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O RESGATE DO ANIMISMO NA MODERNIDADE

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O RESGATE DO ANIMISMO NA MODERNIDADE
Focaremos agora no animismo presente na pintura neolítica pré-histórica e nas relações existentes entre o mesmo e o movimento artístico de vanguarda denominado futurismo. É certo que tal relação produza certa estranheza a princípio, já que um é sobre o passado e o outro é sobre o futuro, mas é fato que há uma aproximação entre ambos. De que forma? É o que trataremos no decorrer do texto explanando sobre as características individuais e depois as semelhanças.
É preciso reconhecer o que se envolve quando se trata de animismo na arte. Na pré-história o animismo surge quando a humanidade está enfrentando profundas transformações no seu espaço físico e na sua estrutura social, agora sedentária, refletindo sobre a percepção do homem que se descobre como parte de um mundo dual, onde existe a matéria e o espirito, espírito este que está por traz da força que movimenta todas as coisas, como também toda a vida, trazendo para o homem pré-histórico a preocupação com o além da matéria, com o além da vida e com o além do que lhe é visível. A ideia dessa vida e deste movimento produz na pintura neolítica da pré-história a tendência a abstrair, criando um mundo estilizado e idealizado, como diz Hauser e com a utilização de símbolos como forma de simplificação. 
De forma mais direta, podemos dizer que se reconhece o animismo na pintura neolítica por meio da abstração, geometria na expressão, leveza do traço com intenção de dar movimento, utilização de símbolos a fim de apenas transmitir uma ideia, sem detalhes, simbologia essa que mais tarde daria início a linguagem escrita. Todo esse dinamismo traduz se na pintura como um sopro de vida e movimentação e nos mostra como o homem passa a intelectualizar e racionalizar em arte.
Quanto ao futurismo, tanto suas expressões arquitetônicas quanto pinturas, esculturas e obras literárias trazem consigo algumas características gerais. O futurismo é um dos movimentos de vanguarda europeia, e surge no início do século XX com o manifesto publicado no Le Fígaro de Paris, em fevereiro de 1909, pelo italiano Filippo Tommaso Marinetti no qual ele escreve: o esplendor do mundo se enriqueceu com uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de carreira é mais belo que a Vitória de Samotrácia. O futurismo é uma negação ao antigo, reafirmando todas as mudanças causadas pelas revoluções industriais e suas consequências no modo de viver e se organizar na sociedade e no espaço
 O futurismo é a concretização desta pesquisa no espaço bidimensional. Procura-se neste estilo expressar o movimento real, registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele no espaço. (CHIPP, 1993). 
Por exemplo, a arquitetura além de usar os traços para dar ideia de movimento às construções também “se volta para responder de forma técnica racional e funcional ao modo de vida de um tempo novo, que levou à construção exigências de maior pragmatismo (higiene, iluminação, saúde, ventilação, conforto), onde o interesse das massas se sobrepõe ao interesse individual” (CHIPP, 1993). Aqui no Brasil, temos o arquiteto que projetou Brasília: Oscar Niemeyer com todo o movimento, racionalização e a higiene de suas projeções.
Marinetti também produziu literatura futurista:
Feito este apanhado geral, podemos agora relacionar animismo e futurismo. Algo chama bastante atenção quando começamos a comparar: quando Marinetti refere-se a Vitória Samotrácia, e sendo essa obra naturalista, ele quebra com esse estilo da mesma forma que há uma quebra na arte quando vamos do paleolítico (estilo naturalista) para o neolítico. O ponto principal que liga os dois estilos é o movimento, tanto a pintura neolítica quanto a arte futurista apresentam nos a ideia de dinamismo, com traços leves que parecem não concluídos, usando abstração, sobreposições. A natureza dos dois traz consigo um primor pela vivacidade da obra, concluímos isso pelo uso de cores “vulgares” em ambos e elementos racionalizados que pretendem transmitir uma ideia de forma essencial, como o movimento dos animais no período neolítico ou a rapidez de um automóvel na era industrial, que também nos revela a semelhança entre a retratação do cotidiano. Basta observar as obras futuristas e perceber o movimento e a vida neles. Há importante fator social tanto no animismo quanto no futurismo, que refletem uma série de transformações no aspecto de estrutura física e social.
Além disso, da mesma forma que o futurismo e o cubismo, o animismo e o geometrismo dialogam, o cubismo e o geometrismo, fazendo o uso de elementos geométricos com as linhas e as formas geométricas em si. Algo que também se assemelha é a linguagem pré-escrita do período neolítico e a literatura futurista. A ideia da literatura futurista de rapidez e o uso de símbolos atualmente é predominante na nossa linguagem escrita corriqueira que faz uso intenso de abreviações e símbolos (os famosos emojis). Há um paralelismo, se não pensarmos anacronicamente, entre a representação simbólica pré-histórica e a ideia de representação simbólica e rápida do futurismo.
Por fim, no contexto histórico de ambos, as duas formas de fazer arte, provem de mudanças que rompem com o modo de vida, quebrando de forma fundamental com antigos hábitos, abrindo novos horizontes e construindo um novo rumo para a história. A pré-história acaba quando a escrita surge, e esta é fruto dos processos artísticos do período neolítico. O futurismo abre espaço para repensar a escrita e faz parte do que culminou na linguagem cibernética tão difundida em tempos atuais. 
Autora: Dóris Karoline Rocha da Costa
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HAUSER, A. (1951). História social da arte e da literatura. 2ª edição. São Paulo: Martins Fontes (2000). 1032 p.
JASON, H.W.; JASON, A.F. (1996). Iniciação a história da arte. 2ª edição. São Paulo: Martins Fontes (1996). 475p.
CHIPP, H.B. (1988). Teorias da Arte Moderna. 1ª edição. São Paulo: Martins Fontes (1988). 675 p

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