalmente, em vista da regra da estabilidade da demanda, segundo a qual o
aditamento da petição inicial (inclusive para se exercer uma nova ação contra um
noVOréu ou por novo autor) somente é autorizado, em princípio, até a citação do réu
original da ação originária (art. 329, I).
Consoante a obrigatoriedade ou não de sua formação, o litisconsórcio pode ser
facultativo ou necessário. O litisconsórcio facultativo é aquele simplesmente autorizado
da legislação. Nesse caso, o litisconsórcio facultativo somente se forma por iniciativa
e vontade das partes. Não há nada -seja a lei, seja a própria natureza da relação jurídica
material objeto do processo - que obrigue sua formação, decorrendo da simples
conveniência das partes. Obviamente, essa "conveniência" deve ser exercida dentro
de certos limites, não sendo possível ao autor criar litisconsórcio entre diversos réus,
para demandar de cada qual determinado direi to sem que haj a algum vínculo entre os
direitos e as pretensões alegadas em juízo. O litisconsórcio, nesse caso, forma-se em
razão da oportunidade da parte, mas também fundado em critério de conveniência
do Estado em resolver o conflito da maneira mais rápida e completa possível. Se, ao
contrário, isso puder gerar mais tumulto do que benefício (em juízo formulado pela
lei através dos critérios deduzidos no art. 113, ~ 1.0), não se autoriza a cumulação.
Assim, em exemplo caricatural, não pode o autor, por sua exclusiva conveniência,
cumular ação de despejo contra "A",ação de cobrança contra "B"e ação de indenização
contra "C". Por óbvio, essa cumulação, se autorizada fosse, ao invés de colaborar
para a solução mais rápida dos conflitos, somente viriaa retardá-los, mostrando-se
indevida e inadmissível. Por essa mesma razão, não pode o litisconsórcio facultativo
mostrar-se como um obstáculo à economia processual e um risco para o direito de
defesa, razão pela qual permite o legislador que o juiz limite o litisconsórcio facultativo
multitudinário (art. 113, ~ 1.0), isto é, limite o litisconsórcio facultativo formado por
um número excepcionalmente grande de pessoas a um número razoável, que não
comprometa a rápida solução do direito e o direito de defesa. O litisconsórcio necessário
é aquele que é exigido pela legislação para a caracterização da legitimação para a causa das
partes. E aquele que se forma não pela vontade das partes, mas por determinação de
lei ou pela própria natureza da situação jurídica deduzida em juízo (art. 114).Anão
formação desse litisconsórcio importará na impossibilidade de se examinar o mérito
da pretensão deduzida, devendo o juiz extinguir o processo sem resolução do mérito
(art. 115, parágrafo único).
Por fim, consoante a imprescindibilidade de uniformidade de solução da causa
ou não, o litisconsórcio pode ser classificado em simples ou unitário. Será simples o
litisconsórcio toda vez que possível o tratamento não uniforme do ponto de vista da
solução da causa, sendo possível que o juiz julgue o litígio de modo distinto para cada
um dos litisconsortes. Unitário será o litisconsórcio quando a demanda tiver de ser
julgada de maneira uniforme para todos os litisconsortes (art. 116). O que determina
a unitariedade do litisconsórcio é a natureza incindível da situação jurídica de direito
material alegada em juízo - na verdade, esse é o significado da expressão "natureza
da relação jurídica" empregada pelo nosso legislador (art. 116).
Três são as fontes do litisconsórcio no direito brasileiro: a comunhão, a conexão e
a qfinidade (art. 113). Essas três figuras estão ligadas ao direito material e apresentam
umgrau decrescente de intensidade na ligação entre as esferas jurídicas dos litisconsortes.
Assim, para que possa ser formado o litisconsórcio, em qualquer de suas modalidades
e sob qualquer de suas classificações, é preciso que se faça presente ao menos uma
dessas hipóteses.
A primeira hipótese em que autorizado o litisconsórcio é o da comunhão de
direitos ou de obrigações relativamente ao objeto litigioso do processo. Em regra, essa
comunhão refere-se à comunhão de interesses decorrente do direito material posto em
causa, porque o direito subjetivo, concebido diante de certas situações, cria interesses
ou obrigações para mais de uma pessoa. Em tais situações, pode (ou deve, conforme
se verá adiante) haver a formação do litisconsórcio, sendo esse o elo mais estreito que
pode ligar duas pessoas em relação ao direito material. É o caso de marido e mulher,
juntos, demandarem a restituição de uma coisa apossada por alguém ou de o devedor
e seu fiador serem demandados pela dívida assumida pelo primeiro e garantida pelo
outro.41 Nesses casos, e em tantos outros que se poderia imaginar, o direito material
cria situação subjetiva ativa ou passiva composta de mais de um sujeito, possibilitando
ou determinando que essa circunstância se reflita no processo através da formação
do litisconsórcio.
A segunda hipótese em que autorizado o litisconsórcio é o da conexão das
causas pelo pedido ou pela causa de pedir. A conexão, como se sabe, é motivo para a
reunião de processos, perante um mesmo juízo, para solução harmônica e simultânea
¥ dos conflitos (art. 55, ~ 1.0). Se esse efeito se opera em relação a processos distintos,
não haveria razão para que o Código de Processo Civil não incentivasse essa solução
conjunta por outro meio, notadamente através da formação do litisconsórcio. Assim, a
conexão de causas é razão suficiente para, ao invés de se promoverem ações separadas
(o que seria,evidentemente,admissível),proporem-se diversas demandas em um único
processo, formando-se litisconsórcio. Seria, então, exem pIo dessa causa de formação
de litisconsórcio a hipótese em que dois acionistas de certa sociedade pretendessem
a anulação de certa deliberação social da empresa (conexão pelo pedido), ou ainda
a hipótese em que as vítimas de determinado acidente de veículo propusessem em
conjunto uma ação visando à tutela reparatória contra o causador do dano (conexão
pela causa de pedir).
No Código Buzaid, falava-se em litisconsórcio fundado na identidade de fundamentos
e em litisconsórcio fundado na conexão de causas. A doutrina, no entanto , já
observava com razão que se tratava de uma superposição: a hipótese da conexão de
causas abarca a hipótese de identidade de fundamentos. 42 Diante do direito vigente,
derivando os direitos ou os deveres do mesmo fundamento de fato ou de direito, isto
é, do mesmo e único fato jurídico, é igualmente admissível o litisconsórcio, mas aí fundado
na conexão de causas. A identidade de fundamentos subsume-se na hipótese
de litisconsórcio por conexão de causas.
A terceira hipótese é a da infinidade de questões por ponto comum de fato ou de
direito. Ponto é uma alegação fático-jurídica que embasa o pedido ou a defesa das
partes. Questão é um ponto controvertido nos autos. Obviamente, a existência de
um ponto de fato ou de direito comum entre as partes não é suficiente para ensejar o
litisconsórcio quando esse ponto for meramente circunstancial ou secundário. O ponto
que autoriza o litisconsórcio é o ponto principal, que sustenta com preponderância
a posição jurídica das partes. A hipótese em exame diz respeito à situação em que os
pedidos ou as defesas se estabeleçam com base em jàtos idênticos (mas não o mesmo
fato, o que ensejaria o litisconsórcio por conexão das causas). Seria exemplo dessa hipótese
de litisconsórcio a propositura, por vários contribuintes, de ação tendente a desconstituir
lançamento tributário fundada na inconstitucionalidade da exação.
Note-se que esses pressupostos são o mínimo que se exige para a formação do
litisconsórcio. A simples incidência de uma dessas hipóteses no caso concreto, porém,
não é ainda por si só capaz de indicar qual espécie de litisconsórcio se está a tratar.
Apesar de a redação do art. 113 aparentar, pela composição de seu caput- "duas ou
mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente
(...)"-, estarem nele previstas as situações de litisconsórcio facultativo, é certo que os
c~s.osarrolados nesse artigo referem-se a qualquer espécie de litisconsórcio, sendo que o
lttzsconsórcio será necessário se, àquelas situações, somar-se a qualificação exigida pelo art.
114. Caso contrário, o litisconsórcio seráfacultativo.
Daí que éfundamental compreender deforma adequada afigura do litisconsórcio
necessário.Afinal, para que oprocesso se desenvolva observando-se odireito ao contraditório
epossa se qualificar assim como um processo justo, é imprescindível que as regras sobre a
formação obrigatória do litisconsórcio sejam observadas.
O litisconsórcio necessário é uma projeção infraconstitucional do direito
fundamental ao contraditório (art. 5.°, LV, da CF). Sua violação importa, portanto,
em violação do direito ao contraditório e, por consequência, violação do direito fimdamental
ao processo justo (art. 5.°, LV, da CF).
Conforme o art. 114, o litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando,
pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação
de todos que devam ser litisconsortes. A disciplina do litisconsórcio necessário no Código
de Processo Civil é muito superior àquela do Código Buzaid. Da sua leitura fica claro que
são duas as causas do litisconsórcio necessário: I) expressa disposição de lei e 11) natureza
da relação jurídica controvertida em juízo. Não há, portanto, nenhuma confusão entre
litisconsórcio necessário e litisconsórcio unitário - como éfácil perceber, nosso legislador não
exige a unitariedade como pressuposto da necessariedade.43 O litisconsórcio necessário pode
ser simples, quandofor oriundo de expressa disposição de lei, ou unitário, quando decorrer
da natureza da relação jurídica controvertida em juízo.
Não sendo formado o litisconsórcio nos casos em que ele se imponha, determinará
o magistrado que o autor promova a citação dos litisconsortes necessários
em prazo por ele assinado - que há de considerar a complexidade da causa para tanto
(art. 115,parágrafo único). Descumprida a determinação sem justa causa pela parte
autora, deverá ojuiz extinguir o processo sem resolução do mérito (art. 115,parágrafo
único, parte final).
A diferença marcada pelo legislador entre litisconsórcio necessário simples e litisconsórcio
necessário unitário é importante igualmente pelos efeitos gerados pela ausência
de participação do litisconsorte: no primeiro caso, a sua ausência gerará apenas ineficácia
nlativa, isto é, ineficácia diante daquele que deveria ter integrado o contraditório, mas
não dele não participou; no segundo, porém, a violação da regra do litisconsórcio gerará
nulidade, tornando a decisão inválida para todos osparticipantes do processo (art. 115).
Também aqui o Código de Processo Civil, atento à doutrina,44 apresenta disciplina superior
àquela do Código Buzaid.
Além de apurar a disciplina legal do litisconsórcio necessário, nosso legislador resolveu
dedicar atenção especial ao litisconsórcio unitário. Diz o art. 116 que 'olitisconsórcio
será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, ojuiz tiver de decidir a lide de
modo uniforme para todos os litisconsortes". Como se pode perceber, a unitariedade do
litisconsórcio decorre não apenas do fato de que a sentença deve decidir a questão
de forma uniforme para todos os litisconsortes, mas, sobretudo, da ideia de que essa
imposição decorra da "natureza" da relação jurídica material deduzida em juízo - isto
é, da sua "incindibilidade". Vale dizer: no litisconsórcio unitário, existe uma relação
jurídica material incindível (cuja afirmação é o objeto da demanda) que possui vários
sujeitos em um de seus polos.45 Pense-se no caso de um imóvel que possua vários
coproprietários, no negócio jurídico celebrado por marido e mulher com terceiro ou
ainda em um ato administrativo complexo (por exemplo, uma portaria), que é emitido
por mais de uma entidade. Nesses casos, a relação jurídica material é incindível
e possui, em pelo menos um de seus polos, mais de um sujeito. E é precisamente essa
incindibilidade aliada à pluralidade subjetiva em um dos palas da relação jurídica
material deduzida em juízo que determina o litisconsórcio unitário.
Impõe-se, então, a formação do litisconsórcio precisamente porque a relação
material deduzida é incindível e comporta, em um dos palas, pluralidade de sujeiautonomia,
em processo distinto, por não serem necessariamente iguais as sortes dos diversos
sujeitos, a questão passa a apresentar-se noutros termos. Agora, o que importa saber é se ainda há
depreponderar a conveniência da decisão simultânea, ou se ela deve ceder o passo à conveniência
do aproveitamento da atividade processual realizada. Na primeira hipótese, o corolário lógico
seria a completa inutilização do que se fez no processo defeituoso: nula a sentença, ter-se-ia de
aguardar a instauração de outro feito, com regular integração do contraditório, para disciplinar
validamente a situação litigiosa, mesmo quanto aos que houvessem participado do processo
anterior; na segunda, permitir-se-á que subsista a regulamentação já fixada para os figurantes,
evitando o sacrifício do tempo, do dinheiro e das energias gastas. Esta última solução é a que se
nos afigura mais condizente com a função instrumental e a finalidade prática do processo. Daí
termos proposto, em nossa emenda, que a sentença definitiva, acaso proferida sem a participação,
nofeito, de algum litisconsorte necessário seja havida como nula 'se a decisão tinha de ser uniforme
em relação a uma das partes e a todas as pessoas que, como seus litisconsortes, deveriam ter
integrado o contraditório' (art. 58, parágrafo único,n.I); e 'ineficaz apenas para os que não foram
citados, nos outros casos' (art. 58, parágrafo único, n. II). Na derradeira hipótese, fica em aberto a
soluçãodo litígio quanto às pessoas que, não obstante devessem figurar, de fato não figuraram no
processo; mas, para os que dele hajam participado, prevalece o que se decidiu".
45 Não se confunda essa hipótese com o caso em que existe um feixe de relações jurídicas
idênticas, cada qual com um sujeito ativo eum passivo, deduzidas concomitantemente no processo.
Esse seria o caso, por exemplo, da ação proposta por vários servidores públicos para recebimento
deum mesmo reajuste. Tem-se tantas ações quantos forem os autores das ações. Cada uma dessas
açõespoderia, muito bem, ser autonomamente deduzida, sendo que o sucesso de uma não implica,
necessariamente, efeitos para as demais.
 Não importa, aqui, a existência ou não de previsão legal tópica e específica para o
estabelecimento da necessidade do litisconsórcio. Decorre ele, simplesmente, do fato de
que, sendo todos titulares, a legitimação somente competiria a todos os titulares em seu
conjunto, seja no polo ativ04? (como demandantes), seja no polo passivo (como réus).
E a avaliação dessas circunstâncias dependerá de critérios outorgados pelo direito
material, a partir do qual se deverá discernir entre situações jurídicas idênticas enfeixadas
(feixes de relações jurídicas) e uma situação jurídica única com pluralidade de sujeitos.
N o mais, o regime oferecido pela lei processual brasileira ao litisconsórcio será
determinado pela espécie litisconsorcial: tratando-se de litisconsórcio simples, o regime
será o comum; cuidando-se de litisconsórcio unitário, o especial. O art. 117 rege o assunto.
Sendo simples a figura, cada um dos litisconsortes é considerado parte distinta
e autônoma frente aos demais, sendo que os atos e omissões de um não prejudicarão
nem beneficiarão os outros. Como o juiz pode tratar de maneira distinta os litisconsortes
do ponto de vista da sentença, não há necessidade de harmonização da conduta
dos litisconsortes.
É preciso perceber, porém, que o litisconsórcio - simples ou unitário - se inspira
justamente em uma ligação mais ou menos forte existente no plano do direito
material entre as situações jurídicas dos litigantes. Isso força reconhecer que apenas a
princípio os litisconsortes podem ser considerados sujeitos autônomos. Isso porque,
sempre que suas razões (da ação ou da defesa) forem comuns aos outros, comunicam-se
a todos os que se encontram na mesma situação, benificiando a todos. Importa, pois, a
homogeneidade dos pontos apresentados: se forem comuns, a independência dos
litisconsortes será apenas relativa, sofrendo a interferência, em seus atos processuais,
das condutas dos demais. Somente quando os pontos de cada qual forem antagônicos
ou absolutamente distintos é que efetivamente a independência de tratamento de
cada um dos litisconsortes operará em toda a sua extensão, fazendo com que os atos
e omissões de um não prejudiquem nem beneficiem os outros.
Tratando-se de litisconsórcio unitário, os pares são considerados sempre como
uma unidade frente ao outro polo do processo. Isto porque a decisão da causa tem de
ser uniforme para todos os litisconsortes.
Daí decorre que os atos benéficos praticados por um dos litisconsortes beneficiam
a todos os demais (art. 117, parte final). É o que acontece, por exemplo, com
relação à revelia,já que, mesmo que o litisconsorte seja revel, se alguém contestar a
demanda, o efeito material da revelia não se opera mesmo em relação ao réu revel (art.
345, I). Inversamente, os atos prejudiciais de um só dos litisconsortes (ou de alguns
deles) não prejudicam os demais, nem mesmo aquele que opraticou (art. 117, partejinal).
Para que esse ato possa operar efeito, então, e em relação a todos os litisconsortes, é
preciso que todos pratiquem o ato ou adiram ao ato já praticado por um dos pares.
Tome-se como exemplo dessa situaçãoa hipótese descrita no art. 391, parágrafo
único, que determina que a confissão praticada por um dos cônjuges ou por um dos
companheiros, relativamente a ações que versem sobre bens imóveis ou direitos sobre
imóveis alheios, não vale sem a do outro.
Seja qual for o tipo de litisconsórcio (simples ou unitário), cada um dos sujeitos
que o compõe tem o direito de promover, sozinho, o andamento do processo, sendo
que todos devem ser intimados de todos os seus atos (art. 118). Da mesma forma, a
existência de litisconsórcio (simples ou unitário) acarreta alteração relativa aosprazos
processuais em processos físicos: quando pelo menos um dos litisconsortes tiver advogado
distinto dos demais, pertencente a diferente escritório de advocacia, haverá prazo
em dobro para a prática de atos processuais independentemente de requerimento
(art. 229). Nos processos eletrônicos não há prazo em dobro para a prática de atos
processuais por litisconsortes com procuradores distintos (art. 229, S 2.°). Também
a presença do litisconsórcio acarreta modificação no que diz respeito ao regime das
despesas processuais. Como prescreve o art. 87, "concorrendo diversos autores ou
diversos réus, os vencidos respondem proporcionalmente pelas despesas e pelos
honorários". Não havendo distribuição proporcional expressa pela decisão entre os
litisconsortes, os vencidos responderão solidariamente (art. 87, S 2.°).
3.4 Terceiros
Como a decisão tomada em determinado processo pode alcançar terceiros, é
necessário que o legislador viabilize formas processuais que permitam a esses dele
participarem. Como já vimos, parte é quem pede e contra quem se pede tutela jurisdicional.
Nesse contexto, o conceito de terceiro pode ser determinado por exclusão:
quem não é parte é terceiro.49
Do ponto de vista do processo, os terceiros podem ser classificados como
terceiros juridicamente indiferentes e terceiros juridicamente interessados. Os terceiros
juridicamente indiferentes ao processo são aqueles que não têm qualquer ligação com
a res in iudicium deducta. Isto é, não tem nenhuma ligação com a relação jurídica controvertida
em juízo. Esses terceiros obviamente não estão legitimados a participar do
processo. Os terceiros juridicamente interessados são aqueles que têm ligação com a
relação jurídica controvertida em juízo, seja porque participam de uma relaçãojurfdica
conexa àquela deduzida em juízo, seja porque participam direta ou indiretamente da
própria relação jurídica deduzida em juízo ou ainda porque têm interesse especifico no
debate institucional da matéria que é objeto de determinado processo judicial.50
A fim de viabilizar a participação dos terceiros juridicamente interessados no
processo, nosso Código de Processo Civil arrola como espécies de intervenção de
terceiros as seguintes figuras:
a) Assistência, que pode ser simples (art. 121) ou litisconsorcial (art. 124);
b) Amicus curiae (art. 138);
c) Denunciação da lide (art. 125);
d) Chamamento ao processo (art. 130); e
e) A participação do terceiro que pode ser atingido pelo incidente de descon-
.'sideração de personalidade jurídica (art. 133).
O Novo Código manteve do Código revogado as figuras da assistência, da
denunciação da lide e do chamamento ao processo. A oposição, que figurava como
forma de intervenção de terceiros no direito anterior, deixou de ser uma espécie de
intervenção de terceiros. Atualmente, quem quer que se julgue titular do direito
Idisputado entre terceiros em uma demanda judicial pode, querendo, propor ação de
. oposição, que segue procedimento diferenciado e que será distribuída por dependência,
dada a evidente conexão. Essa ação do terceiro, contudo, não é mais considerada
uma forma de intervenção de terceiros no direito brasileiro - é uma ação que conta
"/ com procedimento diferenciado para sua tutela (arts. 682 e ss.).A propósito, também a
nomeação à autoria foi abolida como forma de intervenção de terceiros, passando
a ser regulada como uma simples forma de correção do polo passivo da demanda a
propósito da contestação (art. 338). Como novidade, o Novo Código trouxe a atipicização
da figura do amicus curiae (art. 138) e a previsão, em homenagem ao direito ao
contraditório (arts. 5.o, LV,da CF, e 9.o do CPC), de um incidente de desconsideração
de personalidade jurídica para viabilizar o alcance da esfera jurídica de terceiro não
demandado originariamente no processo. Além dessas figuras, o direito brasileiro
conhece também a chamada intervenção anômala (art. 5.0 da Lei 9.469/1997), de
difícil caracterização e discutível constitucionalidade, que costuma ser agregada pela
doutrina ao grupo da intervenção de terceiros.
A assistência, o amicus curiaee a intervenção anômala são formas de intervenção
voluntária de terceiros: o terceiro comparece ao processo espontaneamente, postulando
a admissão de sua participação. A denunciação da lide, o chamamento ao processo e
o incidente de desconsideração de personalidade jurídica são formas de intervenção
forçada de terceiros: o terceiro é convocado para participar do processo, devendo fazê-lo
independentemente de sua vontade. Em todos esses casos, o que viabiliza a participação
do terceiro no processo de forma voluntária ou forçada é a sua ligação com o
objeto litigioso: vale dizer, a sua participação em uma relação jurfdica conexa àquela
deduzida em juíw (assistência simples e denunciação da lide), a sua participação direta
ou indireta na própria relação jurídica deduzida em juízo (assistência litisconsorcial,
chamamento ao processo e incidente de desconsideração da personalidade jurídica)
ou ainda a existência de um interesse especifico no debate institucional da matéria que
é objeto de determinado processo judicial (amicus curiae). Da decisão que admite ou
inadmite a participação do terceiro no processo cabe o recurso de agravo de instrumento
(art. 1.015, IX).
3.4.1 Intervenção voluntária
3.4.1.1 Assistência
O direito brasileiro distingue, na esteira do direito alemão,51 a assistência
simples (arts. 121 a 123) da assistência litisconsorcial (art. 124). Todavia, por razões
que ficarão claras ao longo da exposição, é preciso deixar desde logo claro que apenas
a assistência simples constitui efetiva forma de assistência. A intervenção mediante
assistência litisconsorcial constitui na verdade forma de intervenção litisconsorcial
ulterior, com o que não se trata de espécie de assistência propriamente dita.
Assistência simples
A assistência simples constitui forma exata de intervenção de terceiro. Nela, um
sujeito que se vê na contingência de ser indiretamente prejudicado por uma sentença
é autorizado a ingressar no processo em que ela será proferida para auxiliar uma das
partes e com isso tentar evitar tal prejuízo. Pela assistência, além de prestar auxílio à
parte, pode o terceiro fiscalizar a atuação das partes em juízo a fim de evitar conluio
tendente à indevida violação de sua esfera jurídica.52
Trata-se de intervenção voluntária, que pode acontecer em qualquer dos palas
do processo (o assistente tanto pode auxiliar o autor como o réu), tendo por principal
objetivo a colaboração do assistente à parte original, sendo por isso também chamada
de intervenção ad coadjuvandum. Constitui-se, certamente, em forma exata de intervenção
de terceiro, uma vez que o assistente simples, mesmo depois de admitido
a ingressar no processo, não perde a condição de terceiro em face das partes e do litígio.
O assistente simples sempre será terceiro em relação ao litígio a ser decidido, uma vez
que não é titular da relação jurídica de direito material posta em juízo (e por isso não é
parte, ao contrário do que sucede, como veremos, com o assistente litisconsorcial).
Justamente porque o direito em discussão não lhe pertence, ele não pode ser atingido
pela coisajulgada (a qual atinge as partes), mas apenas pelos efeitos rejlexos da sentença
(que atingem o verdadeiro terceiro).
A característica marcante do assistente simples é seu caráterde auxiliar. A
intervenção se dá e molda-se de maneira a permitir que o terceiro auxilie a parte a
ter solução favorável a fim de evitar que seu interesse seja prejudicado. Esse auxílio
legitima -se porque o resultado da causa pode afetar, refl.examente, o interesse jurídico
do assistente. Por essa razão, é necessário que o assistente simples demonstre interesse
jurídico para ser admitido a ingressar no processo. Em outros termos: não basta um
.- interesse qualquer, que não possa ser qualificado como jurídico. 53
É preciso que o assistente simples tenha interesse jurídico em sentença favorável
ao assistido, seja porque possui interesse na correta interpretação dos fatos e do direito colocados
em litígio que diretamente não lhe diz respeito, seja porque possui relação jurídica
com o assistido, a qual depende da solução a ser dada ao litígio que deve ser decidido.
A intervenção do tabelião em processo em que se discute a validade da escritura
por ele elaborada revela situação em que um terceiro (no caso o tabelião) possui
interesse na interpretação dos fatos e do direito colocados em litígio que lhe diz respeito
apenas indiretamente. Se nessa ação é postulada a anulação da escritura em virtude de
atuação dolosa sua, a eventual sentença de procedência não lhe afetará diretamente,
pela simples razão de que não é parte no negócio instrumentalizado pela escritura.
O reconhecimento incidental do dolo implica, contudo, interpretação que lhe é evidentemente
desfavorável. N ate-se que o réu, vencido na ação de anulação de escritura,
poderá propor ação contra o tabelião. Se o tabelião pode participar adequadamente
da ação de anulação de escritura (e assim não incide qualquer dos dois incisos do art.
123), ele é atingido pela chamada "justiça da decisão': ou melhor, pela fundamentação
da sentença que julgou o litígio do qual não é parte (uma vez que a situação interpretada
interessa a ele diretamente, ao contrário da solução a ser dada ao litígio, que lhe interessa
apenas indiretamente), e assim não poderá rediscutir a existência de seu dolo na ação
posterior proposta contra ele pelo réu da ação de anulação de escritura.
Em outra hipótese, o assistente possui relação jurídica com o assistido, mas
está na dependência da solução a ser dada ao litígio que diz respeit~ ao assistido e a
outro sujeito, que possui relação jurídica somente com o assistido. E o caso da ação
de despejo, na qual o sublocatário (assistente simples) pode ingressar no processo
para auxiliar o locatário (parte ré, com a qual mantém relação jurídica), uma vez que,
em caso de procedência, embora não possa evidentemente ser atingido pela coisa
julgada (que dirá respeito apenas ao locador e ao locatário), será atingido rejlexamente
pelos efeitos da sentença (o que determina seu interesse jurídico).
O assistente apenas não poderá evitar que a sentença proferida produza efeitos
em relação a ele, ou ficará impedido de discutir os fatos que lhe dizem respeito e
foram tomados como fundamentos da sentença, quando a elefor dada apossibilidade
departicipar adequadamente do processo na qualidade de assistente simples.
Note-se, por oportuno, que a assistência é sempre admissível enquanto for
viável o auxílio prestado pelo terceiro interveniente. Vale dizer que, enquanto não
transitar em julgado a sentença, é cabível a assistência, em qualquer tempo ou grau
dejurisdição, independentemente do tipo de procedimento a que se sujeita a causa
(art. 119, parágrafo único).
O terceiro que pretender auxiliar a parte em processo já instaurado requererá
aojuiz, em petição escrita, seu ingresso na causa. Não havendo impugnação no prazo
de quinze dias, o pedido do assistente será deferido. Se qualquer parte alegar que falta
interesse jurídico que legitime o requerimento do terceiro, ojuiz decidirá o incidente,
sem suspensão do processo (art. 120, parágrafo único).
O assistente simples, porque ocupa posição subalterna em relação à parte
principal (assistida), não pode tomar posição contrária àquela adotada pelo assistido.
Ou seja, se o assistido entender por desistir da ação proposta, não pode o assistente
opor-se a tanto. Se o assistido resolver reconhecer a procedência do pedido do autor,
ou ainda transigir a respeito do objeto litigioso do processo, não pode o assistente
contrariar sua vontade (art. 122).
Nessa condição de auxiliar, pode ainda ocorrer que o assistido, quando estej a na
condição de réu do processo, torne-se revel. Nessa circunstância, prevê o Código de
Processo Civil que o assistente simples passa a ser substituto processual do assistido
(art. 121,parágrafoúnico).
Especialmente interessante se mostra a questão dos efeitos que decorrem para
o assistente em virtude de sua participação no processo. Como é certo, o assistente
simples não se sujeita à coisa julgada, porque não é parte no processo (art. 506). Porém,
embora não possa inserir-se na condição de parte (e ser atingido pela imutabilidade
da coisa julgada), também não é possível esquecer que sua participação no processo
deve gerar alguma estabilidade para a decisão em face de eventuais litígios futuros.
Para disciplinar essa situação é que o Código de Processo Civil contempla o chamado
efeito de intervenção.
Figura semelhante à coisa julgada, o efeito de intervenção também impede ao
assistente que discuta a decisão prolatada em eventual processo futuro, tornando-a
imutável para ele, assim como acontecerá, em face do trânsito em julgado da sentença
de mérito, para a parte. Esse efeito está previsto no art. 123, que vincula o assistente
à chamada "justiça da decisão", exceto em situações excepcionais (art. 123, I e II).
Estar vinculado àjustiça da decisão significa estar vinculado àquilo que foi decidido
nafundamentação da decisão, que se torna indiscutível para o assistente, e aos efeitos
reflexos direcionados ao assistente.
Se o assistente simples, qualquer que seja ele, somente pode ser atingido pelos
efeitos reflexos da sentença quando teve a oportunidade de participar adequadamente
do processo, é preciso deixar claro que não é todo assistente simples que possui fatos que
lhe dizem respeito colocados no processo em que pode ingressar. Q.yando se afirma que o
tabelião agiu com dolo e que por isso a escritura deve ser anulada, a sentença de procedência,
embora atingindo com força de coisa julgada somente as partes da escritura,
.-parte da premissa de que o tabelião agiu com dolo. O dolo do tabelião, nesse sentido,
constitui a premissa da sentença que soluciona o litígio entre as partes da escritura.
Assim, em ação que for mais tarde proposta pelo réu da ação de anulação, o tabelião
(assistente simples) não poderá tentar discutir que não agiu com dolo, a menos que possa
sefundar nas excludentes do art. 123. Outra, porém, é a situação do sublocatário. Esse
pode ingressar no processo referente à ação de despejo pelo simples fato de ter relação
I jurídica com o locatário, a qual é evidentemente subordinada à sorte da relação processual.
Contudo, apremissa que será tomada pelo juiz para fundamentar a sentença não se
refere afatos que dizem respeito ao sublocatário (e que assim lhe interessam diretamente).
Nesse último caso, nem mesmo é de sepensar em ação a ser proposta pelo locatário contra o
sublocatário. Portanto, a situação, nesse passo, é completamente diferente para essas duas
espécies de assistentes simples. O primeiro não poderá mais discutir osfatos e o direito postos
na fundamentação da sentença proferida no processo em que pôde adequadamente
participar como assistente simples, enquanto o segundo não poderá fugir dos efeitos
executivos reflexos da sentença (a menos que não tenha participado adequadamente
do processo, quando poderá invocar os incisos do art. 123).
3.1.1.2 Assistência litisconsorcial
Em certas situações, aquele que é titular do direito material discutido em
juízolo~e ~ng~,essarulteriormente no processo e aderir à posição de uma das partes
para assIsti-la frente ao embate que

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