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APOSTILA CONSTITUCIONAL II

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	ESTADOS MEMBROS
Surgiram no Brasil em 1.889 com a República, as províncias passaram a ser chamadas de Estados Membros.
É um ente política, pessoa de Direito Público interno dotado de autonomia e componente da Federação.
A CF assegura autonomia aos Estados federados que se consubstancia na sua capacidade de auto-organização, de autogoverno e de auto-administração (art. 18, 25 e 28).
Auto- organização é a capacidade de fazerem suas próprias leis e regerem-se por elas.(art. 25)
Autogoverno é a capacidade de escolherem seus governantes e a possibilidade deles de gerirem o negócio do Estado de acordo com os interesses e peculiaridades locais. (característica retirada quando da intervenção)
Auto-administração é a possibilidade do Estado manter e administrar os serviços públicos de interesse local.
Poder Constituinte Estadual
Os Estados são regidos também por sua própria constituição, que só é possível porque os Estados estão munidos de um Poder Constituinte Decorrente, que nasce do Poder Constituinte Originário. Este é fonte da CF, é poder supremo, soberano; aquele é apenas autônomo e deve obedecer os princípios constitucionais estabelecidos (aqueles que limitam a autonomia organizatória dos Estados membros e Municípios, isto é, revelam previamente a forma de sua organização social, econômica e política). Ex.: art. 61, §1o, II.
No Brasil, o Constituinte Estadual sempre se exprimiu por via de Assembléia Constituinte Estadual. Quando assim não se procedeu, foi porque a CF, proveniente de movimento autoritário, determinara que os Estados reformassem seus Constituições para adaptá-las àquela (CF 67), ou, ainda, mandara que suas disposições se incorporassem ao direito constitucional dos Estados (CF 69).
A CF de 88, nesse ponto, não previu a convocação de Assembléias Constituintes com poderes especiais para elaborarem suas constituições. Por ela, a Assembléia Nacional Constituinte reconheceu às Assembléias Legislativas, eleitas com ela em 1986, poderes constituintes, para elaborar a Constituição do Estado (ADCT, art. 11 - Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta.)
Competências dos Estados Membros
Ordinariamente são as remanescentes ou reservadas (art. 25, §1o). Existem também:
comuns (art. 23)
concorrentes (art. 24)
suplementares (art. 24, § 2o)
expressas – em matéria tributária (no caso de impostos). Quando tratar-se de imposição de taxas e melhorias é concorrente.
Autoridades Próprias
São membros dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, escolhidos dentro do Estado membro. São eles:
- Governador – eleito por membros do Estado.
- Deputado Estadual – eleito por membros do Estado.
- Juizes – autoridades locais, concursados dentro do Estado Membro.
Poder Legislativo Estadual
A Assembléia Legislativa é o órgão do Poder Legislativo estadual, que, nos Estados é unicameral. Compõem-se de Deputados, representantes do povo do Estado, eleitos diretamente pelo sistema proporcional, para um mandato de 4 anos.
O número de Deputados à Assembléia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 36, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze (Art. 27). Exemplo, será de 24 o número de Deputados Estaduais se existirem 8 Deputados Federais. Mas, se a representação de determinado Estado, na Câmara Federal, for de 42 Deputados, o número de Deputados Estaduais terá 36 mais quantos forem os Deputados Federais eleitos acima de 12: ou seja, extraiam-se 12 de 42 e some-se o resultado a 36, ter-se-á 36 + (42-12) = 66.
Poder Executivo Estadual
É exercido pelo Governador do Estado, eleito para um mandato de 4 anos, por sufrágio universal e voto direto e secreto em eleição que se realize 90 dias antes do término do mandato de seu antecessor. (art.77). Seus secretários detêm cargos de confiança.
Os impedimentos do Governador decorrem da natureza de suas atribuições, assim como ocorre com o Presidente, independentemente de previsão especificada na Constituição do Estado. Art. 28, 38 e 37, XVI.
Poder Judiciário Estadual
O constituinte estadual é livre para estruturar sua Justiça, desde que preveja o Tribunal de Justiça como órgão de cúpula da organização judiciária estadual, crie os juizados especiais e a justiça de paz, designe juiz de entrância especial com competência para dirimir litígios agrários e mantenha o tribunal do júri (arts. 93, III; 96, I e II, 98 e 125). Poderá criar ou não Tribunal de Alçada, criar ou não Justiça Militar, por proposta do Tribunal de Justiça, descentralizar seu sistema judiciário com tribunais de segunda instância em regiões do interior.
A Justiça estadual compreende, tribunais de segunda instância e juizes de primeira. O Tribunal de Justiça compõem-se de desembargadores em número e atribuições determinados na constituição de cada Estado. Os Tribunais de Alçada, se houver, compõem-se de juizes.
Intervenção nos Municípios
A intervenção estadual nos municípios tem a mesma característica de excepcionalidade da intervenção federal, pois a regra é a autonomia do município e a exceção é a intervenção em sua autonomia política, somente nos casos taxativamente previstos na CF (art. 35), sem qualquer possibilidade de ampliação pelo legislador estadual. Por ser ato político, somente o governador do Estado pode decretá-la, dependendo da hipótese do art. 35, IV, de ação julgada procedente pelo Tribunal de Justiça.
Trata-se de intervenção de ofício nos casos dos incisos I, II, e III, e de provimento do Tribunal de Justiça no caso do inciso IV.
Cada Estado Membro diz como se procede a intervenção do Estado no Município, devendo ocorrer somente nos casos do art. 35, acarretando, se não seguido esses requisitos, uma ação de inconstitucionalidade.
Não poderá o Estado intervir em Municípios que não mais faça parte da jurisdição.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
I – deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;
II – não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III – não tiver sido aplicado mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino;
IV – o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
MUNICÍPIOS
Autogoverno; auto administração e auto organização = autonomia
Art. 29 – previsão de Lei Orgânica = lei de estruturação do Município. Editada em conformidade a CF e Constituição Estadual. Lei máxima do ordenamento jurídico do Município.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
CF não faz expressamente aos Municípios referência ao poder constituinte decorrente. Somente faz aos Estados no caput do art. 11 ADTC
Inviolabilidade – imunidade material – palavras, opiniões e votos (dentro do território do município)
Foro privilegiado para crimes penais – prerrogativa de foro = prefeito TJ se crime comum, TRF se for crime federal ou TER se eleitoral.
Art. 30, I a IX,competências aos Municípios pela CF
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental; 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Competências dos Municípios
exclusiva (art. 30, I)
suplementar (art. 30, II)
comum (art. 23)
 
Art. 30. Compete aos Municípios:
I – legislar sobre assuntos de interesse local (interesse do Município, para se saber se o interesse é local, será estudado na CF. sobre de quem seja esse interesse)
II – suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (editar normas específicas para os municípios, acolhendo normas da União, Estados, tendo que se adequar a essas normas)
III – instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; (a competência tributária é expressa na Constituição Municipal, são elencados exclusivamente nas matérias de impostos, e são matérias concorrentes em relação a taxas de contribuição de melhorias).
IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; (podem criar distritos, observada a Constituição Estadual)
V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial. (organiza a prestação de serviços de transporte coletivo, sanepar, indiretamente, através de concessão; aos servidores públicos federais, transporte coletivo internacional, ex. BR – PY –AG, os tratados internacionais, cabe a União elaborar as taxas/tarifas). 
VI – manter com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré escolar e de ensino fundamental;
VII –prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII – promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle de uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; (controlar a legislação predial, loteamento, zona do subsolo, altura máxima dos prédios em zona urbana, tamanhos e formas dos terrenos, etc.)
IX – promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual
 
A lei federal não revoga lei municipal ou estadual quando estão tratando da mesma matéria. Aquela só trata da matéria até um certo limite, e a determinação das competências garante que não haja invasão de competências. Quando, por exemplo, uma lei federal manda cobrar tarifa de R$ 1,00 e a lei municipal manda que se cobre R$ 1,50, aquela não revogará está que ficará apenas suspensa. (art. 24, § 4o).
Observa-se porém, que a CF pode revogar lei estadual ou municipal, pois é a lei suprema, e é sobre ela que se funda todo o ordenamento jurídico.
O Poder Legislativo Municipal tem a incumbência de legislar e fiscalizar as Contas Públicas do Município.
A Câmara Municipal é o órgão do Poder Legislativo local, e tem suas atribuições discriminadas pela lei orgânica do respectivo município.
A sua função legislativa é exercida com a participação do Prefeito, e por meio dela se estabelecem as leis municipais, e se cumpre, no âmbito local, o princípio da legalidade a que se submete a Administração.
A sua função fiscalizadora é de grande relevância, tanto que é prevista na CF, e no Projeto, que declara que a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios será exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo, com auxílio do Tribunal de Contas do Estado (órgão auxiliar do Poder Legislativo) ou do Conselho ou Tribunal de Contas do Município, se houver. A atividade fiscalizadora da Câmara efetiva-se mediante vários mecanismos, tais como pedido de informações ao Prefeito, convocação de auxiliares diretos deste, investigação mediante comissão especial de inquérito, tomada e julgamento das contas do Prefeito, observando-se que só por voto de dois terços de seus membros pode ela rejeitar o parecer prévio do Tribunal de Contas competente.
Nota-se que o município não tem Poder Judiciário.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.
 - Poder Executivo – âmbito interno (secretário de controle interno)
 - Poder Legislativo – âmbito externo (tribunal de contas, câmara municipal de vereadores)
§ 1º. O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver; (no caso de Foz do Iguaçu, o controle é feito pelo Tribunal de Contas do Estado, sendo órgão auxiliar para com todos os poderes legislativos)
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal (O Tribunal de Contas do Estado emite um parecer a favor ou contra as contas. A Câmara Municipal é que vai decidir se as contas estão aprovadas ou não, com a decisão de no mínimo 2/3 dos membros da Câmara Municipal, aprovando do Tribunal e dando parecer favorável as contas. A rejeição das contas pode levar a inelegibilidade do cidadão, esta conseqüência não é explícita na CF, ou seja, ela não cita, a lei que o faz é a Lei Complementar 64/90, que em ser art. 1o cita que o governante será inelegível por 5 anos, a partir da publicação da resolução da Câmara. A aceitação não acarreta nada ao governante)
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei (qualquer contribuinte poderá ter acesso as contas públicas)
§ 4º. É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais (a partir da promulgação da CF, é vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou Órgãos de Contas Municipais, quem já tinha preserva, mas quem não tinha não poderá criar)
DISTRITO FEDERAL
	Suas raízes remontam ao Direito Americano: uma porção de terra desprovida de autonomia política, afim de evitar perturbações de qualquer ordem na sede do governo da União. Esta porção de território era governada por delegação do Presidente, afim de evitar o constrangimento de um governo local avesso ao federal.
	Esta idéia perdeu força com o tempo, e a CF de 88 transformou o DF em um super estado, que passou a ter autonomia e é ao mesmo tempo mais e menos do que um Estado membro. É mais, pois titulariza tudo o que um Estado e um Município podem fazer (art. 32, § 1o), e é menos porque sua polícia, organização, defensoria judiciária, etc. são regidas pela União. (art. 21, XIII, 22, XVII; 32, § 4o).
	“ É pessoa jurídica de Direito Público Interno, tendo auto governo, auto administração e auto organização. Ao mesmo tempo é um Estado e um Município ”.
	O DF não é regido por uma constituição municipal, e sim por uma Lei Orgânica Distrital, que é uma espécie de constituição. Assim não se pode falar que o DF não tem poder constituinte decorrente, mesmo que este não se manifeste tão fortemente como nos Estados-membros.
	O órgão do Poder Legislativodenomina-se Câmara Legislativa (soma de Câmara Municipal e Assembléia Legislativa). Seus deputados não são estaduais, e sim distritais, eleitos na forma do art. 27.
	Brasília é o Distrito Federal, não podendo ser dividida em Municípios. O Governador atua como Governador Estadual e Prefeito; não há vereadores e sim Deputados Distritais (que fazem as vezes de vereadores e Deputados Estaduais).
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votadas em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois Terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidas os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º. Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios. (pode fazer tudo o que compete aos Estados e Municípios, podendo cobrar tributos estaduais, municipais; elege deputado distrital e 3 senadores)
§ 2º. O eleição do Governador e do Vice Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração. (não há eleição para Prefeito, os deputados distritais serão eleitos junto com os Governadores).
§ 3º. Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art.27;
§ 4º. Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar.
TERRITÓRIOS
	Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar (art. 18, §2o). Dessa forma, não são componentes da Federação, pois constituem simples descentralizações administrativas-territoriais da própria União, e consequentemente receberam da CF tratamento compatível com sua natureza.
	Observa-se que, na data de promulgação da constituição existiam três territórios: Fernando de Noronha, Amapá e Roraima. Essa situação foi resolvida pelo Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Assim, Roraima e Amapá foram transformados em Estados Federados, mantidos seus atuais limites geográficos e instalados com a posse dos governadores eleitos em 1990 (art. 84, XIV) - (ADCT, art. 14). Fernando de Noronha foi extinto, sendo sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco (ADCT, art. 15).
	Os territórios poderão eleger Deputados Federais (art. 45, §2o).
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1º. Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título.
§ 2º. As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União.
§ 3º. Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instâncias, membros do M. P. e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
	A divisão funcional do poder consiste em repartir o exercício do poder político por vários órgãos diferentes, e constitui, ao lado da divisão territorial do poder e da outorga de prerrogativas aos cidadãos contra o Estado (direito e garantias individuais), uma forma de limitação de poder. No dizer de Manuel G.F. Filho, “a separação de poderes consiste em distinguir as três funções estatais (Legislação, Administração e Jurisdição) e distribuí-las à três órgãos, reciprocamente autônomos, que as exercerão com exclusividade ou, ao menos, preponderantemente.”
	A especialização funcional e a independência orgânica caracterizam a independência entre os três poderes. Aquela, quer dizer que cada órgão é especializado no exercício de determinada função; esta significa ausência de meios de subordinação entre os órgãos e caracteriza-se por três fatores:
investidura e permanência das pessoas em um dos órgãos não depende da vontade e nem da confiança dos outros.
no exercício das atribuições que lhes são próprias, não precisam seus titulares consultar os outros, nem necessitam de autorização.
na organização dos respectivos serviços, cada um é livre, observados apenas os preceitos legais e constitucionais.
A harmonia existente entre os Poderes é caracterizada pela cortesia no trato recíproco (significa que tem que haver respeito entre os órgãos) e pelas prerrogativas inerentes às pessoas que compõem aqueles órgãos. Esta harmonia é garantida pelo sistema de freios e contrapesos, que é dado para que a divisão de funções entre os órgãos e nem sua independência sejam absolutos entre si, se for eles podem extrapolar os princípios constitucionais, prejudicando os demais. Existem interferências recíprocas em busca do equilíbrio necessário à realização do bem coletivo, indispensável para evitar o arbítrio e o desmando de um em detrimento de outro, e/ou dos governados. Ex.: possibilidade de impeachment.
Poder Executivo (Art. 76 a 91)
O Poder Executivo constitui órgão constitucional cuja função precípua e a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de administração.
Além de administrar a coisa pública (função típica), também legisla (art. 62 – MP) e julga (contencioso administrativo), no exercício de suas funções atípicas.
 Chefe de Estado e Chefe de Governo
Na estrutura do Poder Executivo verifica-se a existência de duas funções primordiais diversas: Chefe de Estado e Chefe de Governo.
Nossa CF, expressamente adotou o presidencialismo, proclamando a junção destas duas funções, a serem realizadas pelo Presidente da República (art. 84).
Assim, como chefe de Estado, o presidente representa pois nas suas relações internacionais (art. 84, VII, VIII, XIX), bem como corporifica a unidade interna do Estado.
Como chefe de Governo, a função presidencial corresponde à representação interna, na gerência dos negócios internos, tanto os de natureza política, como nos de natureza eminentemente administrativa (art. 84, I, II, III, IV, V, VI, IX a XXVII). Assim, o chefe de Governo exercerá a liderança política nacional, pela orientação das decisões gerais e pela direção da máquina administrativa.
	Resumidamente, podemos definir:
Chefe de Estado – representa a unidade estatal, colocando-se acima das lutas políticas. Deve, no caso de uma crise política, agir cautelosamente e zelar tão somente pela continuidade do Estado e harmonia entre seus poderes.
Chefe de Governo – imprime as diretrizes políticas que deverão ser obedecidas pela burocracia que integra os quadros do Executivo. É quem efetivamente governa, e responde politicamente por seus atos perante o parlamento.
Observa-se que pela acumulação ou divisão destas funções, é possível saber qual foi o sistema de governo adotado. Quando há o acúmulo, o legislador constituinte adotou o presidencialismo ou, há a existência de uma ditadura. Porém, se as funções são divididas, estaremos falando de uma Monarquia ou Parlamentarismo, cuja função de chefe de Estado é exercida pelo Monarca ou Presidente, e a de Chefe de Governo é exercida pelo Primeiro Ministro que chefia o gabinete.
Órgãos Auxiliares do Presidente da República:
Ministros de Estados
Conselho da República
Conselho de Defesa Nacional
Os Ministros de Estado são em nosso regime meros auxiliares do Presidente, que os pode nomear ou demitir livremente, pois trata-se de cargo de confiança. Não devem ser confundidos com os Ministros dos Tribunais Superiores, pois estes são vitalícios e integrantes do Poder Judiciário.
As funções dos Ministros de Estado são descritas pela própria CF, que estabelece a ele competir, como principal atribuição, exercer orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente.
Sobre esta última função,existe uma divergência na doutrina que parte da seguinte pergunta: se um Ministro negar-se a referendar um ato ou decreto do Presidente, o que acontecerá?
Observe-se que, em um ponto, a doutrina é pacífica: se o Ministro referendar o ato ou decreto, ele se solidariza com o Presidente, ou seja, reponde também, pelo ato ou decreto. Mas caso ele se negue a referendar:
o ato ou decreto não entra no mundo jurídico, ele seria nulo. O referendo é entendido como um requisito formal, que é essencial para a validade do ato. É certo que, por ser de livre nomeação Presidencial, o Ministro que não concordar com a conduta do Presidente, negando-se a referendá-la, deverá deixar o cargo, a pedido ou de ofício. (Michel Temer e Alexandre de Moraes)
o referendo não seria requisito formal para a validade do ato ou decreto, assim, este teria plena aplicação, entrando para o mundo jurídico. O referendo nesta hipótese, é visto como uma solidarização ou não por parte do Ministro com o ato ou decreto do Presidente; é apenas isso. (José A. Silva).
Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente composto pelo Vice-presidente; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado Federal; os líderes da maioria e minoria na Câmara dos Deputados; líderes da maioria e minoria no Senado Federal; o Ministro da Justiça e seus cidadãos brasileiros natos. (deverão ter mais de 35 anos, e serão dois nomeados pelo Presidente, dois eleitos pelo Senado e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução).
A CF estabelece as funções do Conselho em seu art. 90, que deverá ser regulamentado e organizado por meio de lei, para pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio e as questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.
Conselho de Defesa Nacional é órgão de consulta do Presidente nos assuntos relacionados com a soberania nacional e a defesa do Estado democrático (art. 91), sendo composto pelo Vice-presidente, o Presidente da Câmara dos deputados; o Presidente do Senado Federal; o Ministro da Justiça; o Ministro de Estado da Defesa; Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica; Ministro das Relações Exteriores e Ministro do Planejamento.
Vacância da Presidência da República
Ao Vice-presidente cabe substituir o Presidente, nos casos de impedimento (é temporário, casos de doença, férias ou licença) e suceder-lhe no caso de vacância.
Serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência: o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal, se ocorrer o impedimento concomitante do Presidente ou do Vice ou no caso de vacância de ambos ou cargos. Nesta última hipótese, convocar-se-á eleição direta para noventa dias depois da última vaga, se esta ocorrer nos dois primeiros anos de mandato presidencial. Mas, se a vacância ocorrer nos dois últimos anos, a eleição será indireta. Em qualquer dos casos, os eleitos simplesmente completarão o período dos seus antecessores.
Os substitutos eventuais do Chefe do Executivo quando convocados exercem normalmente os poderes e atribuições do Presidente (por exemplo: sanção, veto, edição de MP, nomeação de Ministro de Estado, iniciativa de lei, etc).
Resumindo:
O Vice-presidente, no caso de vacância do cargo de Presidente, assumirá e completará o mandato, independentemente do lapso temporal faltante. O cargo de Vice-presidente ficará vago. Então, quando estiver vago um dos cargos, não há nova eleição.
Os Presidentes da Câmara, do Senado ou STF, somente assumirão no caso da vacância dos cargos de Presidente e Vice, sempre em caráter temporário. E neste caso haverá nova eleição, que será:
- direta – se a vacância ocorrer nos primeiros 2 anos.
- indireta – se a vacância ocorrer nos últimos 2 anos.
	
	Observa-se então que é possível a eleição indireta no Brasil (âmbitos federal, estadual e municipal) quando ocorrer simultaneamente a vacância nos cargos de Chefe do Executivo e Vice nos dois últimos anos de mandato (Presidente e Vice-presidente; Governador e Vice-governador; Prefeito e Vice-prefeito).
	Além da função de substituição e sucessão (art. 79 e 80) do Presidente, ao Vice-presidente são atribuídas pela CF outras funções: participação nos Conselhos da República (art. 89, I) e de Defesa Nacional (art. 91, I); eventuais atribuições estabelecidas pela lei complementar prevista no art. 79, § único, da CF; auxiliar o Presidente, nos termos do art. 79, sempre que por ele convocado para missões especiais.
	Poder Regulamentar do Presidente
	A CF, em seu art. 84, IV, prevê que compete privativamente ao Presidente, expedir decretos e regulamentos para fiel execução da lei.
	Os regulamentos, portanto, são normas expedidas privativamente pelo Presidente, cuja finalidade principal é facilitar a execução das leis, removendo eventuais obstáculos práticos que podem surgir em sua aplicação e se exteriorizam por meio de um decreto, sendo pois, importante fonte do Direito administrativo. O regulamento é um ato administrativo com conteúdo normativo.
	Os regulamentos são regras jurídicas gerais, abstratas, impessoais, em desenvolvimento da lei, referentes à organização e ação do Estado, enquanto poder público. Editados pelo Poder Executivo, visam tornar efetivo o cumprimento da lei, propiciando facilidades para que a lei seja fielmente executada. É que as leis devem ser redigidas em termos gerais, não só para abranger a totalidade das relações que nelas incidem, senão também, para poderem ser aplicadas, com flexibilidade correspondente, às mutações de fato das quais estas mesmas relações resultam. Por isso, as leis não devem descer a detalhes. Os regulamentos é que serão detalhistas, sem alterar nem o texto, nem o espírito das leis que regulamentarão, pois são nestas que estão eles fundamentados.
	Assim, se um regulamento extravasa a lei que está regulamentando, ele será ilegal. Nota-se que não será inconstitucional, pois está baseado diretamente na lei, e não na constituição.
	O regulamento não vincula os particulares, pois só a lei pode gerar direitos e obrigações à estes. Porém, na medida que um regulamento imponha um meio de se satisfazer uma obrigação, aí sim, pode vincular o administrado.
	O regulamento é aplicado através de decreto do Chefe do Executivo. O decreto regulamentar, em 95% dos casos estará vinculado à uma lei, ou seja, será baseado em uma lei. Mas, recentemente tem-se admitido o decreto regulamentar autônomo, que regula diretamente um dispositivo constitucional, desde que este não seja de competência do Legislativo, pois se o for, o regulamento será inconstitucional, e neste específico caso, pode ser objeto de ADIN.
	Observa-se que o Presidente regulamenta as leis federais, os Governadores regulamentarão as leis estaduais, enquanto que as leis municipais, serão regulamentadas pelos Prefeitos.
	Crimes de Responsabilidade
São infrações político-administrativas definidas na legislação federal, cometidas no desempenho da função, que atentam contra a existência da União, o livre exercício dos Poderes de Estado, a segurança interna do país, a probidade da Administração, a lei orçamentaria, o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o cumprimento das leis e decisões judiciais.
O art. 85, prevê um rol meramente exemplificativo dos crimes de responsabilidade, pois o Presidente poderá ser responsabilizado por todos os atos atentatórios à CF, passíveis de enquadramento idêntico ao referido rol, desde que haja previsão legal.
Observe-se que os crimes comuns não devem ser confundidos com os crimes de responsabilidade, aqueles são definidos pela legislação penal e os agentes criminosos são julgados por órgão do Poder Judiciário, estes são praticados por pessoas que ocupam determinadas funções públicas, que são julgadas por órgão do Poder Legislativo e lhes são aplicadas uma das duas sanções autônomas entre si (ou as duas) previstas no art. 52, §único: perda do cargo e inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública.
Esta última, compreende todas as funções públicas, sejam as derivadas de concursos públicos, sejam as de confiança, ou mesmo os mandados eletivos. 
O Presidente possui imunidades formais em relação ao processo, pois da mesma fora que os parlamentares, somente poderá ser processado, seja por crime comum ou de responsabilidade, após o juízo de admissibilidade da Câmara dos Deputados. E também, em relação à prisão, pois não poderá ser preso nas infrações penais comuns, enquanto não sobrevier sentença condenatória, como preceitua a CF (art. 86, § 3o).
Além disso, o Presidente, na vigência de seu mandato, não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções, ou seja, se ele cometer um crime antes do mandato, não poderá ser processado durante a sua vigência, mas só depois de seu término. 
A CF também prevê para o Presidente prerrogativa de foro, pois só o STF poderá processá-lo e julgá-lo por crimes comuns (art. 102, I, b) e somente o Senado Federal poderá processá-lo e julgá-lo pelos crimes de responsabilidade.
O processo dos crimes de responsabilidade e dos comuns cometidos pelo Presidente da República divide-se em duas partes: juízo de admissibilidade do processo e processo e julgamento.
O processo de responsabilidade inicia-se na Câmara dos Deputados para declarar a procedência ou não da acusação. Se declarada procedente (por dois terços da Câmara dos Deputados), far-se-á julgamento pelo Senado Federal. (Art. 52, § único). 
A admissibilidade feita pela Câmara dos Deputados, autorizando a abertura do processo, vincula o Senado Federal no sentido de instaurar-se o devido processo legal para a apuração de crime de responsabilidade, impedindo-lhe, neste momento inicial, qualquer discricionariedade política. Quando se tratar de crime comum, o presidente será julgado pelo STF. (art. 86 caput, § 1o, I e II).
Em relação aos Governadores de Estado e do DF é pacificamente entendida a existência da imunidade formal em relação ao processo, desde que haja expressa previsão das respectivas Constituições Estaduais (se não houver previsão expressa, o rito é normal), que somente poderão ser processados e julgados por crimes comuns ou de responsabilidade, após a autorização da Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa (DF).
Quando se tratar de imunidade formal relativa a outros aspectos, como por exemplo da prisão, não há qualquer aplicabilidade em relação aos chefes dos poderes executivos estaduais.
Quanto aos chefes dos poderes executivos municipais, estes não tem nenhuma imunidade formal, salvo a prerrogativa de foro (TJ).
Poder Judiciário (art. 92 a 126)
Ao lado da função de legislar e administrar (atípicas), o Estado exerce a função de julgar, ou seja, a função jurisdicional (típica), consistente na imposição da validade do ordenamento jurídico, de forma coativa, toda vez que houver necessidade, pois trata-se de um poder inerte, que somente atua quando houver provocação da parte interessada (Princípio da Inércia do Poder Judiciário).
Assim, o poder judiciário age quando existe um litígio decorrente da aplicação da lei, esta então, será aplicada de forma definitiva (quando não cabe mais recurso a decisão passa a ser definitiva e não comporta, em regra, mais nenhuma discussão sobre o mesmo assunto. Exceção a este aspecto é o caso de “alimentos”, quando há uma revisão sobre o caso, por mudança de situação econômica de alguma das partes) e coercitiva (a lei é aplicada querendo-se ou não).
Quando tratamos de suas funções atípicas, estamos nos referindo às funções de legislar e administrar. Legisla, por exemplo, quando edita os regulamentos internos de seus Tribunais; administra quando nomeia ou exonera seus funcionários, ou quando administra os recursos financeiros que recebe do Poder Executivo (este é que faz o repasse de verbas).
Em função do princípio federativo que rege o nosso ordenamento, existe uma bipartição no Poder Judiciário (Federal ou Estadual) . Para determinar se a matéria é de competência do Poder Judiciário Federal ou do Poder Judiciário Estadual, é necessário avaliar o pacto normativo referente ao interesse da matéria à determinada entidade. Aquela julga todas as matérias que dizem respeito aos interesses da União, e esta julgará todas as matérias que não interessam à União.
A justiça pode ser ainda: especializada (trata de matérias específicas) ou comum (trata das matérias que não são de competência da justiça especializada). As matérias específicas são aquelas referentes à Justiça do Trabalho, à Justiça Eleitoral e à Justiça Militar.
Justiça do Trabalho – trata de questões relacionadas com o Direito do Trabalho, ou melhor, da relação de emprego entre patrões e empregados regidos pela CLT. Nota-se que quando a relação patrão-empregado é estatutária deve ser tratada pela Justiça Comum (Estadual ou Federal).
Justiça Eleitoral – trata de toda a matéria eleitoral (eleições, crimes eleitorais, inscrição de eleitores, habilitação de candidatos, etc.)
Justiça Militar – trata de crimes militares, definidos assim, pelo Código Penal Militar. (nota-se que o crime de homicídio doloso não é mais considerado como crime militar, assim, será julgado quem o comete, pela Justiça Comum (estadual ou federal).
O Poder Judiciário federal detém:
Justiça do Trabalho (JT)
Justiça Eleitoral (JE)
Justiça Militar (JM)
Justiça Comum Federal (JCF)
O Poder Judiciário estadual detém:
Justiça Militar Estadual (JME)
Justiça Comum Estadual (JCE)
Observa-se que no caso da Justiça Militar e da Justiça Comum, ela pode ser estadual (quando o militar for do Estado – bombeiro) ou federal (quando o militar for da União).
Assim, o que não for de competência da Justiça específica (matéria trabalhista, eleitoral ou militar), será de competência comum (federal ou estadual)
As competências da Justiça Comum Estadual são remanescentes, ou seja, todas as matérias que não forem atribuídas à Justiça Comum Federal (art. 109), serão de competência daquela.
Quando ocorrer situações em que estiverem envolvidas competências da Justiça Estadual e da Justiça Federal, esta ficará encarregada de julgar o caso (ex.: pessoa difama policiais militares e policiais federais).
Situações em que haja conflito negativo de competências, ou seja, uma Justiça julga que o caso não é de sua competência e a outra faz o mesmo julgamento, fica a cargo do STJ indicar qual das duas irá julgar o caso (ex: circunstância em que a Justiça Estadual entende que se trata de contrabando, assim seria competência da Justiça Federal. Esta, por sua vez, entende que não houve contrabando, mas sim, tráfico de entorpecentes, sendo então de competência da Justiça Estadual)
Supremo Tribunal Federal
É o órgão máximo do Poder Judiciário, sendo o único Tribunal Supremo no Brasil. Sua função principal é a guarda da CF. 
O STF é composto por 11 juízes, denominados de Ministros, que são escolhidos pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (art. 52, III, a – art. 101). Para ser escolhido, deve haver primeiro a abertura de vaga no STF (morte, exoneração, condenação por crime, perda de cargo, aposentadoria voluntária ou compulsória. Sendo esta última a causa principal de abertura de vagas do STF) e além disso, o indivíduo deve preencher requisitos objetivos (maior de 35 e menor de 65 anos, brasileiro nato e cidadão) e subjetivos (conduta ilibada e notório saber jurídico). 
A partir da nomeação, o ministro passa a ser vitalício, ou seja, só perde o cargo em razão de sentença judicial.
As matérias de competência do STF constam no art. 102, especificadas em dois grupos:
competência originária – as que lhe cabe processar e julgar originariamente, ou sejam como juízo único (atua em 1a instância) e definitivo (em regra as decisões do STF são irrecorríveis, pois não há órgão acima dele, mas excepcionalmentepode haver novo julgamento por uma divergência existente entre as próprias turmas que compõem o STF) e são as questões relacionadas no inciso I do art. 102. Observe-se que no caso da alínea e deste inciso, não está citado o litígio entre Estado estrangeiro e município, assim, quando este ocorrer será de competência originária da Justiça Federal, e não do STF.
Competência recursal – quando atua como órgão revisor de decisões proferidas por outros órgãos do Poder Judiciário. Esta competência recursal pode ser ordinária (inciso II) ou extraordinária ( inciso III).
Superior Tribunal de Justiça
Exerce o controle da inteireza positiva, da autoridade e da uniformidade de interpretação da lei federal, assim, quando afirma-se que o STF é o guardião da CF, podemos afirmar também que, o STJ é o guardião do ordenamento jurídico federal.
É composto de, no mínimo 33 ministros escolhidos pelo Presidente depois de aprovada a escolha pela maioria simples (art. 47 e art. 104) do Senado Federal. Estes Ministros obrigatoriamente devem estar divididos:
1/3 de juízes dos TRFs
1/3 de desembargadores dos TJs
1/3 dividido da seguinte maneira:
- 1/6 de advogados
- 1/6 de membros do Ministério Público Federal, Estadual e Distrital.
	No caso dos juízes dos TRFs e TJs o próprio STJ elaborará lista tríplice, livremente, e a enviará para o Presidente.
	No caso, porém, dos advogados e membros do MP, serão preparadas listas sêxtuplas por cada instituição (OAB federal ou MP), que as encaminhará ao STJ, que elaborará lista tríplice a ser encaminhada ao Presidente.
	O cargo de Ministro do STJ exige dos candidatos o preenchimento de requisitos objetivos (35 a 65 anos, brasileiro nato ou naturalizado) e subjetivos (notável saber jurídico e reputação ilibada).
As competências do STJ são definidas no art. 105 da CF e podem ser divididas em dois grandes grupos, conforme a maneira de acionar o STJ: originária (art. 105, I) e recursal (art. 105, II e III).
Assim, será originária quando o STJ for acionado diretamente, através de ações que lhe caiba processar e julgar originariamente. Nestes casos, o Tribunal analisará a questão em única instância. 
Porém, igualmente, pode-se chegar ao STJ através de recursos ordinários constitucionais ou especiais (competência recursal). Neste casos, o Tribunal analisará a questão em última instância.
Justiça Federal
A CF estabelece que são órgãos da Justiça Federal: os TRFs e os Juízes Federais.
Os TRFs compõem-se de, no mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República entre brasileiros com mais de 30 anos e menos de 65 anos, aplicando-se a regra do quinto constitucional (art. 94).
Assim, um quinto dos membros dos TRFs deverá ser escolhido entre advogados, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de 10 anos de carreira. Os demais serão formados, mediante promoção de juízes federais com mais de 5 anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente (art. 107).
A competência da Justiça Federal vem taxativamente prevista na CF, e pode ser originária (art. 108, I) e recursal (art. 108, II).
Os assuntos que competem aos juízes federais processar e julgar vem arrolados no art. 109.
Justiça Comum Estadual
	Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos na CF, que fixa alguns preceitos de observância obrigatória: (art. 125)
a competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do TJ.
A instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão.
A possibilidade de criação por lei estadual, mediante proposta do TJ, da Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos Conselhos de Justiça e, em segundo, pelo próprio TJ, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo da polícia militar seja superior a 20.000 integrantes, com competência para processar e julgar os policiais militares e bombeiros militares nos crimes militares definidos em lei, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente e dos oficiais e da graduação das praças.
Designação por parte do TJ de juízes de entrância especial, que sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio, com competência exclusiva para questões agrárias.
Aplicabilidade de regra na composição dos Tribunais Estaduais, segundo a qual um quinto dos lugares dos Tribunais de Estado e do DF e Territórios será composto de membros do MP, com mais de 10 anos de carreiras, e advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos 20 dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para a nomeação.
Importante salientar que a regra constitucional prevê expressamente a obrigatoriedade de que 1/5 dos assentos nos Tribunais Estaduais, distritais e TRFs, independentemente da composição do respectivo tribunal ser ou não múltiplo de cinco, seja composto por advogados e membros do MP. Assim, se a divisão dos membros de um determinado tribunal estadual, distrital ou regional federal por cinco não resultar em um número inteiro, o arredondamento sempre deverá ser para cima, sob pena de consagrar-se uma sub-representação dos membros do MP e dos advogados, em flagrante inconstitucionalidade. Por exemplo: dividindo-se por cinco os cargos de um Tribunal composto por 12 membros, chega-se ao número de 2,4. Assim, para atender ao preceito constitucional, as vagas destinadas ao membros do MP e advogados devem ser arredondadas para 3, pois se fossem 2, não estaria atendendo o preceito constitucional, por estar abaixo de 1/5 dos assentos do tribunal.
Não é obrigatória a existência de TA (compostos por juízes de alçadas), diferentemente dos TJ (desembargadores). Nota-se que quando há em um Estado TJ e TA, não há hierarquia jurisdicional entre eles, ou seja, nenhum deles irá revisar decisões do outro, porém, existe a hierarquia administrativa, estando o TA abaixo do TJ.
O juiz que compõe o TJ obrigatoriamente já compôs um TA.
Justiça do Trabalho
Seus órgãos são: TST, TRT e os Juízes do Trabalho. A competência da Justiça do Trabalho vêm descrita no art. 114 da CF.
Tribunal Superior do Trabalho 
O TST compõe-se de 17 Ministros togados e vitalícios, escolhidos dentre brasileiros (nato ou naturalizados) com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo Presidente após aprovação pelo Senado Federal, dos quais:
11 escolhidos dentre juízes dos TRTs, integrantes da carreira da magistratura trabalhista
3 dentre advogados
3 dentre membros do MP do Trabalho.
No caso dos 11 juízes de carreira, o próprio TST elaborará lista tríplice e encaminhará ao Presidente para escolha. No caso dos advogados e membros do MP, cada uma das carreiras encaminhará lista sêxtupla ao TST, observados os requisitos do art. 94 da CF, que elaborará lista tríplice, encaminhando-se ao Presidente, que procederá a escolha.
Estes Ministros do TST, só serão nomeados pelo Presidente, depois de aprovados por maioria simples (art. 111, § 1o e art. 47) pelo Senado Federal.
Tribunais Regionais do Trabalho (art. 115)
Serão compostos de juízes nomeados pelo Presidente, respeitada a propocionalidade estabelecida pelo art. 111, §2o da CF.
Os juízes do trabalho chegarão aos TRTs, escolhidos por promoção, alternadamente, por antigüidade e merecimento.
Entretanto, os advogados e membros do MP do Trabalho ingressarão no TRT, obedecido o disposto no art. 94, ou seja, desde que tenham mais de 10 anos de carreira,e de advogados de notório saber jurídico e reputação ilibada, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Sendo que recebidas as indicações, o TRT formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um dos seus integrantes para a nomeação.
Haverá pelo menos um TRT em cada Estado e no DF. (art. 112)
A EC no 24/99, extinguiu a participação classista temporária de representantes de empregados e empregadores na Justiça Trabalhista, inclusive na 1a instância, transformando as Juntas de Conciliação e Julgamento, antigos órgãos colegiados, em Varas do Trabalho, cuja jurisdição será exercida por juiz singular. (art. 116)
A lei instituirá as Varas do Trabalho, podendo, nas comarcas onde não forem instituídas, atribuir sua jurisdição aos juízes de direito.
Justiça Eleitoral
	São órgãos da Justiça Eleitoral: o TSE, os TREs e os Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais. (art. 118).
	Tribunal Superior Eleitoral
	É composto por 7 juízes, sendo:
3 entre os Ministros do STF
2 entre os Ministros do STJ
2 entre advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral.
A nomeação, em relação aos Ministros do STF e do STJ, decorrerá de eleição mediante voto secreto, nos próprios Tribunais, para escolha dos juízes eleitorais.
Em relação aos dois juízes/advogados, o STF elaborará lista sêxtupla e a encaminhará ao Presidente, que nomeará dois, não havendo necessidade de aprovação do Senado.
Obrigatoriamente o Presidente e Vice-presidente do TSE serão ministros do STF, eleitos pelos 7 juízes eleitorais e o Corregedor Eleitoral será Ministro do STJ, igualmente eleito. (art. 119).
A lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais (art. 121).
Tribunal Regional Eleitoral
Art. 120 - Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na capital de cada Estado e no Distrito Federal, que serão compostos, mediante eleição e voto secreto, de:
2 entre os desembargadores do TJ
2 entre juízes de direito, escolhidos pelo TJ (juízes estaduais)
1 juiz do TRF com sede na Capital do Estado ou no DF, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo.
por nomeação, pelo Presidente da República, de 2 juizes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. 
Em respeito ao princípio da independência do Poder Judiciário, o próprio TRE elegerá seu Presidente e Vice-presidente, fixando a CF que a escolha deverá recair entre seus membros desembargadores; além disso, garante-se que os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e nos que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis.
A fim de preservar a imparcialidade do Judiciário, seus membros servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.
São irrecorríveis as decisões do TSE, salvo as que contrariarem a CF e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança.
Em relação aos TREs, somente caberá recurso quando suas decisões forem proferidas contra disposição expressa da CF ou de lei; ocorrer divergências na interpretação da lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção.
Justiça Militar
	A CF determina que a Justiça Militar será composta do STM, dos TMs e dos Juízes Militares instituídos por lei, que a organizará, competindo-lhe processar e julgar os crimes militares definidos em lei. (art. 122 e 124)
	Superior Tribunal Militar
	São previstas regras especiais, que não consagram a regra genérica do quinto constitucional.
	O STM compor-se-á de 15 Ministros, sendo: (art. 123)
10 militares (oficiais generais), divididos da seguinte maneira:
- 3 entre oficiais-generais da Marinha (Almirante), da ativa e do posto mais elevado da carreira.
- 4 entre oficiais-generais do Exército (Comandante), da ativa e do posto mais elevado da carreira.
- 3 entre oficiais-generais da Aeronáutica (Brigadeiro), da ativa e do posto mais elevado da carreira.
5 civis, sendo três advogados, um juiz auditor e um membro do MP Militar.
A CF somente prevê requisitos especiais para os ministros civis: maiores de 35 anos, ser brasileiro nato ou naturalizado; notório saber jurídico e conduta ilibada, no caso das vagas para três advogados; 10 anos de efetiva atividade profissional, igualmente, no casos das vagas para os três advogados.
Importante ressaltar que no caso dos 10 Ministros escolhidos entre oficiais das Forças Armadas, seguem-se os requisitos necessários para que atinjam a patente de oficiais-generais, entre eles, serem brasileiros natos (art. 12, § 3o, VI).
O Presidente, livremente, ou seja, não há necessidade de lista tríplice ou sêxtupla, apontará o candidato, respeitada a proporção constitucional, que será sabatinado pelo Senado Federal. Após a aprovação, por maioria simples, o Presidente o nomeará.
Garantias do Poder Judiciário
Existem as garantias inerentes ao Poder Judiciário (Art. 99) e as inerentes à Magistratura (art. 95) que não devem ser confundidas, pois estas são concedidas apenas ao juízes.
As garantias inerentes ao Poder Judiciário referem-se à autonomia funcional, administrativa e financeira, pois os Tribunais têm autogoverno e devem elaborar suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias.
Além disso, é o próprio Judiciário quem organiza suas secretarias e serviços auxiliares e os juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; dá provimento, na forma prevista na CF, ao cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; propõe a criação de novas varas judiciárias; dá provimento, por concurso público de provas, ou provas de títulos, aos cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos por lei; concede licença, férias e afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados. (art. 96).
Os magistrados (art. 93) possuem constitucionalmente as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio, assim como os membros do MP, pois sua independência pressupõe uma caráter externo, relativo aos órgãos ou entidades estranhas ao Poder Judiciário, e um caráter interno, ou seja, independência dos membros perante os órgãos ou entidades pertencentes à própria organização judiciária.
Essas garantias concedidas aos magistrados devem ser vistas como uma maneira de evitar que os juízes não sejam justos e imparciais (garantias de imparcialidade – art. 95, § único, I, II, III) em suas decisões, é acima de tudo, uma garantia concedida à toda coletividade.
Vitaliciedade – o juiz somente poderá perder seu cargo por decisão judicial transitada em julgado. (não deve ser confundida com estabilidade, pois neste caso o funcionário estável pode perder o cargo através de um processo administrativo disciplinar). A vitaliciedade somente é adquirida após o chamado estágio probatório, ou seja, após 2 anos de efetivo exercício da carreira, mediante aprovação no concurso de provas e títulos. Os magistrados dos Tribunais Superiores, do STF, ou mesmo os advogados e membros do MP que ingressam nos Tribunais Estaduais ou Federais pelo quinto constitucional adquirem vitaliciedade imediatamente no momento da posse.
Inamovibilidade – uma vez titular do respectivo cargo, o juiz somente poderá ser removido ou promovido por iniciativaprópria, nunca ex officio de qualquer outra autoridade, salvo em uma única exceção constitucional por motivo de interesse público (art. 93, VIII e 95, II) e pelo voto de 2/3 do órgão competente.
Irredutibilidade de subsídios – o salário do magistrado não pode ser reduzido como forma de pressão, garantindo-lhe assim o livre exercício de suas atribuições. Observa-se porém, que não existe a possibilidade de atualização monetária.
Art. 93 - Lei Complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
I – ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, através de concurso público de provas e títulos, com a participação d Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; 
II – promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade (mais antigo ao requerer a vaga) e merecimento (mais votado pelo órgão especial de justiça) atendidas as seguintes normas: ...
IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes (toda decisão judicial deverá ser fundamentada. Em princípio todos os processos são públicos, salvo quando a lei estabelecer o segredo de justiça - questões familiares, questões que envolvam menores, quebra de sigilo bancário) 
Se a decisão de um juiz não estiver devidamente regulamentada, esta decisão pode ser reformada, e o juiz não será responsabilizado civilmente por isso, salvo se, agiu dolosamente.
Poder Legislativo (arts. 44 a 75)
Suas funções típicas são legislar e fiscalizar, assim, a CF prevê regras de processo legislativo, para que o Congresso Nacional elabore as normas jurídicas e determina que compete a este poder, a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo, ou seja, fiscalizar as contas públicas (art. 70 a 75), tanto que o Tribunal de Contas é um órgão auxiliar pertencente a este poder. Esta última função é designada para o Poder Legislativo, pois é coerente que o controle do dinheiro público seja feito pelos representantes do povo. Deve observar que esta fiscalização tem caráter político, gerando assim, responsabilidade apenas política (inelegibilidade, impechmant, etc.)
As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar. A primeira ocorre, exemplificativamente, quando o Legislativo dispõe sobre sua organização e operacionalidade interna, provimento de cargos, promoções de seus servidores; enquanto a segunda ocorrerá. Por exemplo, no processo e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade.
Estrutura
O Poder Legislativo Federal é bicameral e exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe de duas Câmaras: a Baixa representada pela Câmara dos Deputados (atualmente com 513 Deputados) e a Alta representada pelo Senado Federal (atualmente com 81 senadores).
O bicameralismo do Legislativo Federal está intimamente ligado à escolha pelo legislador constituinte da forma federativa de Estado, pois no Senado Federal encontra-se, de forma paritária (são eleitos 3 senadores por Estado), representantes de todos os Estados e do Distrito Federal, consagrando o equilíbrio entre as partes contratantes da Federação. Os Senadores são eleitos para exercerem duas legislaturas consecutivas, ou seja, por 8 anos, sendo que sempre há uma renovação de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços, ou seja, em uma eleição elege-se 1 Senador, e na outra elegem-se 2 Senadores.
Os Deputados Federais são os representantes do povo, eleitos proporcionalmente à população de cada Estado-membro, sendo no mínimo de 8 e no máximo de 70 por cada Estado. Seus mandatos terão a duração de 4 anos, ou seja, uma legislatura.
Diferentemente, o Poder Legislativo é unicameral quando estadual (Assembléia Legislativa), distrital (Câmara Legislativa) e municipal (Câmara Municipal), onde é consagrado o unicameralismo (arts. 27, 29 e 32).
Observa-se que existe o bicameralismo aristocrático (Inglaterra), formado por duas Câmaras: a Baixa representada pelos Deputados, e a Alta representada pela Câmara dos Lordes.
As atribuições do Congresso Nacional vêm definidas nos arts. 48 e 49 da CF, sendo que naquele se exige a participação do Poder Executivo por meio de sanção presidencial, enquanto que neste, por se tratar de competências exclusivas do Congresso Nacional, serão tratadas somente no âmbito do Poder Legislativo, por meio de Decreto Legislativo ou Resolução.
Normalmente o Poder Legislativo é manifestado pela conjugação das vontades da Câmara e do Senado, assim, se um projeto for aprovado em uma das Casas e rejeitado na outra, será arquivado. Excepcionalmente porém, a Câmara e o Senado agem separadamente, como nos casos previstos nos arts. 51 e 52 da CF.
O Art. 47 dita que, salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Observa-se que maioria absoluta corresponde à metade dos membros da Casa, mais 1, ou seja, a maioria absoluta do Senado com um total de 80 membros é 41. A maioria simples corresponde à metade, mais 1 dos membros que estiverem presentes na sessão.
O art. 57 trata das reuniões do Congresso Nacional, a chamada sessão legislativa ordinária, mas nada impede que haja sessões quando do recesso parlamentar, são elas extraordinárias (§6o).
A sessão legislativa ordinária é dividida em dois períodos: anterior (15 fevereiro a 30 de junho) e posterior (1o agosto a 15 de dezembro) ao meio do ano.
Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ou seja, aquelas que estiverem na pauta, sob pena de ser declarada pelo Judiciário, se provocado, uma inconstitucionalidade. (§7o)
Imunidades Parlamentares
Representam elemento preponderante para a independência do Poder Legislativo. São prerrogativas, em face do direito comum, outorgada pela CF aos membros do Congresso, para que estes possam ter bom desempenho de suas funções.
As imunidades são garantias funcionais, normalmente divididas em material (art. 53, caput) e formal (art. 53, § 1o).
A imunidade material implica subtração da responsabilidade penal, civil, disciplinar ou política do parlamentar por suas opiniões, palavras e votos, no exercício de suas funções e sobre matéria parlamentar. Assim, jamais se poderá identificar, por parte do parlamentar, qualquer dos chamados crimes de opinião (calúnia, difamação, injúria, etc). Além disso, a imunidade material possui eficácia temporal permanente e absoluta, de caráter perpétuo, pois pressupondo a inexistência da infração penal ou ilícito civil, mesmo após o fim de sua legislatura, o parlamentar não poderá ser investigado, incriminado ou responsabilizado.
Imunidade formal ou processual é o instituto que garante ao parlamentar a impossibilidade de ser ou permanecer preso ou ser processado sem autorização de sua Casa legislativa respectiva. Observa-se que está imunidade refere-se apenas ao ilícito penal, sendo que quando houver um processo civil (indenização) corre este normalmente na Justiça correspondente (art. 53, §4o).
Os Deputados Estaduais gozam das duas imunidades, já aos Vereadores é apenas concedida a imunidade material.
O art. 54 CF prevê algumas vedações parlamentares, conhecidas como incompatibilidades.
O art. 55 CF cita hipóteses de perda de mandato dos parlamentares. Obviamente que esta perda não é automática, pois tratam-se de hipóteses, que se concretizarem devem ser analisadas pela Casa respectiva.
O art. 58, §3o prevê a existência das CPIs, ou seja, Comissões Parlamentares de Inquérito, que estão arroladas dentre as funções fiscalizatóriasdo Poder Legislativo. Às CPIs são concedidos alguns poderes inerentes ao Judiciário. Observa-se que estes poderes são limitados e compreendem:
possibilidade de quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados
oitiva de testemunhas, inclusive com a possibilidade de condução coercitiva.
Ouvir investigados ou indiciados
Realização de perícias e exames necessários à dilatação probatória, bem como requisitar documentos e busca de todos os meios de provas legalmente admitidos.
Porém, não poderão as CPIs:
decretar quaisquer hipóteses de prisão, salvo as prisões em flagrante delito
determinar a aplicação de medidas cautelares, tais como indisponibilidade de bens, arrestos, seqüestros, hipoteca judiciária, proibição de ausentar-se da Comarca ou do país.
Proibir ou restringir a assistência jurídica aos investigados
Determinar buscas e apreensões.
Processo Legislativo
É o conjunto de atos realizados pelos órgãos legislativos visando a formação de leis constitucionais, complementares e ordinárias, resoluções e decretos legislativos. Tem por objeto, nos termos do art. 59, a elaboração de emendas à constituição, leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
O processo legislativo pode ser completo ou incompleto, dependendo da espécie normativa. É completo quando composto dos seguintes atos:
Iniciativa – é a possibilidade de deflagração de processo legislativo por alguém ou algum órgão. Pode ser parlamentar quando atribuída aos membros do Congresso Nacional (Deputados e Senadores), ou extra-parlamentar quando conferida ao Presidente, aos Tribunais Superiores, ao Ministério Público e aos cidadãos (art. 61, §2o). A iniciativa pode ser ainda, concorrente quando vários órgãos ou pessoas são legitimados (parlamentares e Presidente), ou exclusiva quando reservada a determinado cargo ou órgão (ex.: art. 61, §1o).
Discussão – proposto o projeto de lei ao Congresso Nacional, haverá ampla discussão e votação sobre a matéria nas duas Casas, delimitando-se o objeto a ser aprovado ou mesmo rejeitado pelo Poder Legislativo.
 Deliberação – o projeto de lei seguirá, na respectiva Casa, para a fase de instrução, nas comissões (art. 58, §2o, I), onde será analisada inicialmente a sua constitucionalidade e posteriormente seu mérito, nas chamadas, respectivamente, Comissão de Constituição e Justiça e Comissões Temáticas.
Aprovado nas comissões, se necessário for, o projeto seguirá para o plenário da Casa deliberativa principal, onde será discutido e votado.
Tratando-se de lei ordinária, a aprovação do projeto de lei condiciona-se a maioria simples dos membros da respectiva Casa, ou seja, somente haverá aprovação pela maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros (art. 47). Observa-se que o que a CF exige é um quorum mínimo para a instalação da sessão.
Observar artigos 64, 65 e 66 CF.
Sanção/ veto – sanção é a aprovação do projeto de lei no prazo de 15 dias. Pode ser tácita (o Presidente não manifesta-se, ou seja, silencia durante o prazo) ou expressa (quando o Presidente manifesta-se concordando no prazo de 15 dias). Poder ser ainda, total ou parcial conforme concorde com a totalidade ou parcialmente com o projeto.
Veto é a manifestação de discordância do Presidente com o projeto de lei aprovado pelo Pode Legislativo, no prazo de 15 dias úteis, no todo ou em parte, desde que esta parcialidade somente alcance texto integral de artigos, parágrafos, alíneas ou incisos. Dessa forma, impossível o veto de palavras, frases ou orações isoladas. (art. 66). 
O veto é irretratável, pois uma vez manifestado e comunicadas as razões ao Poder Legislativo, tornar-se-á insuscetível de alteração de opinião do Presidente
Observa-se que o veto aditivo não existe no Brasil.
Promulgação – é o ato pelo qual o Executivo autentica a lei, atesta a sua existência, ordenando sua aplicação e cumprimento. (art. 66, §7o)
Publicação – dá conhecimento a todos de que a ordem jurídica recebeu uma nova norma. Visa impedir que se alegue o desconhecimento da lei e marca o momento em que a lei passa a ser exigida. Deve ser publicada em órgão oficial, e se for parcialmente publicada, far-se-á nova publicação do texto integral. Nota-se que a parte já publicada é considerada válida.
Observa-se que quando se tratar de leis complementares ou ordinárias o processo será sempre completo.
Espécies Normativas
Vêm enumeradas no art. 59 da CF e são espécies normativas primárias, ou seja, retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição. São elas:
Emendas Constitucionais 
Estão previstas no art. 60 CF e consistem em uma modificação, acréscimo ou retirada de algum dispositivo constitucional.
Observa-se que enquanto proposta, é considerada um ato infra-constitucional sem qualquer normatividade, só ingressando no ordenamento jurídico após sua aprovação, passando então a ser preceito constitucional, de mesma hierarquia das normas constitucionais originárias e hierarquia superior às demais espécies normativas.
Podem ser propostas por:
um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado.
Presidente
Mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
A grande maioria dos autores entende que, no caso de emendas constitucionais, a iniciativa popular não é possível, pois não vem prevista na CF. Michel Temer, porém, entende que a iniciativa popular é válida.
Não existe participação do Presidente na fase constitutiva do processo legislativo de uma EC, pois o titular do poder constituinte derivado de revisão é o Poder Legislativo. Assim, não há necessidade de sanção ou veto. A EC aprovada pelas duas Casas do Congresso seguirá, diretamente, à fase complementar, para a promulgação e publicação.
A CF traz limitações circunstanciais, expressas e implícitas ao Poder de reformá-la.
As limitações circunstanciais pretendem evitar modificações na constituição em certas ocasiões anormais e excepcionais do país (Estado de Sítio, Estado de Defesa ou Intervenção Federal), a fim de evitar-se perturbação na liberdade e independência dos órgãos incumbidos da reforma. Nota-se que a CF não se refere ao Estado de calamidade pública, assim, nada impede que haja EC neste período.
São limitações materiais expressas aquelas arroladas no Art. 60, §4o (cláusulas pétreas).
Constituem limitações materiais implícitas ao Poder Constituinte de Revisão:
impossibilidade de modificação da forma de manifestação e titularidade do Poder Constituinte de Revisão, exercido pelo Congresso Nacional.
Proibição de reformas parciais que somadas, impliquem em reforma proibida pelo texto original ou em modificações de princípios constitucionais.
Nota-se que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, §5o). Porém, quando se tratar de projeto de lei (não projeto de EC) rejeitado, este poderá ser objeto na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (art. 67)
Leis Complementares e Leis Ordinárias
O art. 59 da CF traz as leis complementares como espécie normativa diferenciada, com processo legislativo próprio e matéria reservada.
Duas são as diferenças entre as leis complementares e ordinárias:
poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamente prevista na CF, enquanto que todas as demais matérias deverão ser objeto de lei ordinária, salvo aquelas privativas do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados ou Senado (arts. 49, 51 e 52).
Enquanto o quorum para a aprovação de lei ordinária é de maioria simples (art. 47), o quorum da lei complementar é de maioria absoluta (art. 69).
Existe uma discussão na doutrina sobre a eventual existência ou não de hierarquia entre lei complementar e lei ordinária. ManoelGonçalves F. Filho entende que há hierarquia baseado na diferença de quorum para aprovação das leis, e pela apresentação das duas na CF, ou seja, a lei complementar é citada antes da lei ordinária.
Celso Bastos e Michel Temer são contrários a esta opinião, sustentando que ambas estão no mesmo patamar, pois para haver hierarquia é necessário que exista uma relação de fundamento entre uma e outra, ou seja, que a lei ordinária se fundamente na lei complementar. Isto, porém, não ocorre, visto que as duas fundamentam-se na CF.
Todas as espécies normativas possuem um número de ordem e vêm citada a sua respectiva espécie (ex.: Emenda Constitucional no 7, Lei Complementar no 9876, etc.), salvo as leis ordinárias que possuem apenas o número de ordem (Lei no 9876).
Nota-se que todas as espécies normativas complementam a CF e não apenas a lei complementar o faz.
Leis Delegadas
Trata-se de uma exceção a regra de que as leis provêm do Legislativo, pois as leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional (art. 68). Assim, a iniciativa é exclusiva do Presidente e o Congresso não pode aprovar lei delegada espontaneamente.
Uma vez encaminhada a solicitação ao Congresso Nacional, a mesma será submetida a votação pelas Casas do Congresso Nacional, em sessão bicameral conjunta ou separadamente, e em sendo aprovada por maioria simples, terá a forma de resolução, que especificará obrigatoriamente as regras sobre seu conteúdo e os termos de seu exercício.
Retornando a resolução ao Presidente, este elaborará o texto normativo, promulgando-o e determinando sua publicação.
Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso, os de competência privativa da Câmara e do Senado, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: a organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e garantias de seus membros; nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. 
Conclui-se que as leis delegadas dispõem sobre matérias de Lei Ordinária, salvo as elencadas no artigo 68, §1o, I, II, III. Seu campo de abrangência é menor do que o das Leis Ordinárias, e estas podem revogá-las.
Extrapolando o Presidente os limites fixados na resolução concedente da delegação legislativa, poderá o Congresso Nacional, através de aprovação de decreto legislativo, sustar a referida lei delegada, paralisando seus efeitos normais. A sustação não será retroativa (ex nunc). (art. 49, V)
Anote-se que além desta espécie de controle normativo, pode ainda, ser declarada a inconstitucionalidade da lei delegada pelo Poder Judiciário, por desrespeito aos requisitos formais do processo legislativo da lei delegada, expressamente previstos no art. 68 CF. Quando declara a inconstitucionalidade, por parte do STF, terá efeitos retroativos (ex tunc).
Medidas Provisórias
São sucedâneos do extinto Decreto-lei, que uma vez baixados, tinham forma e força de lei e se não fossem expressamente rejeitados pelo Congresso Nacional no prazo de 60 dias, automaticamente era considerado aprovado.
Baseado no direito italiano foi criada a Medida Provisória que, diferentemente do Decreto-lei, uma vez editada, tem força de lei, mas sua vigência é provisória, ou seja, se não aprovada em 30 dias, perderá a eficácia. Se aprovada, converte-se em lei ordinária.
A relevância e urgência da MP é aferida pelo Presidente (art. 62), não cabendo, em regra, apreciação por parte do Judiciário. Porém, quando há notório desvio de finalidade ou abuso de poder, o STF pode declarar sua inconstitucionalidade.
O processo legislativo das MPs inicia-se com o Presidente, único detentor do poder de iniciativa para editar a MP, que terá imediatamente força de lei.
Uma vez editada, será, em regra, submetida ao Poder Legislativo para apreciação. No Congresso Nacional, em 48 horas, será formada uma Comissão Mista composta por 7 Deputados Federais e 7 Senadores, que apresentarão um parecer pela aprovação ou não da mesma.
O plenário, ao examinar a MP, mandará arquivá-la, se esta for rejeitada, devendo o Presidente do Congresso Nacional baixar ato, declarando-a insubsistente, o que será comunicado ao Presidente. Neste caso, a comissão elaborará projeto de decreto legislativo, para disciplinar as relações jurídicas decorrentes da vigência da MP, cuja tramitação se iniciará na Câmara dos Deputados.
Se a MP for admitida, a Comissão tem 15 dias, no máximo, para dar parecer sobre os aspectos constitucionais e sobre o mérito. O parecer poderá sugerir a aprovação total (não precisa de sanção do Presidente) ou parcial ou até a aprovação com emendas (neste caso, é necessária a sanção do Presidente), ou ainda, a rejeição expressa ou tácita da MP.
Aprovada a MP, será convertida em lei, devendo o Presidente do Senado promulgá-la, uma vez que consagrou-se na esfera legislativa esta atribuição ao próprio Poder Legislativo, remetendo ao Presidente, que publicará a MP como lei.
Se ocorrer a rejeição tácita, ou seja, não sendo a MP apreciada pelo Congresso Nacional em tempo hábil, esta poderá ser reeditada novamente (não aplica-se o art. 67). Nota-se, porém, que se a rejeição for expressa, sua reedição não é admitida (aplica-se art. 67), pois, configuraria crime de responsabilidade, no sentido de impedir o livre exercício do Poder Legislativo (art. 85, II).
A edição da MP paralisa temporariamente a eficácia da lei que versava a mesma matéria. Se a MP for aprovada, convertendo-se em lei, opera-se a revogação. Se, entretanto, a MP for rejeitada, restaura-se a eficácia da norma anterior.
Quanto as relações havidas sob o tempo de vigência de uma MP que é rejeitada, há muita discussão na doutrina. A idéia mais coerente é aquela que reconhece estas relações válidas, nos casos possíveis e quando existiu ato jurídico perfeito e direito adquirido fundados na MP.
Com a MP se converte em lei ordinária, não versará sobre matérias competentes à leis complementares ou privativas do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados ou Senado e nem sobre matéria penal. Quanto à matéria tributária, a maioria dos autores entendem que esta não faz parte das competências da MP, porém, o STF sustenta a possibilidade de disciplinar matéria de natureza tributária por meio de MPs.
O art. 246 veda também, expressamente, a adoção de MP na regulamentação de artigo da CF cuja redação tenha sido alterada por meio de EC promulgada a partir de 1995.
O STF considera as regras básicas do processo legislativo previstas na CF como modelos obrigatórios às Constituições Estaduais e às Leis Orgânicas dos Municípios. Assim, acaba por permitir que no âmbito estadual (TO, SC) e municipal haja previsão de MPs a serem editadas, respectivamente, pelo Governador ou Prefeito e analisadas pelo Poder Legislativo local, desde que, no primeiro caso, exista previsão expressa na Constituição Estadual e no segundo, previsão nesta e na respectiva Lei Orgânica do Município.
Decretos Legislativos e Resoluções
Decreto Legislativo é a espécie normativa destinada a veicular as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, previstas, basicamente no art. 49 CF.
Resolução é ato do Congresso Nacional ou de qualquer de suas casas, tomado por procedimento diferente do previsto para elaboração de leis, destinado a regular matéria de competência do Congresso Nacional ou privativa do Senado ou Câmara dos Deputados, mas em regra com efeitos internos; excepcionalmente, porém, prevê a constituição de resolução com efeitos externos, como a que dispõe sobre a delegação legislativa.
A doutrina não estabelece diferenças marcantes entre estas espécies, porém, se estabelece que os decretos legislativos são utilizados quando o Congresso Nacional regulamentar norma de forma genérica e abstrata (ex.: ratificação de tratados internacionais), e as resoluções estão vinculadas à atribuições privativas da Câmara ou do Senado e sempre

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