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Arquitetura para os pobres não precisa ser uma arquitetura pobre

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10/01/2016 “Arquitetura para os pobres não precisa ser uma arquitetura pobre” | Arquitete suas Ideias
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Arquitete suas Ideias
“Arquitetura para os pobres não precisa ser uma arquitetura pobre”
22/08/2013 ∙ by Hiroshi ∙ in Arquitetura. ∙
Li esse artigo e o achei muito interessante. Trago‑o na íntegra para os leitores do Arquitete suas Ideias.
(http://arquitetesuasideias.files.wordpress.com/2013/08/tetris_apartamento_ljubljana_slovenia_social_moradia_arquitete_suas_ideias.jpg)
Foto: Tetris apartments. Blocos de apartamentos do tipo social, vendidos para o Fundo esloveno de Habitação. Foi desenvolvido um
edifício de 4 andares, 58 metros de comprimento e 15 de largura
O título do artigo de hoje tem como base o depoimento do Arquiteto César Dorfmann: “Precisamos esquecer a ideia de que arquitetura
para pobre é arquitetura pobre. Tem que ser a mesma arquitetura digna. O espaço público é tão importante quanto às edificações.”
Na mesma linha de pensamento, o saudoso arquiteto Oscar Niemeyer costumava dizer em suas entrevistas: “Quando me pedem um
prédio público, por exemplo, eu procuro fazer bonito, diferente, que crie surpresa. Porque eu sei que os mais pobres não vão usufruir
nada. Mas eles podem parar, ter um momento assim de prazer, de surpresa, ver uma coisa nova. É o lado assim que a arquitetura pode
ser útil. O resto, quando ela tiver um programa humano, social, aí ela vai cumprir seu destino.”
Com o mesmo princípio, o arquiteto Alejandro Aravena, um chileno de 45 anos, formado pela Universidade Católica do Chile e casado
com  uma  brasileira,  jurado  do  Pritzker,  o  prêmio  de  arquitetura  mais  prestigiado  do  mundo,  Aravena  esteve  em  São  Paulo  para
participar do seminário Arq.Futuro, que discutiu alternativas para as grandes cidades. Os projetos de habitação social são criticados por
ele  por  fornecer  casas  pequenas  e malfeitas  às  pessoas. Diante  dessa  crítica,  o  senso  comum  sugere  que  casas  de melhor  qualidade
deveriam  ser  maiores  e  com  melhor  acabamento.  Mas  fazer  isso  seria  responder  à  questão  errada.  Famílias  têm  composições  e
necessidades muito diversas. Alguns lares têm crianças, outros idosos. Em muitos há pessoas trabalhando em casa. Não adianta tentar
se adaptar a isso.
Segundo Aravena : “A política pública deveria cuidar daquilo que um indivíduo não consegue por conta própria. Ou seja, permitir que
a  iniciativa  dos  próprios  cidadãos  floresça.  Essa  é  uma  abordagem  bem  pragmática,  não  tem  nada  de  romântica  ou  hippie.  Nas
próximas duas décadas, teremos de construir em média, por semana, uma cidade de 1 milhão de pessoas, com casas de US$ 10 mil por
família.  Isso somente será possível se formarmos parcerias entre as grandes forças: o capital do mercado privado, a coordenação dos
Estados e a capacidade de construir dos cidadãos. Precisaremos do conhecimento dos melhores profissionais disponíveis em todos os
campos,de arquitetos , de engenheiros a trabalhadores sociais. Precisaremos do poder da síntese do design”.
Concluindo,  Aravena  completa:  ”É  possível  construir  casas  de  40  metros  quadrados  que  podem  ser  expandidas  até  80  metros
quadrados,  um  espaço  considerado  bom  para  famílias  de  classe média.  Com  os  primeiros  50%  de  todas  as  casas  iguais,  podemos
otimizar gastos com materiais e métodos de construção. É melhor ter metade de uma casa boa em vez de uma casa pequena, finalizada e
mal localizada. Depois, a família pode expandir a casa e aprimorar seu acabamento por conta própria. O termo“puxadinho” é pejorativo
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10/01/2016 “Arquitetura para os pobres não precisa ser uma arquitetura pobre” | Arquitete suas Ideias
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mal localizada. Depois, a família pode expandir a casa e aprimorar seu acabamento por conta própria. O termo“puxadinho” é pejorativo
e  lembra expansões arriscadas,  feitas  sem meios suficientes. A expansão deve acontecer graças ao desenho arquitetônico, não apesar
dele.  Para  isso,  o  projeto  precisa  prever  a  expansão  do  imóvel  sem  a  necessidade  de mudanças  estruturais.  Apenas  a  anexação  de
espaços”.
Outro papel do poder público é garantir boa localização, esta garantia deve ser atribuição do Estado. As pessoas vêm às cidades para
tirar  vantagem  das  oportunidades  que  elas  concentram.  Se  estiverem  localizadas  na  periferia,  longe  das  oportunidades,  cria‑se  um
problema social, político e econômico. Além disso, todos nós, ao comprar uma casa, desejamos que ela valorizasse com o tempo. Por
que o dono de uma casa popular pensaria diferente? Habitações bem localizadas ganham valor com o tempo. Deixam de ser somente
um abrigo e viram ferramentas para combater a pobreza.
Segundo a pesquisadora Maria Ozanira Silva e Silva, autora do livro “Política Habitacional: verso e reverso”: “A habitação não pode ser
concebida como mero abrigo, pois ela representa a porta de entrada dos serviços urbanos…”. Podemos assim concluir que a habitação
de interesse social não é só quatro paredes. As paredes servem como endereço e ponto de referência, estrutura familiar, aconchego, mas
a  luta  por moradia  envolve  outras  necessidades  como  o  emprego para manter  a  casa,  educação para  os  nossos  filhos,  saúde,  lazer,
transporte. Sem isso, só a casa não tem sentido. A política habitacional tem que ser pensada também levando em conta questões mais
humanas, como a questão da renda.
Moradia  adequada  é  um  lugar  na  cidade,  um  ponto  a  partir  do  qual  se  tem  acesso  à  condições  dignas,  emprego,  comércio,
equipamentos sociais, a um espaço público de qualidade, à cultura. Vai além do abastecimento de água, luz, pavimentação, sistema de
esgoto, que, claro, também são necessários.
Os espaços de uso comunitário devem constar nos itens de qualquer programa habitacional com o mesmo nível de importância dado a
unidade habitacional ou à Infra estrutura. Uma política habitacional correta , deve ,não somente produzir casas, mas ter como meta a
construção da  cidade  como um  todo  (serviços  e  equipamentos públicos),  abrindo  e pavimentando  ruas,  construindo  redes de  água,
esgoto e drenagem, creches, praças áreas de  lazer e quadras poliesportivas, preservando os fundos de vale, contendo e reflorestando
encostas, dando condições de acessibilidade a todos.
A função primordial da habitação é a de abrigo. Como obra arquitetônica, a função de abrigar não é sua única nem a principal função
da habitação, a habitação é uma necessidade básica e uma aspiração do ser humano. A casa própria, juntamente com a alimentação e o
vestuário é o principal investimento para a constituição de um patrimônio, além de ligar‑se, subjetivamente, ao sucesso econômico e a
uma posição social mais elevada. A aquisição da habitação faz parte do conjunto de aspirações principais de uma parcela significativa
da população brasileira.
A habitação desempenha três funções diversas: social, ambiental e econômica. Como função social, tem de abrigar a família e é um dos
fatores do seu desenvolvimento. A habitação passa a ser o espaço ocupado antes e após as jornadas de trabalho, acomodando as tarefas
primárias  de  alimentação,  descanso,  atividades  fisiológicas  e  convívio  social.  Assim,  entende‑se  que  a  habitação  deve  atender  os
princípios básicos de habitabilidade, segurança e salubridade.
Na  função  ambiental,  a  inserção  no  ambiente  urbano  é  fundamental  para  que  estejam  assegurados  os  princípios  básicos  de  infra‑
estrutura, saúde, educação, transportes, trabalho, lazer etc., além de determinar o impacto destas estruturas sobre os recursos naturais
disponíveis. Além de  ser  o  cenário dastarefas  domésticas,  a  habitação  é  o  espaço no  qual muitas  vezes  ocorrem,  em determinadas
situações, atividades de trabalho, como pequenos negócios. Neste sentido, as condições de vida, de moradia e de trabalho da população
estão estreitamente vinculadas ao processo de desenvolvimento.
  Já  a  função  econômica  da moradia  é  inquestionável:  sua  produção  oferece  novas  oportunidades  de  geração  de  emprego  e  renda,
mobiliza  vários  setores  da  economia  local  e  influencia  os  mercados  imobiliários  e  de  bens  e  serviços.  A  construção  da  habitação
responde por parcela significativa da atividade do setor de construção civil.
Toda população tem o direito à moradia, cumpre aos governos formular políticas públicas nesta área, propiciando habitações dignas,
com recursos tecnológicos de última geração, expandindo a qualidade de vida ofertada à população além das quatro paredes.
Texto de Garibaldi Rizzo, arquiteto e urbanista. Gerente de Políticas Habitacionais da Secretaria de Estado das Cidades. Texto extraído
do Diário da Manhã (http://www.dm.com.br/texto/79983).
Leia também:
Casa KJC2 (http://arquitetesuasideias.com/2013/06/27/casa‑kjc2/)
Morar “empilhado” (http://arquitetesuasideias.com/2010/10/06/morar‑empilhado/)
O  dilema  de  Niemeyer  e  a  funcionalidade  das  suas  obras  (http://arquitetesuasideias.com/2012/10/19/o‑dilema‑de‑niemeyer‑na‑
funcionalidade‑de‑suas‑obras/)
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Tags: arquitetura, casa, habitação, moradia, Niemeyer, pobre, social
14 responses to ““Arquitetura para os pobres não precisa ser uma arquitetura
pobre””
1.  Analice Silva 29/08/2013 às 16:20 ∙ ∙ Responder →
ainda não, mas… Vocês podem me deixar a par do que os arquitetos podem fazer em nossas vidas.
 
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helena lopes 25/05/2015 às 17:36 ∙ ∙ Responder →
Eu não sou arquitecta mas tenho formação na área de construção civil, na minha opinião hoje os profissionais da construção civil
e principalmente os arquitectos cada vez mais estão preparados para fazerem projectos funcionais, que tirem vantagens das
posição climatéricas das regiões onde vai ser instalado o projecto, os materiais para a construção civil cada vez mais tem uma
vertente ecológica.
 
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2.  Analice Silva 29/08/2013 às 16:29 ∙ ∙ Responder →
por quê as pessoas de baixo nível, não tem vez na faculdade de arquitetura?
 
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Hiroshi 29/08/2013 às 16:47 ∙ ∙ Responder →
Oi Analice, tudo bem? 
Olha, não há respostas fáceis para seu questionamento. Com certeza ter uma educação de qualidade no Brasil custa caro.
Infelizmente até mesmo nas universidades públicas só entram aqueles que conseguem estudar e tem apoio para isso. As cotas são
uma medida paliativa para o problema que eu acredito que só será resolvido quando houver grandes investimentos em educação
básica para todos. A única coisa que pode mudar um país é uma ótima educação. A partir disso todos podem, com as próprias
pernas, buscar seu lugar ao sol. 
Os arquitetos devem buscar as melhores maneiras, mesmo com pouco capital, de construir lares para as pessoas. Hoje no
programa Minha casa Minha vida, vejo pessoas construindo casas somente por construir, sem pensar no uso ou nas pessoas que
que irão morar nessas residências. Devemos pensar em materiais alternativos, formas de poupar energia e diversos outros
aspectos para que as pessoas tenham dignidade e um bem que dure para a vida toda. 
Obrigado pelo seu comentário!
 
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3.  Pingback: ARQUITETURA PARA OS POBRES NÃO PRECISASER UMA ARQUITETURA POBRE | Enio Padilha∙
4.  Sérgio 10/10/2013 às 21:17 ∙ ∙ Responder →
Eu quero ser arquiteto. Só que não sei por onde começar e os custo são muito caros sou muito estudioso e tenho determinação em
fazer arquitetura eu desenho muito bem aprendi sozinho sem curso algum. Mas bem eu so estou postando este comentário por que
quero uma oportunidade neste mercado se alguem estiver interesado em me ajudar acessa o meu facebook 
Sergio.sergioantunesseverino@facebook.com
 
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helena lopes 25/05/2015 às 17:41 ∙ ∙ Responder →
Olá Sergio tudo bem? Aqui em Portugal há facilidade para estudar Arquitetura, penso não ser dificil entra cá numa universidade,
procure junto ao Consulado do Brasil quais os apoios para você vir estudar para cá, sei que há apoios. Boa sorte.
 
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5.  João Mário 24/05/2015 às 21:18 ∙ ∙ Responder →
Maravilhoso texto! Faço Arquitetura e Urbanismo na UFS e atualmente estou fazendo a disciplina de TCC com o tema de
HABITAÇÃO POPULAR SUSTENTÁVEL, sem sombra de dúvida este artigo me auxiliará bastante em minhas pesquisas! Meus
parabéns ao autor!!
 
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Hiroshi 25/05/2015 às 8:56 ∙ ∙ Responder →
Muito obrigado João. 
Espero que tenhas sucesso na carreira. 
Continue nos visitando! 
Abraço.
 
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6.  Antonio carlos 26/05/2015 às 9:16 ∙ ∙ Responder →
Analice, tenho uma renda percapta na minha casa que gira entorno de R$800,00, curso arquitetura em uma universidade particular
(PUCPR), que tem um custo altíssimo, porém, estou correndo atrás do que eu quero pro meu futuro……investigue sobre bolsas,
financiamentos, e tudo o mais que possa te beneficiar para que VC possa atingir suas pretensões só desta maneira VC vai atingir
seus objetivos…..lembre‑se que investir em VC mesmo nunca é demais…..
 
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7.  Anónimo 27/05/2015 às 11:42 ∙ ∙ Responder →
Texto sensacional…simples e direto…diz tudo…mas a dificuldade continua na articulação dessa idéia consolidada à prática política
e administrativa do campo profissional e da gestão pública … É dever de todos arquitetos se envolver na questão da cidade para
todos…do direito à cidade … da cidade para pessoas…abs!
 
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8.  Elyzia Rodrigues 29/05/2015 às 17:25 ∙ ∙ Responder →
Hiroshi, adorei o seu texto! 
Ele é tão bom, tão importante, que tomei a liberdade de publicá‑lo na fanpage do meu blog no Facebook (indicando a fonte, é claro). 
Sou arquiteta e acho que precisamos divulgar cada vez mais a importância da nossa atuação não só na construção de casas, mas
sobretudo no resultado que as casas que construimos têm na cidade. 
Caso queira dar uma olhada no meu blog o endereço é: http://www.dicadaarquiteta.com.br. 
Ele ainda é um “bebê”, trabalho sozinha na produção de conteúdos e estou ainda aprendendo sobre a blogosfera. 
Caso tenha alguma crítica a fazer,ou sugestão a dar, elas serão super bem vindas e porque não, importantes. 
Um abraço. 
Elyzia
 
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Hiroshi 01/06/2015 às 13:22 ∙ ∙ Responder →
Obrigado Elyzia! E você pode sim divulgar o que achar interessante que encontrar no Blog. 
Produzir conteúdo sozinha não é fácil né, acredite eu sei muito bem como é isso. 
Dei uma olhada no seu blog e achei bem legal, parabéns. 
Continue assim e qualquer dúvida é só entrar em contato! 
Abraço!
 
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9.  Andrié da Silva 30/05/2015 às 10:04 ∙ ∙ Responder →
Achei o texto interessante. Mas tem um ponto da questão, que é a questão da propriedade, que é algo muito controverso ainda. Uma
professora minha uma vez disse algo interessante “uma coisa é habitação digna, outra coisa é casa própria”, ela citava termos como
“aluguel social” etc. Esse é um ponto interessante pot dois motivos: 1. o estabelecimento da propriedade de um imóvel de qualidade,
com seus entornos bem servidos etc. geram aumento do valor deste, o que pode ocorrer então é que a família o venda e vá pra outra
área (muitas vezes pior). 2. Com um aluguel social (valor menor que o praticado, acessível), imóveis sociais poderiam pertencer ao
Estado e eles reservariam sua condição de apoio social e, melhorando de vida, a família poderia deixar o imóvel se o quisesse fazer.
A “casa própria” como “desejo do brasileiro” poderia se aproximar do “sonho do carro zero”, que é tão fomentado mas é de uma
“positividade” questionável quando falamos de uma cidade sustentável (ou pelo menos suportável).
(A questão do aluguel social também pode sofrer de problemas “de mercatilização”. Talvez seja só um pouco mais resistente. E isso
não é uma bandeira contra as relações de mercado no ambiente urbano, apenas um questionamento sobre a aplicação das mesmas
sobre imóveis pagos pelo Estado.)
 
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