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Aula 5 - Mercadoria e força de trabalho pdf

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Mercadoria, Trabalho, Força de 
Trabalho, Produtividade e Mais 
Valia
Economia Politica
Rosana Zau Mafra
ou “Teoria da Exploração”
Economia Politica
Rosana Zau Mafra
Mercadoria
“A mercadoria é, antes de mais nada, um 
objeto externo, uma coisa que, por suas 
propriedades, satisfaz necessidades humanas, 
seja qual for a natureza, a origem delas, 
provenham do estômago ou da fantasia. Não 
importa a maneira como a coisa satisfaz a 
necessidade humana, se direta, como meio de 
subsistência, objeto de consumo, ou 
indiretamente, como meio de produção”.
MARX, 2010
Mercadoria (2)
• Duplo caráter: valor de uso e valor de troca.
CASTRO, R, 2011
Trabalho
• Um bem só possui valor porque nele está 
corporificado, materializado, trabalho humano 
abstrato .
• Como medir a grandeza do seu valor?
MARX, 2010
Como medir a grandeza do seu 
valor?
• Por meio da quantidade da “substância 
criadora de valor” nele contida, o trabalho.
– Quantidade de trabalho se mede pelo tempo de 
sua duração
• Frações de tempo como hora, dia, etc
MARX, 2010
Discussão 1:
• Quanto mais preguiçoso ou inábil o ser 
humano, maior será o valor da mercadoria?
Substância criadora de valor
• O trabalho que constitui a substância dos 
valores é o trabalho humano homogêneo 
(dispêndio de idêntica força de trabalho).
• Inúmeras forças de trabalho individuais levam 
à uma força média de trabalho, precisando 
apenas do tempo de trabalho em média 
necessário ou socialmente necessário para a 
produção de uma mercadoria.
MARX, 2010
Força de trabalho versus Tempo 
de Trabalho
Força de trabalho: refere-se à habilidade de um 
indivíduo em trabalhar e produzir 
mercadorias;
Tempo de trabalho: é o processo e a duração 
reais do trabalho
BRUE, 2005
Força de trabalho
“A força de trabalho, então, era a capacidade de 
trabalhar ou o trabalho potencial. 
Quando a força de trabalho era vendida como 
mercadoria, seu valor de uso era, 
simplesmente, a execução do trabalho – a 
concretização do trabalho potencial. 
Quando o trabalho era executado, era 
incorporado à mercadoria, dando-lhe assim 
valor.” 
HUNT, 2005
Tempo de trabalho socialmente 
necessário 
• É o tempo de trabalho requerido para 
produzir-se um valor-de-uso qualquer, nas 
condições de produção socialmente normais
existentes e com o grau social médio de 
destreza e intensidade do trabalho.
MARX, 2010
Tempo de trabalho socialmente 
necessário 
• Inclui o trabalho direto na produçao da 
mercadoria, o trabalho embutido no 
equipamento e na matéria prima utilizados 
durante o processo de produção e o valor 
transferido à mercadoria durante este 
processo.
BRUE, 2005
= 10h -> o tempo de trabalho médio!!!
Se o trabalhador for incompetente e precisar de 20h, qual 
será o valor do sapato????
Tempo de trabalho socialmente 
necessário 
• Imagine que um trabalhador ou funcionário 
lidere o campo da tecnologia e eficiência e 
produza o par de sapatos em 5 horas...
BRUE, 2005
...qual será o valor do sapato????
Tear à vapor
• Tear à vapor: Diminuiu a metade do tempo 
empregado para transformar determinada 
quantidade de fio em tecido.
MARX, 2010
Tear à vapor versus Tear manual
• Tear Manual: tecelão continuaria gastando o 
mesmo tempo que despendia antes, porém o 
produto de sua hora individual de trabalho só 
representaria meia hora de trabalho social, 
ficando o valor do seu produto anterior 
reduzido à metade.
MARX, 2010
Como medir a grandeza do valor 
de uma mercadoria?
• É a quantidade de trabalho socialmente 
necessária ou o tempo de trabalho 
socialmente necessário para a produção de 
um valor de uso.
MARX, 2010
Discussão 2:
• E se o interesse por smiles aumentasse?
Produtividade
• A produtividade do trabalho é determinada 
pelas mais diversas circunstâncias, dentre 
elas:
– a destreza média dos trabalhadores, 
– o grau de desenvolvimento da ciência e sua 
aplicação tecnológica,
– a organização social do processo de produção, o 
volume e a eficácia dos meios de produção e 
– as condições naturais.
MARX, 2010
Produtividade – conclusão de Marx
• Quanto maior a produtividade do trabalho, 
tanto menor o tempo requerido para produzir 
uma mercadoria, e, quanto menor a 
quantidade de trabalho que nela se cristaliza, 
tanto menor seu valor.
MARX, 2010
Dupla natureza do trabalho
• Assim como a mercadoria, o trabalho também 
possui duplo caráter.
– Características diferentes do valor de uso que 
geram
• Concreto ou útil: 
• Abstrato:
MARX, 2010
Trabalho humano concreto ou útil:
chamamos simplesmente de trabalho útil
aquele cuja utilidade se patenteia no valor-de-
uso do seu produto ou cujo produto é um
valor-de-uso. Sob esse ponto de vista será
considerado sempre associado a seu efeito
útil.
MARX, 2010
Dupla natureza do trabalho
• Trabalho útil (ou concreto): como criador de 
valor de uso / adota características específicas 
e processos específicos de trabalho / usos 
particulares de diferentes mercadorias
– Era a causa do valor de uso de forma especial
• Trabalho abstrato: caráter quantitativo
– As diferenças de qualidade são abstraídas
– Gasto da força humana
MARX, 2010
Trabalho humano abstrato ou homogêneo:
É uma objetividade impalpável, ou seja,
massa pura e simples de trabalho humano
em geral ou do dispêndio de força de
trabalho humano, sem consideração pela
forma como foi despendida.
Trabalho de pesquisa
• Pesquisar as interpretações sobre Trabalho útil 
(ou concreto) e Trabalho abstrato e comparar 
com o descrito originalmente na obra de Marx 
(O Capital, p.63~68, cap. I.1 Mercadoria).
– Individual ou em dupla
– Até 2 parágrafos
– Indicar a fonte
Dupla natureza do trabalho
• Concreto ou útil: realização prática na 
produção 
– Avaliada pelo social necessariamente gasto na 
produção da mercadoria
• Abstrato: capacidade de trabalho
SANDRONI, 2002
Dupla natureza do trabalho
• Trabalho útil (ou concreto):
– Que se manifesta no valor de uso (Castro, 2011)
• Trabalho abstrato:
– Que se manifesta no valor de troca (Castro, 2011)
Outros aspectos do trabalho como 
elemento gerador de valor:
• Trabalho simples médio: usa a força de 
trabalho simples, a qual, em média, todo 
homem comum, sem educação especial, 
possui em seu organismo
• Trabalho complexo: trabalho simples 
multiplicado, de modo que uma quantidade 
dada de trabalho qualificado é igual a uma 
quantidade maior de trabalho simples
Outros aspectos do trabalho como 
elemento gerador de valor (2):
• Trabalho simples: trabalho não especializado, 
que inclui apenas a energia corporal comum a 
todos os indivíduos.
• Trabalho complexo: inerente ao trabalhador 
especializado, ao técnico, portador de 
trabalho multiplicador e concentrado.
MARX, 2010
Outros aspectos do trabalho como 
elemento gerador de valor (3):
• Trabalho simples x Trabalho complexo: 
Apesar dessas diferenças qualitativas, esses 
dois tipos de trabalho se equivalem nas 
relações de troca;
– O valor de um produto é medido em unidades 
simples de trabalho;
• 1h de esforço produtivo de um engenheiro pode 
contribuir tanto para uma mercadoria quanto 5h de 
trabalho não especializado.
BRUE, 2005
Outros aspectos do trabalho como 
elemento gerador de valor (4):
• O mercado de trabalho nivela o tempo de 
trabalho de diferentes capacidades a um 
denominador comum;
• Também determina os preços que se baseiam 
no custo do trabalho básico. 
BRUE, 2005
=
Trabalho produtivo x improdutivo
• Mercantilistas: consideravam produtivo o 
trabalho diretamente relacionado com os 
interesses nacionais (exploração de minas, 
indústriaspara exportação)
• Clássicos: o diretamente relacionado com a 
produção de bens materiais; […] cujo 
resultado pudesse ser objeto de troca ou 
representasse a criação de um valor.
– Posteriormente: comerciais, transporte, produção 
de bens imateriais.
GASTALDI, 2005
Trabalho produtivo x improdutivo.
• Marx: trabalho produtivo é o que contribui para 
a realização do capital; que produz objeto para o 
mercado, sendo fonte de mais-valia;
• O trabalho improdutivo não produz valor de 
troca, mesmo que dê origem a um objeto 
material:
Cozinheira doméstica x cozinheira de restaurante
SANDRONI, 2009
O que determina o valor da força 
de trabalho???
• O tempo socialmente necessário para 
produzir as necessidades culturais de vida 
consumidas pelos trabalhadores e sua família;
• Hábitos a que o trabalhador estivesse 
acostumado
BRUE, 2005
O que determina o valor da força 
de trabalho???
• Se essas necessidades pudessem ser 
produzidas em 4h/dia, o valor da força de 
trabalho da mercadoria seria 4h/dia.
BRUE, 2005
O valor da força de trabalho
• É determinado, como o de qualquer outra 
mercadoria, pelo tempo de trabalho 
necessário a sua produção e por conseqüência 
à sua reprodução.
• Enquanto valor, a força de trabalho 
representa apenas determinada quantidade 
de trabalho social médio nela corporificado.
MARX, 2010, p 200
O valor da força de trabalho
• O valor da força de trabalho era igual ao valor 
de subsistência da família de um operário (ou 
necessário à manutenção do seu possuidor);
• O trabalho incorporado à forca de trabalho era 
idêntico ao trabalho incorporado às 
mercadorias que permitiam sua subsistência.
– Dependia dos hábitos e do grau de conforto a que 
a classe operária estivesse acostumada (produto 
do desenvolvimento histórico)
HUNT, 2005
Manutenção do seu possuidor
• Ao aumentar este dispêndio (músculo, nervo, 
cérebro, etc.) torna-se necessário aumentar a 
remuneração.
– Garantia da perpetuação por meio do seus filhos
MARX, 2010
O valor da força de trabalho
• Os empregadores pagam aos trabalhadores o 
valor de mercado para sua força de trabalho, 
mas o pagamento diário equivale apenas à 
parte do valor que os trabalhadores criam.
• Os capitalistas têm o poder de definir a 
duração do dia de trabalho.
BRUE, 2005
Curiosidade
• A força de trabalho só é paga depois de ter 
funcionado durante o prazo previsto no 
contrato de compra, no fim de semana, por 
exemplo.
MARX, 2010
Valor do meio de subsistência
• As quantidades anuais de mercadorias 
necessárias para um trabalhador e sua família, 
foram usadas como referências para calcular a 
quantidade de trabalho incorporadas a estas 
mercadorias.
365A + 52B + 4C +etc. = 6 (valor da força de trabalho de um dia)
365
A= dias
B= semanas
C= trimestres MARX, 2010
Valor médio
• Dia de trabalho = 12 h
• Média diária das mercadorias necessárias = 6h 
(de trabalho social)
• Requer-se meio dia de trabalho para a 
produção diária da força de trabalho
• O possuidor da força de trabalho a oferece por 
3 xelins ao dia ao possuidor do dinheiro
MARX, 2010
10 libras de algodão 10 libras de fio
• Valor do algodão = 20h de trabalho (10 xelins)
• Valor dos fusos = 4h de trabalho (2 xelins)
• Dia de trabalho = 6 h (3 xelins)
• Tempo de produção = 30h (15 xelins)
• SE NÃO HOUVER LUCRO COM COMPRA BARATA E VENDA 
CARA E SE AS MERCADORIAS FOREM VENDIDAS NOS 
RESPECTIVOS VALORES, OS FIOS DEVERÃO SER VENDIDOS A 
15 XELINS
BRUE, 2005
10 libras de algodão 10 libras de fio
• Se o trabalhador precisar trabalhar outras 6h 
todos os dias, serão produzidas 10 libras a 
mais de fios, que também valerão 15 xelins no 
mercado, mas que na verdade custam 12 aos 
capitalistas
– Valor do algodão = 20h de trabalho (10 xelins)
– Valor dos fusos = 4h de trabalho (2 xelins)
– Horas adicionais = 6 h (zero)
BRUE, 2005
15 Força de 
trabalho 
3
Mais-
valia 3
10
Algodão Algodão
10 10
5
Valor 
consumi-
do dos 
fusos
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Dia de trabalho de 12 horas
Horas 1- 6 Horas 7-12
BRUE, 2005
Trabalho necessário x trabalho 
excedente
• Necessário: produção da força de trabalho em 
determinada parte do dia de trabalho (ou se 
cada trabalhador trabalhasse apenas 6 horas 
por dia)
• Excedente: dia de trabalho que ia além do 
tempo de trabalho necessário.
HUNT, 2005
Mais-valia
• O capital em forma de mercadoria do 
capitalista estava dividido em capital 
constante e capital variável.
• Capital constante (c) : meios não-humanos de 
produção
• Capital variável (v) : parte do capital 
convertida em força de trabalho e que por isso 
muda o valor no processo de produção / força 
de trabalho que o capitalista comprava
HUNT, 2005
C = c + v
c = soma gasta com os meios de produção;
v = soma gasta com a força de trabalho
Após o processo de produção:
C’ = (c + v) + s
Onde ‘s’ representa a mais-valia
HUNT, 2005
Taxa de mais valia*
s = trabalho excedente
v trabalho necessário
A taxa de mais valia nos diz quantas horas o 
operário trabalhou para gerar lucros para o 
capitalista em relação a cada hora que ele 
trabalhou para gerar o valor equivalente à sua 
própria subsistência.
HUNT, 2005* Uma das formas de calcular
Taxa de mais-valia (%)
s’= tempo de trabalho não pago
tempo de trabalho pago
Outra definição -> A razão entre o tempo de trabalho 
não-pago e o tempo de trabalho pago.
• Dia de trabalho = 12 h
• Trabalho pago = 6h
BRUE, 2005
Exemplo
• Dia de trabalho = 12 h
• Valor de subsistência do trabalhador = 6h
tx = 6 /6 = 1 x 100 = 100%
O trabalhador trabalhou 1h para gerar lucros 
para o capitalista em relação a cada hora que 
trabalhou para si próprio.
HUNT, 2005
Exercício
• Dia de trabalho = 10 h
• Valor de subsistência do trabalhador = 4h
tx = ?
O trabalhador trabalhou _____ para gerar lucros 
para o capitalista em relação a cada hora que 
trabalhou para si próprio.
Taxa de mais-valia (%)
• Dia de trabalho = 15 h
• Trabalho pago = 6h
• s’ = 9 /6 = ?
• Dia de trabalho = 9 h
• Trabalho pago = 6h
• s’ = 3 /6 = ?
BRUE, 2005
Taxa de mais-valia (%)
• Dia de trabalho = 12h -> 10h
• Trabalho pago = 4h
• s’ = 6 /4 = 1,5 (ou 150%)
BRUE, 2005
Mais-valia Relativa e Mais-valia 
Absoluta
• Relativa = se nascer da redução do trabalho 
necessário (produtividade)
• Absoluta = se sua origem for a extensão da 
jornada de trabalho
OLIVEIRA & GENNARI, 2009
• A mais-valia absoluta: é a extraída pelo 
prolongamento da jornada de trabalho.
• A mais-valia relativa: é a produzida pela 
“contração do tempo de trabalho 
necessário” 
– A força produtiva do trabalho deve ser 
aumentada de modo que a produção da 
mesma quantidade de mercadorias exija uma 
menor quantidade de trabalho
• Outras indústrias devem adotar mesmo sistema, 
caso contrário...
Mais-valia absoluta x Mais-valia relativa
Mais-valia absoluta x Mais-valia 
relativa
• Mesmo que o dia de trabalho não fosse 
estendido, a mais-valia poderia ser 
aumentada melhorando-se a eficiência da 
produção e, portanto, reduzindo o valor da 
força de trabalho do trabalhador.
• Se as necessidades do trabalhador pudessem 
ser produzidas em um espaço de tempo 
menor, uma parcela maior do novo valor iria 
para o capitalista.
BRUE, 2005
Referências
• GASTALDI, J. Petrelli. Elementos de 
Economia Política.
• BRUE, S.L. História do pensamento 
econômico. São Paulo: CengageLearning, 2005
Referências
• BORCHARDT, Julian. O Capital – Karl 
Marx. 7a edição. 
• HUNT, E.K. Historia do Pensamento 
Econômico. Uma perspectiva crítica. 
Rio de Janeiro: Campus, 2005.Rio de 
Janeiro, Editora LTC, 1982.
Referências
• SANDRONI, Paulo. Dicionário de 
Economia do Século XXI. Rio de 
Janeiro: Record, 2009. 5ª edição 
revista.
• OLIVEIRA, R.; GENNARI, A.M. 
História do pensamento 
econômico. São Paulo: Saraiva, 
2009.
Referências
• CASTRO, Raul. Trabalho abstrato e 
trabalho concreto. Disponível em: 
http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario
/verbetes/traabstracon.html
• MARX, Karl. O Capital. Critica da 
Economia Política. Livro Primeiro. O 
Processo de Produção do Capital. 
Volume I. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2010.

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