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Histologia Tecido Cartilaginoso Christian Natã Melo Recife 2014 Histologia Tecido Cartilaginoso Como já fora explicado na apostila de tecido conjuntivo, o tecido cartilaginoso é um dos quatro tipos de tecidos conjuntivos especializados presentes no organismo. Trata-se de um tecido de origem mesenquimatosa e de consistência rígida, com presença de variadas células e uma matriz extracelular (MEC) rica principalmente em colágeno, elastina (no caso de uma cartilagem elástica), ácido hialurônico e muitas glicoproteínas. Não possui irrigação sanguínea, muito menos inervação. Suas funções dependem do tipo de cartilagem ao qual estivermos nos referindo. Entre algumas podemos citar: ● Suporte mecânico a tecidos moles; ● deslizamento das epífises dos ossos nas articulações; ● absorção de choques. A cartilagem em si é recoberta, tanto interna quanto externamente, por uma camada de tecido conjuntivo predominantemente denso e repleta de fibras de colágeno tipo I, que se chama pericôndrio. Como a cartilagem é avascular, cabe a este revestimento abrigar vasos sanguíneos e linfáticos, promovendo assim a nutrição dela por difusão. Sua superfície exterior é mais rica em fibroblastos mas, quanto mais nos aprofundamos no pericôndrio, encontramos uma série de células achatadas que podem se diferenciar em condroblastos. Os condroblastos, em geral, se localizam na periferia da cartilagem e são ricos em glicogênio e lipídeos, além de terem um complexo golgiense e um retículo endoplasmático rugoso (RER) bastante desenvolvidos. Essa duas características se devem a constante liberação, por parte deles, de componentes da matriz cartilaginosa, como as fibras de colágeno do tipo II, a condronectina e o ácido hialurônico. Essa produção irá perdurar até que o condroblasto fique “encapsulado” [1] em um espaço chamado lacuna (ou condroplasto). A partir daí ele passa a ser chamado de condrócito. Os condrócitos, por ação de outros condroblastos, costumam ser observados no centro da cartilagem. Em visualização no microscópio óptico, encontramos nessa região alguns condrócitos agregados. Tratam-se dos grupos isógenos, condrócitos derivados de um só condroblasto e que se dividiram sem se separar a tempo de terminar a produção de matriz cartilaginosa. Em alguns casos, cerca de 8 condrócitos podem ser formados a partir de um único condroblasto. [1]: digo encapsulado entre aspas porque o condrócito não chega a ser preso por uma barreira física. O que temos nesse caso é uma matriz diferenciada chamada de matriz territorial que circunda a célula e que é bastante rígida, o que impede o deslocamento do osteócito. Essa matriz é fácil de ser visualizada no microscópio de luz, já que ela é bastante corada em HE. Diferentemente do tecido ósseo, o tecido cartilaginoso crese continuamente com o passar do tempo. Esse crescimento pode ser de dois tipos: ● Crescimento Intersticial: realizado pelos condroblastos a partir de sua mitose. Ocorre apenas no período inicial da vida. ● Crescimento Aposicional: realizado a partir da contínua formação de condroblastos pelo pericôndrio. O fenômeno puxa cada vez mais os condrócitos para o centro da cartilagem e deixa a região rica em condroblastos mais espessa. Acontece até o término da vida. Possuímos no nosso organismo três tipos de cartilagens: ● Cartilagem Hialina: é a cartilagem mais abundante no corpo humano. Observada a fresco, adquire uma coloração branco-azulada. Sua matriz é composta por fibras colágenas do tipo II ligadas a ácido hialurônico, proteoglicanos e glicoproteínas como a condronectina. É encontrado na traqueia, nos brônquios, na face ventral das costelas e nas articulações dos ossos longos e de grande mobilidade. É de suma importância na vida embrionária, já que constitui boa parte dos ossos recém-formados. Tendem a ser substituídas por tecido ósseo durante o passar dos anos, sobrando apenas como resquício a cartilagem epifisária encontrada nas extremidades do osso. ● Cartilagem Elástica: ao contrário da hialina, a cartilagem elástica tem uma coloração amarelada ao ser visto a fresco. Possui pouco colágeno em relação à cartilagem hialina e é rico em fibras elásticas. Caracteriza-se pela capacidade de renovação da forma original após uma deformação. É encontrado no nariz, no ouvido externo (tuba auditiva e pavilhão auditivo), na epiglote e na cartilagem cuneiforme da laringe. ● Cartilagem Fibrosa: também chamada de fibrocartilagem, é um tipo de cartilagem opaca, sem pericôndrio e com condrócitos geralmente dispostos em fileiras. Possui uma matriz cartilaginosa abundante em fibras colágenas do tipo I e pobre em proteoglicanos e glicoproteínas, componentes da substância fundamental amorfa (SFA). Temos como exemplos de cartilagem fibrosa a sínfise púbica, as inserções de tendões e ligamentos nos ossos e nos discos intervertebrais[2]. [2]: os discos intervertebrais merecem um estudo a parte. Eles possuem duas regiões: o anel fibroso, constituído de tecido conjuntivo denso e fibrocartilagem; e o núcleo pulposo, estrutura de caráter líquido originada na notocorda e que é pobre em fibras colágenas tipo II e cheio de ácido hialurônico.Os discos têm como principal função amortecer impactos, além de evitar o desgaste das vértebras. A hérnia de disco baseia-se no extravazamento do núcleo pulposo para fora do disco. Fotografias de Lâminas (Tecido Cartilaginoso) Aula Prática ● Traqueia - Cartilagem Hialina (HE, PAS: 400x) pericôndrio condroblasto (na periferia da cartilagem e mais achatado) condrócito (no centro da cartilagem e mais redondo) matriz cartilaginosa condroplasto (parede do condrócito) grupo isógeno • Orelha - Cartilagem Elástica (HE, PAS: 400x) pericôndrio condroblasto condrócito matriz cartilaginosa Obs.: é fácil distinguir a lâmina de traqueia com a lâmina de orelha. A primeira sempre vai ter um epitélio pseudoestratificado colunar ciliado ao lado da cartilagem e que será visível no microscópio perto dela. A última vai um pouco de epitélio pavimentoso estratificado moderadamente queratinizado e de tecido conjuntivo denso, que são a epiderme e a derme, respectivamente. Referências Bibliográficas JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Tecido Cartilaginoso. In: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. Cap. 7. p. 125-130. KIERSZENBAUM, Abraham L.; TRES, Laura L.. Tecido Conjuntivo. In: KIERSZENBAUM, Abraham L.; TRES, Laura L.. Histologia e Biologia Celular: Uma Introdução à Patologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. Cap. 4. p. 111-149. FIORE, Mariano S. H. di. Atlas de Histologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 230 p. SOUZA, Daniel Santos; MEDRADO, Leandro; GITIRANA, Lycia de Brito. Histologia. In: MOLINARO, Etelcia; CAPUTO, Luzia; AMENDOEIRA, Regina. Conceitos e Métodos para Formação de Profissionais em Laboratórios de Saúde: Volume 2. Rio de Janeiro: EPSJV; IOC, 2010. Cap. 2. p. 43-88. Disponível em: <http://157.86.173.10/beb/textocompleto/010023.pdf#page=19>. Acesso em: 31 out. 2014.
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