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Relevância da Presunção de Inocência na atualidade
Ana Clara Farias
RESUMO. O presente artigo abordará alguns aspectos relevantes quanto ao Princípio da Presunção de Inocência no cenário atual no Brasil. Este assunto tem sido recorrentemente abordado em discussões, tanto no mais alto grau do Poder Judiciário brasileiro como no Poder Legislativo.
Palavras-chave: Presunção de Inocência, Proposta de emenda constitucional nº15 de 2011, Execução provisória.
Presumption of Innocence relevance nowadays
ABSTRACT. This article will discuss some relevant aspects about the Principle of Presumption of Innocence in the current scenario in Brazil. This subject has been recurrently addressed in discussions, both in the highest degree of the Brazilian Judiciary and in the Legislative branch.
Keywords: Presumption of Innocence, Amendment to the Constitution Proposal nº15 of 2011, Provisional Executing.
O princípio da Presunção de Inocência
	Tentando promover a imparcialidade do julgador nos processos penais, apesar de não está prevista expressamente na nossa Constituição Federal, e do Código Processual Penal ter características nitidamente inquisitórias, o Brasil utiliza o modelo constitucional acusatório, que possui como princípio unificador o fato de o gestor da prova ser pessoa/instituição diversa do julgador. Há, pois, nítida separação entre as funções de acusar, julgar e defender, o que não ocorria no sistema inquisitivo. [1: LOPES Júnior, Aury, Direito processual Penal e sua conformidade Constitucional. 3 ed. rev. e atual. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2008, p.176.]
	Nesse contexto, o direito processual penal faz uso de princípios característicos que estão espalhados por todo ordenamento. Conforme José Afonso da Silva prega, "os princípios são ordenações que irradiam e imantam os sistemas de normas, são núcleos de condensações nos quais confluem valores e bens constitucionais”. Ou seja, a sua utilização busca alcançar a legitimidade e validade de proposições ideais específicas para cada ramo do direito.[2: SILVA, Jose Afonso da, Curso de Direito Constitucional Positivo. 25º edição. Editora Malheiros. São Paulo, 2005, p.92.]
Dentre os princípios jurídicos existentes, temos o da Presunção de Inocência que tem estado em grande evidência ultimamente, por conta de mudanças que estão sendo buscadas em meio à sistemática penal.
Este princípio é considerado como princípio basilar do Direito, responsável por tutelar a liberdade dos indivíduos, sendo previsto pelo art. 5º, LVII da Constituição de 1988, como segue: “ ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.”
Por ser nossa Constituição Federal lei suprema, toda a legislação infraconstitucional, portanto, deverá absorver e obedecer tal princípio.
Como aponta Renata Silva e Souza: [3: SOUZA, Renata Silva e - http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-princ%C3%ADpio-da-presun%C3%A7ao-de-inoc%C3%AAncia-e-sua-aplicabilidade-conforme-entendimento-do-supremo ]
“ é certo que o Estado brasileiro tem direito e interesse em punir indivíduos que tenham condutas em desconformidade com a lei, podendo aplicar sanção a aqueles que cometem ilícitos. No entanto esse direito-dever de punir do Estado deve conviver e respeitar a liberdade pessoal, um bem jurídico do qual o cidadão não pode ser privado, senão dentro dos limites da lei”;
E em resolução do STF de 05 de fevereiro de 2009 na análise do HC 84078/MG ( rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009) sobre Pendência de Recurso sem Efeito Suspensivo e Execução Provisória, conforme publicado “ipsis litteris” em informativo:
Ofende o princípio da não-culpabilidade a execução da pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, ressalvada a hipótese de prisão cautelar do réu, desde que presentes os requisitos autorizadores previstos no art. 312 do CPP. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus, afetado ao Pleno pela 1ª Turma, para determinar que o paciente aguarde em liberdade o trânsito em julgado da sentença condenatória. Tratava-se de habeas corpus impetrado contra acórdão do STJ que mantivera a prisão preventiva do paciente/impetrante, ao fundamento de que os recursos especial e extraordinário, em regra, não possuem efeito suspensivo — v. Informativos 367, 371 e 501. Salientou-se, de início, que a orientação até agora adotada pelo Supremo, segundo a qual não há óbice à execução da sentença quando pendente apenas recursos sem efeito suspensivo, deveria ser revista. Esclareceu-se que os preceitos veiculados pela Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal, artigos 105, 147 e 164), além de adequados à ordem constitucional vigente (art. 5º, LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”), sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP, que estabelece que o recurso extraordinário não tem efeito suspensivo e, uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância para a execução da sentença. Asseverou-se que, quanto à execução da pena privativa de liberdade, dever-se-ia aplicar o mesmo entendimento fixado, por ambas as Turmas, relativamente à pena restritiva de direitos, no sentido de não ser possível a execução da sentença sem que se dê o seu trânsito em julgado. Aduziu-se que, do contrário, além da violação ao disposto no art. 5º, LVII, da CF, estar-se-ia desrespeitando o princípio da isonomia.
	Na contramão do entendimento do STF acima, encontramos a Súmula 9 do Superior Tribunal de Justiça, que diz: a exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência.
Desta forma, podemos entender que a “presunção da inocência impõe um verdadeiro dever de tratamento (na medida em que exige que o réu seja tratado como inocente), que atua em duas dimensões: interna ao processo e exterior a ele”, o Estado que impõe pena, deverá respeitar o suposto autor de tal ilícito, dando-lhe todas as garantias constitucionais, e permitindo que este se defenda, sem o cerceamento da liberdade. Para isso, exige-se um processo no qual, enquanto não houver sentença transitada em julgado, sem prova da culpabilidade, o suposto autor será presumido inocente.[4: LOPES Júnior, Aury, Direito processual Penal e sua conformidade Constitucional. 3 ed. rev. e atual. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2008, p.182.]
A Proposta de emenda constitucional nº15 de 2011 e a mudança de paradigma
	É característica do Estado Democrático de Direito, a busca por um equilíbrio entre a situação social da atualidade e suas leis do país. Em linhas gerais, no âmbito constitucional, as mudanças são feitas através da aprovação pelo Congresso Nacional, após análise de um Projeto de Emenda Constitucional (Pec).
Um desses projetos com grande repercussão no legislativo hoje, sugere a mudança quando aos recursos que são levados à apreciação do Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal.
 Buscando minimizar a problemática da morosidade judicial e dar eficácia imediata às decisões de segundo grau de jurisdição, o Senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES) apresentou uma proposta de emenda constitucional nº15 de 2011 (Pec dos Recursos), que transforma o recurso extraordinário e o recurso especial em ação rescisória extraordinária e especial. Como consequência, evitar-se-ia a remessa de casos à apreciação do STJ e do STF como mero expediente de dilação processual, resultando, assim, que as decisões das cortes inferiores transitariam em julgado, independente do prosseguimento da discussão no STJ ou no STF. Assim, as execuções definitivas e a satisfação do direito material das partes seriam feita de forma mais célere.
	A constitucionalidade desta Pec é contestada com base no princípio da presunção da inocência, direito fundamental, previsto no art. 5.º da Constituição Federal – ou seja, uma cláusula pétrea. Como nos diz Jonildo Maiomona João Malega em seu artigo: [5: MALEGA,Jonildo Maiomona João.  Revista Jus Navigandi nº 3986.]
“Por um lado, alguns juristas defendem que a aplicabilidade da Pec dos Recursos trará, no âmbito jurídico, a postergação da decisão implicando assim, a negativa de jurisdição. Por outro lado, os juristas que a apoiam acreditam em sua aplicabilidade, haja vista as decisões mais serão mais facilmente executadas, de uma forma mais barata e eficiente.”
Fato que fortalece a propositura desta emenda constitucional, foi a mudança de entendimento pelo STF durante analise do HC126292/SP de 17 de Fevereiro de 2016, quando, diferentemente da resolução de 2009 (HC84078/MG), o Supremo negou o recurso e afirmou que:
Constitucional. Habeas Corpus. Princípio da Presunção de Inocência (CF, ART. 5º, LVII). Sentença Penal Condenatória confirmada por tribunal de segundo grau de jurisdição. Execução Provisória. Possibilidade. 1. A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal. 2. Habeas corpus denegado. (HC 126292, Relator(a):  Min. Teori Zavascki, Tribunal Pleno, julgado em 17/02/2016, Processo eletrônico. DJe-100 Divulg 16-05-2016 Public 17-05-2016).
Para o relator do caso, ministro Teori Zavascki, a manutenção da sentença penal pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que assentaram a culpa do condenado, o que autoriza o início da execução da pena. A defesa impetrou o HC126292/SP tentando afastar mandado de prisão expedido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.[6: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=310153. HC 126292, Rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016.]
Execução Provisória
	Intimamente ligado à questão do princípio da Presunção de Inocência e da Pec dos Recursos, temos a Execução Provisória, que vai contra ao que evoca o Art. 5º, LVII da Constituição Federal de 1988.
Sobre Execução Provisória, aparentemente, até antes de 5.2.2009 (HC 84078/MG), tínhamos um ponto pacífico quanto à análise dos recursos que chegavam ao STJ e STF, seguindo o que é dito pelo Art.637 do CPP: “O recurso extraordinário não tem efeito suspensivo, e uma vez arrazoados pelo recorrido os autos do traslado, os originais baixarão à primeira instância, para a execução da sentença“, também ratificado nas Súmulas 9 e 267 do STJ e 716 e 717 do STF, a seguir: 
Súmula 9: A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência.
Súmula 267: A interposição de recurso sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a expedição de mandado de prisão.
Súmula 716: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória .
Súmula 717: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial. 
Ou seja, a execução provisória deve ocorrer em favor do condenado preso preventivamente (prisão em flagrante, prisão preventiva etc.), nunca em seu prejuízo , sempre que houver trânsito em julgado para a acusação, mas pender ainda de julgamento recurso da defesa, para que ele não seja prejudicado pela demora na apreciação de recurso que ele mesmo interpôs; quando o recurso da acusação visar à melhora da situação do réu e quando o recurso da acusação objetivar a majoração da pena, mas o seu possível resultado não tiver qualquer repercussão sobre o direito especificamente postulado pelo condenado.[7: http://www.pauloqueiroz.net/execucao-provisoria-da-sentenca-e-garantismo/]
	Hoje, com o advento do HC 126292 o Supremo, por maioria, alterou o entendimento até então dominante e retomou a jurisprudência que vigorou na Casa até 2009, no sentido de que a presunção de inocência não impede prisão decorrente de acórdão que, em apelação, confirma sentença penal condenatória.[8: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=329322. ARE 964246, Rel. Min. Teori Zavascki, 11.11.2016.]
Considerações Finais
	Diante do exposto, sobre o Princípio da Presunção de Inocência podemos dizer que é uma garantia instituída histórica e constitucionalmente, em benefício do acusado. A sua violação é entendido como agressão a um dos direitos e garantias elencados na Constituição Cidadã de 1988, resguardado, inclusive, no âmbito de aplicação da execução provisória.
Deparamo-nos, então, frente a um antagonismo, que busca a aplicação de um direito constitucional, frente à necessária adaptação à realidade jurídica atual do Brasil, que precisa ser mais célere e eficaz. Isto justifica a mudança de paradigma jurisprudencial, como também o surgimento de correntes de pensamentos quanto à aplicação dos remédios recursais.
Referências
 Doutrina
LOPES Júnior, Aury. Direito processual Penal e sua conformidade Constitucional. 3 Ed. rev. e atual. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro, 2008. 
MALEGA, Jonildo Maiomona João. PEC dos recursos: solução ou devaneio?. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19,n. 3986, 31 maio 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/28967>. Acesso em: 14 mar. 2017.
QUEIROZ, Paulo - http://www.pauloqueiroz.net/execucao-provisoria-da-sentenca-e-garantismo/>. Acesso em: 20mar.2017.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 25º edição. Editora Malheiros. São Paulo, 2005.
SOUZA, Renata Silva e - http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-princ%C3%ADpio-da-presun%C3%A7ao-de-inoc%C3%AAncia-e-sua-aplicabilidade-conforme-entendimento-do-supremo>. Acesso em: 14 mar.2017.
 Julgados
http://www.stf.jus.br/arquivo/informativo/documento/informativo534.htm>. Acesso em: 14 mar.2017. HC 84078/MG - rel. Min. Eros Grau, 5.2.2009.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=310153>. Acesso em: 15 mar.2017. HC 126292, Rel. Min. Teori Zavascki, 17.2.2016.
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=329322>. Acesso em: 16 mar.2017. ARE 964246, Rel. Min. Teori Zavascki, 11.11.2016.

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