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Integração entre o Revit, o orçamento e o planejamento de obras com uso de Keynotes

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Integração entre o Revit, o orçamento e o 
planejamento de obras com uso de Keynotes 
Sergio Leusin, Raquel Canellas e Luciano Capistrano – GDP — Gerenciamento e Desenvolvimento de 
Projetos Ltda. 
A integração entre o REVIT e as atividades de orçamentação e planejamento de execução é facilitada 
por meio da adoção de sistemas de classificação lançados no campo keynotes. Através de conexões 
via planilhas ou DBLink é possível manter a integridade de especificações e referencias de custo, 
respeitando a EAP da obra. Nos exemplos será demonstrado como inserir o sistema de classificação no 
REVIT, conectá-lo com bases de dados externas e exportar o modelo para sistemas de orçamento e de 
planejamento (PRIMAVERA, PROJECT ou NAVISWORKS) guardando a integridade destes dados e a 
possibilidade de retroalimentação. 
Objetivo de aprendizado: 
Ao final desta palestra você terá condições de: 
• Objetivo 1 Organizar o modelo REVIT de modo a que seus de objetos virtuais, elementos e 
materiais garantam interoperabilidade com os aplicativos de orçamento e planejamento. 
• Objetivo 2 Exportar dados de um modelo do REVIT para um sistema de orçamento ou de 
planejamento respeitando a codificação definida 
• Objetivo 3 Validar o processo representado pelo planejamento através da simulação de execução 
Sobre o Palestrante: 
Doutor em Engenharia de Produção, pela COPPE UFRJ, com estágio no LATTS, École des Ponts et 
Chaussées, Paris. M.Sc. Pela COPPE UFRJ em 1979 e arquiteto pela FAU UFRJ, 1974. Professor 
Titular da Universidade Federal Fluminense, onde atua como professor colaborador nos Programas de 
Pós-graduação em Engenharia Civil e de Arquitetura e Urbanismo, foi Pró-Reitor de Pós-Graduação da 
UNIGRANRIO. 
Sócio gerente da GDP- Gerenciamento e Desenvolvimento de Projetos (www.gdp.arq.br ) desde 2008, 
empresa dedicada ao desenvolvimento de projetos e gerenciamento de obras com uso de tecnologia 
BIM, com diversos projetos desde estudos de viabilidade a projetos executivos de universidades e de 
empreendimentos imobiliários. Foi sócio gerente da PAAL Projeto Arquitetos Associados, onde foi 
responsável por dezenas de projetos metroviários, de laboratórios e imobiliários entre 1975 e 1994. 
No grupo de pesquisa NITCON e através da Rede de pesquisa Capes/CNPq BIM BRASIL desenvolve 
pesquisas na área de Novas Aplicações da Tecnologia de Informação, tendo já realizado os projetos do 
Centro de Referencia e Informação em Habitação; CDCON-Desenvolvimento de Terminologia e 
Sistema de Classificação de Materiais e Serviços para Construção; Projeto SIGMO, Sistema de 
Gerenciamento de Obras, baseado em PDA; projetos QUALIPRO, de gestão da qualidade na 
construção e ONTOARQ, uma ontologia da construção. Desenvolveu também estudos prospectivos 
sobre a cadeia produtiva da construção para a ABDI/CGEE e projetos sobre Organização e 
Gerenciamento na Construção. Participante da ABNT/CEE-134 - Modelagem de Informação da 
Construção, colaborando na também na elaboração de outras normas para construção. 
Sócio fundador do Clube da Qualidade na Construção RJ, do SINDUSCON RIO. Consultor da CAPES, 
CNPq, FINEP, MDIC, FIESP, ABDI, da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, para os quais desenvolveu 
estudos setoriais, procedimentos de avaliação de sistemas tecnológicos inovadores e diversas 
consultorias sobre o tema da inovação. 
 sergio.leusin@gdp.arq.br 
Integração REVIT – orçamento e planejamento via Keynotes 
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Estrutura de dados para o modelo virtual 
A integração entre o modelo virtual criado no Revit e as ferramentas de planejamento , 
incluindo-se o Projetc, Primavera e Navisworks se inicia com um cuidadoso planejamento da 
estrutura dos componentes BIM neste modelo virtual. 
Esse “modelo virtual da construção” deve contemplar as dimensões a serem acompanhadas 
no planejamento, não bastando ser uma “representação 3D da obra construída”. 
A estratégia de execução da obra vai se refletir na organização de dados no modelo e na 
nomenclatura de componentes, a qual deve estar integrada com a EAP – Estrutura Analítica do 
Projeto adotada no planejamento. 
O modelo deve atender as necessidades de dados das diversas fases a serem integradas. E o 
fulcro desta integração é a organização dos dados no modelo, tanto no nível de elementos 
como dos seus materiais componentes 
 
Figura 1: Esquema de associações de dados 
Na Figura 1: Esquema de associações de dados, vemos que cada elemento no modelo deve 
estar associado a um serviço e a uma atividade. Nota-se que o conceito de serviço norteia o 
processo de orçamento, já o planejamento é baseado em atividades. O ponto comum entre 
serviço e atividade é o produto, ou seja o elemento construído, representado no modelo virtual 
no REVIT. 
Para obter o orçamento dos serviços eles serão associados ao volume de materiais e recursos 
humanos ou técnicos necessários, através de composições unitárias de custo. No 
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planejamento também é desejável de associação destes recursos e materiais à cada atividade, 
mas para efeito do sistema proposto esta será realizada indiretamente, através da associação 
do serviço. 
Os elementos no REVIT já trazem uma série de informações relevantes para o planejamento, 
tais como peso, volume , área , mas elas devem ser complementadas com os dados 
necessários para a orçamentação e planejamento., com associações através de códigos 
predefinidos. 
A associação de serviços a cada elemento, ou camada de componente pode ser feita de 
modo mais eficaz através do campo Keynote, pois é possível termos um arquivo Keynote.txt 
personalizado com o sistema de classificação desejado. (ver: Anotate/Tag/ Keynote Settings). 
No campo keynote será inserido o código do serviço , em geral o código da composição de 
custo deste serviço (SINAPI, PINI etc.) 
É possível termos diversos arquivos Keynotes.txt, cada um organizado conforme um sistema 
de orçamento, ou seja um adequado ao SINAPI, outro conforme a classificação PINI etc. Mas a 
associação dos elementos a cada código ainda é manual, sendo mais eficiente termos 
templates de projetos já com estas classificações inseridas nas respectivas famílias de 
componentes. 
O desenvolvimento das famílias deve prever também os campos que serão utilizados para a 
integração com o orçamento e com o planejamento da obra, através da criação dde um 
parâmetro, a ser associado com o código de atividades previsto para a EAP do projeto. 
Porém para isso a codificação de atividades deve refletir o particionamento da obra em lotes de 
serviço, que pode ser variável conforme as características de cada obra. Assim eles podem ser 
definidos: 
• Em função do local do serviço (nível, lote etc.) 
• Em função do tipo de serviço, em geral associado ao material (alvenaria, revestimento 
cerâmico etc.) 
A definição desta codificação exige uma boa integração das equipes de projeto e 
planejamento, pois não existem regras padronizadas e as demandas das obras são 
diferenciadas. A Figura 2 mostra um exemplo de codificação, onde o critério para a definição da 
terminologia dos componentes inclui a referência a sua localização, para facilitar. Mas outros 
critérios podem ser mais adequados, tais como referencias à tipologia dos serviços e a lotes 
vinculados a níveis. Associações a materiais (p.ex. revestimento cerâmico), também podem ser 
convenientes. 
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Figura 2: Exemplo de codificação de componentes 
 
 
Desenvolvimento do modelo 
O desenvolvimento prévio de famílias já associadas aos serviços facilita a construção do 
modelo. Entretanto há que ser considerado o fato de que alguns componentes ou elementos 
tem múltiplas opções de execução. Por exemplo, argamassa pode ser industrializada de tipos 
variados ou pose preparada no localde diversas maneiras e cada um desses tipos deve se 
associado a um determinado código. Deste modo o template de projeto deve considerar os 
tipos mais comuns adotados pela organização responsável pela obra e serão editados apenas 
os caso fora do padrão. 
Uma vez que nas fases preliminares não existe o nível de detalhamento necessário ao 
planejamento, é comum a substituição de componentes. Por exemplo, uma parede básica vai 
ser desdobrada em outra que contenha as especificações de revestimentos e nesta constarão 
os códigos de serviços no campo Keynotes. 
Já para a associação com as atividades, que segue lógica específica para cada obra, após 
criados os campos de parâmetros a serem associados à EAP podem ser editadas em bloco, 
por meio de sincronismo com bancos externos ou link com planilhas Excel. 
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Figura 3: Imagem do modelo de demonstração 
Para demonstração dos recursos apresentamos dois modelos, um simples, de construção 
convencional padrão MCMV, e otro metálico, de maior porte mas com menor variabilidade de 
atividades. 
Exportação de elementos/partes ou lotes de serviços 
Uma vez desenvolvido o modelo (o que geralmente já teria sido feito ao longo do projeto) deve 
ser efetuada a exportação da lista de atividades, com respectivos códigos de serviços ou outros 
que se julguem necessários. 
No REVIT é montada uma planilha de listagem através do comando View>Shedule>Multi-
category Shedule, onde os dados relativos aos códigos de cada elemento, serão associados 
às atividades. (ver Figura 4) 
O formato de tabela Multi-category Shedule, permite que sejam listados elementos de 
diferentes famílias, caso seja utilizado codificação também nos materiais, utilizar a tabela Multi-
Category Material Takeoff. 
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Figura 4: Listagem da codificação dos elementos 
Esta lista pode ser exportada em arquivo TXT para facilitar a importação no aplicativo de 
planejamento, como mostra a Figura 5 
 
Figura 5: Arquivo txt de lista de elementos 
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Em geral é conveniente também exportar a quantidade do serviço, talvez sua unidade de 
medida principal etc. 
Inserção no Orçamento 
O orçamento será realizado em aplicativo específico, como o VOLARE, a partir da importação 
da lista de serviços e suas respectivas quantidades. 
Neste momento é comum surgirem serviços que não estavam representados no modelo, em 
geral atividades de suporte ou serviços transitórios, tais como formas, que não foram 
representados no modelo Elas podem permanecer associadas em grupo ao elemento original 
ou podem ser criadas entidades temporárias no modelo. 
O grau de detalhamento do orçamento varia muito, mas é importante a associação dos 
serviços aos elementos, uma abordagem bem diferente do usual em orçamentos comuns. 
A exportação do REVIT é feita a partir dos quantitativos de materiais e componentes, com os 
respectivos códigos oriundos do campo Keynote, como mostra a Figura 6 
 
Figura 6: Quantitativo com codificação 
 
 
 
 
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O orçamento pode retroalimentar os 
campos de custo dos elementos, facilitando 
o lançamento deste dado no planejamento. 
Nesse caso a importação para o modelo 
pode ser feita via link de ODBC ou via 
ExcelLink , entre outras ferramentas. Note-
se que não estaremos atualizando as 
famílias, mas os elementos... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Inserção no Planejamento da execução 
O arquivo txt com a lista de código de elementos, oriundo do campo de parâmetro específico 
para a codificação EAP, será importado para o aplicativo de planejamento, permitindo a 
execução do cronograma rigorosamente de acordo com a lista efetiva de elementos e 
componentes da obra e seus respectivos quantitativos Isto garante coerência e confiabilidade 
nos quantitativos considerados. A Figura 7 mostra um exemplo de elemento com seu campo de 
codificação EAP e Figura 8 mostra a inserção no aplicativo de planejamento dos dados cuja 
origem foi a planilha da Figura 5. 
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Figura 7: Campo de codificação EAP do elemento 
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. 
Figura 8: Listagem de elementos já inseridos no aplicativo de planejamento 
Importação do modelo e do planejamento para o NAVIS 
A importação do modelo para o NAVISWORKS Será feita de modo usual. 
Uma vez importado o modelo devemos associar cada elemento às datas definidas pelo 
planejamento. 
É possível que o NavisWorks faça a associação automática dos elementos às atividades do 
planejamento através do comando >TimeLiner Rules Através deles define-se as regras de 
associação e deste modo automatiza-se um processo que de outra forma seria manual, 
unitário e demorado. A Figura 9 mostra o resultado da importação automática. 
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Figura 9: Exemplo de importação por elementos 
Simulação e Validação do processo 
Uma vez importadas as datas procede-se à simulação da execução, que permite visualizar e 
ajustar os erros de precedência, ou simular diversos planos de ataque, mediante diferentes 
planejamentos, que podem ser visualizados ao longo do tempo. 
Podem ser inseridos equipamentos de apoio para complementar a visão da obra. 
 
Figura 10: Exemplo de inserção de equipamento 
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A análise de execução será feita passo a passo, com a visualização completa do processo 
construtivo, como mostra a Figura 11. 
 
Figura 11: Exemplo de análise de execução 
No NAVIS é possível efetuar ajustes e correções com apoio do clash detection, inclusive com 
regras de clearance e avaliação de compatibilidade de atividades ao longo do tempo, como 
ilustra a Figura 12. 
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Figura 12: Exemplo de clash detecion 
Após alguns ciclos de simulação, em que são feitas as correções a cada rodada, é definida a 
alternativa de execução a ser adotada, com minimizando os erros e otimizando prazos e 
recursos, compondo um verdadeiro ciclo PDCA 
Caso seja de interesse é possível retroalimentar o modelo com as datas efetivas, para 
consolidar um “as built”, facilitar a montagem de um painel de controle de andamento de obra 
com dados extraídos automaticamente do REVIT e, após a entrega, ter um histórico completo 
do processo construtivo.

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