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22/01/2013 1 Estrutura e Propriedades do Materiais EPM 1 Universidade Federal do Pará – UFPA Campus de Tucuruí - CAMTUC Faculdade de Engenharia Mecânica – FEM Professor Me. Paulo Machado Professor Me. Paulo Machado SOLIDIFICAÇÃO E DEFEITOS CRISTALINOS 22/01/2013 2 Professor Me. Paulo Machado FORMAÇÃO E IMPERFEIÇÕES DA ESTRUTURA CRISTALINA INTRODUÇÃO • Durante a solidificação, os metais sofrem o rearranjo de seus átomos que determina a estrutura cristalina dos mesmos; • Dependo do modo com que esse processo ocorre pode ocorrer defeitos nos empilhamentos e organização dos átomos, resultando em imperfeições estruturais; • O tipo e a quantidade destas imperfeições afetam as propriedades e comportamentos dos materiais cristalinos; • Com exceção de alguns poucos produtos conformados por sinterização (metalurgia do pó), todos os produtos metálicos passam pelo processo de solidificação, em algum estágio de sus fabricação; Professor Me. Paulo Machado FORMAÇÃO E IMPERFEIÇÕES DA ESTRUTURA CRISTALINA • Em geral o processo de solidificação pode ser dividido em duas etapas: ▫ Formação de embriões estáveis dentro do líquido ou etapa de nucleação; ▫ Transformação dos núcleos em cristais, ou etapa de crescimento. 22/01/2013 3 Professor Me. Paulo Machado FORMAÇÃO E IMPERFEIÇÕES DA ESTRUTURA CRISTALINA • A transformação líquido/sólido e consequente formação da estrutura cristalina é observada na prática em duas situações diferentes, quais sejam: ▫ solidificação com nucleação e crescimento controlados e; ▫ solidificação com nucleação e crescimento não-controlado; • O primeiro caso envolve situações onde existe a necessidade de produzir um sólido, onde a característica principal do mesmo e a qualidade do arranjo cristalino. ▫ Esta situação é geralmente encontrada na obtenção de insumos básicos para a microeletrônica, onde a necessidade de monocristais perfeitos de silício, arseneto de gálio, etc é fundamental; Professor Me. Paulo Machado FORMAÇÃO E IMPERFEIÇÕES DA ESTRUTURA CRISTALINA • A outra classe de transformação líquido/sólido, ou seja, a solidificação não controlada, pode ser sintetizada nos casos encontrados na indústria metalúrgica siderúrgica. • Fazem parte deste caso: ▫ os processo de lingotamento de metais e fundição; • Neste caso, o líquido a ser transformado em sólido é vazado em moldes e perde calor conforme a geometria e parâmetros do sistema. Assim, o sólido obtido exibe estrutura cristalina acentuada de defeitos; • Geralmente, a direção de crescimento não é única, esta classe de processos caracteriza-se por apresentar um sólido com diversas orientações cristalográficas, que resulta em um material definido como policristalino. 22/01/2013 4 Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES ESTRUTURAIS • A estrutura cristalina analisada até aqui apresenta como característica básica, arranjos cristalinos muito bem definidos. • Porém, os cristais observados na prática nunca são totalmente perfeitos, exibindo defeitos de diversas naturezas; • As imperfeições afetam diretamente várias características dos materiais, tais como: ▫ Os parâmetros envolvidos na deformação plástica; ▫ Na condutividade elétrica; ▫ Na corrosão e; ▫ Em processos de difusão atômica; • As imperfeições presentes em estruturas cristalinas podem ser de três tipos básicos, quais sejam: defeitos pontuais, defeitos em linha e defeitos de superfície; Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS • Os cristais podem apresentar defeitos em pontos isolados de sua estrutura, dando lugar às imperfeições de ponto; • Dentre as imperfeições pontuais, as mais importantes são: ▫ As vacâncias ou vazios ou lacunas; ▫ Os átomos intersticiais e; ▫ Os átomos substitucionais; • O tipo de defeito mais simples é a vacância. 22/01/2013 5 Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS • As vacâncias são vazios pontuais causados pela ausência de átomos em algumas posições da rede cristalina; • Este tipo de defeito pode ser produzido: ▫ Durante o processo de solidificação, como resultado de perturbações locais no crescimento do cristal e; ▫ Pela mobilidade de seus átomos, criando um rearranjo atômico do cristal; Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS • Os vazios (lacunas) são essenciais nos processos difusionais; 22/01/2013 6 Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS Professor Me. Paulo Machado Exemplo I – Efeito da Temperatura na Concentração de Lacunas • Calcule a concentração de lacunas do cobre à temperatura ambiente (25 ºC). Que temperatura e tratamento térmico do cobre será necessário para que a concentração de lacunas produzidas seja 1000 vezes superior à concentração de equilíbrio à temperatura ambiente? Considere que são necessários 20000 cal para produzir um mol de lacunas no cobre. ▫ Parâmetro de rede do cobre CFC é de 0,36151 nm. Solução: • O número de átomos de cobre por cm³, será: 3 22 38 cobre/cm de átomos1047.8)cm106151.3( ulaátomos/cel 4 ×= × = − n 22/01/2013 7 Professor Me. Paulo Machado Exemplo I – Efeito da Temperatura na Concentração de Lacunas Solução (cont.): • À temperatura ambiente, T = 25 + 273 = 298 K: 38 3 22 lacunas/cm 10815.1 298K Kmol cal1.987 mol cal20,000 exp . cm átomos1047.8 exp ×= × − − ×= = RT nn Qν ν Professor Me. Paulo Machado Exemplo I – Efeito da Temperatura na Concentração de LacunasSolução (cont.): • Como queremos encontrar uma temperatura de TT que gere uma concentração de lacunas 1000 vezes superior ao nv encontrado (1,815x108 lacunas/cm³), ou seja, 1,815x1011 lacunas/cm³; • Para isso, será preciso aquecer o cobre a uma temperatura que produza esse número de lacunas: C102375 ))987.1/(000,20exp()1047.8( exp10815.1 o 22 11 == ×−×= =×= KT T RT Q nn ν ν 22/01/2013 8 Professor Me. Paulo Machado Exemplo I – Efeito da Temperatura na Concentração de Lacunas Solução (cont.): • Ao aquecer o cobre ligeiramente acima de 100 ºC, matê-lo até que o equilíbrio seja atingido e resfriá-lo rapidamente até a temperatura ambiente, será possível aprisionar um número de lacunas mil vezes superior ao número de equilíbrio de lacunas em temperatura ambiente; • Assim, as concentrações de lacunas em materiais são normalmente ditadas tanto por fatores termodinâmicos como cinéticos. Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS • Auto-intersticial, é um átomo do cristal que é comprimido (empurrado) para dentro de um sítio intersticial; ▫ Um pequeno espaço vazio que sob condições ordinárias não é ocupado; • Em metais, um auto-intersticial introduz distorções relativamente grandes na rede circundante, porque o átomo é substancialmente maior do que a posição intersticial em que está situado; • A formação deste defeito não tem grande frequência, tendo as vacâncias com maiores formações. 22/01/2013 9 Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS • Em cristais iônicos, os defeitos pontuais exibem caráter mais complexos devido à necessidade de manter a neutralidade elétrica do sistema; • As imperfeições de Schottky, apresentam dois íons de cargas opostas perdidos na estrutura agrupados criando uma vacância dupla (vacância catiônica + aniônica), são exclusivos de materiais iônicos; • A imperfeição de Frenkel são identificadas quando um íon positivo move-se para um posição intersticial do cristal iônico, formando uma “vacância cátion” (cátion intersticial + lacuna catiônica), encontra-se também em metais e materiais com ligações covalentes; • A presença destes defeitos em cristais iônicosaumentam a condutividade elétrica dos mesmos. Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS • Nesses defeitos uma quantidade idêntica, estequiométrica, de ânions e cátions deve apresentar esses defeitos no cristal, pois uma neutralidade elétrica deve ser preservada; • Assim, por exemplo, um íon Mg+2 e um íon O-2 ausentes no MgO consistem em um par Schottky. 22/01/2013 10 Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS • A outra classe de defeitos são os átomos substitucionais e intersticiais estranhos à rede cristalina (impurezas); • Os átomos intersticiais são imperfeições causadas pela presença de átomos estranho nos interstícios da rede cristalina; • Os átomos substitucionais são defeitos provocados pela existência de átomos estranhos nos próprios vértices da rede cristalina, em substituição aos átomos do cristal; • Estes defeitos modificam as propriedades dos materiais, por exemplo: ▫ A presença de pequena quantidade de átomos estranhos à rede cristalina do silício pode afetar, de modo significativo, a condutividade elétrica do mesmo; • Estes defeitos são frequentemente observados na formação de ligas metálicas, na forma de solução sólida. Professor Me. Paulo Machado IMPERFEIÇÕES PONTUAIS (c) 2003 B ro ok s/C ole P ublishing / Th o m so n L earning Figura. (a) lacuna, (b) átomo intersticial, (c) átomo substitucional pequeno , (d) átomo substitucional grande, (e) defeito de Frenkel e (f) defeito de Schottky 22/01/2013 11 Professor Me. Paulo Machado Exemplo II – Concentração de Lacunas no Ferro • Determine o número de lacunas necessárias para que um cristal de ferro CCC tenha massa específica de 7,87 g/cm³. O parâmetro de rede do ferro é de 2,866 x 10-8 cm. Solução: • Pode-se calcular a massa específica do ferro pelo parâmetro de rede e da massa atômica. Como o ferro em questão é CCC, dois átomos de ferro estão presentes em cada célula unitária. Professor Me. Paulo Machado Exemplo II – Concentração de Lacunas no Ferro Solução (cont.): • Deseja-se produzir ferro com baixa massa específica. Pode-se conseguir introduzindo lacunas no cristal; • O número de átomos e lacunas que estarão presentes em cada célula unitária para que se obtenha a massa específica de 7,87 g/cm³ é calculada: 22/01/2013 12 Professor Me. Paulo Machado Exemplo II – Concentração de Lacunas no Ferro Solução (cont.): • Portanto, existem 2,00 – 1,9971 = 0,0029 lacunas por célula unitária. O número de lacunas por cm³ equivale a: Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS • Na maioria de aplicações de engenharia, a necessidade de propriedades específicas, faz com que o uso de materiais metálicos nem sempre esteja restrito aos metais puros, aplicando-se elementos de ligas; • Apenas em um número bem restrito de aplicações os metais são aplicados de forma pura ou quase pura, por exemplo: ▫ O cobre de alta pureza (99,99%) é usado na confecção de fios elétricos devido a sua elevada condutividade elétrica; • A adição de elementos ligantes no metais apresentam a capacidade de melhorar uma propriedade especifica, desta forma, aperfeiçoando os materiais metálicos; • A melhoria pode ser nas propriedades mecânicas, elétricas, anticorrosivas, etc. 22/01/2013 13 Professor Me. Paulo Machado • Uma liga metálica, ou simplesmente uma liga, é a mistura de dois ou mais metais ou metais e não metais; • Estas ligas podem ser estruturas relativamente simples, como a de uma peça de bronze; ▫ O bronze é essencialmente uma liga binária contendo ~70% de peso de Cu e 30% em peso de Zn; • Porém, outras ligas podem ser extremamente complexas como as superligas à base de níquel, denominadas comercialmente de Inconel 718 e usadas na confecção de peças de motores a jato. Estas ligas contem nominalmente em torno de 10 elementos ligantes. SOLUÇÕES SÓLIDAS Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS • O tipo mais simples de liga metálica é aquela que forma uma solução sólida: ▫ Uma solução sólida é um sólido que consiste de dois ou mais elementos atomicamente dispersos em uma estrutura monofásica; • Existem dois tipos de soluções sólidas: ▫ Substitucional; ▫ Intersticial. 22/01/2013 14 Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS • A fração de átomos de um elemento que pode ser dissolvida em outro, é definida como solubilidade; • O termo solubilidade significa a quantidade de um certo material A (soluto) que pode ser dissolvido em outro B (solvente) e varia de um valor muito pequeno, próximo de zero, até 100%; ▫ A solubilidade é dada em “% peso”e “% atômica”; • Para muitos sistemas e em uma dada temperatura específica, existe uma concentração máxima de átomos de soluto que podem se dissolver no solvente para formar uma solução sólida; ▫ ???? Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS • Solubilidade máxima ou limite de solubilidade: ▫ É a quantidade máxima de um elemento que pode ser dissolvido por outro, em certa temperatura; ▫ Se essa quantidade for extrapolada, ocorrerá a formação de uma outra solução sólida ou de outro composto com composição marcadamente diferente, ou ainda de um dos próprios elementos que compõem o material. ▫ Por exemplo: há um limite muito bem definido na quantidade de estanho que pode ser dissolvido na rede do cobre para formar o bronze e este ainda manter a estrutura CFC; o estanho em excesso, além da quantidade correspondente a essa solubilidade sólida, forma uma outra fase. 22/01/2013 15 Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS 22/01/2013 16 Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS • Para que haja uma substituição em proporções elevadas em uma solução sólida substitucional (solubilidade elevada), os seguintes requisitos, denominados condições de Hume-Rothery, devem ser satisfeitas: i. Os raios atômicos dos dois elementos não devem diferir em mais de 15%; ii. A estrutura cristalina dos dois elementos deve ser a mesma; iii. Não deve existir diferença significativa entre as eletronegatividades dos dois elementos, para que não haja a formação de compostos; iv. Os dois elementos devem possui valências próximas. Professor Me. Paulo Machado 22/01/2013 17 Professor Me. Paulo Machado SOLUÇÕES SÓLIDAS • O soluto intersticial é o que localiza-se nos “vãos”da matriz; • Estes vãos ou vazios são chamados de interstícios; • As soluções sólidas intersticiais são formadas quando um átomo é muito maior que o outro; • Por exemplo: ▫ O ferro a 1000 ⁰ C apresenta estrutura CFC com o maior vão de diâmetro igual a 1,0 Ᾰ; ▫ Desta forma, este intersticio abriga facilmente o hidrogênio (d=0,9 Ᾰ), o boro (0,92 Ᾰ) e com certa dificuldade o carbono (d=1,5 Ᾰ); ▫ Entretando, apesar dessa diferença, um máximo de 2,08% em peso de carbono pode ser dissolvido intersticialmente no ferro a 1148 ⁰C.
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