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DIREITO E MORAL TEORIAS RELACIONADAS

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CURSO DE DIREITO
Nome do aluno
DIREITO E MORAL: TEORIAS RELACIONADAS
Trabalho apresentado a Faculdade________, como requisito para obtenção de nota na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito.
Professor: ___________.
JOÃO PESSOA
2017
INTRODUÇÃO
Há bastante tempo juristas buscam colocar em campos distintos o direito e a moral, mas há o entendimento de que não há uma verdadeira separação para esses sistemas normativos, dentro dessa perspectiva podem está no máximo um pouco afastados um do outro, porém nunca completamente separados. 
Considerando esse contexto, o objetivo geral da pesquisa se norteou em investigar as definições de Direito e Moral procurando, principalmente, destacar em quais pontos estes se distinguem. Quanto aos objetivos específicos, consistiram em reconhecer e distinguir as diversas concepções das relações do Direito e da Moral estabelecida nas teorias dos círculos, discutir como as questões morais interferem na formação do Direito, e por fim ressaltar a relevância da interdisciplinaridade em trabalhos científicos. 
Cabe destacar que o intuito principal deste artigo científico foi oferecer uma resposta ao problema de pesquisa, que por sua vez é o núcleo de investigação. Para a elaboração da pesquisa, a metodologia adotada foi o levantamento de dados bibliográficos para obter bases para o estudo e análise de artigos científicos, confrontando-os em busca de respostas coerentes ao problema proposto.
 Em suma, uma reflexão constante sobre como de distingue o Direito da Moral, conclui-se à medida que esse tipo de procedimento teórico contribui para a formação de novas gerações de juristas e também para a crítica dos conhecimentos adquiridos por eles.
Dessa forma, tanto a moral quanto o direito sempre caminham lado a lado e com objetivos semelhantes, pois há elementos comuns entre eles. Ambos estão juntos na mesma sociedade, ou seja, o direito e a moral pressupõem a existência de uma sociedade para se efetivar. E esta sociedade depende do direito e da moral para existir, pois, sem as suas regras os indivíduos não conviveriam harmonicamente. Ou seja, direito e moral buscam realizar o mesmo objetivo na vida social: a regulação dos interesses e vontades particulares para que os indivíduos possam viver em equilíbrio. 
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 CARACTERÍSTICAS RELEVANTES DO DIREITO E DA MORAL
O Direito é uma ciência que estuda as normas necessárias para a manutenção da vida em sociedade. São as regras que viabilizam a convivência humana, pois ditam a forma de como se deve processar, bem como proíbe certas atitudes que "dificultam" a vida em sociedade (NADER, 1996).
A moral por sua vez, é espontânea e autônoma, brotando de uma consciência coletiva, de ordem voluntária. O direito é obrigatório e heterônomo. A Heteronomia do direito consiste na imposição das regras jurídicas por terceiros, independente da nossa adesão ou opinião.
Compete agora verificar, se o Direito limita-se a abranger regras puramente de cunho Moral. Na verdade, existem normas jurídicas que nascem de preceitos morais estabelecidos pelos costumes de um determinado povo e em determinada época. Há situações em que há um campo comum em que o Direito e a Moral, um ponto comum onde existem regras de ordenamento jurídico e de caráter Moral, ou seja, há um grande número de questões sociais que estão inseridas em ambos setores, a exemplo da assistência devida aos ascendentes que é um preceito de ordem jurídica e, simultaneamente, de ordem Moral. 
Segundo Reale (2002), é interessante notar como os "grandes" preceitos morais são também preceitos jurídicos, e preceitos morais de hoje poderão transformar-se em novos preceitos jurídicos de amanhã. 
No que se referem a questões impositivas, as normas da Moral não são regras coercivas, sendo o seu cumprimento relativo, no qual dependente do caráter de cada pessoa. Os valores morais são próprios da consciência de cada indivíduo, cabendo a este julgar o que considera certo ou errado, tolerável ou intolerável. 
Entretanto, existem normas que os indivíduos são obrigados a cumprir, uma vez que possuem um caráter imperativo, pois tratam sobre condutas consideradas fundamentais para o funcionamento normal da vida em sociedade. São regras e condutas que tem como objetivo o bem estar coletivo, manutenção da ordem social e o equilíbrio das relações humanas e, assim, não estão subordinadas ao livre arbítrio individual. 
Nesse sentindo afirma Reale (2002), que o Direito impõe regras de conduta que devem ser observadas, valendo-se até mesmo da força coercitiva para assegurar o seu cumprimento.
2.2 DIFERENÇAS ENTRE DIREITO E MORAL 
Atualmente inúmeros critérios são utilizados para distinção entre Direito e Moral, sendo essas de ordem formal e material (que diz respeito ao conteúdo).No ponto de vista formal pode-se verificar as seguintes distinções: 
O Direito é bilateral, enquanto a moral é unilateral. Essa distinção relaciona-se ao fato de que o Direito, ao conceder direitos, da mesma forma impõe obrigações, sendo, pois uma via de mão dupla. Já a moral não, suas regras são simplificadas, impondo tão somente deveres, e o que se espera dos indivíduos é a obediência as suas regras. 
Exterioridade e Interioridade: entende-se que o Direito é externo por se ocupar das atitudes externalizadas dos indivíduos, não devendo se atuar no campo da consciência, somente quando necessário para averiguar determinada conduta. 
Já a moral se destina influenciar diretamente a consciência do indivíduo, de forma a evitar que as condutas incorretas sejam externalizadas, e quando forem, deverá ser objeto de análise somente para se aferir a intenção do indivíduo. Vale dizer que esse critério não atingiria a moral social. 
Autonomia e Heteronomia: Na moral a adesão às regras se dá de forma autônoma, ou seja, o indivíduo tem a opção de querer ou não aceitar aquelas regras. É, portanto, um querer espontâneo. Importante registrar que esse critério também não atinge a moral social. Já com o Direito ocorre de forma diversa, pois o indivíduo se submete a uma vontade maior, alheia à sua.
Coercibilidade do Direito e Incoercibilidade da moral: O Direito tem como uma de suas características mais marcantes a coercibilidade, ou seja, o indivíduo deverá obedecer às normas por temer a imposição de uma penalidade que será certamente exercida pela força estatal. Em relação a moral essa característica não observada, já que não há instrumentos punitivos para aqueles que não observam as suas regras. Dessa maneira, nota-se que a moral social, apesar de não possuir caráter punitivo, constrange os indivíduos a cumprirem as suas regras, desestimulando o descumprimento. 
2.3 TEORIAS DA COMPREENSÃO DO DIREITO E DA MORAL 
			
Na Teoria dos Círculos Secantes, segundo afirma de Claude de Pasqueir, há uma intersecção entre diversos pontos entre direito e moral, ou seja, Direito interligado na Moral, mas, ao mesmo tempo, com faixas independentes. Desse modo, o Direito e a Moral não se separam, pois há um campo de competência comum onde há regras com qualidade jurídica e que têm caráter moral. Toda norma jurídica tem conteúdo moral, mas nem todo conteúdo moral tem conteúdo jurídico.
Já a Teoria do Mínimo Ético (desenvolvida a partir dos circulos concêntricos) que foi exposta pelo filósofo inglês Jeremias Bentham e depois desenvolvida pelo grande jurista alemão Georg Jellinek, afirmam que o Direito deveria conter o menor número possível de regras morais, somente aquelas que forem indispensáveis ao equilíbrio das relações. Pode-se dizer que essa teoria se opõe ao pensamento do máximo ético, que se expressa na adoção pelo Direito de uma grande parte da moral, para que as relações sociais sejam reguladas de forma mais próxima à consciência dos indivíduos.
De acordo com a Teoria dos Círculos Independentes (separação entre o Direito e a Moral) onde Thomasius (1655-1728) afirma que não há ponto de contato entre as esferas analisadas. A Moral é um conjunto de regras que regula a esferaíntima dos seres humanos, sendo aplicável apenas no nível da consciência. O Direito, por sua vez, é um conjunto de regras que regula a esfera externa dos comportamentos humanos, ou seja, a manifestação e a concretização desses comportamentos.
Ainda afirmando a separação entre Direito e Moral, podemos apontar o jurista Hans Kelsen (1881-1973), onde sua visão se difere da percepção de Thomasius. Para Kelsen, não há qualquer diferença essencial entre as esferas. As regras morais são em tudo idênticas às normas jurídicas, salvo por um aspecto, por assim dizer, externo: as normas jurídicas são as normas morais com maior condição de se impor socialmente de modo eficaz. Ainda, ele adota o princípio da relatividade da moral, admitindo que toda sociedade diversos conjuntos de regras morais, que podem julgar o direito de modos diversos. Um grupo social, que adota sua moral própria, pode considerar uma regra jurídica justa, já outro grupo da mesma sociedade, adotando outra moral, pode considerar tal regra jurídica injusta.
CONCLUSÃO
Pôde-se concluir que ao término das análises realizadas sobre as diferenças entre o Direito e a Moral, é de grande relevância para a compreensão do fenômeno jurídico. Portanto, é importante afirmar que a justiça age em algumas questões sobre padrões da conduta moral, porém esses mesmos padrões não são de maneira alguma absolutos. 
Torna-se necessário evidenciar que talvez algum ato ou ação, pode ser vista como correta por algum indivíduo e já por outro, esta mesma ação é vista como incorreta. Então cabe ao Direito delimitar sobre o que cada indivíduo pensa, impondo, assim, regras obrigatórias, pois a violação das normas jurídicas resultaria no caos social, pois só a força do ordenamento jurídico é capaz de assegurar a ordem social.
Em síntese, as três teorias buscam explicar as relações entre as normas jurídicas e as normas morais. A Teoria do Mínimo Ético defende que as normas morais mais importantes são transformadas em normas jurídicas. A Teoria da Separação do Direito e da Moral afirma que não há ponto de relação necessário entre ambos os campos. Já a Teoria dos Círculos Secantes, elaborada por Du Pasquier, afirma que Direito e Moral tem uma faixa de competência em comum e, ao mesmo tempo, uma área de particular independência.
Considerando as diversas teorias, concluímos que a Teoria dos Círculos Secantes revela ser a mais adequada para mostrar em que campo de atuação está a Moral e o Direito. Visto que o Direito e Moral coexistem, mas não se separam, pois há um campo de competência comum onde existem regras com qualidade jurídica e que têm caráter moral. Contudo, há normas jurídicas que tem conteúdo moral, mas nem todo conteúdo moral tem conteúdo jurídico. 
Há casos que são de competência da moral como a gratidão, e outros de evidentemente de competência jurídica, como o divórcio e prazos processuais, onde cabe ao Direito julgar a decisão mais correta considerando a legislação vigente no país. 
Portanto, entende-se que o Direito, apesar de se distinguir cientificamente da Moral é enormemente influenciado por ela e dela recebe valorosa contribuição para realizar suas ponderações. 
REFERÊNCIAS
BETIOLI, Antonio Bento. Introdução ao Direito. São Paulo: Saraiva, 2011.
NADER, Paulo. Introdução ao estudo do direito. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996.
LIMA, Hermes. Introdução à Ciência do Direito. 32. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,2000.
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
REALLE, M. Lições Preliminares de Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

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