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Aula 08 - ESTADO DA PESSOA NATURAL

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AULA 08
DIREITOS DA PERSONALIDADE (CC Arts. 11 ao 21)
Para satisfação de suas necessidades, o homem posiciona-se num dos pólos da relação jurídica, compra, vende, empresta, contrai matrimônio, faz testamento etc. Desse modo, em torno de sua pessoa o homem cria um conjunto de direitos e obrigações que denominamos patrimônio que é a projeção econômica da personalidade.
O homem não deve ser protegido somente em seu patrimônio, mas, principalmente, em sua essência (dto. à vida, saúde, boa-fé, moral, etc.).
* Aqueles que têm por objeto os atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa em si e em suas projeções.
Características dos Direitos da Personalidade.
Sendo direitos congênitos à pessoa, em suas projeções física, mental e moral, os direitos da personalidade são dotados de certas características particulares.
Assim, os direitos da personalidade são:
a) Absolutos = O caráter absoluto dos direitos da personalidade se materializa na sua aplicação a todos, irradiando efeitos em todos os campos e impondo à coletividade o dever de respeitá-los.
O caráter absoluto esta ligado à indisponibilidade, ou seja não permite ao titular do direito renunciá-lo ou cedê-lo em benefício da coletividade.
Tanto que não se permite no direito pátrio a prática da eutanásia, aborto, suicídio.
b) Generalidade = Os direitos da personalidade são outorgados a todas as pessoas, simplesmente pelo fato de existirem.
c) Extrapatrimonialidade = Uma das características mais evidentes do direito da personalidade é a ausência de valor pecuniário, avaliado objetivamente, ainda que sua lesão gere efeitos econômicos.
Mas, isto não impede que em caso de violação, possam ser economicamente quantificados.
 d) Indisponibilidade = A expressão genérica indisponibilidade dos direitos da personalidade, pelo fato de que abrange tanto a intransmissibilidade quanto a irrenunciabilidade mencionadas no art. 11 do CC. (Ler). 
A indisponibilidade significa que nem por vontade própria do indivíduo o direito pode mudar de titular, o que faz com que os direitos da personalidade sejam alcançados a um nível diferenciado dentro dos direitos privados.
e) Irrenunciabilidade = Os direitos personalíssimos não podem ser abdicados. Ninguém deve dispor de sua vida, da sua intimidade, da sua imagem.
f) Intransmissibilidade = Não se admite a cessão, venda de um direito de um sujeito para outro, pois não se pode separar a honra a intimidade de um indivíduo.
Os direitos da personalidade são direitos que devem permanecer ligados ao próprio titular, e o vínculo que a ele os liga atingem o máximo de intensidade.
Apenas excepcionalmente é que se pode admitir a transmissibilidade de alguns poderes relacionados a certos direitos da personalidade.
g) Imprescritibilidade = Deve ser entendida no sentido de que inexiste um prazo para seu exercício, não se extinguindo pelo não uso.
Não se deve condicionar a sua aquisição ao decurso do tempo, uma vez que, segundo a melhor doutrina, são inatos, ou seja, nascem com o próprio homem.
h) Impenhorabilidade = Regra geral o direito de personalidade é impenhorável, pois, como já visto, eles não são valorados objetivamente (não tem o quanto estabelecido na lei).
No entanto, apesar dos direitos de personalidade jamais puderem ser penhorados, não há qualquer impedimento legal na penhora dos seus créditos correspondentes.
i) Vitaliciedade = Os direitos da personalidade são inatos e permanentes, acompanhando a pessoa desde seu nascimento até sua morte. Destaque-se porém, que há direitos da personalidade que se projetam além da morte do indivíduo.
Classificação dos Direitos da Personalidade 
Para sua análise, consideramos conveniente classificá-los com base na tricotomia: Corpo / Mente / Espírito.
Classificação dos Direitos da Personalidade de acordo com a proteção à:
Vida e Integridade Física (corpo vivo, cadáver, voz).
Integridade psíquica e criações intelectuais (liberdade, criações intelectuais, privacidade, segredo).
Integridade Moral (honra, imagem, identidade pessoal).
Obs. Esta relação não deve ser considerada taxativa, mas apenas uma reflexão sobre os principais direitos personalíssimos, mesmo porque qualquer enumeração jamais esgotaria o rol dos direitos da personalidade, em função da constante evolução da proteção aos valores fundamentais do ser humano.
a) DIREITO À VIDA: A vida é o direito mais precioso do ser humano.
A ordem jurídica assegura o dto. à vida de todo e qualquer ser humano, antes mesmo do nascimento, punindo o aborto e protegendo os direitos do nascituro. 
Outra questão tormentosa diz respeito à eutanásia.
DIREITO À INTEGRIDADE FÍSICA:
Um dos termos mais difíceis, diz respeito justamente aos limites do poder de vontade individual em confronto com a necessidade de intervenções médicas ou cirúrgicas.
LER CC Art. 15.
Qualquer pessoa que se submete a tratamento médico, em especial intervenção cirúrgica, deve ter plena consciência de seus riscos, cabendo ao profissional, que acompanhar expressamente informá-la, recomendando-se, inclusive, o registro por escrito de tal fato, para prevenir responsabilidades.
O doente tem, portanto, a prerrogativa de se recusar ao tratamento, em função do seu direito à integridade física, valendo registrar que, no caso da impossibilidade de sua manifestação volitiva (vontade), deve esta caber ao seu responsável legal.
Obs. Não havendo, entretanto, tempo hábil para a oitiva (ouvir) do paciente. Ex.: Em uma emergência de parada cardíaca, o médico tem o dever de realizar o tratamento, independentemente de autorização, eximindo-se de responsabilidade.
 
 b.1) Direito ao Corpo Humano:
* Dto. ao Corpo Vivo.
O corpo, como projeção física da individualidade humana, também é inalienável, embora se admita a disposição de suas partes, seja em vida, seja para depois da morte, desde que, justificado o interesse público, e que isso não implique em mutilação, e não haja intuito lucrativo.
Nesse sentido, em relação ao próprio corpo foi consagrada a regra expressa no CC, art. 13 e art. 9º da Lei 9434/97.
b.2) Direito ao Corpo Morto (cadáver)
LER CC Art. 14.
Se a personalidade jurídica termina com a morte da pessoa natural, poder-se-ia defender, que deixaria de existir também sobre o cadáver qualquer direito.
Com fundamento de que é preciso proteger a dignidade do ser humano, seus restos mortais lhe representam post mortem, tem-se admitido à preservação, como direito da personalidade, do cadáver.
A violação do cadáver deve ser admitida em duas hipóteses:
*Direito à prova = Em caso de morte violenta, ou havendo suspeita da prática de crime, é indispensável a realização do exame necroscópico, na forma da legislação processual penal em vigor. (CPP, art. 162 – CP, arts. 211 e 212).
*Necessidade = Admite-se a retirada de partes do cadáver para fins de transplante e em benefício da ciência, na estrita forma da legislação em vigor, e sem caráter lucrativo (Lei n. 9434/97, art. 4º).
b.3) Direito à Voz = Proteção jurídica de um importante componente físico de identificação do ser humano.
A voz do ser humano, entendida como a emanação natural de som da pessoa, é também protegida como direito da personalidade. (CF, art. 5º, XXVIII).
O uso da voz de artistas profissionais na interpretação de personagens ou canções está sujeito à legislação de direitos autorais Lei n. 9.610/98, art. 89 ss. Também a Lei n. 6.615/78, regula as profissões e os direitos autorais dos radialistas inclusive dos dubladores.
DIREITO À INTEGRIDADE PSÍQUICA.
Toma-se a pessoa como ser psíquico atuante, que interage socialmente, incluindo-se nessa classificação o direito à liberdade, ao pensamento, á intimidade, à privacidade, ao segredo, além do direito referente à criação intelectual, conseqüência da própria liberdade humana.
c.1) Direito à Liberdade = O art. 5º da CF, refere-se à liberdade, em todas as suas formas, seja individualizada atéliberdade coletiva.
Várias maneiras que se encara a liberdade (civil, política, religiosa, sexual, etc.), com a enunciação de comportamentos próprios e distintos como a liberdade de locomoção, trabalho, de exercício, de atividade, de estipulação contratual, de comércio, de culto, de organização sindical, de imprensa, etc.
A análise das relações entre os direitos fundamentais demonstra que o exercício do direito à liberdade encontra a sua justa medida de contenção na esfera jurídica do outro.
c.2) Direito à Liberdade de Pensamento = Na CF, art. 5º, IV, estabelece expressamente “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. (CF, art. 220 s).
Segundo a doutrina de Manoel Gonçalves Ferreira filho, a liberdade de pensamento decompõe-se em:
- Liberdade do Foro Íntimo = Por meio desse direito, ninguém pode ser constrangido a pensar deste ou daquele modo.
- Liberdade de Consciência e Crença = Consagra-se a liberdade de opção quanto às convicções políticas, filosóficas e religiosas, devendo a lei resguardar também os locais de culto das liturgias.
c.3) Direito à Privacidade = Pela CF, art. 5º, X, considera-se inviolável a vida privada, entendida como a Vida Particular da pessoa natural, compreendendo como uma de suas manifestações o direito à intimidade.
LER CC, art. 21.
O elemento fundamental do ato à intimidade, manifestação primordial do direito à vida privada, é a exigibilidade de respeito ao isolamento de cada ser humano, que não pretende que certos aspectos de sua vida cheguem ao conhecimento de terceiros. Em outras palavras, é o direito de estar só.
Ex. o lar, a família e a correspondência são os mais comuns e visíveis. Ler CF, art. 5º, XI e XII – CP, arts. 150 e 151.
 
c.4) Direito ao Segredo Pessoal, Profissional e Doméstico .
A idéia de segredo abrange três esferas bem visíveis, a saber:
- Segredo das Comunicações = Trata-se do direito à manutenção sigilosa das comunicações em geral abrangendo o segredo da correspondência, telefônico e telegráfico.
Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1.996, regulamenta o inciso XII, parte final do art. 5º da Constituição Federal da República.
- Segredo Doméstico = Está firmemente relacionado à inviolabilidade do domicílio. Cumpre lembrar que o direito ao segredo doméstico impõe-se, inclusive, entre parentes.
- Segredos Profissionais = Aqui não protege, como se poderia pensar, a vida privada ou o segredo de algum profissional, mas sim o direito da pessoa que teve que revelar algum segredo da sua esfera íntima a terceiro, por circunstância da atividade profissional deste.
d) DIREITO À INTEGRIDADE MORAL.
d.1) Direito à Honra = Um dos mais significativos direitos da personalidade, acompanhando o indivíduo desde o nascimento, até depois de sua morte.
- Objetiva = Correspondente à reputação da pessoa, compreendendo o seu bom nome e a fama de que desfruta no meio da sociedade.
- Subjetiva = Corresponde ao sentimento pessoal de estima ou à consciência da própria dignidade.
CF, art. 5º, X
CP, arts. 138, 139 e 140.
Também os crimes de imprensa, Lei n. 5.259, de 9 de fevereiro de 1.967.
d.2) Direito à Imagem = Direito à imagem deve ser posicionada entre os direitos morais, e não ao lado dos direitos físicos. Isso porque, os seus reflexos, principalmente em caso de violação, são mais sentidos no âmbito moral do que propriamente no físico.
A imagem constitui a expressão exterior sensível da individualidade humana, digna de proteção jurídica.
Imagem Retrato = é o aspecto físico da pessoa
Imagem Atributo = corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, ou seja, à forma como ele é visto socialmente.
LER CC, art. 20.
d.3) Direito à Identidade = Traduz a idéia de proteção jurídica aos elementos distintos da pessoa, natural ou jurídica, no seio da sociedade.
O nome integra a personalidade por ser o sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade.
O nome está protegido juridicamente pelo Código Civil, artigos 16, 17, 18 e 19, também no CP, art. 185.
Temos dois aspectos:
1) Aspecto Público = Do direito ao nome decorre do fato de estar ligado ao registro da pessoa natural (Lei n. 6.015/73, artigos 54, § 4º; 55), pelo que o Estado traça princípios disciplinares do seu exercício, determinando a imutabilidade do prenome (Lei n. 6.015/73, art. 58), salvo exceções expressamente admitidas, e desde que suas modificações sejam precedidas de justificação e autorização de juiz togado (Lei n. 6.015/73, arts. 56, 57 e 58).
2) Aspecto Individual = Manifesta-se na autorização que tem o indivíduo de usá-lo, fazendo-se chamar por ele, e de defendê-lo de quem o usurpar, reprimindo abusos cometidos por terceiros, que, em publicação ou representação, o exponham ao desprezo público ou ao ridículo mesmo que não tenha intenção difamatória.
LER CC, art. 17 .
Protege-se também a honra objetiva, ou que, sem autorização, o usem em propaganda comercial.
LER CC, art. 18.
Ainda, com intuito de obterem proveito político, artístico, eleitoral, ou até mesmo religioso.
Essa proteção jurídica cabe também ao pseudônimo, adotado, para atividades licitas, por literatos e artistas.
LER CC, art. 19.
PSEUDÔNIMO:
Pseudo = Falso. Nome falso ou suposto, comum nos meios literários e artísticos. Ex.: Di Cavalcanti (Emiliano de Albuquerque Melo).
Em regra, dois são os elementos constitutivos do nome:
I – PRENOME = Próprio da pessoa.
Pode ser:
Simples = João, Carlos, Maria.
Duplo = João Antônio, Maria Amélia.
Triplo ou Quádruplo = Como se dá em famílias reais (Caroline Louise Marguerite, princesa de Mônaco).
O prenome pode ser livremente escolhido, desde que não exponha o portador ao ridículo, caso em que os oficiais do Registro Público poderão recusar-se a registrá-lo. Se os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos (pagamento de taxa), à decisão do juiz competente. (Lei n. 6.015/73, art. 55, § único).
II – PATRONÍMICO (nome de família ou sobrenome).
Comum a todos os que pertencem a certa família.
É o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação, sendo, por isso, imutável, podendo advir do apelido de família paterno, materno ou de ambos.
Pode ser:
Simples = Silva, Ribeiro.
Composto = Araújo Mendes, Alcântara Machado.
Podendo ser acompanhados das partículas: de, do, da, dos e das, que dele fazem parte, indicando, às vezes, procedência nobre.
Os apelidos de família são adquiridos, com o simples fatos de nascimento, pois a sua inscrição no registro competente tem caráter puramente declaratório.
O filho reconhecido receberá os apelidos do que reconheceu, prevalecendo o sobrenome paterno se reconhecido tanto pelo pai como pela mãe. Em relação ao filho não reconhecido, prevalece o patronímico materno.
A aquisição do sobrenome pode decorrer também de ato jurídico, como adoção, casamento ou por ato de interessado, mediante requerimento ao magistrado.
Obs. Na adoção o filho adotivo não pode conservar o sobrenome de seus pais de sangue, deverá acrescentar o do adotante. Na certidão dos filhos adotivos, pode figurar como avós os pais dos adotantes. (Tribunal de Justiça de São Paulo –RT 433:76) 
Com a celebração do casamento surge para qualquer dos nubentes o direito de acrescer, se quiser, ao seu o sobrenome do outro. (CC, art. 1.565, § único).
Perdendo esse direito com a anulação do matrimônio, ou por deliberação em sentença de separação judicial. ( CC, art. 1.571, § 2º - Lei n. 8.408/92 e Lei n. 6.515/77, arts. 17,18,25 § único, e 50).
Já no § 2º do art. 1.571 do CC. “O cônjuge poderá manter o nome de casado”. ( Ler CC, art. 1.571, § 2º).
III – AGNOME.
Sinal distintivo que se acrescenta ao nome completo, para diferenciar parente que tenham o mesmo nome. Ex. Filho, Júnior, Neto, Sobrinho.
IV – ALCUNHA OU EPÍTETO.É designação dada a alguém devido uma particularidade sua, como: Tiradentes, Xuxa, Pelé, Lula, podendo agregar-se de tal sorte à personalidade da pessoa.
V – HIPOCORÍSTICO.
É o nome que se dá a uma pessoa para exprimir carinho, como: Nando (Fernando), Edu ou Dudu (Eduardo), Bel ou Bebel (Isabel).
A inalterabilidade do nome seja de ordem pública, sofre exceções quando:
a) – Expuser o seu portador ao ridículo, ou a situações vexatórias. Ex. Maria Passa Cantando.
O nome da criança tem ligação com a tradição de seus genitores e se no futuro sentir-se ridicularizada, nada impede que postule sua modificação.
b) – Houver erro gráfico evidente. Como por exemplo: Osvardo, quando o certo é Osvaldo, “Ulice”, quando na verdade é Ulisses, por ter seu portador provado que em sua família os nomes eram tirados da mitologia grega, tendo um irmão chamado Homero (RT.432:75). Trata-se de caso de Retificação de prenome, e não de Alteração de nome.
c) Causar embaraço no Setor Comercial, ou em atividade profissional, evitando a homonímia (aquele que tem o nome, palavra que se pronuncia da mesma forma, embora a ortografia e a origem sejam diferente).
d) Houver mudança de sexo. Essa retificação de registro de nome só tem sido, em regra, admitida em caso de intersexual (RT. 672:108) – Maria Helena Diniz, não há lei que acate a questão da adequação do prenome de transexual no registro civil.
e) Houver apelido público notório, que pode substituir o prenome do interessado, se isso lhe for conveniente e desde que não seja proibido em lei. (Lei n. 6.015/73, art. 56,parágrafo único).
Ex.: Xuxa, Lula.
f) For necessária a alteração de nome completo para proteção de vítimas e testemunhas de crimes, bem, como de seu cônjuge, convivente, ascendentes, descendentes, inclusive filhos menores. (Lei n. 9.807/99, art. 9º, §§ 1º ao 5º, 16,17). (Lei n. 6.015/73, arts. 57, §7º e 58, parágrafo único).
LER - art. 56 da Lei n. 6.015/73.
Com observância do art. 57 da Lei 6.015/73, desde que haja motivo justo.
Tem-se entendido que não haverá necessidade de o menor aguardar a maioridade para alterar nome ridículo, corrigir falha ortográfica, ou incluir o nome de família materno (RT. 562:73), desde que representado ou assistido.
Mas, para acrescentar novos nomes intermediários, como por exemplo, inserir um apelido pelo qual ficou conhecido, colocar o nome dos avôs, terá que aguardar o prazo decadencial de um ano após ter atingido a maioridade. Depois desse prazo a alteração apenas poderá ser feita por exceção e motivadamente, mediante sentença judicial (Lei n. 6.015/73, art. 57). 
ESTADO DA PESSOA NATURAL
Indica sua situação jurídica nos contextos: políticos, familiar e individual.
Estado = Modo particular de existir, é a posição jurídica da pessoa no seio da coletividade, no meio social.
Três são as espécies:
a) Estado Político: Qualidade jurídica que advém da posição do indivíduo como parcela de uma sociedade politicamente organizada.
Categoria que interessa ao Dto. Constitucional, e classifica as pessoas em nacionais e estrangeiros. Para tanto leva-se em conta a posição do indivíduo em face do Estado. ( CF, art. 12, II, alínea “b”).
b) Estado Familiar: Categoria que interessa ao Dto. de Família, considerando as situações do cônjuge e do parente. A pessoa poderá ser: casada, solteira, viúva, divorciada ou separada. No que concerne ao parentesco consangüíneo: pai, mãe, filho, avô, avó, neto, irmão, tio, sobrinho, primo. E quanto à afinidade: sogro, sogra, genro, nora, madrasta, padrasto, enteado (a), cunhado (a).
O estado familiar, leva em conta a posição do indivíduo no seio da família.
c) Estado Individual ou Físico: esta categoria baseia-se na condição física do indivíduo influente no seu poder de agir. Considera-se, portanto, idade, sexo e a saúde. 
Partindo-se de tal estado, fala-se em: idade – maior ou menor; sexo – masculino ou feminino; saúde mental, física e sã de espírito; surdo – mudo. Todos os elementos citados influenciam em sua capacidade civil.
Obs. O estado da pessoa é a soma de suas qualificações permitindo sua apresentação na sociedade, numa determinada situação jurídica para que possa usufruir dos benefícios e vantagens decorrentes, e sofrer os ônus e obrigações que dela emanam. 
Os atributos da pessoa, componentes de seu estado, caracterizam-se pela irrenunciabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.
O estado civil é uno e indivisível, pois ninguém pode ser simultaneamente casado e solteiro, maior ou menor, brasileiro ou estrangeiro (salvo nos casos de dupla nacionalidade). 
Por ser o estado da pessoa um reflexo de sua personalidade, ele não pode ser objeto de comércio por ser indisponível. Em virtude disso, é irrenunciável, de modo que nula seria a renúncia de alguém ao estado de filho. Contudo, essa indisponibilidade não acarreta a possibilidade de sua mutação.
Ex.: Casado pode passar à condição de viúvo ou divorciado. Todavia, tal mutabilidade não é arbitrária (não depende apenas da vontade da parte), pois requerer-se-á a verificação de determinadas condições ou formalidades legais como: morte, divórcio, separação judicial.
O estado civil recebe proteção jurídica de ações de Estado, que tem por objetivo criar, modificar ou extinguir um estado, constituindo um novo, sendo por isso, personalíssimas, intransmissíveis e imprescritíveis, requerendo sempre a intervenção estatal. É o que se dá com a interdição, separação judicial, divórcio, anulação de casamento e etc., que resultam de sentença judicial.

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