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Comunicação e Expressão Unidade 6: Estratégias textuais Professora Doutora Débora Mallet Pezarim de Angelo Estratégias textuais Nesta unidade, você vai encontrar pessoas inseridas em situações de comunicação e compreender que, para atingir seus objetivos e transmitir sua mensagem, precisa usar diferentes recursos de linguagem. Para tanto, será preciso conhecer as estratégias cognitivas, sociointeracionais e textuais. Como se comunicar com o pessoal? Gustavo precisa escrever um comunicado para todos os frequentadores da biblioteca onde trabalha, esclarecendo informações sobre como devem comportar-se naquele ambiente, prazos e quantidades de livros emprestados, a importância da organização, a implantação da busca informatizada, e que qualquer dúvida os usuários da biblioteca podem procurar os demais funcionários no balcão de informações. Como Gustavo deve escrever esse comunicado? Para quais informações ele deve dar prioridade? Que tipo de linguagem ele deve utilizar, pois a biblioteca é pública e possui frequentadores de diferentes idades? Gustavo quer se comunicar com as pessoas. Há uma série de informações que quer transmitir, mas ele sabe que apenas organizar tudo em um texto não vai, necessariamente, atingir seu público, composto por pessoas de diferentes idades e interesses. Será preciso usar a linguagem de forma diversificada, para que a mensagem dê conta de transmitir o que se quer e, ao mesmo tempo, sensibilizar as pessoas. Quando falamos, escrevemos ou lemos, estamos mobilizando uma série de estratégias, formas pensadas de usar a linguagem para atingir o objetivo que desejamos. Ter maior consciência delas pode nos auxiliar a compor e entender melhor os diferentes textos com os quais estabelecemos contato. Essas estratégias aparecerão em uma situação de comunicação qualquer, pois, ao produzir ou ler um texto, uma fala, estaremos em interação com o outro, nosso interlocutor. Portanto, articular a comunicação é importante para todos, tanto os que estão produzindo como os que estão tentando compreender uma dada mensagem. Segundo Ingedore Koch, as estratégias dividem-se em cognitivas, sociointeracionais e textuais. Estratégias cognitivas Ao compormos ou lermos um texto, ao ler uma notícia, travar um diálogo etc. vamos estabelecendo hipóteses. Imagine uma situação: você precisa escrever um relatório. Ao compor o texto, você levará em conta, entre outros aspectos: • seu objetivo ao escrever o texto; • a quantidade de informação que precisa transmitir; • suas crenças, opiniões e atitudes diante das informações. Estratégias cognitivas, portanto, é o modo como organizamos as informações que nosso texto pretende transmitir. Sugestão: montando um esquema para o texto Uma boa forma de iniciar a produção de um texto é esquematizar alguns itens que comporão o formato final. Seguindo as referências dadas anteriormente, você pode: • indicar seu objetivo central para a escrita do texto; • anotar, em itens em sequência, quais informações ou ideias pretende desenvolver; • anotar os valores, crenças ou atitudes que pretende valorizar em seu texto. Observação importante: seu texto não será a fusão pura e simples dessas anotações. Elas funcionam apenas como um roteiro para que você tenha clareza do que deseja transmitir. Da mesma forma que o produtor, o interlocutor também mobiliza estratégias de compreensão das mensagens. Portanto, ao estabelecer algum contato com um texto, oral ou escrito, o interlocutor também tem: • um objetivo para sua audição ou leitura da mensagem; • a necessidade de compreender certa quantidade de informações passadas pelo texto; • suas próprias crenças, valores e atitudes. Essas são as estratégias cognitivas do leitor: o modo como ele procura compreender o texto. Sugestão: iniciando o contato com o texto Para iniciar o contato com o texto, procurando partir dos três elementos anteriormente mencionados, deve-se, a princípio, procurar entender o motivo que me leva àquela leitura ou a ouvir aquela fala. Com o objetivo em mente, pode-se passar para a observação de alguns elementos, tais como: • Títulos; • Subtítulos; • Imagens; • Trechos em destaque (sublinhados, negritados, em itálico, aspas, tamanho e tipo de letra etc.); • observar referências bibliográficas (se houver); • observar índice, sumário (se houver). Buscar esses elementos pode ajudar a destacar algumas informações essenciais do texto, bem como valores, crenças ou atitudes do produtor da mensagem. Estratégias sociointeracionais Só ter clareza de seus objetivos, do conteúdo da mensagem e de valores ou crenças não é a única estratégia mobilizada em uma dada situação de comunicação. A interação entre pessoas implica também no conhecimento e obediência a certas normas socialmente estabelecidas. Alguns exemplos de estratégias interacionais são: • Atos preparatórios: é preciso preparar o interlocutor para a comunicação que se estabelecerá. É preciso, portanto, introduzir o assunto, de tal forma que ele possa nos compreender. O interlocutor, por sua vez, também tem a expectativa do ato preparatório, pois quer saber de antemão do que se trata a mensagem. • Mudanças de tópico: em todo texto, falado ou escrito, é muito comum e esperado que haja marcas que indiquem quando o produtor está mudando de tópico. Isso facilita sua própria clareza de raciocínio e ajuda o interlocutor a compreender a mensagem. Observe os elementos negritados no texto a seguir. Eles servem para indicar uma mudança de tópico. Isso favorece a clareza entre os interlocutores, facilitando a compreensão das ideias. Passemos agora a questão do currículo. Um primeiro aspecto a ser destacado é a concisão das informações, pois ninguém aguenta ler mais do que três páginas de um texto como esse. Um segundo aspecto é colocar nome, endereço e telefone logo no início da primeira página; caso contrário, será difícil encontrá-lo. Um outro aspecto ainda diz respeito à síntese de sua experiência profissional. Ela deve ser rápida e destacar as experiências que, de fato, relacionam-se com seu objetivo (pense no cargo que almeja com aquele currículo). Por fim, eu destacaria a aparência do currículo: bem escrito, bem impresso, bem diagramado, enfim, ele é seu cartão de visitas. • Polidez: é fundamental, em qualquer situação de comunicação, usar formas polidas de se dirigir ao outro. Isso indica respeito e pode interferir positiva ou negativamente para a compreensão da mensagem. Uma consultora escreveu o seguinte e-mail para um cliente: Senhor XX Já pedi mil vezes para que me mande a lista com as cores que gostaria de usar. Sem elas, não há como dar andamento a seu projeto. Espero retorno, Atenciosamente, Paula Y O cliente, certamente, não ficará contente com essa mensagem. Pelo que é possível compreender, Paula já havia pedido a lista ao cliente outras vezes e não obteve resposta. Isso não dá a ela o direito de usar maneiras pouco polidas como “já pedi mil vezes que me mande” (ou seja, está chamando o cliente de desligado, no mínimo) ou “sem elas, não há como dar andamento a seu projeto” (está dizendo “o interesse é todo seu”). Com essa falta de polidez de Paula, as consequências de sua mensagem serão, provavelmente, negativas. • Negociação: em uma dada situação comunicativa, os interlocutores sempre negociam posições, argumentando de acordo com seus pontos de vista. Estratégiastextuais As estratégias textuais estão ligadas ao modo de organização linguística do texto. Ao produzirmos ou lermos/ouvirmos uma mensagem, devemos ter em mente alguns aspectos ligados à organização de nosso texto (ou que ouviremos/ leremos de outra pessoa). Em um dado texto, há sempre a combinação de dois fatores: informações dadas e informações novas que o texto vai acrescentando. Tanto do ponto de vista de quem produz como do ponto de vista de quem lê/ouve, é fundamental perceber que os textos conjugam esses dois elementos. Quanto mais clara pretende ser a comunicação, maior deve ser o equilíbrio entre o já visto no texto e o novo. Vamos destacar duas: • Formulação: ao expor as informações e ideias, o produtor normalmente insere explicações, justificativas, exemplos e ilustrações. Essas inserções não são as informações essenciais, mas são formas de explicar melhor sua mensagem. Além disso, muitas vezes, o autor do texto corrige ou repara algo que disse. Essa correção também é uma estratégia para tornar a mensagem mais clara. • Referenciação: são as palavras ou expressões que retomam outras já escritas ou faladas, possibilitando que a mensagem seja compreendida pelo leitor. Sintetizando... As estratégias dividem-se em três grupos: a) Cognitivas b) Sociointeracionais c) Textuais Todas elas podem estar presentes no ato comunicativo, tanto do ponto de vista de quem produz como do ponto de vista de quem lê/ouve a mensagem. Quanto maior a consciência que tivermos dessas estratégias, maior nossa capacidade de organizar nossos textos ou compreender os dos outros, uma vez que entraremos em uma situação de comunicação qualquer de forma mais organizada. Testando Leia as afirmações a seguir, que trazem definições de elementos das estratégias textuais. I – Em todo texto, falado ou escrito, é muito comum e esperado que haja marcas que indiquem quando o produtor está mudando de assunto. São os atos preparatórios. II – Em qualquer situação de comunicação, é importante usar formas cortesas de se dirigir ao outro. Essa recurso chama-se “Polidez”. III – Essas inserções não são as informações essenciais, mas são formas de explicar melhor sua mensagem. Trata-se das formulações. De acordo com os temas estudados nesta unidade, está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II. e) II e III. Feedback: Quando, em um texto, falado ou escrito, há marcas que indicam quando o produtor está mudando de assunto está dentro da chamada “Mudança de tópico”. Resumo da unidade Nesta unidade, você conheceu as estratégias textuais, que tentam garantir, em diferentes aspectos, a comunicação efetiva, a partir da elaboração de um texto, que pode ser falado ou escrito. Elas se classificam em cognitivas (apresentação das principais ideias), sociointeracionais (recursos linguísticos empregados para garantir a adesão de nosso interlocutor) e textuais (garantem a fixação das informações principais). Referências bibliográficas FIORIN, José L. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 1997. KOCH, Ingedore V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2007. VAN DIJK, Teun. Cognição, discurso e interação. São Paulo: Contexto, 1999. Sites http://epealufal.com.br/media/anais/466.PDF – Aqui você encontra uma interessante reflexão sobre o caráter sociointerativo da linguagem. Vídeos http://www.youtube.com/watch?v=8tvzFlzo7wc&list=PLBB61BC5BD4251AE9 – Aqui você encontra mais informações sobre estratégias de interação.
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