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REDES REDES INDUSTRIAISINDUSTRIAIS Parte 2 Unidades 3 a 6 PROF: Clidenor Filho O presente material é constituído por seções elaboradas e organizadas a partir de livros, apostilas, catálogos de fabricantes e demais referências de comprovada relevância para o estudo de redes de comunicações industrias, os quais estão referenciados ao final de cada unidade, selecionados pelo Professor Clidenor Ferreira de Araújo Filho. Redes Industriais Parte 2 • Redes de Comunicação o Unidade 3 – Introdução às Redes Industriais o Unidade 4 – Interface ASI o Unidade 5 – Profibus o Unidade 6 – Devicenet Setembro 2005 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais INTRODUÇÃO ÀS REDES INDUSTRIAIS Uma rede industrial consiste numa variedade notável de domínios (uma fábrica de produção de produtos alimentares, supervisão de máquinas, etc). Tais domínios são potenciais usuários das redes de campo, sendo que para alguns, as redes de campo estão infiltradas na configuração da produção. Assim, a abordagem às redes de campo deve considerar todas estas diferentes necessidades. 3.1 NÍVEIS DE UMA REDE INDUSTRIAL Numa rede industrial coexistem equipamentos e dispositivos de todo o tipo, os quais podem ser agrupados hierarquicamente para estabelecer ligações mais adequadas para cada área. Desta forma, são definidos três níveis de hierarquias cada qual responsável pela conexão de diferentes tipos de equipamentos com suas próprias características de informação: • Nível de Informação (Nível 2): é o nível mais elevado, o qual é destinado a um computador central que processa o escalonamento da produção da planta e permite operações de monitoramento estatístico da planta sendo implementado, geralmente, por softwares gerenciais (MIS). O padrão Ethernet operando com o protocolo TCP/IP é o mais comumente utilizado neste nível. • Nível de controle (Nível 1): é a rede central localizada na planta incorporando PLCs, DCSc e PCs. A informação deve trafegar neste nível em tempo real para garantir a atualização dos dados nos softwares que realizam a supervisão da aplicação. • Nível de controle discreto ou de E/S (Nível 0):, se refere geralmente às ligações físicas da rede ou o nível de I/O. Este nível de rede conecta os equipamentos de baixo nível entre as partes físicas e de controle. Neste nível encontram-se os sensores discretos, contatores e blocos de I/O. 78 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Figura 3.1.- Níveis de uma rede industrial Nota-se que esta estrutura não é universal, existindo casos onde se encontram mais ou menos níveis, dependendo da dimensão do processo e da própria indústria. 3.2 MOTIVAÇÃO PARA REDES INDUSTRIAIS A maioria das redes de comunicação existentes no mercado procuraram atender a demanda existente na automação de escritórios. A grande maioria destas redes são baseadas no protocolo CSMA/CD, com o qual se iniciaram os desenvolvimentos de redes locais. A comunicação de dados em ambiente industrial apresenta, no entanto, características e necessidades que tornam a maioria das redes para automação de escritório inadequadas. Algumas destas características são: • ambiente hostil para operação dos equipamentos (perturbações eletromagnéticas, elevadas temperaturas, sujeira, etc.); • a troca de informações se dá, na maioria das vezes, entre equipamentos e não entre um operador humano e o equipamento; • os tempos de resposta e a segurança dos dados são críticos em diversas situações; • uma grande quantidade de equipamentos pode estar conectada na rede, o que torna a questão de custos muito importante. 3.3 PROTOCOLOS DE ACESSO INDUSTRIAIS As redes de difusão apresentam aspectos interessantes que as tornam uma solução bastante adequada aos requisitos de comunicação industrial. Um problema importante na utilização das redes de difusão é o método de acesso ao meio (que é compartilhado) pois, uma vez que vários equipamentos deverão trocar informações num dado instante, a 79 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais decisão de quem vai ter o direito de uso do meio para o envio de uma mensagem não é uma tarefa evidente, como será visto nesta seção. Os protocolos de acesso ao meio tem papel fundamental no tempo de entrega de uma mensagem via rede. Como veremos a seguir, este tempo é importante para aplicações com características de tempo real. Aplicações Industriais freqüentemente requerem sistemas de controle e supervisão com características de Tempo-Real. Um Sistema Tempo-Real é um sistema computacional para o qual é requerida uma reação a estímulos (físicos ou lógicos) oriundos do ambiente dentro de intervalos de tempo impostos pelo próprio ambiente (Figura 3.2). A correção não depende somente dos resultados lógicos obtidos, mas também do instante no qual são produzidos. Figura 3.2. Sistema de Controle em Tempo-Real. A arquitetura de sistemas computacionais utilizados para controle e supervisão de processos industriais em tempo real tem apresentado nos últimos anos uma clara tendência para a distribuição das funções de controle, como ilustrado na Figura 3.3. Figura 3.3. Arquitetura STR. 80 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Em aplicações tempo real, é importante poder determinar o comportamento temporal do sistema de comunicação envolvido. As mensagens em sistemas de tempo real podem ter restrições temporais associadas e podem ser classificadas em: • Periódicas: tem que ser enviadas em intervalos conhecidos e fixos de tempo. Ex.: mensagens ligadas a malhas de controle. • Esporádicas: mensagens sem período fixo, mas que tem intervalo de tempo mínimo entre duas emissões consecutivas. Ex.: pedidos de status, pedidos de emissão de relatórios. • Aperiódicas: tem que ser enviadas a qualquer momento, sem período nem previsão. Ex.: alarmes em caso de falhas. Do ponto de vista da programação distribuída, o suporte de transmissão constitui um recurso compartilhado entre as estações a ele conectadas. Os métodos de definição de direito de acesso utilizados nas redes locais são os denominados protocolos de acesso ao meio. O problema de comunicação em tempo real tem forte ligação com o tipo de protocolo de acesso ao meio adotado. Os protocolos de acesso ao meio (situados na subcamada MAC - vista na Unidade 2), utilizados, precisam garantir rápido acesso ao suporte de transmissão para mensagens esporádicas de alta prioridade. Tais protocolos devem também atender mensagens periódicas com a maior eficiência possível. Dentre os protocolos que atendem às exigências de comportamento temporal mencionadas, merecem destaque os protocolos: • CSMA/NBA – Carrier Sense Multiple Access with Non Destructive Bitwise Arbitration • CTDMA – Concurrent Time Domain Multiple Access • CSMA/CD - Carrier Sense Multiple Access with Colision Detection (já visto na Unidade 2) 3.3.1 CSMA/NBA Através deste protocolo qualquer nó pode acessar o suporte de comunicação quando este se encontrar livre. Caso haja contenção (disputa), ocorrerá arbitragem bit a bit baseada na prioridade da mensagem que é função de um identificador (precedência) de pacote de 11 bits. Cada nó inicia um processo de transmissão e escuta o meio para conferirbit a bit se o dado enviado é igual ao dado recebido. Os bits do campo identificador com um valor dominante sobrescrevem os bits com um valor recessivo, de acordo com a seguinte precedência: o bit “0” é dominante sobre o bit “1”. Qualquer transmissor pode acionar o barramento no estado dominante. O barramento pode estar no estado recessivo quando nenhum transmissor estiver no estado dominante. Se um nó que transmite um bit recessivo recebe um bit dominante enquanto envia o campo de arbitragem, ele pára de transmitir. Logo, o vencedor de uma arbitragem entre dois nós transmitindo simultaneamente é o com o menor numero do identificador. Vale ressaltar que, dois nós jamais poderão apresentar o mesmo identificador. A Figura 3.4 ilustra o processo de arbitragem. 81 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Figura 3.4. CSMA/NBA. Suponha que os nós 1, 2 e 3 iniciem a transmissão simultaneamente. Todos os nós escrevem e lêem o mesmo bit do barramento até que o nó 2 tenta escrever um bit recessivo (1) e lê no barramento um bit dominante (0). Neste momento o nó 2 passa para o modo de leitura. Um pouco mais à frente o mesmo acontece com o nó 1. Isto significa que o valor do identificador da mensagem 3 tem um menor valor binário e portanto, uma maior prioridade que as demais mensagens. Para evitar que um nó gerador de uma mensagem de alta prioridade monopolize o suporte de transmissão tentando transmitir novas mensagens com a mesma prioridade imediatamente após a primeira, o espaço entre frames consecutivos é preenchido por um campo de bits em “1” inserido no final do quadro, com comprimento definido. O suporte de transmissão só é considerado livre para um nó enviar nova mensagem após ter detectado que o espaço interframes não foi interrompido por um bit em “0”. Isto implica em que a estação possuidora da mensagem de alta prioridade terá que esperar ao menos o envio de uma mensagem de prioridade menor para tomar o suporte de transmissão para si novamente (isto será feito no espaço interframes de mensagem menos prioritária). 3.3.2 CTDMA Este protocolo possui dois tipos de serviço, o serviço programado e o não programado. O serviço programado permite que cada nó configurado tenha o seu momento para transmitir em cada intervalo. O serviço não-programado tem início com um nó diferente em cada intervalo. Durante o intervalo cada nó pode realizar diferentes acessos a rede dependendo da carga da rede. 82 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Figura 3.5. CTDMA. 3.4 MODELOS DE REDES INDUSTRIAS As redes industrias suportam dois modelos principais na modelagem de suas topologias. São eles os modelos Fonte/Destino (Mestre/Escravo e Peer-to-Peer) e Produtor/Consumidor (Multi-Mestre, Mudança de Estado do Dado e Cíclico). 3.4.1 FONTE/DESTINO Neste modelo as informações são trocadas entre dispositivos endereçados, ou seja, os quadros de dados necessitam dos endereços fonte e destino, como mostra a Figura 3.6. Figura 3.6. Modelo Fonte/Destino. 83 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais 3.4.1.1 Mestre/Escravo O PLC ou scanner possui a função de mestre e realiza um polling dos dispositivos de E/S ditos escravos. Os escravos somente respondem às interrogações do mestre. Neste sistema o mestre é fixo, existindo apenas um mestre por rede. (a) (b) Figura 3.7. Modelo Mestre/Escravo. 3.4.1.2 Peer-to-Peer Redes peer-to-peer não possuem um mestre fixo, ou seja, nenhum dispositivo possui a princípio prioridade sobre os demais. Cada nó tem o direito de gerar mensagens para a rede, quando de posse de uma permissão (token). O mecanismo de passagem de token pode ser baseado na posição do nó no anel virtual ou definido por um mecanismo de prioridades. (a) 84 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais (b) Figura 3.8. Modelo Peer-to-Peer. 3.4.2 PRODUTOR/CONSUMIDOR Neste paradigma os dados são identificados pelo seu conteúdo. A mensagem não necessita explicitar os endereços fonte e destino dos dados. Também não existe o conceito de mestre. Qualquer nó (dispositivo) pode iniciar um processo de transmissão. Vale ressaltar que, este paradigma permite também a utilização dos modelos apresentados anteriormente. Figura 3.9. Modelo Produtor/Consumidor. 3.4.2.1 Multi-Mestre Neste modelo uma mensagem pode alcançar diversos destinatários simultaneamente. Na Figura abaixo temos um exemplo com a troca de duas mensagens: 85 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais • Mensagem #1 ? A referência de posição do sensor é transmitida em multicast aos dispositivos CTRL1, 2 e HMI. • Mensagem #2 ? O comando de velocidade do CTRL1 é transmitido simultaneamente aos três drives e ao HMI. Figura 3.10. Modelo Multi-Mestre. 3.4.2.2 Mudança de Estado Neste modelo os dispositivos relatam mudanças de estados. Logo, ao invés de termos um mestre realizando a leitura cíclica de cada dado, os dispositivos de campo enviam os dados ao mestre quando houver variação de um valor em uma variável. Como conseqüência o trafego na rede é reduzido e o desempenho ampliado. Também é possível configurar uma mensagem de heart beat. O dispositivo envia uma mensagem quando um dado variou ou quando o sistema ficar sem comunicação por um período de tempo determinado. Desta forma, sabe-se que o dispositivo está ativo ou não. (a) 86 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais (b) Figura 3.11. Modelo Mudança de Estado. 3.4.2.3 Cíclico Os dispositivos de campo atualizam o mestre periodicamente em bases de tempo pré- estabelecidas, ou seja, os dispositivos relatam dados em intervalos de tempo configurados pelo usuário. Tal modelo apresenta-se extremamente adequado à aplicações com pequena variação de E/S analógica, uma vez que o tráfego na rede é reduzido. O modo de operação deste modelo permite ainda a implementação dos modelos mudança de estado e produção cíclica, os quais são configuráveis nó a nó. Figura 3.12. Modelo Cíclico. Vale ressaltar que, nestes dois últimos tipos de mensagens o consumidor deve enviar um ACK ao produtor. 3.5 CONFIABILIDADE Em aplicações industriais onde são transmitidos muitos códigos de comando, leitura de medidores e comando de atuadores, um erro de um Bit qualquer pode ter conseqüências desastrosas. A transferência de programas para máquinas de Comando Numérico, por exemplo, exige um sistema altamente confiável, pois são transmitidos códigos de comando cuja mínima alteração pode produzir danos de elevado custo. Desta forma, redes industriais de comunicação tem que oferecer uma elevada confiabilidade. 87 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Para aumentar esta confiabilidade nas mensagens transmitidas, normalmente é usado um teste cíclico de redundância (CRC - Cyclic Redundance Check), já visto na Unidade 2. Em sistemas que necessitem de uma operação contínua, pode ser utilizado um meio de transmissão e estações de controleredundantes. Além disso, os cabos utilizados em geral são blindados. 3.6 CLASSIFICAÇÃO DAS REDES INDUSTRIAIS As redes de equipamentos são classificadas pelo tipo de equipamento conectado a elas e o tipo de dados que trafega pela rede. Os dados podem ser bits, bytes ou blocos. As redes com dados em formato de bits transmitem sinais discretos contendo simples condições ON/OFF. As redes com dados no formato de byte podem conter pacotes de informações discretas e/ou analógicas e as redes com dados em formato de bloco são capazes de transmitir pacotes de informação de tamanhos variáveis. Assim, classificam-se as redes quanto ao tipo de rede de equipamento e os dados que ela transporta como: • Redes de campo efetivas o DeviceBus o FieldBus); • Redes de campo de nível mais baixo o SensorBus Figura 3.13. Classificação das Redes. 88 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais 3.6.1 REDES DE CAMPO DE BAIXO NÍVEL Elas ligam nós sem ou com inteligência limitada com propósito de acessarem dados elementares de outro nó do processo, tal como estados de entrada/saída dos sensores e atuadores. 3.6.1.1 SensorBus A rede sensorbus conecta equipamentos simples e pequenos diretamente à rede. Os equipamentos deste tipo de rede necessitam de comunicação rápida em níveis discretos e são tipicamente sensores e atuadores de baixo custo. Estas redes não almejam cobrir grandes distâncias, sua principal preocupação é manter os custos de conexão tão baixos quanto for possível. Exemplos típicos de rede sensorbus incluem Seriplex, ASI e INTERBUS Loop. 3.6.2 REDES DE CAMPO EFETIVAS A palavra "campo" sugere qualquer coisa como geográfico ou limite contextual. Isto é particularmente verdadeiro em diferentes níveis de abstração, conforme poderemos verificar posteriormente quando tratarmos da integração e da produção (caso da produção integrada por computador - CIM). Por outro lado, a palavra "rede" é bem conhecida na ciência da computação: uma rede constitui-se por um conjunto de linhas elétricas comuns, ligando vários circuitos para transferir dados entre eles. Sem entrar em detalhes, quero no entanto, mencionar a relação entre "linhas comuns" e "vários circuitos": contrariamente a ligações ponto-a-ponto, as quais permitem dois circuitos trocar dados, uma rede une normalmente um grande número de entidades que desempenham um papel ativo nessa troca. Por outro lado, uma rede de campo transfere, na maior parte dos casos, informação de uma forma sequencial (série, uma após outra). A vantagem de uma transferência série é a requisição de apenas um número limitado de linhas (cerca de 2 a 3 na maioria dos casos), que permitem cobrir grandes distâncias. Este nível agrupa todas as redes que permitem a transmissão de quadros com o tamanho de 12 a 256 bytes. A resposta temporal é da ordem dos mili-segundos aos décimos de segundo. As redes de campo têm a tarefa de ligar unidades inteligentes que cooperam no processamento do trabalho produtivo, necessitando de mais respostas imediatas a tempos críticos que nos níveis mais elevados de uma cadeia produtiva. Uma vez que os nós funcionam conjuntamente, na maior parte dos casos, um nó coordena e distribui tarefas, o que corresponde a uma das razões pelas quais as redes de campo são construídas baseadas em uma hierarquia mestre-escravo ("master-slave"): o mestre controla operações e comunicações através de, ciclicamente, questionar os escravos -"polling"- que lhe podem responder apenas se ele lhes permitir. Este modo de procedimento elimina qualquer confusão na rede, uma vez que o protocolo permite apenas que um nó possa transmitir dados de cada vez. No entanto, esta estrutura rígida apresenta problemas no que diz respeito ao mestre: se um nó mestre pára de trabalhar corretamente, tudo deixa de funcionar. A maior parte das redes de campo atuais, tais como a Profibus FMS ou a nova BitBus (IEEE-1118), é capaz de comutar o papel de mestre para outro nó se tal for necessário, ou se um mestre estiver inativo. 89 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Por fim, é possível cobrir uma parte do nível imediatamente abaixo de uma rede de campo, embora de uma forma limitada. Isto requer uma estimação precisa da quantidade de dados global que ela deve suportar para evitar sobrecarga. Adicionalmente, a maior parte das redes de campo permitem o acesso aos recursos das camadas inferiores, tais como PLC’s, cobrindo assim algumas dessas camadas. Neste caso é também importante estabelecer de uma forma precisa a capacidade suficiente de comunicação: a carga da rede deve ser o mais reduzida possível para permitir uma rápida reação às alterações de estado dos seus sinais. 3.6.2.1 Redes DeviceBus A rede devicebus preenche o espaço entre redes sensorbus e fieldbus e pode cobrir distâncias de até 500 m. Os equipamentos conectados a esta rede terão mais pontos discretos, alguns dados analógicos ou uma mistura de ambos. Além disso, algumas destas redes permitem a transferência de blocos em uma menor prioridade comparado aos dados no formato de bytes. Esta rede tem os mesmos requisitos de transferência rápida de dados da rede de sensorbus, mas consegue gerenciar mais equipamentos e dados. Alguns exemplos de redes deste tipo são DeviceNet, Smart Distributed System (SDS), Profibus DP, LONWorks e INTERBUS-S. 3.6.2.2 Redes FieldBus A rede fieldbus interliga os equipamentos de I/O mais inteligentes e pode cobrir distâncias maiores. Os equipamentos acoplados à rede possuem inteligência para desempenhar funções específicas de controle tais como loops PID, controle de fluxo de informações e processos. Os tempos de transferência podem ser longos mas a rede deve ser capaz de comunicar-se por vários tipos de dados (discreto, analógico, parâmetros, programas e informações do usuário). Exemplo de redes fieldbus incluem IEC/ISA SP50, Fieldbus Foundation, Profibus PA e HART. 3.7 PIRÂMIDE CIM Antes da escolha da solução para um problema, é necessário efetuar uma análise abstrata, independentemente de considerações econômicas, políticas ou comerciais e da dificuldade de evita-las posteriormente. Numa fábrica existem vários níveis de processamento de dados, cada um deles com os seus próprios requisitos. A administração possui megabytes de dados, mas o seu tempo de resposta não é critico e reside num intervalo que varia desde alguns minutos até algumas horas ou dias (os backups são efetuados uma vez por dia, os relatórios para os gestores podem tolerar algumas horas sem que daí resulte qualquer problema). A produção, ao contrário, que é o principal usuário das redes de campo, possui constrangimentos diferentes. Em um nível mais baixo, encontramos redes que transferem apenas poucos bytes, porém sua reação temporal deve ocorrer em alguns mili ou micro-segundos. 90 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Figura 3.14. Pirâmide CIM. Tais diferenças definem o primeiro critério para avaliar a escolha do tipo de rede a adotar. Parâmetros tais como tempo de resposta e quantidade de dados são geralmente conhecidos para determinada aplicação, embora possam mais tarde não serem facilmente integrados num conceito bem estruturado, tal como o da pirâmide CIM. 3.8 PROJETOS DE REDES INDUSTRIAIS As exigências de comunicação entre unidades para a integração flexível dos sistemas de automação, descritas nos itens anteriores, evidenciam a necessidade de uma especificação de redes locais para aplicações industriaisdiferente daquela adotada em automação de escritório. Existem diversas redes proprietárias para ambiente fabril, desenvolvidas por grandes empresas e que normalmente utilizam um protocolo específico desenvolvido pelo próprio fabricante. Estas redes não permitem a interligação de equipamentos de outros fabricantes. Desta forma o usuário fica na total dependência de um único fornecedor. A arquitetura das redes de comunicação industrial deve integrar sistemas heterogêneos de diferentes fabricantes, suportando tanto a operação de chão de fábrica quanto as funções de apoio à produção. A definição de padrões de protocolos de comunicação e a sua adoção por diferentes fabricantes deverá permitir a interconexão (interoperabilidade) e até mesmo a intercambiabilidade das várias unidades de processamento (neste caso, equipamentos produzidos por fabricantes diferentes podem ser facilmente incorporados à instalação, simplesmente conectando-os ao sistema de comunicação). Entre as diversas iniciativas para padronização para redes industriais, merece destaque o Projeto MAP (incluindo MAP/EPA e MINI-MAP) como a primeira tentativa de criação de uma verdadeira rede de comunicação industrial. 91 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais 3.9 PROJETO MAP O projeto MAP tem como mérito a apresentação de uma proposta concreta para a comunicação no ambiente de fábrica, estabelecendo as condições necessárias para a integração dos componentes de automação em um ambiente integrado segundo a pirâmide CIM. O projeto MAP nasceu no início dos anos 80 por iniciativa da GM (General Motors). Na época, apenas 15% dos equipamentos programáveis de suas fábricas eram capazes de se comunicar entre si. Além disso, os custos de comunicação eram muito elevados, avaliados em 50% do custo total da automação, isto devido às conexões especiais necessárias entre cada equipamento. Ainda, cada nova instalação ou expansão no sistema existente estava associada a uma despesa não desprezível. Considerando que, na época, estava previsto que a quantidade de equipamentos programáveis deveria sofrer uma expansão de 400 a 500% num prazo de 5 anos, o problema de comunicação tornou-se, efetivamente, uma prioridade a nível da empresa. Diante do grave problema, a decisão deveria ser tomada no sentido de definir uma solução que estivesse associada ao desenvolvimento de uma proposta padronizada que permitisse interconectar todos os equipamentos da planta. Neste contexto, surgiu o projeto MAP, através da criação de uma força tarefa reunindo profissionais das diversas divisões da GM, cujo objetivo inicial era investigar a possibilidade de utilização do modelo de referência OSI como base para a proposta padronizada da empresa. Um ano mais tarde, em 1981, a GM uniu-se a outras empresas - Digital Equipment Corporation (DEC), Hewlett-Packard (HP) e IBM - definindo a solução do problema baseada na utilização de uma arquitetura de comunicação para rede local baseada no modelo a sete camadas do OSI. Uma primeira preocupação deste grupo de trabalho foi a seleção de alguns dos padrões de protocolo definidos para o modelo OSI que pudessem ser adotados na arquitetura MAP. A partir dai o projeto foi ganhando corpo e adesões por parte de outras empresas, tornando-se uma realidade nos anos 90 e dando origem a outras propostas de arquiteturas de comunicação orientadas a outros níveis das atividades da empresa. 3.9.1 ARQUITETURA MAP Uma vez adotado o modelo OSI como referência para a arquitetura de comunicação, o problema era selecionar as propostas a serem implementadas a nível de cada camada. Para as camadas 1 e 2, foram selecionados, respectivamente, as normas IEEE 802.4 (Token Bus) e IEEE 802.2 (LLC). Do ponto de vista da camada Física, foi escolhido o suporte de comunicação em banda larga (broadband), em função das seguintes razões: • possibilidade de definição de vários canais de comunicação sobre um mesmo suporte de comunicação, o que permitiria a coexistência de várias redes, minimizando as modificações de cablagem durante a transição para MAP; • permitiria a troca de outros sinais, como voz e imagem para determinadas aplicações, tais como a supervisão, o circuito fechado de TV, a teleconferência etc; • broadband é parte da norma IEEE 802.4 e estava sob estudos suportar o padrão IEEE 802.3 (CSMA/CD); • GM já possuía muitas instalações operando em broadband. 92 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Já a escolha do Token Bus foi motivada por fatores como: • inicialmente, era o único protocolo suportado em broadband; • muitos equipamentos programáveis já eram providos com o protocolo de enlace suportado por broadband e IEEE 802; • a possibilidade de implementar um esquema de prioridades de mensagens; • em caso de falhas físicas, mensagens de alta prioridade poderiam ser enviadas num tempo limitado. Apesar das razões expostas acima para a escolha do barramento com ficha, esta foi uma escolha relativamente debatida, principalmente porque a arquitetura MAP é a única a adotá-la e os circuitos integrados implementando IEEE 802.4 são utilizados exclusivamente para esta arquitetura. Além disso, outras propostas tinham sido adotadas pelos grandes fabricantes: Ethernet (IEEE 802.3) no caso da DEC e IEEE 802.5 no caso da IBM. A nível da camada de Enlace, embora as funções associadas sejam principalmente a detecção e recuperação de erros, optou-se por um protocolo que não implementasse estes serviços, o LLC tipo 1, deixando estas funções a cargo dos níveis superiores (mais particularmente, o nível Transporte). O serviço de Rede é sem conexão, cada mensagem sendo roteada individualmente através da rede. A norma ISO 8348, adotada a este nível, permite definir um conjunto de regras de endereçamento através da rede. O protocolo de roteamento utilizado aqui foi definido pelo projeto MAP e é atualmente normalizado na ISO sob o número 9542. A nível do Transporte, foi adotada a classe 4 do protocolo de Transporte da ISO (TP4, ISO 8072/73), orientado à conexão, com controle de erros. O serviço de Transporte oferece, então, um canal de comunicação confiável, sem perdas, erros, nem duplicação de mensagens. TP4 assegura ainda as funções de fragmentação e montagem de mensagens, o que permite que as mensagens trocadas a este nível sejam de qualquer dimensão. A norma ISO 8326/27 foi adotada para a camada de Sessão, assegurando as funções de comunicação full-duplex e de ressincronização. Na camada de Apresentação, os problemas de representação de dados são resolvidos com a adoção da sintaxe abstrata ASN.1, que serve de linguagem comum às diferentes formas de representação dos dados, características de cada equipamento. Dentre as funções oferecidas aos processos de aplicação, foram definidas, na camada de Aplicação, as seguintes normas: • MMS, para a troca de mensagens entre equipamentos de produção (que será visto em detalhes mais a frente); • FTAM, para o acesso e a transferência de arquivos; • ROS, para a gestão de nomes (diretório); • funções de gerenciamento de rede, para a gestão dos recursos, medição de desempenho e modificação dos parâmetros da rede. A Figura 3.15 apresenta as escolhas efetuadas a nível do projeto MAP, incluindo as versões EPA e Mini-MAP, que são consideradas aperfeiçoamentos do projeto original. Como a partir da versão 3.0 ocorreu uma unificação dos projetos MAP e TOP, a figura apresenta também as normas adotadas para a arquitetura TOP (Technical Office Protocol). 93 Prof. Clidenor Filho Introduçãoàs Redes Industriais Figura 3.15. Especificação MAP/TOP 3.0. 3.9.2 ARQUITETURA MAP-EPA Dadas as necessidades específicas de cada nível hierárquico de uma empresa, verificou- se que a proposta MAP original não permitia cobrir todos os níveis considerados, sendo mais adequada aos níveis superiores. A razão principal disto é que, apesar da excelente qualidade dos serviços oferecidos, a arquitetura com sete camadas oferece um overhead que passa a ser indesejável nos níveis mais baixos das atividades de uma empresa, sobretudo para aplicações com tempo de resposta crítico. Uma primeira solução para este problema foi a definição de uma versão simplificada da arquitetura MAP, denominada MAP-EPA (Enhanced Performance Architecture). A Figura 3.16 apresenta a proposta MAP-EPA. Esta proposta foi baseada na definição de duas pilhas de protocolos, a pilha normal Full- MAP e a pilha MAP-EPA, desprovida das camadas de Rede, Transporte, Sessão e Apresentação. Do ponto de vista das camadas baixas, o protocolo IEEE 802.4 continuava sendo adotado, porém sobre um suporte de transmissão em banda de base (baseband) a 5 Mbps. Nesta arquitetura, um processo de aplicação tem a opção de enviar seus dados através da pilha normal ou, em casos onde o requisito seja um tempo de resposta rápida, pela pilha MAP-EPA. Evidentemente, o fato das camadas 3 a 6 estarem ausentes acarreta a perda dos serviços oferecidos por estas. 94 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Figura 3.16. Arquitetura MAP-EPA. 3.9.3 ARQUITETURA MINI-MAP Uma terceira opção relacionada com a norma MAP foi a arquitetura Mini-MAP, baseada igualmente na supressão das camadas 3 a 6 para eliminar o overhead dos protocolos daquelas camadas. A arquitetura Mini-MAP é composta unicamente do segmento simplificado de MAP-EPA, e foi assim definida para evitar o alto custo das pilhas de protocolos paralelas de MAP-EPA (Figura 3.17). Esta nova proposta era dedicada aos níveis mais baixos, permitindo a comunicação em aplicações mais simples como, por exemplo, entre sensores inteligentes. O fato de não possuir a camada de Transporte fez introduzir um protocolo de Enlace mais sofisticado que o da proposta MAP, o LLC tipo 3, datagrama com reconhecimento. 95 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Figura 3.17. Arquitetura Mini-MAP. 3.9.3 PROTOCOLO MMS O protocolo MMS (Manufacturing Message Services or Specifications) foi normalizado na ISO como sendo o conjunto de serviços de comunicação oferecido às aplicações industriais, particularmente para viabilizar, dentro do ambiente OSI, as interações entre equipamentos de produção programáveis. MMS é o resultado dos trabalhos realizados no contexto do projeto MAP, para a definição de um conjunto de serviços de comunicação orientados às aplicações industriais. Atualmente, MMS tornou-se norma internacional, fazendo parte da camada de Aplicação da versão 3.0 de MAP, publicada em agosto de 1988. Sua documentação apresenta, de forma geral, como os serviços e o protocolo podem ser aplicados no contexto da utilização de um equipamento de produção genérico, sem levar em conta as particularidades de uma classe de equipamentos específica. O objetivo de MMS é oferecer serviços de comunicação que permitam a um sistema aberto (no sentido OSI) acessar os recursos existentes em outros sistemas abertos conectados à rede de comunicação. Eles permitem cobrir grande parte das necessidades de comunicação entre sistemas de produção, como, por exemplo, o carregamento remoto de programas, o controle remoto de um equipamento, a elaboração de relatórios de produção etc. 96 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais Os programas escritos pelos programadores de aplicação vão acessar (direta ou indiretamente) as primitivas de serviço MMS, que vão manipular objetos virtuais representando os recursos reais disponíveis num equipamento de produção distante. 3.9.3.1 Objetos MMS Os usuários dos serviços MMS são os processos de Aplicação (APs – Application Processes) executados num equipamento de produção ou num computador de supervisão. A comunicação entre dois APs através dos serviços MMS é realizada segundo um modelo Cliente-Servidor, onde o usuário Cliente é aquele que requisita uma operação sobre os recursos disponíveis num equipamento de produção distante, este sendo modelado por um usuário Servidor. O objeto de base definido em MMS é o Dispositivo Virtual de Produção ou VMD (Virtual Manufacturing Device), que representa, no contexto dos serviços MMS, um equipamento real de produção. Todo processo de aplicação modelado por um Servidor MMS possui, no mínimo, um objeto VMD. O principal componente do VMD é a Função Executiva, responsável pela gestão de acesso aos diferentes recursos do equipamento considerado, tais como memória, processadores, portas de E/S etc. O VMD define uma classe de objetos denominados domínios (Domains), que permitem reagrupar os programas e os dados necessários à execução do equipamento considerado. Estes programas e dados podem ser definidos de maneira estática ou dinâmica por meio dos serviços MMS. A execução de programas é gerenciada através de objetos denominados Invocação de Programa (Program Invocation), que podem, também, ser criados estática ou dinamicamente. Um operador humano pode se comunicar com um equipamento de produção, fazendo a entrada e saída de dados graças à definição de um objeto Estação Operador, sendo que um VMD pode gerenciar uma ou mais estações de operador. A norma prevê, ainda, objetos permitindo gerenciar a sincronização de processos e o acesso concorrente a recursos, que são os objetos Semáforos; para a detecção e o tratamento de eventos, os objetos Condição de Evento, Ação de Evento e Inscrição de Evento; e para a produção de relatórios de produção, os objetos Jornais. Foram definidos também objetos denominados variáveis (variables), que podem ser alocados dentro de um VMD. As variáveis podem se referir, por exemplo, a entradas e saídas de um CLP e podem ser lidas ou escritas remotamente. A cada classe de objetos MMS é associada uma classe de serviços responsáveis da sua manipulação, sob demanda de um usuário Cliente remoto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • KUROSE, J. F., Redes de Computadores e a Internet: Uma Nova Abordagem, 1a Edição, Addison Wesley, São Paulo, 2003. • STALLINGS, W., Data and Computer Networks, 6ª Edição, Prentice Hall, New Jersey, 2001. • COMER, D. Redes de Computadores e a Internet, 2ª Edição, Bookman, Porto Alegre, 2001. • FILHO, C. F. A., Redes de Comunicação, 2005. 142 f. (Apostila) – UNIUBE, Uberaba. 97 Prof. Clidenor Filho Introdução às Redes Industriais • STEMMER, M. R., Sistemas Distribuídos e Redes de Computadores para Controle e Automação Industrial, 2001. 276 f. (Apostila) – UFSC, Florianópolis. • FILHO, C. S., AS-Interface e Devicenet, 2002. 40 f. (Apostila) – UFMG, Belo Horizonte. • FLORIANO, J. C., Redes Industriais. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PROFISSIONAIS DE INSTRUMENTAÇÃO, CONTROLE E AUTOMAÇÃO, Anais do Terceiro Congresso, Salvador, 2003. • Como Implementar Projetos com Foundation Fieldbus, SMAR Equipamentos Industriais Ltda, Catálogo do Departamento de Engenharia de Aplicações da Área Nacional e Internacional associado ao Departamento de Treinamento, Sertãozinho, 32 f., Agosto 1998. 98 Prof. ClidenorFilho Interface ASI INTERFACE ASI 4.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS Com a grande tendência mundial de se automatizar as linhas de produção e manufatura intregrando-as em sistemas computadorizados, criou-se a necessidade de se utilizar redes de comunicação para os sensores de proximidade e atuadores. A rede AS-Interface propicia a interligação de sensores e atuadores, via uma rede de baixo custo, e que pode operar no ambiente industrial poluído eletromagneticamente. Para se compatibilizar os componentes, 11 fabricantes de renome do ramo de sensores/atuadores se uniram em 1990 em um consórcio. O Projeto AS-Interface de antes tornou-se agora a Associação AS-Interface que tem como objetivos a padronização internacional, o desenvolvimento contínuo do sistema, assim como a certificação dos produtos para a rede AS-Interface. No nível de comando mais baixo esta rede interliga sensores, contatores, chaves de partida, sinalizadores, botoeiras, entre outros, sendo que a quantidade de informações transmitidas se limitam a poucos bits. Para esta tarefa de interligação, os sistemas de transmissão de dados existentes antigamente, ou eram sobredimensionados ou simplesmente não podiam ser utilizados. Eles utilizavam condutores muito caros ou inadequados para a aplicação direta em campo (por exemplo: cabos de fibra de vidro, blindado ou inflexível) e a quantidade de dados era grande demais. Os protocolos de dados não comportavam ou a parte eletrônica do comando era muito complexa para que cada sensor binário pudesse se tornar participante do bus, já que o número deles poderia e pode ser enorme em grandes plantas industriais automáticas ou semi-automáticas. Além disso, a montagem e a colocação em funcionamento deveriam ser efetuadas da forma mais simples possível e sem formação especial para tal. Os custos de instalação deveriam ser baixos e a quantidade de dados a ser transmitida deveria ser suficiente. Por muito tempo a automação dos processos baseia-se no layout onde todos os sensores / atuadores possuem um fio de interligação com os controladores lógicos. Utilizando o sistema AS-Interface apenas um par de fio deve interligar todos os sensores atuadores, ou seja, a concepção da AS-Interface é a de um sistema com um único mestre e com varredura cíclica. Traduzindo, significa que há somente um módulo de comando (mestre) dentro da rede AS-Interface que consulta os dados de todos os outros participantes (escravos) em espaços de tempo exatamente definidos (varredura). O programa de controle na CPU não faz diferença se os dados foram obtidos via sistema de cabo normal com os módulos de I/0 convencionais, ou através de uma rede AS- Interface. O que significa dizer que com apenas pequenas mudanças no software (endereçamento) pode-se aplicar a rede AS-Interface em um PLC já existente. 99 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Figura 4.1. Layout da Automação de processos. 4.2 TOPOLOGIAS E ESPECIFICAÇÕES O sistema AS-Interface permite a montagem em qualquer topologia (barra, árvore e estrela), permitindo ainda que a qualquer momento possa se iniciar uma nova derivação, possibilitando a inclusão de novos sensores e atuadores, inclusive com a rede energizada, depois do projeto concluído sem a necessidade de lançar novos cabos. Figura 4.2. Topologias ASI. Em um sistema padrão AS-Interface pode-se conectar no máximo 31 (especificação 2.0) escravos sendo que cada escravo pode ter até quatro entradas e quatro saídas (no total até 124 bits de entrada e 124 de saída). Na especificação 2.1 (tecnologia A/B), permite- se a utilização de 62 escravos, endereçados pelos números de 1 a 31 cada número 100 Prof. Clidenor Filho Interface ASI subdividido em grupo A e B. Permitindo até 4 entradas e 3 saídas em cada escravo, totalizando 248 entradas e 186 saídas. Ex. escravo 1A, 1B. Figura 4.3. Especificações ASI. Cada sensor inteligente com chips de AS-Interface integrados recebem um endereço- escravo próprio e se comportam frente ao mestre como escravos "normais". Escravos são, no fundo, módulos de E/S descentralizados do controlador programável (CLP). 4.3 COMPONENTES PRINCIPAIS 4.3.1 MÓDULOS DE ENTRADA/SAÍDA Módulos eletrônicos com o chip integrado estão disponíveis para que sensores e atuadores convencionais possam ser integrados ao barramento AS-Interface. Os módulos permitem utilizar a tecnologia da rede AS-Interface, integrando componentes convencionais as características inteligentes, como a função de diagnóstico e parametrização; em instalações já existentes. Os módulos de entrada possuem até 4 entradas para sensores, botoeiras e demais contatos mecânicos. Figura 4.4. Módulos de Entrada e Saída. 101 Prof. Clidenor Filho Interface ASI 4.3.1.1 Escravos O escravo AS-Interface reconhece os bits de dados enviados pelo mestre e envia de volta os seus próprios. Em um módulo AS-Interface padrão pode-se pendurar, de cada vez, até quatro sensores e quatro atuadores binários. Fala-se de um escravo inteligente quando o chip do AS-Interface está integrado no sensor ou atuador. Os custos da parte eletrônica são muito baixos. Os sensores inteligentes possuem internamente o chip escravo AS-Interface, que proporciona 4 bits multidirecional de dados e 4 bits de parâmetros, viabilizando não só o bit de saída (acionamento do sensor), mas também parametrizações operacionais (estado da saída NA/NF, etc) bem como outras informações adicionais que são transferidas para o sensor. O chip proporciona ao sensor receber em um único par de fios a alimentação para o seu circuito interno (24Vcc) e os dados que são decodificados através do protocolo AS- Interface, e armazenados em uma memória EEPROM. Existe uma vasta gama de sensores de proximidade indutivos, fotoelétricos e botoeiras já disponíveis. Analogamente aos sensores AS-Interface, os atuadores inteligentes incorporam o chip escravo, permitindo que atuadores de baixa energia ( relés, sinaleiras, solenóides, etc) sejam comandados e energizados pela própria rede AS-Interface. Os módulos de saída permitem que atuadores convencionais e/ou os que consomem mais energia (contatores, válvulas solenóides, sinalizadores, etc ) possam ser integrados a rede, pois o módulo possui internamente o chip escravo AS-Interface, que recebe os comandos e proporciona o acionamento de relés internos que chaveiam as cargas com a alimentação auxiliar, recebida no módulo. Já os módulos de saída possibilitam atuar 4 saídas e possuem uma entrada auxiliar de alimentação a fim de reduzir o consumo da rede que está limitada em 2A. Figura 4.5. Escravos ASI. 4.3.2 MESTRE O Mestre da AS-Interface forma uma conexão com redes superiores. Ele organiza através de atividade própria o trânsito de dados no cabo AS-Interface e os disponibiliza se necessário a um sistema bus num nível superior, como por exemplo o PROFIBUS. 102 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Dentro de estruturas de automação mais complexas, a AS-Interface pode também ser conectada a um bus de campo superior, como por exemplo: PROFIBUS-DP. Para tal, é necessário um Gateway (DP/AS-i Link) que serve como mestre da AS-Interface apesarde no bus de campo superior (PROFIBUS-DP) atuar como escravo. A ASInterface torna-se então uma emissária de sinais binários para cada um dos sistemas de bus de campo superior. Paralelamente à consulta dos sinais, o mestre transmite também parâmetros a cada um dos participantes, controla a rede continuamente e realiza diagnósticos. Ao contrário de sistemas bus complexos, a AS-Interface é quase completamente capaz de se auto configurar. O usuário não precisa configurar nada, como por exemplo: direito à entrada, taxa de dados, tipo de quadro, etc. O mestre executa automaticamente todas as funções que são necessárias para o funcionamento correto da ASInterface. Além disso, ele possibilita o auto-diagnóstico do sistema. Ele reconhece as falhas em qualquer ponto da rede, indica o tipo de falha e pode ainda determinar em que escravo ocorreu o problema. Vale ressaltar que, o mestre da rede se comunica com todos os endereços (1-31, no caso dos escravos standard) em um tempo de ciclo de no máximo 5 ms. Utilizando-se escravos A/B (especificação 2.1) ou seja, endereços subdivididos em A e B, o mestre é capaz de se comunicar com todos os escravos no máximo em 10 ms. No primeiro ciclo a comunicação é feita com a subdivisão A e no segundo com a subdivisão B. Figura 4.6. Mestres ASI. O master pode ser conectado em computadores, que permitem a programação da lógica de controle através de um software para PC, comunicando com o master via RS 485. Estes dispositivos são indicados para pequenas instalações, ou máquinas, onde apresentam a vantagem de eliminar o controlador programável. 103 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Figura 4.7. Conexão com Mestre via RS-485. O chip master pode ser integrado diretamente em um cartão de PLC o que reduz drasticamente o número de módulos I/0. Figura 4.8. Conexão com Mestre via Cartão Master. Sua aplicação encontra-se em grandes instalações pois pode-se montar várias redes AS- Interface, cada uma com seu cartão master. Figura 4.9. Integração. 4.3.3 CABEAMENTO O cabo amarelo e perfilado, padrão da ASI, tornou-se um tipo de marca registrada. Ele possui uma seção geometricamente determinada e transmite ao mesmo tempo dados e energia auxiliar para os sensores. Para os atuadores é necessária uma tensão auxiliar alimentada adicionalmente (24VCC). Para se poder utilizar a mesma técnica de instalação para os atuadores, foram especificados cabos com as mesmas características, mas de outra cor. Desta forma, o cabo para a energia auxiliar 24VCC é um cabo perfilado preto. 104 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Geralmente, os módulos 60 são instalados sobre bases (encomendadas separadamente) que podem ser fixadas com parafusos ou em trilho DIN (35mm). Quando os cabos ASI amarelos e pretos atravessam completamente a base não são necessárias vedações. Para montar o módulo, basta colocar os cabos no alojamento da base e fixar a parte superior na base através de um parafuso. A conexão eletrônica com a polarização certa é garantida pela tecnologia da conexão vampiro. A Figura 4.10 mostra o procedimento descrito anteriormente. Figura 4.10. Cabeamento ASI. O isolamento dos condutores é composto normalmente por uma borracha (EPDM). Para aplicações com exigências maiores podem se utilizar cabos com outras composições químicas como: TPE perfilado (elastômetro termoplástico) ou PUR perfilado (poliuretano). Como condutor de transmissão podem ser utilizados também cabos redondos com sistema de condução duplo sem condutor PE. Uma blindagem do condutor não é necessária em função da técnica de transmissão empregada. 105 Prof. Clidenor Filho Interface ASI 4.3.4 FONTE DE ALIMENTAÇÃO A alimentação de energia para a rede AS-Interface disponibiliza uma tensão de 29,5 até 31,6 VCC. Graças ao desacoplamento dos dados na fonte AS-Interface pode-se transmitir tanto dados como também energia. Para isso os dados são modulados em corrente contínua pela AS-Interface em forma de impulsos com modulação de pulso alternada (APM). Cada ramo da AS-Interface necessita da sua própria fonte. Saídas são alimentadas normalmente através de cabos AS-Interface pretos. Para isso é necessária uma fonte padrão com 24VCC segundo especificação PELV (condutor de proteção aterrado). Figura 4.11. Fontes ASI. A tabela abaixo apresenta algumas características de fontes comerciais. Dimensionamento da fonte ASI Para dimensionar a fonte de alimentação da Rede ASI, faz-se necessário somar os consumos dos módulos e dos sensores e considerar o fator serviço. Fator serviço: 0,5 < F < 1,0 IF= (∑ IM + ∑ IS) x fator de serviço IF= corrente da fonte; IM= corrente do módulo; IS= corrente dos sensores OBS: O fator de serviço determina quanto do total de corrente do circuito é utilizado ao mesmo tempo. Ex.: F=0,8 significa que 80% do total de módulos e sensores estarão sendo acionados simultaneamente. 106 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Ex.: 120 entradas / 90 saídas 30 módulos de 4E/3S + mestre → consumo total = 31 x 40 mA = 1,2 A 100 sensores indutivos (40mA cada aproxim.) → consumo total = 100 x 40 mA = 4 A 20 sensores ópticos (90 mA cada aproxim.) → consumo total = 20 x 90 mA = 1,8 A consumo total da fonte ASI = 7A x F (=0,8) → 5,6 A Para dimensionar a fonte de energia auxiliar, basta somar o consumo dos atuadores. Pior caso: 0,22 x N[A], onde N = número de escravos Ex.: 11 escravos → fonte de 2,4A 18 escravos → fonte de 4A 4.3.5 EXTENSÃO DA REDE A extensão máxima de um segmento da rede ASI é 100 m. Com a utilização dos extensores e/ou repetidores, é possível dimensionar uma rede de até 500 m de extensão, em até dois ramos. Extensores são recomendados quando uma distância superior a 100m, entre o equipamento a ser conectado na rede (1º escravo) e o painel de comando, tem que ser superada sem que haja necessidade de escravos neste segmento. Com a sua utilização é possível economizar, pois não é utilizada uma fonte neste segmento, porém nenhum escravo pode ser conectado antes do extensor. Só utilizamos fonte e escravo no segmento seguinte ao extensor. Não é permitido o uso de extensores em série. Repetidores são utilizados quando há necessidade de se obter mais de 100 m de extensão de rede ASI. O uso do repetidor permite a instalação de escravos nos 100 m do segmento que o antecede, bem como nos 100 m do segmento posterior, sendo necessário a utilização de fontes de alimentação para estes escravos nos dois segmentos. Figura 4.12. Extensão da Rede ASI. 107 Prof. Clidenor Filho Interface ASI 4.4 ENDEREÇAMENTO Os endereços de todos os escravos participantes têm que ser programados antes do funcionamento da rede ASI. Isto pode acontecer off-line através de um aparelho de endereçamento, on-line pelo mestre do sistema da ASI ou após a montagem através de uma caixa de endereçamento integrada. Os endereços em si são os valores de 1 até 31. Figura 4.13. Módulo de Endereçamento. Utilizando-se a tecnologia A/B, no primeiro ciclo a comunicação é feita com a subdivisão A e no segundo com a subdivisãoB. Os endereços de 1 a 31, podem ter sua subdivisão utilizada independente, ou seja, é permitido que um escravo seja endereçado com o endereço 1A sem existência do endereço 1B, fazendo com que os escravos da versão 2.1 tenham um comportamento semelhante ao de um escravo standard (versão 2.0). É possível ainda utilizar numa mesma rede, escravos das versões standard e A/B. A Figura 4.14 apresenta os possíveis endereçamentos com a rede ASI. Um escravo novo, ainda não endereçado, tem o endereço 0. Ele também é reconhecido pelo mestre como novo e como escravo ainda não endereçado e, neste estado, ainda não estará integrado na comunicação normal dentro da rede ASI. A classificação dos endereços não é rígida. Isto é, é totalmente indiferente se o escravo com o endereço 21 seguido do escravo com endereço 28, inicia as fileiras ou se dá ao primeiro escravo o endereço 1 – a seqüência não é relevante. 108 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Figura 4.14. Endereçamento. 4.5 MODULAÇÃO Vários aspectos foram levados em consideração para a escolha do processo de modulação, onde destacamos: - o sinal de modulação deve ser sobreposto ao sinal de alimentação, - o processo de transmissão deve ser simples e barato para poder ser integrado no escravo, - o sinal deve estar concentrado em uma banda estreita para não ser afetado por interferência eletromagnética induzida no cabo (que não possui blindagem). Por estas razões o sistema AS-Interface adota a modulação de pulsos alternados (APM), onde na sequência de dados utiliza-se a codificação manchester, modulada pela alteração na corrente de transmissão. A corrente de transmissão é gerada em conjunto com indutores presentes na linha, que em caso de aumento de corrente provoca um pulso negativo, e em decréscimo da corrente gera um pulso positivo de tensão na linha. 109 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Figura 4.15. Modulação ASI. 4.6 ESTRUTURA DO QUADRO A estrutura de comunicação entre o master e os escravos, consiste em um chamado do master, uma pausa, a resposta do escravo, e nova pausa. Visando-se obter um baixo tempo de resposta, da ordem de 5ms com a rede completa (128 bits de dados), adotou-se um telegrama compacto, conforme: Figura 4.16. Quadro ASI. 110 Prof. Clidenor Filho Interface ASI 4.6.1 TIPOS DE MENSAGENS Figura 4.17. Mensagens Master ASI. Data Exchange É o tipo mais comum de mensagem. Serve para transferir um padrão de bits para uma saída e no mesmo comando ler a resposta do escravo. Write parameter Escreve uma palavra de configuração do comportamento do escravo. Definição do Endereço de um nó Para definir um novo endereço de um nó, dois comando são necessários: Delete_Operating_Address – apaga o endereço de um nó. Isto é necessário porque o nó deve possuir o endereço 0 para poder receber um novo endereço. 111 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Assign_Address Configuração de I/O A mensagem Read I/O Configuration é usada para ler a configuração de I/O de um dispositivo. Read ID Code Serve para ler o código do dispositivo. Este parâmetro é definido durante a fabricação do componente e não pode ser mais mudado. Ele define o perfil daquele dispositivo. Read Status Lê os bits de status do dispositivo. Exemplos: S0 volatile_address. Indica que o escravo está realizando uma rotina interna de 15ms para armazenar o endereço do escravo permanentemente. S1 parity_error_detected. Erro de paridade S2 end_bit_error_detected. Erro de stop bit 4.7 OPERAÇÃO Normalmente os escravos não necessitam ser parametrizados, exceto escravos inteligentes. A especificação de cada escravo informa se ele tem que ser parametrizado e quais funções têm os parâmetros. Enquanto o endereço de um escravo em funcionamento normal nunca se modifica, os parâmetros podem se modificar. Por este motivo, diferencia-se também os parâmetros fixos dos alteráveis. Parâmetros fixos são determinados somente uma vez e depois no comissionamento. Um exemplo para isto é o módulo de entrada analógico que é ajustado através de um parâmetro em uma faixa de energia de 0 a 20 mA ou de 4 até 20 mA. Os parâmetros em si são bits dos quais 4 estão à disposição de cada módulo e que são colocados em 0 ou 1. Eles são transmitidos aos escravos ao ligar o sistema. Assim que o sistema AS-Interface estiver completo, isto é, todos os componentes estiverem montados, os escravos endereçados e eventualmente parametrizados e o comissionamento encerrado, pode-se dar a partida ("start up"): o sistema é transferido para o funcionamento normal e o mestre trabalha no modo protegido. Somente são ativados os escravos que foram configurados. Escravos não configurados, por exemplo aqueles que foram instalados adicionalmente, provocam somente um aviso de falha. Para recebê-los e incluí-los no sistema de comunicação, tem-se somente que trocar para o modo de configuração. E lá, a função "configuração de escravos" executa de forma simples a recepção dos "novos" escravos. Tanto no "start up" quanto durante o funcionamento normal, o sistema é controlado ininterruptamente. Os dados necessários para isso como por exemplo, tensão, modo, configuração errônea, etc. são disponibilizados ao comando superior pelo mestre da ASInterface, por exemplo, em forma de um diagnóstico. 112 Prof. Clidenor Filho Interface ASI 4.8 INTEGRAÇÃO PLC Siemens: Deve-se utilizar o cartão Master AS-Interface da série Simatic S5 e uma fonte de alimentação AS-Interface. Cada cartão master permite a implementação de uma rede AS-Interface com 31 participantes, em aplicações maiores deve-se utilizar mais cartões master. Figura 4.18. Integração PLC Siemens. PLC Allen Bradley: A forma de conexão da rede AS-Interface no PLC Allen Bradley utiliza um gateway ASI-1078 que converte os sinais da rede AS-Interface para a rede DeviceNet que deve ser conectada a um cartão scanner. Figura 4.19. Integração PLC Allen Bradley. Outros PLCs: Para outros controladores pode-se implementar a rede AS-Interface nos casos em que existem uma porta serial RS232C (ou RS485) com comunicação Modbus, onde deve-se utilizar o controlador ASI-1052. 113 Prof. Clidenor Filho Interface ASI Figura 4.20. Integração Diversa. 4.9 EXEMPLOS DE APLICAÇÕES Distribuição de garrafas com AS-Interface na Cervejaria Schneider, Dortmund A Empresa Dr.Wiewelhove, em Telgte, criou e construiu em Dortmund na cervejaria Schneider o maior equipamento de distribuição de engradados de garrafas da Alemanha. O equipamento que ocupa uma área de 60 x 30m em três andares identifica e distribui por hora até 6000 engradados de diversos tipos em no máximo 14 estações. Para a conexão da periferia do equipamento de distribuição, utiliza-se a ASInterface em quatro SIMATIC S7-300. O processador de comunicação CP-342-2 atua como mestre e membro de ligação entre a CPU de comandoe a AS-Interface. Mais de 100 módulos digitais com quatro sinais de entrada cada um, conectam os sensores espalhados no equipamento com os comandos. Trata-se na maioria dos casos de células fotoelétricas que permitem um processo livre de congestionamentos. São utilizados dois mestres por comando o que significa que no total oito ramificações de AS-Interface com no máximo 100m de cabos que são suficientes para a completa interligação da periferia. Vinte módulos compactos pneumáticos da AS-Interface atuam no equipamento. Através da redução de toda a instalação a poucos condutores; com o AS-Interface ainda se otimizaram os circuitos de emergência e pneumáticos (de ar comprimido), de modo a 114 Prof. Clidenor Filho Interface ASI conseguir padronizá-los para toda a cervejaria. Para o responsável pela instalação elétrica da Dr. Wievelhofe, Sr. Pelz, as grandes economias alcançadas na montagem e na colocação em funcionamento foram fatores de suma importância: “Através da utilização da ASInterface pudemos construir o equipamento dentro do prazo e, acima de tudo, com ótimo custo. Para isso contribuiu também o fato da fase de projeto ter sido mais curta.” Módulos pneumáticos AS-Interface no equipamento de empilhamento de chapas da empresa Bauder A firma Bauder com matriz em Stuttgart Weilimdorf é fabricante de sistemas de impermeabilização, forros e materiais isolantes para telhados. Especialmente na melhoria técnica de processo a AS-Interface tornou-se para a empresa Bauder indispensável, pois uma transferência de valores analógicos pela AS-Interface pode ser praticada, assim como o comando de válvulas pneumáticas através de módulos pneumáticos. A economia de espaço no painel bem como a cablagem sem erros são lucros adicionais neste caso. Planos de conexão só são necessários em um grau mínimo, são feitas listas de cablagem que podem ser feitas constantemente de forma fácil e rápida. No funcionamento prático 115 Prof. Clidenor Filho Interface ASI as buscas de falhas e a simples troca de peças (Técnica Plug-and-Play) são argumentos fortes para o emprego da ASInterface. As pausas para reparo nos equipamentos que contam com a AS-Interface são atualmente muito menores. Conhecimentos especiais por parte do pessoal de manutenção também não são necessários. Na empresa Bauder já há algum tempo se utiliza os módulos da AS-Interface principalmente nos comandos de tanques. A experiência muito positiva nesta área bastante difícil fez com que a empresa introduzisse esta técnica agora também em forma de módulos compactos pneumáticos no comando de máquinas. Os módulos compactos pneumáticos com válvulas integradas 4/2 vias e com uma capacidade de passagem de 550 l/min foram trocados por técnicas de válvulas convencionais de até 13 anos de idade. A troca foi feita sem grandes problemas e com os "fittings" de conexão rápida de 8mm, toda a instalação pneumática pode ser realizada de forma rápida, flexível e sem problemas. Uma vez que todos os módulos pneumáticos já estão "on board", não é mais necessária a compra de acessórios. Para a instalação dos módulos pneumáticos não foram necessários conhecimentos específicos. Na empilhadeira foram reduzidas pela metade as conexões de cabo e pneumáticas por causa da mudança para a AS-Interface, o que vai refletir principalmente nos custos de manutenção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • KUROSE, J. F., Redes de Computadores e a Internet: Uma Nova Abordagem, 1a Edição, Addison Wesley, São Paulo, 2003. • FILHO, C. F. A., Redes de Comunicação, 2005. 142 f. (Apostila) – UNIUBE, Uberaba. • STEMMER, M. 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A capacidade de comunicação entre dispositivos e o uso de mecanismos padronizados, abertos e transparentes são componentes indispensáveis do conceito de automação de hoje. Neste contexto, a comunicação está crescentemente a tornar-se direta e horizontal a nível de controle, e vertical por todos os níveis hierárquicos. Dependendo da aplicação e do seu custo, os sistemas como a Ethernet, PROFIBUS e o AS-Interface, suportam a comunicação industrial e oferecem as condições ideais para a existência de uma rede transparente em todas as áreas do processo de produção. No nível de E/S o AS-Interface é o sistema de comunicação de dados ideal, pois os sinais binários de dados são transmitidos via um barramento extremamente simples e de baixo custo, juntamente com a energia (24Vdc) necessária para alimentar os sensores e atuadores. Outra característica importante é que os dados são transmitidos ciclicamente, de uma maneira extremamente eficiente e rápida. No nível de controle, a periferia distribuída, tais como módulos de E/S, transdutores, acionamentos (drives), válvulas e painéis de operação, comunicam-se com sistemas de automação via um eficiente sistema de comunicação em tempo real, o PROFIBUS DP ou PA. A transmissão de dados do processo é efetuada ciclicamente, enquanto alarmes, parâmetros e diagnósticos são transmitidos aciclicamente, somente quando necessário. No nível de planta (informação), os controladores programáveis, tais como CLP’s e PC’s comunicam-se uns com os outros, o que requer grandes pacotes de dados e um grande número de funções poderosas de comunicação. Além disto, uma integração eficiente aos sistemas de comunicação corporativos existentes, tais como: Intranet, Internet e Ethernet é um requisito absolutamente mandatório, o que o PROFIBUS FMS e o PROFINet podem suprir. O PROFIBUS é uma rede de campo aberta, independentemente dos fabricantes, ao alcance de uma larga variedade de aplicações de manufatura e processos de automação. A sua independência relativa a fabricantes e a garantia de ser uma rede aberta é assegurada pelas normas internacionais EN 50170 e EN 50254. O PROFIBUS permite a comunicação entre dispositivos de diferentes fabricantes, sem qualquer ajuste especial. Pode ser usado em aplicações de tempo real que requerem alta velocidade e em tarefas de comunicação complexas. 118 Prof. Clidenor Filho PROFIBUS Figura 5.1. Níveis Profibus. Oferece protocolos funcionais de comunicação (Perfis de Comunicação): DP e FMS. Dependendo da aplicação, encontram-sedisponíveis as tecnologias de transmissão (Perfis Físicos): RS-485, IEC 61158-2 ou fibras ópticas. Com o intuito de continuar o seu desenvolvimento técnico, existe uma organização dos usuários do PROFIBUS que está constantemente trabalhando na implementação de conceitos universais para a integração vertical com base no TCP/IP. Os perfis de aplicação definem as opções de protocolo e a tecnologia de transmissão requeridas individualmente aos diferentes tipos de dispositivo. Estes perfis definem também um comportamento dos dispositivos, independente dos fabricantes. 5.1.1 PERFIS DE COMUNICAÇÃO Os perfis de comunicação PROFIBUS definem como os usuários transmitem serialmente os dados através do meio físico comum. Perfil DP (Decentralized Periphery) O DP é o perfil mais freqüentemente utilizado. Otimizado para alta velocidade e conexão de baixo custo, foi projetado especialmente para a comunicação entre sistemas de controle de automação e seus respectivos I/O’s distribuídos a nível de dispositivo. O PROFIBUS-DP pode ser usado para substituir a transmissão de sinal em 24 V em sistemas de automação de manufatura assim como para a transmissão de sinais de 4 a 20 mA ou HART em sistemas de automação de processo. 119 Prof. Clidenor Filho PROFIBUS Perfil FMS (Fieldbus Message Specification) Este é o perfil de comunicação universal para tarefas de comunicação exigentes. O FMS oferece vários tipos avançados de funções de aplicação para a comunicação entre dispositivos inteligentes. Porém, como resultado do desenvolvimento técnico do PROFIBUS e o uso do TCP/IP no nível de informação, o FMS representa um papel crescentemente menos significativo. 5.1.2 PERFIS FÍSICOS A área de aplicação de um sistema de rede de campo é em grande parte determinada pela escolha da tecnologia de transmissão. Tal como as exigências efetuadas nos sistemas de comunicação (como a confiabilidade de transmissão, grandes distâncias e alta velocidade de transmissão), devem ser também satisfeitas as exigências dos processos automatizados (como a operação em áreas perigosas, e a transmissão de dados e energia num cabo comum). Uma vez que ainda não é possível satisfazer todas as exigências com uma única tecnologia de transmissão, há atualmente três métodos de transmissão (Perfis Físicos) disponíveis pelo PROFIBUS: • Transmissão RS-485 para uso universal, em especial em sistemas de automação da manufatura; • Transmissão IEC 61158-2 para aplicações em sistemas de automação em controle de processo; • Fibras Ópticas para aplicações em sistemas que demandam grande imunidade à interferências e grandes distâncias. Atualmente, está em desenvolvimento o uso de componentes comerciais Ethernet de 10 Mbps e 100 Mbps na camada física do PROFIBUS. Acopladores e/ou conectores encontram-se disponíveis para acoplamento entre os vários meios de transmissão. Enquanto o termo Acoplador (Couplers) aplica-se à dispositivos que implementam o protocolo somente no que se refere ao meio físico de transmissão, o termo conectores se aplica aos dispositivos inteligentes e que oferecem maiores opções na operação entre subredes. 5.1.3 PERFIS DE APLICAÇÃO Os perfis de aplicação PROFIBUS descrevem a interação do protocolo de comunicações com a tecnologia de transmissão utilizada. Estes definem também o comportamento dos dispositivos de campo durante a comunicação via PROFIBUS. O perfil de aplicação PROFIBUS mais importante é atualmente o perfil PA que define os parâmetros e os blocos funcionais dos dispositivos de automação tais como transdutores, válvulas e posicionadores. Perfis adicionais para "drivers" de variação de velocidade, Interfaces Homem-Máquina (HMI) e "encoders" definem a comunicação independentemente dos fabricantes e o comportamento dos respectivos tipos de dispositivo. 120 Prof. Clidenor Filho PROFIBUS 5.2 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS O PROFIBUS define as características técnicas de um sistema de rede de campo com as quais cada um dos controladores programáveis distribuídos podem ser ligados, desde o nível de E/S até o nível de Informação. O PROFIBUS é um sistema com múltiplos mestres, permitindo a operação comum de vários sistemas de automação, engenharia ou visualização, com periféricos distribuídos numa rede (Ex. I/Os). No PROFIBUS distinguem-se os seguintes tipos de dispositivo: Dispositivos Mestre - determinam a comunicação de dados na rede. Um mestre pode enviar mensagens sem um pedido externo quando tem o direito de acesso à rede ("token"). Assim, designa-se de mestre uma estação ativa. Dispositivos Escravo - são periféricos (dispositivos de I/O, válvulas, "drivers" e transdutores). Não têm direitos de acesso à rede e só podem receber mensagens conhecidas, ou enviar mensagens para o mestre quando solicitados para esse fim. Designam-se escravos as estações passivas. Uma vez que apenas requerem uma pequena parte do protocolo da rede, a sua implementação é particularmente econômica. 5.2.1 ARQUITETURA DO PROTOCOLO PROFIBUS O PROFIBUS é baseado em normas internacionalmente reconhecidas. A arquitetura do protocolo é orientada pelo modelo de referência OSI ("Open System Interconnection") em conformidade com a norma internacional ISO 7498. Neste modelo, todas as camadas gerem tarefas de transmissão perfeitamente definidas. A Camada 1 (física) define as características físicas da transmissão. A Camada 2 (enlace de dados) define o protocolo de acesso à rede. A Camada 7 (aplicação) define as funções da aplicação. A Figura 5.2 representa a arquitetura do protocolo PROFIBUS. Figura 5.2. Arquitetura do Protocolo PROFIBUS. 121 Prof. Clidenor Filho PROFIBUS O perfil DP é um protocolo eficiente de comunicações que usa as camadas 1 e 2, e uma interface de usuário. As Camadas 3 a 7 não são utilizadas. Este tipo de arquitetura assegura a transmissão rápida e eficiente de dados. O "Direct Data Link Mapper" (DDLM) fornece ao usuário uma interface de fácil acesso à camada 2. Tanto as funções de aplicação disponíveis ao usuário, como o comportamento do sistema e dos vários tipos de dispositivo DP, são especificados na interface de usuário. No perfil FMS (protocolo universal de comunicações), é dada uma particular importância às camadas 1, 2 e 7. A camada de aplicação (7) consiste na especificação das mensagens da rede (Fieldbus Message Specification - FMS) e da interface de camada mais baixa (Lower Layer Interface - LLI). O FMS define um grande número de serviços de comunicação mestre-mestre e comunicação mestre-escravo. O LLI define a representação do serviço FMS no protocolo de transmissão de dados da camada 2. 5.2.2 TECNOLOGIA DE TRANSMISSÃO RS-485 O RS-485 é tecnologia de transmissão mais frequentemente utilizada pelo PROFIBUS. A área de aplicação inclui todas as áreas nas quais alta velocidade de transmissão, instalação simples e barata, são pré-requisitos. Um par trançado de cobre blindado com um único par condutor é o suficiente neste caso. A tecnologia de transmissão RS-485 é fácil de se utilizar. A instalação do cabo de pares trançados não requer conhecimentos profundos. A estrutura de rede permite adicionar e remover estações sem influir nas outras existentes. Expansões posteriores não têm efeito nas estações que se encontram em funcionamento. Estão disponíveis velocidades de transmissão entre 9,6 Kbps e 12 Mbps, sendo uma única velocidade de transmissão selecionada para todos
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