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parafilias

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Ensino Clínico VI – Saúde Mental
Seminário de Saúde Mental
Transtornos Parafilicos 
Amanda Letícia J. Maria
Josielem da C. Gomes 
Thiago 	Isaias da Silva
Enfermagem 7º Período Matutino
A sexualidade, desejo fundamental do ser ocupa um lugar central em nossa condição existencial. Ela compreende três dimensões básicas: uma biológica que corresponde ao impulso sexual fisiológico, uma psicológica que diz respeito aos desejos eróticos e a vida afetiva, e outra cultural referindo-se ao comportamento e fantasias criados pela sociedade onde o individuo esta inserido. (Basson, 2006; Gregersen,1983)
 
 
 (Paulo Dalgalarrondo,2008)
 
Figura 1: Abraham Janssens, Hercules beginnt Bett Pan (1607)
Fonte: Google Imagens 
Assim como os transtornos de identidade de gênero as parafilias eram chamadas de “Perversões sexuais”, termo que deve ser abandonado já que associa-se com maldade, erro moral.
São transtornos de comportamentos sexuais caracterizados por padrões de fantasias e práticas sexuais particulares e em certas condições muito lesivas ao indivíduo e a terceiros. No caso das parafilias as fronteiras entre o normal e o patológico são complexas tendo em vista que envolvem questões morais ,fixar-se de forma intensa ou exclusiva e potencialmente lesiva a si e/ou outros.(Dalgalarrondo, 2008 pag.360)
 
Parafilias 
Alguns tipos são: 
Agorafilia: atração por copular em lugares abertos ou ao ar livre.
Asfixiofilia: prazer pela redução de oxigênio.
Exibicionismo: fetiche por exibir os órgãos genitais.
Sadismo: prazer erótico com o sofrimento alheio.
Sadomasoquismo: prazer por sofrer e, ao mesmo tempo, impingir dor a outrem.
Travestofilia: interesse sexual pelos travestis
Voyeurismo: prazer pela observação da intimidade de outras pessoas, que podem ou não estar nuas ou praticando sexo.
Zoofilia: prazer em relação sexual com animais.
 (APA,1994)
Figura 2: Octave Tassaert, La Femme Damnée (1859)
Fonte: Google Imagens
 Parafilias X Transtornos Parafilicos
Quando se fala em desejo sexual, o limite que separa o normal do patológico pode ser, muitas vezes, extremamente tênue, posto que nem sempre é fácil a descriminação entre o gostar e integrar determinada fantasia ou pratica, em meio a atividade sexual geral, e o fixa-se de forma intensa a um padrão sexual exclusivo e potencialmente lesivo para si ou para os outros. (Dalgalarrondo, 2008, pag. 360)
A intensidade dessas "variações do desejo" pode ser:
Mínima - relaciona-se mais à fantasia espontânea do que ao ato propriamente dito, não perturbando as atividades sexuais convencionais;
Acentuada - também acontece ao nível da fantasia mas, neste caso, o indivíduo é quem busca fantasiar, pois sabe que só assim conseguirá satisfazer às suas necessidades sexuais;
Preferencial - expressão da fantasia em atos reais, que são eleitos como a forma preferencial ou única para obter excitação erótica, interferindo assim na atividade sexual convencional.
Pedofilia 
A pedofilia segundo Dalgalarrondo caracteriza-se pela preferência em realizar atividades, fantasias, masturbação, jogos sexuais ou atividade sexual com penetração anal ou vaginal com crianças e/ou pré-púberes (em geral 13 anos ou menos). Pode ser homossexuais ou heterossexuais, sendo ambos da mesma família ou desconhecidos entre si.(Dalgalarrondo,2008 pag.360)
 
 
 (Paulo Dalgalarrondo,2008)
Fonte: Google Imagens 
Figura 3: Marie-Constance Mayer - The Sleep of Venus and Cupid (1806)
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DSMIV 302.2 CID10 F65.4
A. Por um período de pelo menos seis meses, fantasias sexualmente excitantes, impulsos sexuais ou comportamentos intensos e recorrentes envolvendo atividade sexual com criança ou crianças pré-púberes (em geral, 13 anos ou menos). 
B. O indivíduo coloca em prática esses impulsos sexuais, ou os impulsos ou as fantasias sexuais causam sofrimento intenso ou dificuldades interpessoais. 
C. O indivíduo tem, no mínimo, 16 anos de idade e é pelo menos cinco anos mais velho que a criança ou as crianças do Critério A. 
-Nota: Não incluir um indivíduo no fim da adolescência envolvido em relacionamento sexual contínuo com pessoa de 12 ou 13 anos de idade.
Características Associadas que Apoiam o Diagnóstico 
O uso intenso de pornografia que mostra crianças pré-púberes é um indicador diagnóstico útil do transtorno pedofílico. Trata-se de uma situação específica do caso geral de que os indivíduos podem optar pelo tipo de pornografia que corresponde a seus interesses sexuais. 
 
 (APA,1994)
DSMIV 302.2 CID10 F65.4
A prevalência na população do transtorno pedofílico é desconhecida. A prevalência mais alta possível para o transtorno entre os indivíduos do sexo masculino é de cerca de 3 a 5%. Nos do sexo feminino, a prevalência é ainda mais incerta, embora possivelmente seja uma fração pequena daquela observada no sexo masculino.
Caso não tratado as comorbidades psiquiátricas do transtorno pedofílico incluem transtornos por uso de substância, transtornos depressivo e bipolar, transtorno de ansiedade, transtorno da personalidade antissocial e outros transtornos parafílicos.
 
(APA,1994)
Figura 4: Mariana Leme, Ilustração Pedofilo 
Fonte: Google Imagens
Caso Clinico 
 Marcos* tem 52 anos, dois filhos adolescentes, uma esposa e um emprego. Foi diagnosticado pedófilo depois de ser Rastreado pela Polícia Federal, e preso em flagrante por ter vídeos de pedofilia em seu computador ficou na cadeia por pouco mais de um ano. O impulso começou na adolescência. “Eu achava que era normal para todas as pessoas.” Há cerca de dez anos, Marcos passou a acessar mais a internet e tudo piorou. “Fiquei um viciado nesse tipo de site. Como eu posso dizer? Eu virei um visitante, comecei a colecionar figurinhas. Comecei a ver vídeos de sexo envolvendo crianças.”
Ao ser solto, procurou ajuda. “Era muito constrangedor. Nas primeiras sessões, até para falar com o médico era muito difícil”. Hoje ele toma quatro tipos de medicação (antidepressivos em geral), além de fazer acompanhamento psiquiátrico. Foi muito importante, tanto o tratamento ambulatorial quanto o psicológico. Eu era compulsivo, assistia aos vídeos compulsivamente, masturbação compulsiva também. Acabou tudo isso” explica e fala do medo de não conseguir se controlar, “de virar um pervertido”
 
* Os nomes foram trocados para preservar as identidades dos entrevistados.
 (Sanchez, Giovana; Machado,Bruno. Pedófilo relata tentativas de tratar a doença e o medo do descontrole Em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/09/pedofilo-relata-tentativas-de-tratar-doenca-e-o-medo-do-descontrole.html. Acesso em 30 de maio de 2017)
- Como foi a reação quando o senhor contou para a sua esposa?
- Nossa, ela ficou arrasada. Na hora, ela não falou nada. Ela não teve palavras. Eu consegui conversar com ela na semana seguinte, já na prisão.
- O senhor tem alguma religião? Procurou ou já tinha?
- Eu já tinha, eu já era evangélico. Ajuda não tinha pedido para ninguém. É muito difícil pedir ajuda. Se eu falasse “eu sou ladrão” era mais fácil. Pedófilo não, porque o pedófilo já é estigmatizado mesmo. É um criminoso. Não é um doente, é um criminoso. (MARCUS*)
Figura 5: Filme O Lenhador
Fonte: Google
Imagens
Diagnostico e Intervenções de Enfermagem
NANDA Domínio 11. Segurança/Proteção Classe 3. Violência
Definição: Risco de comportamentos em que o indivíduo demonstra que é capaz de ser física, emocional/ e ou sexualmente prejudicial aos outros. (NANDA 2015-2016 Pag.425)
Intervenções de Enfermagem Sugeridas:
Modificação do Comportamento
Prevenção do Uso de Drogas
Controle do Ambiente: Prevenção contra Violência e Sobrecarga de estresse (NIC , Pag.66)
Domínio 10: Princípios da Vida Classe 3: Coerência entre Valores/Crenças/Atos
Definição: Resposta à incapacidade de pôr em prática as decisões/ações éticas/morais escolhidas caracterizada por Angústia (p. ex. ansiedade, medo) em relação a agir de acordo com a própria escolha moral relacionado a conflito na tomada de decisão
Intervenções de Enfermagem sugeridas
Apoio a tomada de decisão
Escuta ativamente(NANDA 2015-2016 Pag.370)
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NOC-RISCO DE VIOLÊNCIA DIRECIONADA A OUTROS
Resultados sugeridos Autocontenção de Comportamentos Abusivo:
Autocontrole da Agressividade
Autocontrole da Depressão
Autocontrole da Impulsividade
Autocontrole de Pensamento Distorcido (NOC Pag.462)
Medo (LIGAÇÕES NIC NOC aos DIAGNOSTICO da NANDA)
Definição: Resposta à ameaça percebida que é conscientemente reconhecida como um perigo.
Caracterizada por comportamento de ataque relacionado aos impulsos pedofilos
Intervenções principais
Redução da Ansiedade técnica para acalmar presença
Intervenções sugeridas
Apoio a tomada de decisão
Controle do ambiente: segurança
Escutar ativamente (Ligações NIC NOC AOS DIAGNOSTICO do NANDA Pag.174)
Sentimento de impotência (LIGAÇÕES NIC NOC aos DIAGNOSTICO da NANDA)
Definição: Convicção de que o indivíduo é capaz de influenciar resultados de saúde
Intervenções sugeridas
Apoio a tomada de decisão facilitação da autorresponsabilidade
Controle do humor
Terapia ocupacional
Identificação de risco
Registro de ações
Controle de medicamentos(Ligações NIC NOC AOS DIAGNOSTICO do NANDA Pag.158)
Tratamento
O tratamento psicoterápico e farmacológico. A terapia visa identificar os elementos associados aos comportamentos parafílicos e desenvolver estratégias de relacionamento mais adequadas associada a medicamentos que inibem a libido, controlando assim a atividade sexual desviante e colaborando com a psicoterapia. O paciente deve ser incentivado ao tratamento, sem o qual os resultados são reduzidos. É indispensável fazer o acompanhamento a longo prazo.(Abdo ,2010);(Oliveira et al,2007)
Os medicamentos mais utilizados são os inibidores de recaptação de serotonina-ISRS (fluoxetina , sertralina,paroxetina) e os estabilizadores de humor. Outros medicamentos podem ser administrados, desde que o paciente tolere seus efeitos, como os tricíclicos . A terapia hormonal também pode ser utilizada, e não tem como alvo a inibição do desejo. objetivo não é deixar o indivíduo impotente. As medicações servem para controlar o impulso altamente desviado e proporcionar a oportunidade de ele redimensionar as escolhas através da modificação das fantasias sexuais. Em outros países o uso de antiandrogenos é utilizada , no Brasil esses medicamentos são proibidos para este fim. A educação sexual pela família é fundamental para o desenvolvimento afetivo sexual saudável e a prevenção desses transtornos.(Abdo ,2010) ,(Oliveira et al,2007)
Os objetivos gerais do tratamento das parafilias podem ser :
Controlar as fantasias e os comportamentos parafílicos;
Controlar os impulsos e as pulsões sexuais;
Diminuir o nível de estresse e prejuízo dos pacientes com parafilias:
Diminuir a vitimização (Hanson et al.,2002; Marques et al., 2005)
Figura 6: Tabela Tratamento para Parafilia
Seja pelo estigma, pela culpa, pela falta de acesso ao tratamento ou por não se considerarem doentes, o fato é que poucos pedófilos buscam ajuda. Os programas de atendimento ainda são tímidos e não têm divulgação devido à reprovação social.
É muito comum vermos a expressão “Pedofilia é Crime” de forma equivocada dissociada na mídia, já que aquela é uma doença passiva de tratamento e controle. O diagnóstico de parafilia não supõe por si mesmo uma modificação da imputabilidade. Tais condutas estarem catalogadas como doença mental, não quer dizer que não haja lugar à sanção penal, dado que o ordenamento jurídico tem os seus próprios critérios, segundo os quais só algumas das pessoas portadoras de doença mental, pela natureza ou intensidade desta, podem ser suscetíveis a que se reconheça sua irresponsabilidade penal”. (GONÇALVES, GRAÇA, ALMEIDA, VIEIRA, 2013).
Conclusão
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Conclusão
Assim, ao final do desenvolvimento deste seminário, ambos os acadêmicos envolvidos conseguiram perceber que para o tratamento da pedofilia ser efetivo é necessário que a equipe de enfermagem dispa-se do estigma moral que existe sobre a doença e trabalhe o engajamento do paciente no tratamento incentivando a reinserção social respeitando seus limites e dificuldades.
Fonte: Google Imagens
Figura 7: Mariana Leme, Ilustração Pedofilo 
Referencias Bibliográficas 
Sanchez, Giovana; Machado, Bruno. ‘’Pedófilo relata tentativas de tratar a doença e o medo do descontrole’’ Disponível em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/09/pedofilo-relata-tentativas-de-tratar-doenca-e-o-medo-do-descontrole.html acesso em 31 de Maio de 2017
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos Transtornos Mentais. 2.ª ed. 2008.
NANDA(Diagnóstico de enfermagem)2015/2017
Ligações NANDA NOC –NIC 2012
PAULA, VERONICA M. “PEDOFILIA CRIME OU DOENÇA? A FALSA SENSAÇÃO DE IMPUNIDADE”. Disponível em: https://eduardocabette.jusbrasil.com.br/artigos/121937989/pedofilia-crime-ou-doença acesso em 31 de Maio de 2017
Lima,Crisvane; Ribeiro,Edinilma; Ferreira,Thaís C. “Pedofilia: um olhar do pedófilo” Disponive e: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-juridica/pedofilia-um-olhar-do-pedofilo acesso em 31 de Maio de 2017
LENHADOR o. Direção: Nicole Kassell. EUA: [S.n.], 2004. 1 DVD (87 min).

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