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Análise antropológica do filme ''O elo perdido'', Man to man

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Entre as muitas ciências que têm por objeto o ser humano, a antropologia – “ciência do homem”, segundo a etimologia – é o estudo do ponto de vista das características biológicas e culturais dos diversos grupos em que se distribui o gênero humano, pesquisando com especial interesse, exatamente as diferenças. A antropologia surgiu aproximadamente no início do séc. XIX por causa do pensamento que imperava na época: o iluminismo era o sinal de que o homem poderia tudo e a máquina transformaria a matéria (ele pensou e transformou a realidade construindo a máquina). Darwin surgiu com a evolução das espécies, onde o homem se transformaria ao longo dos séculos: transformação biológica. As ciências humanas buscariam nas ciências biológicas o status cientifico. Darwin organizaria as ideias numa contemporaneidade e falava que as espécies evoluiriam, consequentemente a sociedade também.
No filme ‘’O Elo perdido’’ desenrola-se o enredo da trajetória de um casal de pigmeus (caracterizados como selvagens e anões), que são capturados durante uma expedição na África Central pelo médico Jamie Dodd juntamente com a antropóloga Elena. Foram levados para o Reino Unido para serem submetidos a estudo por três cientistas, Jamie Dodd, Alexander e Fraser, na busca de explicar a origem humana. Percebe-se aqui, a antropologia científica no uso dos pigmeus como objeto de estudo.
Pode-se notar que o processo de adaptação dos anões não é positivo, devido ao choque cultural que ocorre com os pigmeus ao estarem diante de um ambiente e pessoas totalmente desconhecidas. Daí surgem as dificuldades de assimilação, fazendo com que os pigmeus reajam de maneira selvagem e agressiva. O choque cultural em grande parte das vezes é analisado do ponto de vista do turista para com o novo lugar como se observa nas atitudes de Toko e Likola para com os cientistas. Apresenta-se uma relação de poder e inferioridade entre o observador sobre seu objeto de estudo, - o que agrava ainda mais o comportamento feroz dos pigmeus-, que, preenchidos por uma sensação de estranhamento, passam a demonstrar ações violentas e animalescas. Todavia, isso é inteligível, visto que, essas reações nada mais eram resultado de uma vida primitiva e isolada na floresta, para com a expedição de homens modernos, com os quais aquele povo nunca havia tido contado, além de estarem sendo mantidos presos e terem sua cultura ignorada.
No próximo momento do filme surge então a chamada “antropologia biológica”, quando, a partir de estudos, experiências, desenhos e análise de medidas a partir do crânio e estatura para comparar com as medidas humanas e de seus ancestrais, os cientistas encontram o que haviam esperado e acreditam ter encontrado “o elo perdido entre os macacos e a espécie humana”, “o primeiro galho que cresceu na árvore humana”. Contudo. Jamie Dodd começa a perceber nas atitudes de Toko e Likola características que o fazem crer que por trás da animalidade dos pigmeus existia inteligência e sensibilidade, cria-se então um vínculo entre eles. Essas percepções do Dr. Dodd são totalmente ignoradas, Toko e Likola são expostos à academia de ciências contra sua vontade e retratados como seres inferiores, irracionais e selvagens. Após Dr. Dodd reencontrar Toko e Likola, arma em um zoológico onde os pigmeus encontram-se expostos ao público uma forma de retirar a imagem irracional e selvagem dos pigmeus, organizando uma espécie de atuação, onde os pigmeus seguem ordens do Jamie que interpreta um domador que dita as atividades a serem executadas por eles que agradou muito ao público, no desenrolar da cena Dr. Dodd é surpreendido com o que é interpretado como um imprevisto, onde o casal revolta-se contra Jamie causando uma inversão dos papéis, assumindo eles o papel de domadores e levando-o até onde ele assume o papel de espécie em exposição, com suas características tidas como as superiores expostas em um cartaz de identificação: homem, caucasiano, 30 anos, Liokola e Toko fecham ‘’a cena’’ fazendo pose e portando arma, daí, fica desconstruída a imagem de irracionais, após interpretarem essa encenação, as pessoas que estão no zoológico logo percebem capacidade de raciocínio e inteligência por partes dos pigmeus. Alexander descobre que Likola está grávida e tenta retirar o feto da criança para servir de estudo, Toko morre após defender Likola atacando o cientista Alexander. Impedida de ser tocada pelos cientistas por conta da gravidez, Likola não servirá mais como objeto de estudo e é levada de volta à África onde segue com sua vida e tem seu filho ao lado dos outros pigmeus e demais africanos de sua tribo.
Por fim, para não nos perdemos devemos ter consciência e levarmos em consideração que, como dito no trecho do livro “Aprender Antropologia” do autor François Laplantine: O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única. O Dr. Dodd foi capaz de reconhecer isso no filme e por isso tornou-se digno de confiança dos pigmeus e tornou-se um “treinador de selvagens”, o qual nada mais utilizava-se além da empatia para se aproximar e permitir afeto reciproco a partir de seus amigos pigmeus Toko e Likola entendendo-os como únicos e também dignos de respeito e consideração como quaisquer outros, independente de cultura.
O surgimento da Antropologia mostra-se semelhante em suas teorias assim como no filme, quando aborda o objetivo de provar por meio de uma teoria “O elo perdido entre o macaco e o ser humano”, com base na comparação das evoluções das espécies que serão estudadas pelos cientistas e o choque de culturas ocorre quando Likola e Toko encontra-se em meio ao desconhecido, como também as outras pessoas ao conhecerem e entrar em contato com seres supostamente primitivos.

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