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MODELO DE CAPA

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE DIREITO, ECONOMIA E CONTABILIDADE
CURSO DE DIREITO
BEATRIZ SILVA FERREIRA
HELOISA FONSECA SILVA
MATEUS LOBO OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE
MUDANÇAS CAUSADAS PELA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004 E O PAPEL DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
São Luís
2017
BEATRIZ SILVA FERREIRA
HELOISA FONSECA SILVA
MATEUS LOBO OLIVEIRA DE ALBUQUERQUE
MUDANÇAS CAUSADAS PELA EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004 E O PAPEL DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Trabalho referente à 3ª nota da disciplina direito constitucional II
ministrada pela prof.ª Msc. Luiza Oliveira
São Luís
2017
1 MUDANÇAS DA EMENDA CONSTITUCIONAL 45, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2004.
A emenda constitucional 45, conhecida como emenda da Reforma do Judiciário, trata das mudanças predominantemente estruturais e administrativas impostas a ele. Dentre elas serão destacadas as referentes à criação de novos órgãos e legitimidade ativa para ações constitucionais.
A primeira alteração iniciou se na magistratura, onde o art. 93, I, impõe bacharelado em Direito e exercício da advocacia de, no mínimo, três anos para ingresso na carreira. O inciso II desse mesmo artigo trouxe a necessidade de se utilizar critérios objetivos para aferir o merecimento de promoção dos juízes. As prerrogativas funcionais dos juízes serão alcançadas somente se forem cumpridas as exigências de formação e aperfeiçoamento impostas pelo inciso IV desse mesmo artigo e analisadas por maioria absoluta do Conselho Nacional de Justiça quando estiverem relacionadas à remoção e inamovibilidade dos juízes.
Algumas alterações estão diretamente relacionadas ao controle de constitucionalidade político – como à possibilidade de acolhimento dos tratados e acordos internacionais – ou ao controle jurisdicional internacional (art. 5º, §4º) e nacional – como a ampliação de sujeitos ativos nas ações constitucionais e a imposição vinculativa e erga omnes das decisões definitivas de mérito nas ADIN e ADC.
As mais robustas estão relacionas às criações do Conselho Nacional de Justiça e ampliação de competências dos Tribunais e Juízes Estaduais. O primeiro é considerado a maior inovação trazida pela emenda, por instituir um órgão do Poder Judiciário com as funções de fiscalizar e administrar internamente esse poder, formado por 15 membros com idades entre 35 e 66 anos – nove magistrados, dois membros do Ministério Público, dois advogados e dois cidadãos (um indicado pela Câmara e outro pelo Senado). As atribuições desse órgão estão mais voltadas para: zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto do Magistrado, zelar pela observância do art. 37 e apreciar – de oficio ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados pelo Judiciário; receber e conhecer das reclamações contra os membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços, etc. É fundamental perceber que esse órgão não interfere nas decisões judiciais, se restringindo as esferas administrativas e fiscalização interna.
Já em relação aos Tribunais Estaduais e Tribunais do Trabalho, houve a extinção dos tribunais de Alçada no primeiro; e criação do Fundo de Garantia das Execuções Trabalhistas no segundo – o qual é responsável pela integridade e fiscalização do recebimento de multas trabalhistas e administrativas.
2 O PAPEL DA JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Em relação à jurisdição constitucional, Barroso como o “poder exercido pelos juízes e tribunais na aplicação direta da Constituição, no desempenho das leis e dos atos do Poder Público em geral e na interpretação do ordenamento infraconstitucional conforme a Constituição”. No Brasil, a Constituição é marcada por valores sociais e direitos fundamentais; pela busca de uma governança democrática com alternância do poder e participação das minorias no governo. Paralelo a isso, cresceu a independência do Poder Judiciário, no qual o Supremo Tribunal Federal foi incumbido para exercer o papel de interprete da Constituição e se pronunciar de forma definitiva nos casos de discordância entre os Poderes. Enquanto a identificação e solução de inconstitucionalidades nas normas e atos infraconstitucionais são concorrentes entre todas as demais esferas jurisdicionais, ressalvada a resposta definitiva, vinculante e erga omnes do Supremo e as competências constitucionais.
A demanda pela efetivação dos direitos elencados no Texto Maior tem ficado cada vez maior, e a possibilidade solução dessa pelas vias judiciais fizeram com que o judiciário fosse cada vez mais procurado, na tentativa de burlar a demora legislativa e a concretização dos planos de governo cada vez mais utópicos. Esse fenômeno é conhecido como judicialização, por se tratar da “tomada” de função legislativa ou executiva pelo judiciário para que sejam atendidas as necessidades dos cidadãos.
A partir daí surgem às críticas. São funções típicas do judiciário julgar e resolver as demandas propostas em seus tribunais, mas não estaria ele desrespeitando a separação de poderes no momento em que legisla negativamente sobre uma questão, ou ordena ou não a execução de um ato? Ele tem legitimidade – uma vez seu provimento não exige qualquer manifestação da população como em alguns países – ou compreensão dos efeitos sistêmicos que podem surgir por conta de sua decisão?
De certo, a judicialização brasileira surgiu pela incapacidade de governantes e políticos em detectar e solucionar os problemas mais elementares – saúde, segurança e trabalho – provavelmente por conta de seu desligamento com o interesse público, ou por um grande déficit orçamentário – originado da divisão assimétrica de competências e atribuições financeiras no federalismo vigente. Enquanto que a legitimidade decorreria da própria competência constitucional cedida a esse poder; tanto que estão elencados pelo menos o rol exemplificativo do art. 102, II e alíneas. Agora a compreensão dos efeitos sistêmicos dessas decisões é de grande relevância para o bom funcionamento do ordenamento, porém é pouco explorada pelo Direito – ficando inclusive reservada à Sociologia Jurídica.
Levando em consideração esses aspectos, temos também o conceito de ativismo judicial. Segundo Barroso, o ativismo judicial está ligado à participação mais ampla e intensa do judiciário na concretização dos valores e fins constitucionais, com maior interferência no espaço de atuações dos outros poderes. 
Existem diversos precedentes do ativismo judicial manifestado pela atuação do STF. Ampliação direta da constituição a situações não expressamente comtempladas em seu texto e independente dde manifestação do legislador ordinário, como se passou em casos de imposição de fidelidade partidária e o da vedação do nepotismo; declaração de inconstitucionalidade de atos normativos emanados do legislador, com base em critérios menos rígidos que os de patente e ostensiva violação da Constituição. Estas são hipóteses do distanciamento das atribuições dos juízes e tribunais da sua função típica que lhes é atribuída dentro do Direito vigente, aproximando-os mais do papel de elaboração do Direito. 
Dessa forma, a judicialização é um fato, uma circunstancia do desenho institucional brasileiro. Já o ativismo é uma atitude, a escolha de um modo específico e proativo de interpretar a constituição, expandindo seu alcance, afirma Luis Roberto Barroso. 
Em relação ao Recurso Extraordinário, embora a priori seja um instrumento do controle difuso de constitucionalidade, suas decisões têm se utilizado dos efeitos típicos do controle abstrato. A análise da constitucionalidade é feita em tese, embora por qualquer órgão judicial, acarretando efeitos inter partes, porém, vinculando ao tribunal, que irá adotar o mesmo posicionamento em outras oportunidades, a dispensa da reservade plenário.
O Supremo, ao julgar um Recurso Extraordinário com exame de inconstitucionalidade de uma lei tem admitido o controle abstrato, passando a orientar o tribunal em situações análogas posteriores. Em decorrência disso, pode ainda optar, neste contexto, pela edição da Súmula Vinculante.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.
BRASIL. Constituição (1988). Emenda Constitucional nº 45, de 30 de dezembro de 2004. Altera dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal, e acrescenta os arts. 103-A, 103B, 111-A e 130-A, e dá outras providências.Disponível em:http:<//www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc45.htm>. Acesso: 23 de janeiro de 2017.
BARROSO, Luis Roberto. Curso de Direito Constitucional Contemporâneo: os conceitos fundamentais e a construção do novo modelo. 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
_________. O controle de constitucionalidade no direito brasileiro: exposição sistemática da doutrina e análise critica da jurisprudência. 6. Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

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