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REDES REDES INDUSTRIAISINDUSTRIAIS Parte 1 Unidades 1 e 2 PROF: Clidenor Filho O presente material é constituído por seções elaboradas e organizadas a partir de livros, apostilas, catálogos de fabricantes e demais referências de comprovada relevância para o estudo de redes de comunicações industrias, os quais estão referenciados ao final de cada unidade, selecionados pelo Professor Clidenor Ferreira de Araújo Filho. Redes Industriais Parte 1 • Redes de comunicação o Unidade 1 – Redes de Comunicação o Unidade 2 – Arquiteturas de Redes de Comunicação Setembro 2005 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação REDES DE COMUNICAÇÃO 1.1 EVOLUÇÃO DAS REDES DE COMUNICAÇÃO A evolução da microeletrônica e da informática vem possibilitado o desenvolvimento de processadores e outros componentes processados cada vez mais potentes e velozes, em tamanho reduzido e com preço acessível a um número crescente de usuários. Os microprocessadores existentes atualmente substituem e ultrapassam as capacidades dos seus mais promissores antecessores, os quais ocupavam ambientes inteiros. Tais dispositivos constituíam máquinas bastante complexas no que diz respeito à sua utilização e que ficavam em salas privativas, sendo operadas apenas por especialistas (analistas de sistema). Os usuários daqueles processadores normalmente submetiam seus programas aplicativos como “jobs” (ou tarefas) que eram executados sem qualquer interação com o autor do programa. Uma primeira tentativa de interação com o computador ocorreu no início da década de 60, com a técnica de “time-sharing”, que foi o resultado do desenvolvimento das teleimpressoras e da tecnologia de transmissão de dados. Nessa técnica um conjunto de terminais era conectado a um processador central através de linhas de comunicação de baixa velocidade, o que permitia aos usuários interagir com os seus programas. A necessidade de conexão de terminais para o processamento interativo foi o ponto de partida para o estabelecimento de necessidades de comunicação nos processadores. A técnica de time-sharing permitia a um grande conjunto de usuários o compartilhamento de um único processador para a resolução de uma grande diversidade de problemas, o que permitiu o desenvolvimento de diferentes aplicações (cálculos complexos, produção de relatórios, ensino de programação, aplicações militares etc). Esse aumento na demanda implicava numa necessidade crescente de atualizações e incrementos nas capacidades de armazenamento e de cálculo na unidade central, o que nem sempre era viável ou possível, dado que os computadores do tipo "mainframe" nem sempre eram adaptados para suportar determinadas extensões. Já na década de 70, com o surgimento dos mini e microcomputadores, foi possível uma adaptação das capacidades de processamento às reais necessidades de uma dada aplicação. Além disso, considerando que em uma empresa um grande número de usuários operavam sobre conjuntos comuns de informações, a necessidade do compartilhamento de dados, de dispositivos de armazenamento e de periféricos entre os vários departamentos de uma empresa deu um novo impulso aos trabalhos no sentido de se resolver os problemas de comunicação entre os computadores. Estes novos tipos de aplicações exigiam uma velocidade e uma capacidade de transmissão mais elevadas que no caso da conexão de terminais a um processador central. Assim, com a utilização de microcomputadores interconectados, obtinha-se uma capacidade de processamento superior àquela possível com a utilização dos mainframes. Outro aspecto a ser ressaltado é que as redes podiam ser estendidas em função das necessidades de processamento das aplicações. Atualmente, é inquestionável que as diversas vantagens dos sistemas distribuídos e interconectados permitiram uma rápida evolução das aplicações mais distintas, desde a automação de escritórios até o controle de processos, passando por aplicações de 1 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação gerenciamento bancário, reservas de passagens aéreas, processamento de texto, correio eletrônico etc. Nesse contexto, destacam-se os pontos chaves, elencados a seguir, para o desenvolvimento das redes de comunicação, que em um primeiro momento atingiram o ambiente de escritórios e hoje apresentam um vertiginoso crescimento também no ambiente industrial, permitindo a interligação dos diversos setores de uma empresa, independentemente de suas características. Um grande número de empresas possui atualmente uma quantidade relativamente grande de dispositivos operando nos seus diversos setores. Um exemplo deste fato é aquele de uma empresa que possui diversas fábricas contendo cada uma um dispositivo responsável pelas atividades de base da fábrica (controle de estoques, controle da produção e, o que também é importante, a produção da folha de pagamentos). Neste exemplo, apesar da possibilidade de operação destes dispositivos (computadores, processadores industriais etc) de maneira isolada, é evidente que sua operação seria mais eficiente se eles fossem conectados para, por exemplo, permitir o tratamento das informações de todas as fábricas da empresa. O objetivo da conexão dos diferentes dispositivos da empresa é permitir o que poderíamos chamar de compartilhamento de recursos, ou seja, tornar acessíveis a cada dispositivo os dados necessários à realização de suas respectivas tarefas, gerados nas diversas fábricas da empresa. Um outro ponto importante da existência das redes de comunicação é relacionado a um aumento na confiabilidade do sistema como um todo. Pode-se, por exemplo, ter multiplicados os arquivos em duas ou mais máquinas para que, em caso de defeito de uma máquina, cópias dos arquivos continuarão acessíveis em outras máquinas. Além disso, o sistema pode operar em regime degradado no caso de pane de um dispositivo, sendo que outra máquina pode assumir a sua tarefa. A continuidade de funcionamento de um sistema é ponto importante para um grande número de aplicações, como por exemplo: aplicações militares, bancárias, o controle de tráfego aéreo etc. Por fim, redução de custos é uma outra questão importante da utilização das redes de comunicação, uma vez que computadores de pequeno porte apresentam uma menor relação custo/beneficio que os grandes. Assim, sistemas que utilizariam apenas uma máquina de grande porte e de custo muito elevado podem ser concebidos à base da utilização de um grande número de microprocessadores (ou estações de trabalho) manipulando dados presentes num ou mais servidores de arquivos. 1.2 TÉCNICAS DE TRANSMISSÃO Muitos são os conceitos de transmissão que devem ser entendidos para a completa visualização de uma rede de comunicação. Dentre eles merecem destaque as técnicas de transmissão, as quais estão intimamente ligadas a conceitos como: • Largura de banda (analógica e digital); • Multiplexação e modulação; • Sinalização em banda básica e larga; • Fontes de distorção de sinais • Amplificação e regeneração; • Codificação de linha; • Suportes de transmissão; 2 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação 1.2.1 LARGURA DE BANDA A faixa de freqüências utilizável em uma conexão é chamada de largura de banda. Por exemplo, para a telefonia, é recomendável o emprego de conexões que possam tratar as freqüências entre 300 e 3.400 Hz, isto é, uma largura de banda de 3,1 kHz. Normalmente, o ouvido humanodetecta sons com as freqüências no intervalo de 15 até (aproximadamente) 15.000 Hz, mas medições mostram que a faixa de freqüências de 300 - 3.400 Hz é perfeitamente adequada para que a fala seja ouvida claramente e para que possamos reconhecer a voz da pessoa que está falando. 1.2.2 MULTIPLEXAÇÃO A implementação e manutenção de enlaces de transmissão, em redes de comunicações, constitui na maioria das vezes um empreendimento dispendioso. Muito pode ser ganho, transmitindo diferentes sinais na mesma conexão física (tal como num par de fios). A técnica usada para os sistemas de canais múltiplos, tanto em redes analógicas quanto em redes digitais, é chamada de multiplexação, a qual geralmente é dividida em três grupos: • multiplexação por divisão de freqüência (FDM); • multiplexação por divisão de tempo (TDM); • multiplexação por divisão de comprimento de onda (WDM). 1.2.2.1 Multiplexação por Divisão de Freqüência (FDM) A multiplexação por divisão de freqüência (FDM) é usada para transmitir informações analógicas. A multiplexação é comparável à técnica que torna possível sintonizar uma estação de rádio desejada, em um rádio. A cada transmissor é atribuída uma freqüência específica, à qual a informação é superposta e enviada ao ouvinte. Ao girar o seletor de freqüências, podemos facilmente mudar para outro transmissor. A Figura 1.1 mostra o princípio da multiplexação por divisão de freqüência, em um enlace analógico de transmissão. Três diferentes freqüências portadoras, uma para cada canal de voz, usam o mesmo par de fios. A freqüência portadora é modulada pela fala, e a demodulação correspondente acontece então no receptor. Figura 1.1. FDM 3 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação 1.2.2.2 Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM) Na redes digitais aplica-se uma técnica inteiramente diferente. O princípio da multiplexação por divisão de tempo (TDM) está ilustrado na Figura 1.2. São mostrados três canais digitais. Figura 1.2. TDM Os três canais são multiplexados por tempo, permitindo o transporte pelo mesmo enlace de transmissão. Os retângulos na figura representam ou bits ou octetos. Cada retângulo sobre o enlace comum só pode usar um terço do tempo do retângulo T original. Conseqüentemente, o número de bits por segundo (a capacidade) do enlace compartilhado é três vezes o de cada canal original. Essa técnica de multiplexação é também chamada de intercalação. Essa expressão é usada para denotar a multiplexação por bit e por octeto - intercalação de bits e intercalação de octetos, respectivamente. 1.2.3 MODULAÇÃO A modulação é caracterizada pela alteração de alguma característica de um sinal realizada por outro sinal. O sinal cuja característica é alterada é chamado de portadora e o sinal que causa a alteração é chamado sinal modulante ou modulador. As portadoras são exclusivamente analógicas por natureza, isto é, transportam ondas de mesmo tipo: ondas de luz ou ondas eletromagnéticas. Num sentido puramente físico, a luz também é feita de ondas eletromagnéticas, mas - devido às características especiais da luz - vemos fibras ópticas como portadoras de seu próprio tipo de sinal. A característica a ser alterada em conjunto com a natureza do sinal modulante nomeiam as técnicas de modulação: Para um sinal modulante analógico, tem-se: • Modulação por Amplitude (AM) 4 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação • Modulação por Freqüência (FM) • Modulação por Fase (PM) Para um sinal modulante digital: • Modulação por Chaveamento de Amplitude (ASK) • Modulação por Chaveamento de Freqüência (FSK) • Modulação por Chaveamento de Fase (PSK) Vale ressaltar que, estas são as modulações básicas e que a partir delas são derivadas diversas outras modulações as quais foram desenvolvidas buscando uma maior eficiência nas transmissões. 1.2.4 TÉCNICAS DE SINALIZAÇÃO As técnicas de sinalização estão diretamente relacionadas com as técnicas de multiplexação. Duas técnicas de sinalização são as mais empregadas: a sinalização em banda base (baseband) e a sinalização em banda larga (broadband). Na sinalização em banda base o sinal é simplesmente colocado na rede sem se usar qualquer tipo de modulação, aparecendo diretamente na rede e não como deslocamentos de frequência, fase ou amplitude de uma portadora de alta frequência. Ao contrário da banda base, a sinalização em banda larga realiza a modulação, ou seja, o deslocamento de sinais, para a sua transmissão. Para transmissão de informação em banda base utilizamos sinais denominados códigos de linha Os dados de informação discreta (bits ou símbolos) são associados com formas de onda (sinais) em banda base (sem portadora). 1.2.5 CÓDIGOS DE LINHA Os códigos de linha devem apresentar algumas características que facilitem a transmissão de sinais: Ocupar pouca largura de banda • • • • Baixo nível de tensão DC (Componentes DC provocam longas cadeias e neste caso, a saída é uma tensão constante sobre um longo período de tempo e nestas circunstâncias, qualquer variação de tempo entre o transmissor e o receptor resultará em perda de sincronismo entre os dois). Muitas alterações de tensão para permitir sincronização entre transmissor e receptor sem a necessidade de informação adicional para sincronismo Sinais sem polarização para utilização em linhas com acoplamento AC 1.2.5.1 Códigos Unipolares Em sinalização lógica unipolar positiva, o bit 1 é representado por um nível alto de tensão (+A volts) e o bit 0 pelo nível zero. Este tipo de sinalização é denominada de on- off keying e apresenta a vantagem de utilizar circuitos que necessitam apenas uma fonte de tensão (por exemplo, +5V para circuitos TTL). 5 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação NRZ (Non Return to Zero) A forma mais comum e fácil de transmitir dados digitais é utilizar dois diferentes níveis de tensão para dois dígitos binários. Códigos, como o NRZ, que seguem esta estratégia compartilham a propriedade de que o nível de tensão permanece constante durante um intervalo de bit, ou seja, não há transições. Figura 1.3. Codificação NRZ. Por serem polarizados, os sinais NRZ apresentam alto nível de tensão DC. Vale ressaltar que a ausência de alterações de tensão podem provocar longas sequências de 1 ou 0, podendo levar à perda de sincronismo. Outra desvantagem apresentada pelos sinais NRZ é a necessidade de uma grande largura de faixa para a transmissão. RZ (Return to Zero) Os sinais RZ apresentam menor nível DC que os sinais RZ, bem como, mudanças de tensão para longas sequências de bits 1. A Figura 1.4 apresenta um sinal RZ. Figura 1.4. Codificação RZ. 1.2.5.2 Códigos Polares Nos códigos polares um dígito binário é representado por um nível de tensão positivo e o outro dígito por um nível de tensão negativo. Os sinais assim codificados apresentam nível médio DC nulo e necessidade de uma fonte de alimentação com tensão positiva e outra negativa. São comumente utilizados em gravação magnética digital e suas limitações são a presença de componente DC e a ausência da capacidade de sincronização. A seguir veremos os dois principais códigos polares: NRZ-L e NRZI. 6 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação NRZ-L (Non Return to Zero-Level) Nos sinais codificados em NRZ-L uma tensão negativaé usada para representar um digito binário e uma tensão positiva é usada para representar outro digito. O código NRZ-L é geralmente utilizado para gerar e interpretar dados digitais por terminais e outros dispositivos. Caso, seja empregado um outro código para a transmissão, este geralmente é gerado pelo sistema de transmissão a partir de um sinal NRZ-L. A Figura 1.5 apresenta o código NRZ-L. Figura 1.5. codificação NRZ-L. NRZI (Non Return to Zero Inverted) Uma variação do código NRZ é conhecida como NRZI. Esta técnica mantém um pulso de tensão constante durante a transmissão de um intervalo de bit. Neste caso os dados são codificados em função da presença ou ausência de uma transição do sinal no início da transmissão do bit. Uma transição (baixo – alto ou alto – baixo) no início de um bit denota o binário 1 e nenhuma transição indica o binário 0. A Figura 1.6 ilustra o código NRZI. Figura 1.6. Codificação NRZI. Vale ressaltar que, o NRZI é um exemplo de codificação diferencial. Neste tipo de codificação, os sinais são decodificados pela comparação da polaridade do símbolo adjacente. 1.2.5.3 Códigos Bipolares Os códigos bipolares são caracterizados pela utilização de um número de níveis superior a dois, visando solucionar algumas das deficiências da codificação NRZ. AMI (Alternate Mark Inversion) Na codificação AMI, o dígito binário 0 é representado por nenhuma linha (nível zero) e o binário 1 é representado por um pulso positivo ou negativo. Vale ressaltar que os pulsos binários 1 devem alternar em polaridade. A Figura 1.7 ilustra o código AMI. 7 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.7. Codificação AMI. Devido os pulsos binários 1, alternarem em tensão de positivo para negativo, ou vice- versa, não há componente DC. Neste caso, a largura de faixa do sinal resultante é consideravelmente menor que das codificações NRZ. HDB-3 (High Density Bipolar 3 Zeros) A finalidade do código HDB-3 é limitar o número de zeros em uma seqüência, uma vez que, uma longa seqüência de zeros pode reduzir a componente espectral na freqüência do oscilador (temporizador) a um valor muito pequeno, tornado difícil ou mesmo impossível a sua recuperação nos repetidores de linha. O código HDB-3 opera da mesma forma que o código AMI, exceto pela limitação do número de zeros em uma seqüência, que será, no máximo, igual a três zeros consecutivos. Para a perfeita compreensão das regras que compõem a codificação HDB-3, é importante definir alguns conceitos, tais como: Violação da regra AMI As violações da regra AMI são pulsos que tem a mesma polaridade do pulso anterior, podendo ser positivos, chamados violações positivas (V+), ou negativas, chamados violações negativas (V-). Figura 1.8. Violações da Regra AMI. Regras de Codificação HDB-3 1) o sinal HDB-3 é bipolar e os três estados denominados 1, -1 e 0 ou B+, B- e 0. 2) os espaços do sinal binário são codificados como espaço no sinal HDB-3. Para seqüências de quatro espaços consecutivos aplica-se a regra 4. 3) as marcas no sinal binário, são codificadas alternadamente como no código AMI. Violações da regra AMI só serão introduzidas quando uma seqüência de quatro espaços sucessivos aparecer, conforme a regra 4. 4) na ocorrência de quatro espaços consecutivos, que serão numerados de 1º, 2º, 3º e 4º espaços, deve-se proceder do seguinte modo: 8 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação (a) o primeiro espaço da sequência é codificado como espaço, se a marca precedente do sinal HDB-3 tiver polaridade oposta à violação precedente. É codificado como marca sem violação (B+ ou B-), se a marca e a violação precedente tiverem a mesma polaridade. (b) o segundo e o terceiro espaços da sequência são codificados como espaço. (c) o último ou 4o espaço da sequência é codificado como marca e a polaridade deve ser tal que a regra AMI seja violada. Tais violações podem ser positivas ou negativas. Figura 1.9. Codificação HDB-3. Regras de decodificação HDB-3 1) os espaços em sinais HDB-3 sempre são decodificados como espaços. 2) as marcas bipolares em sinais HDB-3 sempre são decodificadas como marcas, exceto quando seguidas de uma combinação 00V+ ou 00V- e precedidas de uma marca (B+, B-, V+ ou V-) quando serão decodificadas como espaços. 3) V+ ou V- são decodificadas como espaços, se forem precedidas de uma combinação MB00 ou M000, onde M é uma marca (B+, B-, V+ ou V-) Figura 1.10. Decodificação HDB-3. 1.2.5.4 Codificações Bifásicas As codificações bifásicas correspondem a mais uma alternativa para a supressão dos problemas ocasionados pelas codificações NRZ. Tais codificações requerem no mínimo uma transição a cada período de bit e no máximo duas. Desta forma, a taxa máxima de modulação é duas vezes maior que para o NRZ, o que significa que a banda passante requerida para as codificações bifásicas é maior. Por outro lado, tais técnicas possuem diversas vantagens: 9 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Sincronização: devido a existência de uma transição prevista para cada período de tempo, o receptor pode ser sincronizado. Por esta razão, as codificações bifásicas são também conhecidas como self-clocking. • • Detecção de erros: a ausência de uma transição esperada pode ser usada para a detecção de erros. Vale ressaltar que a presença de ruídos na linha pode causar a inversão do sinal antes e após a esperada transição, o que inviabiliza a detecção deste erro. Duas das técnicas de codificação mais comumente utilizadas são o Manchester e o Manchester Diferencial. Manchester Na codificação Manchester, há uma transição no meio de cada período de bit. Este tipo de transição serve como um mecanismo de temporização (relógio) e como dados. Uma transição de baixo para alto representa um bit 1 e uma transição de alto para baixo representa um bit 0. Figura 1.11. Codificação Manchester. Manchester Diferencial Na técnica Manchester Diferencial, a transição no meio do período de bit é utilizada somente para o estabelecimento de temporização. Nesta técnica sempre há uma transição no meio do período, sendo que a codificação de um bit 0 é representada por uma transição no início do período e a codificação de um bit 1 é representada pela ausência de uma transição neste ponto. Figura 1.12. Codificação Manchester Diferencial. As codificações bifásicas são técnicas de transmissão populares. A codificação Manchester é amplamente empregada em redes que seguem o padrão IEEE 802.3 com cabos coaxiais e pares trançados (CSMA/CD em barramento). Já a codificação Manchester Diferencial é comumente empregada em redes que seguem o padrão IEEE 802.5 (Token Ring), com par trançado STP. 10 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.13. Comparação entre técnicas de codificação. 1.2.6 FONTES DE DISTORÇÃO DE SINAIS Além dos efeitos de distorção dos sinais transmitidos oriundos da banda passante limitada do meio físico, outros fatores causarão distorções nos sinais durante a transmissão. Entre eles encontramos: os ruídos presentes durante a transmissão, a atenuação e os ecos. Passemos a analisar cada um desses fatores, seus principais efeitos e a forma de contorná-los. 1.2.6.1 Ruídos Nos dias de hoje, uma das certezascom a tecnologia disponível é a existência de ruído no canal de comunicação, que pode ocasionar eventualmente um ou mais erros na transmissão do sinal. O ruído pode ser definido como sinais eletrônicos aleatórios que, adicionados ao sinal de informação, podem alterar seu conteúdo. A quantidade de ruído presente numa transmissão é medida em termos da razão entre a potência do sinal e a potência do ruído, denominada relação sinal-ruído. Se representarmos a potência do sinal por S e a potência do ruído por N, a razão sinal-ruído é dada por S/N. Existem basicamente quatro tipos de ruídos: o ruído branco, o ruído de intermodulação, o crosstalk e o ruído impulsivo. O ruído branco é um sinal cuja amplitude varia em torno de um certo nível, aleatoriamente no tempo, seguindo uma distribuição gaussiana. Em outras palavras, é um sinal que possui componentes em todo o espectro de freqüências de forma igualitária, somando-se ao sinal de dados. 11 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Esse tipo de ruído acontece devido à agitação térmica das moléculas em um dado meio físico, sendo inevitável, pois as moléculas estão em constante movimento. Por este motivo é conhecido também como ruído térmico, sendo diretamente proporcional à temperatura do meio físico. Quando sinais de diferentes frequências compartilham um mesmo meio físico (através de multiplexação na frequência) pode-se obter um ruído denominado de ruído de intermodulação. A intermodulação pode causar a produção de sinais em uma faixa de frequências, que poderão perturbar a transmissão de outro sinal naquela mesma faixa. Crosstalk é um ruído bastante comum em sistemas telefônicos. Quem de nós ainda não teve a experiência de ser perturbado, durante uma conversação telefônica, por uma conversação travada por terceiros? É o fenômeno que comumente chamamos de "linha cruzada". Este efeito é provocado por uma interferência indesejável entre condutores próximos que induzem sinais entre si. Os tipos de ruído descritos até aqui têm magnitudes e características previsíveis de forma que é possível projetar sistemas de comunicação que se ajustem a essas características. O ruído impulsivo, porém, é não contínuo e consiste em pulsos irregulares e com grandes amplitudes, sendo de prevenção difícil. Tais ruídos podem ser provocados por diversas fontes, incluindo distúrbios elétricos externos, falhas nos equipamentos etc. O ruído impulsivo é, em geral, pouco danoso em uma transmissão analógica. Em transmissão de voz, por exemplo, pequenos intervalos onde o sinal é corrompido não chegam a prejudicar a inteligibilidade dos interlocutores. Na transmissão digital, o ruído impulsivo é a maior causa de erros de comunicação. 1.2.6.2 Atenuação A potência de um sinal cai com a distância, em qualquer meio físico. Essa queda, ou atenuação, é, em geral, logarítmica e por isso é geralmente expressa em um número constante de decibéis por unidade de comprimento. A atenuação se dá devido a perdas de energia por calor e por radiação. Em ambos os casos, quanto maiores as frequências transmitidas maiores, as perdas. A distorção por atenuação é um problema facilmente contornado em transmissão digital através da colocação de repetidores que podem regenerar totalmente o sinal original, desde que a atenuação não ultrapasse um determinado valor máximo. Para tanto, o espaçamento dos repetidores não deve exceder um determinado limite, que varia de acordo com a característica de atenuação do meio físico utilizado. 1.2.6.3 Teorema de Nyquist No final da década de 20 Nyquist formulou uma equação que define a taxa de transmissão máxima para um canal de banda passante limitada e imune a ruídos. Ele provou que para sinais digitais, o número de transições de um nível de amplitude para outro no sinal original não pode ser maior do que 2W vezes por segundo, onde W é a largura de banda em Hz. Em outras palavras, através de um canal de largura de banda igual a W Hz, pode-se transmitir um sinal digital de no máximo 2W bauds. Como (onde L é o número de níveis utilizados na codificação), então a capacidade C do canal na ausência de ruído é dada por: Lbps2log baud 1 = Lbpsw 2log2 C = 12 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Essa é a fórmula obtida por Nyquist para a capacidade máxima de um canal dada a sua banda passante, na ausência de ruído. 1.2.6.4 Lei de Shannon Vinte anos depois de Nyquist, Shannon provou, também matematicamente, que um canal tem uma capacidade máxima limitada. A parte mais interessante de seu trabalho discute canais na presença de ruído térmico. O principal resultado de Shannon afirma que a capacidade máxima C de um canal (em bps) cuja largura de banda é W Hz, e cuja a razão sinal-ruído é S/N, é dada por: ( )NSLogwC += 1* 2 Um canal de 3.000 Hz, por exemplo, com uma razão sinal-ruído de 30 dB (parâmetros típicos de uma linha telefônica) não poderá, em hipótese alguma, transmitir a uma taxa maior do que 30.000 bps, não importando quantos níveis de sinal se utilizem ou qual a frequência de sinalização. E importante notar que este é um limite máximo teórico, e que, na prática, é difícil até mesmo se aproximar deste valor. Muito embora vários esquemas tenham sido propostos, a lei de Shannon constitui-se em um limite máximo intransponível. 1.2.7 AMPLIFICAÇÃO E REGENERAÇÃO Outros termos no emaranhado de conceitos se aplicam à qualidade de transmissão. Devido ao fenômeno da atenuação, devem ser usados equipamentos especiais entre os nós, quando a distância exceder certos valores (que são diferentes para a transmissão baseada no condutores metálicos, no sistema de fibra óptica e no sistema de enlace de rádio). Os pontos em que encontramos tais equipamentos são chamados de repetidores intermediários. Os repetidores podem ser usados simplesmente para amplificação (quando a portadora analógica se tornar muito fraca), ou para uma combinação de amplificação e regeneração, quando os sinais digitais da faixa básica precisarem ser regenerados. Figura 1.14. Amplificação. Regeneração significa que os sinais distorcidos da informação são lidos e interpretados, recriados e amplificados à sua aparência original antes de serem enviados. Ruídos e outras perturbações desaparecem inteiramente. Esse não é o caso da transmissão analógica, na qual as perturbações também são amplificadas. 13 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.15. Regeneração. 1.2.8 SUPORTES DE TRANSMISSÃO Os suportes de transmissão são caracterizados pela existência ou não de um meio físico para o envio do sinal. Na primeira classe estão os cabos metálicos (geralmente elétricos) e as fibras óticas, e na segunda classe, os enlaces de rádiofrequência. Muitas redes de comunicações consistem em uma mistura de diferentes meios de transmissão. Em princípio todos podem ser usados para transmitir tanto informações analógicas, quanto informações digitais. Entretanto, as operadoras não selecionam o meio de transmissão somente com base em considerações técnicas - os aspectos econômicos também têm bastante peso. Independente do tipo de transmissão, a opção pelo suporte ideal para uma determinada instalação está diretamente associada a alguns fatores que cercam cada implantação, tais como: • Conhecer a área na qual o suporte de transmissão será instalado; • Conhecer as distâncias limites, as quais o suporte de transmissão deverá atender; • Determinar a infra-estrutura que o suporte de transmissão irá percorrer(se será instalado em dutos próprios ou irá compartilhar dutos em que se encontram cabos que levam eletricidade); • Conhecer o desempenho que se deseja obter da rede, bem como os serviços que pretendem utilizar o suporte de transmissão como meio de passagem; • Contabilizar em quais pontos da instalação existem fontes que geram ruído EMI (Interferência Eletromagnética) ou RFI (Interferência por Radiofrequência) 1.2.8.1 Pares Trançados Em todas as instalações construídas com base no cabeamento estruturado, os cabos trançados são utilizados como principal meio para interligar os pontos por toda a organização. A linha do assinante, composta por pares trançados, é atualmente o meio mais fácil e simples que o usuário dispõem para estabelecer uma conexão com o ambiente da concessionária na busca por serviços de comunicação digital de alta velocidade. As modernas técnicas de processamento digital de sinais foram adaptadas especialmente para este desafio e resultaram no que hoje é conhecido como xDSL (Digital Subscriber Line) que consiste de uma família de tecnologias, que permitem taxas da ordem de dezenas de mega bits por segundo. No ambiente de redes locais, a tendência atual também é no sentido de privilegiar cada vez mais o par trançado, tornando-se atualmente o suporte mais importante na comunicação dos dados neste ambiente, devido principalmente ao seu baixo custo e simplicidade de instalação. Consegue-se atualmente, através de avançadas técnicas de DSP (Digital Signal Processing), taxas que já atingem 1 Gps em distâncias até 100m. Os cabos trançados são conhecidos basicamente por: 14 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação • UTP (Unshielded Twisted Pair) - Cabo de par trançado não blindado; • STP (Shielded Twisted Pair) - Cabo de par trançado blindado; Características do Par Trançado do tipo UTP Geralmente são cabos com dois ou quatro pares trançados em capa plástica e impedância característica de 100 ohms. Os pares de fios trançados foram padronizados pela EIA (Electronics Industries Association), e a TIA (Telecommunications Industry Association), que determinaram uma divisão em categorias. De acordo com esse padrão, quanto mais elevado o número da categoria, menor a atenuação do cabo e mais tranças ele tem por metro, melhorando sua característica de interferência entre pares próximos. Nos cabos categorias 3, 4 e 5, o número mínimo é de 9 tranças por metro, e estas nunca podem repetir o mesmo padrão de trança no cabo (entre pares), reduzindo o fenômeno de linha cruzada. A tabela a seguir apresenta a largura de banda e as taxas de transmissão típicas para as diversas categorias de pares trançados não blindados (UTP). As taxas de transmissão mencionadas na tabela são para distâncias de no máximo 100 m. Categoria Largura de Banda / Capacidade de Transmissão 3 Freqüência de até 16MHz. Certificado para até 10Mbps. 4 Freqüência de até 20MHz. Suporta até 16Mbps. 5 Freqüência de 100 MHz por par. Suporta bem 100Mbps do Ethernet ou 155Mbps do ATM. 5e Igual a categoria 5, foram adicionados os parâmetros PS NEXT, Balanço, PS ELFEXT, Return Loss. Suporte a Gigabit Ethernet 6 Freqüência até 250 MHz. (ANSI/TIA/EIA-568-B.2-1) 7 (Draft) Freqüência até 600 MHz. Necessita de conectores novos (diferente do RJ-45). Características do Par Trançado do tipo STP Cabo com dois ou quatro pares trançados blindados através de uma malha que deverá ser aterrada. Este tipo de cabo é confeccionado industrialmente com impedância característica de 150 ohms, podendo alcançar freqüências de 300 MHz em 100m de cabo. 15 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação (a) STP. (b) UTP. Figura 1.16. Cabos Trançados. O UTP, como já havíamos mencionado, não possui proteção física contra ruídos externos. Mas possui, enquanto em funcionamento, um efeito que reduz a interferência no sinal transmitido. Esta técnica é chamada de CANCELAMENTO e pode ser explicada da seguinte forma: Cada fio do par transmite o sinal em um sentido, desta forma, a corrente que flui em direções opostas dentro de cada fio gera um campo eletromagnético, que segundo aquela regra que aprendemos na Física do primeiro grau, regra da mão direita, a corrente que entra no condutor gera um campo no sentido horário e a corrente que sai do condutor gera um campo no sentido anti-horário. Sendo assim, os dois campos se cancelam, aumentando a capacidade do par em resistir às interferências. Como podemos concluir após esta explicação, em um par do cabo, um fio assume o papel de TX (Transmissor) e outro, de RX (Receptor). Com base nesta condição, podemos falar que sempre o cancelamento das forças estará atuando num condutor trançado. 16 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.17. Cancelamento das Forças. Outro fato muito interessante sobre esse cabo se traduz numa pergunta que é sempre geradora de muitas dúvidas. Qual a função determinada a cada par desse cabo? Na maioria dos protocolos de transmissão de dados em rede local, como: Ethernet, ATM, Fast-Ethenet, Token-Ring, são utilizados apenas dois pares que, conforme a definição especificada em norma, utiliza os pares verde/branco do verde e laranja/branco do laranja. Outros protocolos como, por exemplo, o Gibabit Ethenet já têm necessidade de utilizar os quatro pares. Outras aplicações, como transmissão de som, imagem, voz, etc., utilizam apenas um par, possibilitando assim a integração dos sinais num mesmo cabo. Figura 1.18. Possíveis Funções Par a Par. Conforme falamos anteriormente, cada par já possui, a prióri, uma definição para uso determinado, bastando, para que isto se confirme, realizar a correta conectorização do cabo. O conector macho utilizado para esse fim é o RJ-45 (conector de oito vias). Ele possui contatos frontais que perfuram a capa do condutor, possibilitando o contato. É importante salientar que o fio condutor não deve ser descamisado, pois poderia possibilitar futuramente a ocorrência de oxidação prejudicando a performance do link como um todo. O ato de inserção do contato com fio recebe o nome de auto desnudamento, pois ele rompe a capa apenas na área de contato. 17 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Para fazer a conectorização desse cabo, também deve ser utilizada uma ferramenta própria denominada: alicate de crimp. É importante deixarmos bem claro, neste momento, que a conectorização do cabo, geralmente considerada pelos profissionais como atividade banal, é de grande importância, pois, se mal executada, pode comprometer toda uma implantação ou levar à degradação futura de performance da rede. Outro fato que não podemos deixar de falar é sobre o padrão de conectorização. A norma EIA/TIA 568 padronizou duas configurações de conectorização: • T568-A; • T568-B. O que é realmente importante e deve ser firmado é a obrigação do projetista ou do próprio instalador de optar pelo padrão de conectorização A ou B, e jamais inventar o seu próprio padrão. E necessário saber que todo o material de cabeamento estruturado disponível no mercado é fornecido para o padrão A ou B, ou então se adapta aos dois. Figura 1.19. Conector RJ-45 (Padrão de Cores). 1.2.8.2 Cabo Coaxial O cabo coaxial é constituído de um condutor interno circundado por uma malha condutora externa, tendoentre ambos um dielétrico que os separa. O cabo coaxial, ao contrário do par trançado, mantém uma capacitância constante e baixa, teoricamente independente do comprimento do cabo. Esse fator faz com que os cabos coaxiais possam suportar velocidades mais elevadas que o par trançado. 18 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.20. Cabo Coaxial. A forma de construção do cabo coaxial (com a blindagem externa) proporciona uma alta imunidade a ruído. Sua geometria permite uma banda passante de 60 kHz a 850 MHz. Sua velocidade de transmissão pode chegar a 10 Mbps em distâncias de um quilômetro. Maiores velocidades podem ser obtidas com cabos mais curtos. Um problema em relação ao cabo coaxial é o que sua topologia inerente é barra, herdando seus problemas. É por este motivo que analistas de mercado dizem que o cabo coaxial está condenado em transmissão digital, pois o par trançado pode fazer tudo o que o cabo coaxial faz e com custo menor. Existem dois tipos de cabo coaxial: o cabo coaxial comum de 50 ohms, usado para transmissão digital em banda básica, como, por exemplo, o Ethernet e o cabo coaxial de banda larga de 75 ohms, utilizado tipicamente para TV a cabo e redes de banda larga. Características do cabo coaxial banda base de 50 ohms • Distância máxima de 200 m a 1 km; • Transmissão em banda base, código Manchester diferencial; • Taxas de 10 a 50 Mbps; • Cabos comerciais mais comuns de 50 ohms. ? RG - 175 ~ 200m ? RG - 58 ~ 300m (Supondo uma taxa de 10 Mbps) ? RG - 8 ~ 500m Características do cabo coaxial de banda larga (CATV) Na comunicação de dados por cabos coaxiais de banda larga, procurou-se reutilizar a tecnologia já disponível para a TV a cabo ou CATV (Community Antenna TV). Nesta tecnologia é utilizado um cabo coaxial de banda larga com impedância característica de 75 ohms. A banda passante deste cabo é atualmente da ordem de 850 MHz, que pode ser alocada tanto para uma multiplexação FDM de canais analógicos como para multiplexação TDM de canais digitais. A multiplexação FDM do CATV, ocupa geralmente a porção inferior da banda e se estende de 5MHz a 450 MHz, onde encontramos principalmente canais de TV analógicos, de 6 MHz, mas também canais de rádio FM estéreo de 50KHz, canais de rádio AM de 10 kHz e mesmo canais de voz de 4 kHz. A multiplexação TDM de canais digitais ocupa geralmente a porção superior da banda, que vai de 450 MHz até 850 MHz. As aplicações aqui variam desde canais de dados tipo E1 ou E3, redes metropolitanas (MAN), até previsão para tráfego dos canais de televisão digital de alta resolução. A comunicação de dados em cabos CATV ainda se encontra em um estágio inicial. Os dispositivos para viabilizar comunicação de dados de usuário por CATV, são conhecidos como cable modems, operam numa banda de 6 MHz (canal de TV 19 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação analógico), e oferecem taxas que variam de 10 a 40 Mbps, de forma partilhada para aproximadamente mil usuários por canal. A grande vantagem do cabo CATV de 75 ohms sobre os demais, é a sua baixa relação custo/desempenho. Por ser produzido em massa para o mercado de CATV, o seu custo é vantajoso, além de serem produzidos também uma grande variedade de dispositivos auxiliares, como divisores, acopladores, amplificadores, conectores, terminações, etc., que favorecem a sua utilização para comunicação de dados em alta velocidade e serviços multimídia, digitais ou analógicos. Os conectores utilizados pelos cabos coaxiais são: • Conector BNC - utilizado para conectar um cabo coaxial. Esse conector pode ser encontrado em vários tipos, como: conector de rosca, de crimp e de solda (também conhecido por conector BNC com joelho). De todos estes apresentados, o que oferece maior rapidez na conectorização é o de crimp; e o que oferece maior segurança é o de solda. Dentro da linha dos conectores de crimp é importante relatar que existem aqueles que oferecem uma melhor ou pior conectorização. Isto vai variar de acordo com a qualidade do conector, que muitas vezes pode ser revelada diretamente pelo próprio custo do produto; OBS: É importante salientar que para ligar um conector de crimp, é necessário adquirir o alicate de crimp, que é uma ferramenta especifica para esse tipo de serviço. • Conector T - também conhecido como conector de transição, e é utilizado para possibilitar a conexão do equipamento ao cabo coaxial; • Conector Junção - é utilizado para unir ou fazer a junção de dois lances de cabo coaxial. Muito conhecido no mercado como emenda para cabo coaxial. Ele não deve ser utilizado em grande quantidade pela rede, pois oferece uma maior atenuação do sinal transmitido, em cada ponto em que é instalado. É muito utilizado para substituir o conector T em pontos nos quais não mais existem equipamentos a serem interligados à rede; • Terminador - o terminador ou terminator é utilizado para fechar o lance de cabo coaxial. Isto se justifica porque toda rede local implementada com cabo coaxial deve possuir um terminador em cada extremidade, que estará fazendo o papel de casador de impedância, que nada mais é que um amortecedor do sinal que chega até as bordas do cabo. Desta forma, estaremos eliminando o efeito de ressonância do sinal, quando este encontra o final do cabo, e com isso, eliminando a possibilidade da alteração de um sinal transmitido recentemente, por outro transmitido há mais tempo. Figura 1.21. Conectores e Ferramenta. 20 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação 1.2.8.3 Enlaces de Rádio O rádio é um meio de transmissão com um grande campo de aplicações, o qual proporciona grande flexibilidade ao usuário (por exemplo, telefones sem fio). O rádio pode ser usado localmente, entre continentes, na comunicação fixa e na móvel, entre nós de rede ou entre usuários e nós de rede. Nesta subseção, tratamos das conexões de enlaces de rádio e via satélite. Espectro dos enlaces de rádio O espectro do rádio, de 3 kHz até 300 GHz, é uma faixa do espectro eletromagnético (infravermelho, luz visível e ultravioleta e as freqüências do raio X são de outras faixas). O espectro do rádio está dividido em oito faixas de freqüência, como mostrado pela Figura 1.22, das VLF (freqüências muito baixas) até as EHF (freqüências extremamente altas). Figura 1.22. Espectro de radiofreqüência. A propagação de uma onda de rádio depende de sua freqüência. As ondas de rádio com freqüências abaixo de 30 MHz são refletidas pelas diferentes camadas da atmosfera e pela terra, possibilitando que sejam usadas para o tráfego rádio-marítimo, telégrafo e telex. A capacidade é limitada a algumas dezenas ou centenas de bps. Acima de 30 MHz, as freqüências são altas demais para serem refletidas pelas camadas ionizadas da atmosfera. As faixas de freqüência VHF e UHF usadas para TV, radiodifusão e telefonia móvel pertencem a esse grupo. As freqüências acima de 3 GHz estão sujeitas a severas atenuações, causadas por obstáculos (tais como edifícios) e, por isso requerem uma linha de visibilidade livre entre o transmissor e o receptor. Os sistemas de enlace de rádio usam as freqüências entre 2 e 40 GHz, e os sistemas de satélite usam normalmente as freqüências entre 2 e 14 GHz. A capacidade está na magnitude de 10 - 150 Mbps. Enlace de rádio Nas conexões de enlace de rádio, a transmissão é efetuada via uma cadeia de transmissores e de receptores de rádio. O enlace de rádio é usado para a transmissão analógica, assimcomo a digital. 21 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.23. Conexão via enlace de rádio. A intervalos regulares, o sinal é recebido numa estação e enviado para a próxima estação de enlace. A estação de enlace pode ser ativa ou passiva. Uma estação de enlace ativa, amplifica ou regenera o sinal. Uma estação de enlace passiva consiste, geralmente, em duas antenas parabólicas interligadas diretamente sem qualquer eletrônica de amplificação entre elas. Cada enlace de rádio necessita de dois canais de rádio: um para cada direção. Um espaçamento de uns poucos MHz é necessário entre a freqüência do transmissor e a freqüência do receptor. A mesma antena parabólica e guia de ondas são usados para ambas as direções. A distância entre as estações de rádio - também chamada de comprimento de salto - depende da potência de saída, do tipo de antena e do clima, assim como da freqüência. Quanto mais alta a freqüência portadora, mais curto é o alcance. Por exemplo, um sistema de 2 GHz possui um alcance de, aproximadamente, 50 quilômetros e um sistema de 18 GHz possui um alcance de 5 - 10 km. Enlace de satélite Os sistemas de satélite são bem similares aos sistemas de enlace de rádio; a única diferença real é que a estação de enlace intermediária está em órbita ao redor da Terra, em vez de instalada no solo. Um satélite de comunicações pode ser imaginado como um grande repetidor de microondas no céu. Existem satélites síncronos (ou geoestacionários) e assíncronos. Os satélites síncronos acompanham a trajetória da terra, ficando sobre a linha do equador a 36.000 Km de altitude. Esta distância de 36.000 Km foi matematicamente calculada para que o satélite necessite de o mínimo de energia para se manter em órbita síncrona em relação à terra, pois neste ponto a força gravitacional da terra (que puxa o satélite para baixo) iguala-se à força inercial (que tende a manter o movimento e fazer o satélite sair pela tangente e ir para o espaço). As freqüências padronizadas para satélites de comunicação são as seguintes: 3,7 a 4,2 GHz para retransmissão e 5,925 a 6,425 GHz para recepção. Estas freqüências são normalmente referidas com 4/6 GHz. Existe uma para recepção e outra para retransmissão para não haver interferência no feixe recebido e retransmitido. Existem outras freqüências padronizadas que permitem a utilização de satélites mais próximos. 12/14 GHz permite 1 grau entre satélites, mas sofrem problemas de absorção por partículas de chuva. 20/30 GHz também são utilizadas, mas o equipamento 22 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação necessário é ainda muito caro. A tabela a seguir mostra as principais bandas padronizadas para satélites. Um problema com a transmissão via satélite são os atrasos na conexão fim a fim. Um atraso típico de satélite é de 250 a 300 ms. A título de comparação, links terrestres de microondas tem um atraso de propagação de aproximadamente 4 µs/km e cabo coaxial tem um atraso de aproximadamente 5 µs/km. Uma informação interessante sobre satélites é que o custo para transmitir uma mensagem é independente da distância percorrida. Assim, o custo de transmitir uma mensagem através do oceano em um link intercontinental é o mesmo que para transmitir a mensagem para o outro lado da rua. Outra característica é que a transmissão é broadcast, ou seja, não possui um destinatário específico. Qualquer antena direcionada adequadamente pode receber a informação. Isto faz com que algumas emissoras enviem mensagens criptografadas (codificadas), para evitar a recepção por pessoas não autorizadas. 1.2.8.4 Fibras Ópticas Como já sabemos, a fibra oferece algumas vantagens em relação ao cabo metálico, pois atende a longas distâncias, preservando o sinal original por uma distância muito maior, é imune a interferências eletromagnéticas e ruídos. Sendo assim, pode ser instalada em áreas que seriam inóspitas para a transmissão em cabos metálicos e possibilita a transmissão na ordem de Gbps. Mas infelizmente, o cabo de fibra, ainda hoje oferece uma desvantagem em relação ao cabo metálico, o custo. Devido à tecnologia envolvida, a fibra tem um custo maior de instalação, manutenção e também o hardware envolvido possui um custo mais elevado. Diante deste quadro, podemos concluir que a fibra atualmente, não é utilizada em todos os casos nem em todas as aplicações, sendo mais utilizada dentro do cabeamento estruturado, na construção de Backbones internos e externos. Basicamente, um cabo óptico é constituído dos seguintes componentes: • Um núcleo interno de fibra de vidro; • Uma casca que envolve o núcleo, também de fibra de vidro; • Uma película que recobre a casca, chamada de acrilato; • Um tubo em que as fibras são comportadas, chamado de tubete; • Os fios de aramida, que muitas vezes atuam como proteção a tração; • Bastão de kevlar, que é utilizado nos cabos para dar resistência mecânica, consequentemente, protegendo o cabo que contém as fibras, contra curvatura e dobras que poderiam contribuir para o rompimento ou dilaceramento das fibras ópticas; • E por fim, a capa que envolve o todo o cabo, que é constituída por um polímero. 23 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.24. Cabo de Fibra Óptica. Fundamentos Físicos da Transmissão Óptica As comunicações ópticas estão associadas ao desenvolvimento do laser (1960) e da própria fibra (1970). Comparadas às comunicações ópticas, as outras técnicas de transmissão (Figura 1.25), apresentam as seguintes bandas passante: Figura 1.25. Espectro de freqüência eletromagnético. As fibras ópticas são feitas em vidro (Sílica - SiO2) e em plástico. As fibras de plástico (uso comercial atualmente restrito) são mais baratas, mas exibem uma atenuação bem maior. As dimensões físicas do diâmetro variam de 5 a 100 µm. O mecanismo de propagação da luz pela fibra está baseado no fenômeno físico representado pela refração de um raio luminoso ao passar entre dois meios com índices de refração distintos (Figura 1.26). Índice de refração n c v = onde, • c = velocidade da luz no vácuo • v = velocidade da luz no meio 24 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação O índice de refração depende da freqüência pois, c f= λ , onde, • λ = comprimento de onda • f = freqüência da onda. Figura 1.26. O fenômeno da refração de um raio luminoso. Existe uma relação entre os índices dos meios e os ângulos dos raios luminosos incidentes e refratados em relação a uma reta normal à superfície de separação conhecida como Lei de Snell. n0 sen Φ0 = n1 sen Φ1 A física mostra que existe um ângulo Φc, chamado ângulo crítico, tal que, qualquer ângulo de incidência Φ1 com Φ1 < Φc, não haverá raio refratado, ou seja, o raio será totalmente refletido de volta no limite entre os dois meios. Pode se mostrar que este ângulo crítico Φc pode ser dado por: Φc ≅ arcsen n n 0 1 Φc= ângulo crítico Φc n n ≅ arcsen 1 2 Dois meios quaisquer com n1< n2 (n1 menos denso) A fibra óptica é constituída de um núcleo de vidro mais denso, circundado por uma cobertura (clading) menos densa (Figura 1.27). 25 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura1.27. Mecanismo de propagação de um raio luminoso numa fibra óptica. Para que o raio luminoso se propague pela fibra através de múltiplas reflexões sem que haja refração (fuga) o angulo de incidência deverá obedecer à condição: 2 1 n narcsenc ≅Φ<Φ A transmissão de uma onda luminosa por uma fibra óptica é limitada quanto ao comprimento da fibra, devido principalmente à dispersão no tempo e à atenuação na amplitude do sinal luminoso. A Figura 1.28 mostra as conseqüências destes dois fenômenos sobre um pulso luminoso. Figura 1.28. Atenuação de amplitude e dispersão temporal em fibra óptica. A atenuação é causada principalmente por impurezas no material (transparência) e é de difícil controle na fabricação. A dispersão de tempo é causada principalmente devido a incidência da luz em vários ângulos na entrada , fazendo com que os caminhos percorridos variem e os tempos de chegada no outro lado também (dispersão modal). Um outro fator que causa dispersão é que a luz na entrada possui diversos comprimentos de onda (luz policromática) o que causa tempos de propagação diferentes e portanto dispersão. Também impurezas dentro da fibra óptica são causadores de dispersão. A atenuação de amplitude do pulso luminoso ao passar por uma fibra óptica é principalmente devido as perdas causadas por impurezas dentro do núcleo central. As modernas técnicas de purificação tem conseguido fibras com atenuação menor que 0,1 dB/Km e a cada ano o comprimento do segmento entre repetidores praticamente dobra. 26 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Em 1993 foi conseguida, nos laboratórios Bell da AT&T, uma transmissão experimental a 5Gbit/s num segmento de 9000 Km. As fibras de vidro são classificadas em três tipos segundo critérios de construção física e a correspondente performance associada. Definiu-se um fator de qualidade para as fibras óticas denominado, Capacidade de Transmissão da fibra, o qual é praticamente constante para cada tipo de fibra. A Capacidade de Transmissão CT de uma fibra é por definição, o produto da banda passante (ou também taxa máxima) pela distância. CT, e é aproximadamente constante para um determinado tipo de fibra. CT = Banda Passante x Distância Tipos de Fibras Ópticas De acordo com a tecnologia de construção do núcleo central da fibra podemos distinguir entre três tipos de fibra óptica: a - Fibra óptica do tipo multimodo com índice degrau; b - Fibra óptica do tipo multimodo com índice gradual; c - Fibra óptica monomodo. • • • Fibras de Índice Degrau: Possuem o núcleo composto por um material homogêneo, de índice de refração constante e sempre superior ao da casca. A luz incidente pode percorrer diversos caminhos, o que ocasiona o alargamento do impulso luminoso ao término do percurso (utilizada em aplicações de rede LAN e redes industriais); Fibras de Índice Gradual: Possuem o núcleo composto por um índice de refração variável, crescente da periferia para o centro. Essa variação gradual do índice permite a redução do alargamento do impulso luminoso (utilizada em aplicações de rede LAN); Fibras Monomodais: Possuem um núcleo de reduzidas dimensões que, a partir de um determinado comprimento de onda de luz, transmite somente um modo. Esta característica reduz drasticamente o alargamento do impulso. Esta redução, por sua vez, permite uma excepcional condição para transmissão de grande número de informações simultâneas (utilizada geralmente em aplicações que envolvem rede WAN). A Tabela 1.1 e a Figura 1.29, apresentam respectivamente a performance das fibras e os seus detalhes construtivos. Tabela 1.1. Performances de Fibras Óticas Tipo de Fibra Capacidade de Transmissão CT [Hz.Km] Diâmetro φ [µm] Multimodo índice degrau 15 - 25 MHz.Km 100 a 200 Multimodo índice gradual ~ 400 MHz.Km 50 a 100 Monomodo ~ 1000 GHz.Km 2 a 10 27 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Figura 1.29. Detalhes construtivos dos diversos tipos de fibras e performance quanto a dispersão temporal considerando segmentos de mesmo comprimento. Vale ressaltar que em fibras monomodo é utilizada uma fonte luminosa do tipo coerente (um único comprimento de onda), ou seja, laser semicondutor. Em aplicações de redes locais, o IEEE padronizou algumas fibras e conectores ópticos para assegurar uma maior interoperabilidade entre os equipamentos de usuário. Tabela 2.1. Cabos de fibra óptica padronizados (EIA/TIA-568A) Tipo de Fibra λ microns Capacidade CT (MHz.km) Atenuação Máxima (dB/km) Tipo de Conector EIA/TIA 568 SC Aplicação Típica Comprimento Máximo Multimodo (MMF) 0,850 160 3,75 Conector bege 62,5/125 microns Cabeamento Horizontal e Backbone 1,3 500 1,5 2000m* Monomodo (SMF) 1,31 - 0,5 Conector azul 8,3/125 microns Cabeamento Backbone enlaces externos 1,55 - 0,5 3000m 28 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação OBS: Quando se tratar de cabeamento horizontal deve ser respeitado o limite de 90m. Essas fibras seguem um padrão de classificação, que delineiam o seu uso de forma correta. São classificadas em três tipos básicos: • • • Fibras Tight Buffer: Mais flexíveis, sem imunidade à umidade, utilizadas em aplicações que estejam nos ambientes internos das edificações; Fibras Loose: Possuem cabos flexíveis e mais rígidos, dependendo da aplicação, e oferecem imunidade à umidade, pois utilizam dentro do tubete um gel que retém a unidade. São mais utilizadas em ambientes externos às edificações. Podem ser utilizadas em ambientes internos, mas devem-se fazer as devidas considerações, pois o gel utilizado para reter a umidade é produzido a partir de substâncias advindas do petróleo; sendo assim, é inflamável. Fibras Loose Auto-Sustentáveis: Esse grupo se refere às fibras que possuem as mesmas características das fibras Loose detalhadas acima, mas dedicadas a serem lançadas por meio de posteamento. Para serem empregadas nesse tipo de infra- estrutura, é necessária uma maior proteção externa, pois essas fibras irão sofrer a ação do Sol e da chuva e devem possuir uma maior resistência mecânica. Essas fibras são encontradas para serem utilizadas em posteamento com lances de 80, 120 e 150 metros. Como já pode ser do conhecimento de muitos, todo lance de fibra deve ser concluído em um terminador óptico ou num distribuidor óptico. A diferença entre os dois está apenas na quantidade de fibras que pode ser terminada, pois o terminador é utilizado geralmente para fazer a terminação de uma ou duas fibras, já o distribuidor faz a terminação de várias fibras num mesmo módulo. A necessidade de fazer a terminação, parte da necessidade de conectar o equipamento por meio de cordões de fibra que sejam flexíveis; com isso, podem ser melhor manipulados. O cabo lançado, por ser mais rígido, é inadequado para ser conectado sair direto no equipamento, com pena de quebrar ou se danificar. Figura 1.30. Distribuidor e Terminador Óptico. Na transmissão por meio de fibras ópticas, são utilizados dois tipos de injetores de sinal: o LASER e o LED (Light Emitting Diode) — Diodo Emissor de Luz). O LASER (Light 29 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação Amplification by Stimulated Emission or Radiation - Amplificação de LuzEstimulada pela Emissão de Radiação), atualmente, é um injetor de sinal utilizado em equipamentos empregados na área de comunicação a longa distância, por ser mais potente, e, obviamente por este motivo, possui um maior custo agregado. Já na área de informática, o injetor mais utilizado é o LED, porque se trabalha com pequenas distâncias, e o custo do LED, por ser menor, torna mais acessíveis, os equipamentos de comunicação para redes locais. Outro elemento que está totalmente ligado ao cabo de fibra óptica é o conector. Os conectores mais utilizados são: MULTIMODO: ST, SC e MIC. MONOMODO: SMA e FC. Figura 1.31. Conectores para Fibra Óptica. Em contrapartida, muitas vezes é necessário não apenas conectar a fibra, mas sim fazer uma emenda. Diferentemente do cabo metálico, a fibra pode sofrer emenda, desde que a atenuação causada por esta não ultrapasse o limite exigido pelo equipamento que fará a decodificação e o entendimento do sinal transmitido. A emenda pode ser realizada de forma manual ou por fusão. A manual é mais rápida e muitas vezes é utilizada como emenda temporária para solucionar rapidamente um problema de ruptura na fibra. Já a fusão é o processo mais confiável e definitivo na técnica de emenda. Atualmente, a tecnologia de emendas manuais obteve grande desenvolvimento, sendo defendida pelos fabricantes até mesmo para fazer emendas definitivas. Já a fusão foi e continuará, por um bom tempo, sendo encarada como a técnica mais segura, pois ela realiza a junção das fibras por meio da junção física de uma ponta com a outra. 30 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação (a) (b) (c) Figura 1.32. Emendas para Fibra (Fonte: Catálogo da 3M). E por fim, o que não poderíamos deixar de comentar é sobre os testadores da fibra óptica. Após o lançamento das fibras é exigido que se faça o teste para que seja apurado o bom funcionamento daquele link instalado. São dois os equipamentos mais utilizados: Mitter e OTDR (Optical Time Domam Reflectometer). O Mitter é um equipamento muito utilizado para testar pequenos links de fibra e links instalados em redes locais, pois esse equipamento não oferece o relatório de perdas existentes ponto a ponto. Desta forma, ele só apresenta o valor de atenuação 31 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação total do link. Para pequenas redes essa medida pode ser suficiente, pois em pequenos links o problema de atenuação não necessita ser encarado com muita severidade. Já na área de telecomunicações, em que são instalados links que atingem quilômetros, é necessário um equipamento que faça a varredura do ponto de partida até o ponto final. Esse equipamento deve ser o OTDR. O OTDR possibilita uma amostragem gráfica de todo o link, exibindo a atenuação do sinal por todo o caminho percorrido, e apresentando com detalhe os pontos nos quais se apresenta uma maior atenuação, que pode ser causada por uma emenda ou mesmo por um problema físico no cabo. Para os profissionais que hão de trabalhar com a instalação de fibras ópticas dentro do cabeamento estruturado, o Mitter é o equipamento mais apropriado e mais acessível. 1.3 REDES EM ESCALA A conectividade dos computadores em rede pode ocorrer em diferentes escalas. A rede mais simples consiste em dois ou mais computadores conectados por um meio físico, tal como um par metálico ou um cabo coaxial. O meio físico que conecta dois computadores costuma ser chamado de enlace de comunicação e os computadores são chamados de nós. Um enlace de comunicação limitado a um par de nós é chamado de enlace ponto-a-ponto. Um enlace pode também envolver mais de dois nós, neste caso, podemos chamá-lo de enlace multiponto. Um enlace multiponto, formando um barramento de múltiplo acesso, é um exemplo de enlace utilizado na tecnologia de rede local (LAN – local area network) do tipo Ethernet. Se as redes de computadores fossem limitadas a situações onde todos os nós fossem diretamente conectados a um meio físico comum, o número de computadores que poderiam ser interligados seria também muito limitado. Na verdade, numa rede de maior abrangência geográfica, como as redes metropolitanas (MAN – metropolitan area network) ou redes de alcance global (WAN wide área network), nem todos os computadores precisam estar diretamente conectados. Uma conectividade indireta pode ser obtida usando uma rede comutada. Nesta rede comutada podemos diferenciar os nós da rede que estão na sua periferia, como computadores terminais conectados ao núcleo da rede via enlaces ponto-a-ponto ou multiponto, daqueles que estão no núcleo da rede, formado por comutadores ou roteadores. Existem inúmeros tipos de redes comutadas, as quais podemos dividir em redes de comutação de circuitos e redes de comutação de pacotes. Como exemplo, podemos citar o sistema telefônico e a Internet, respectivamente. 1.4 TOPOLOGIAS DE REDE Como visto na seção 1.3, podemos ter dois tipos de enlaces: ponto-a-ponto e multiponto. Nos enlaces ponto-a-ponto, a rede é composta de diversas linhas de comunicação, cada linha sendo associada à conexão de um par de estações. Neste caso, se duas estações devem se comunicar sem o compartilhamento de um cabo, a comunicação será feita de modo indireto, através de uma terceira estação. Assim, quando uma mensagem (ou pacote) é enviada de uma estação a outra de forma indireta (ou seja, através de uma ou mais estações intermediárias), ela será recebida integralmente por cada estação e, uma vez que a linha de saída da estação considerada 32 Prof. Clidenor Filho Redes de Comunicação está livre, retransmitida à estação seguinte. Esta política de transmissão é também conhecida como “store and forward” ou comutação de pacotes. A maior parte das redes de longa distância é do tipo ponto-a-ponto. As redes ponto-a-ponto podem ser concebidas segundo diferentes topologias. As redes locais ponto-a-ponto são caracterizadas normalmente por uma topologia simétrica e as redes de longa distância apresentam geralmente topologias assimétricas. A figura 1.33 apresenta as diferentes topologias possíveis nas redes ponto-a-ponto. Figura 1.33. Topologias ponto-a-ponto: (a) estrela; (b) anel; (c) árvore; (d) malha regular; (e) malha irregular. Na outra classe de redes, as redes multiponto (redes de difusão), são caracterizadas pelo compartilhamento, por todas as estações, de uma linha única de comunicação. Neste caso, as mensagens enviadas por uma estação são recebidas por todas as demais conectadas ao suporte (transmissão em modo promíscuo ou espião), sendo que um campo de endereço contido na mensagem permite identificar o destinatário. Na recepção, a máquina verifica se o endereço definido no campo corresponde ao seu e, em caso negativo, a mensagem é ignorada. As redes locais pertencem geralmente a esta classe de redes. Nas redes de difusão, existe a possibilidade de uma estação enviar uma mesma mensagem às demais estações da rede, utilizando um código de endereço especial. Esta forma de comunicação recebe o nome de Broadcasting. Neste caso, todas as estações vão tratar a mensagem recebida. Pode-se ainda especificar uma mensagem de modo que esta seja enviada a um subgrupo de estações da rede. Esta forma de comunicação recebe o nome de Multicasting. A figura 1.34 apresenta algumas topologias possíveis no caso das redes de difusão. Figura 1.34. Topologias das redes de difusão: (a) barramento; (b) satélite; (c) anel. 33 Prof. Clidenor FilhoRedes de Comunicação Numa rede em barramento, geralmente uma única máquina é autorizada a cada instante a transmitir uma mensagem — é a estação monitora do barramento. As demais estações devem esperar autorização para transmissão. Para isto, um mecanismo de arbitragem deve ser implementado para resolver possíveis problemas de conflito (quando duas ou mais estações querem enviar uma mensagem), este mecanismo podendo ser centralizado ou distribuído. No caso das redes de satélite (ou rádio), cada estação é dotada de uma antena através da qual pode enviar e receber mensagens. Cada estação pode “escutar” o satélite e, em alguns casos, receber diretamente as mensagens enviadas pelas demais estações. No caso do anel, cada bit transmitido é propagado de maneira independente em relação à mensagem (ou pacote) ao qual ele pertence. Em geral, cada bit realiza uma volta completa do anel durante o tempo necessário para a emissão de um certo número de bits, antes mesmo da emissão completa da mensagem. Também nesta topologia, é necessária a implementação de um mecanismo de acesso ao suporte de comunicação. Existem diferentes técnicas para este fim que serão discutidas em outras unidades. As redes de difusão podem ainda considerar duas classes de mecanismos de acesso ao suporte de comunicação: estáticas ou dinâmicas. Um exemplo do primeiro caso é a definição de intervalos de tempo durante os quais cada estação tem a posse do canal de comunicação, permitindo então que esta emita a mensagem de maneira cíclica. No entanto, esta política é bastante ineficiente do ponto de vista do envio das mensagens, uma vez que muitas estações não vão enviar mensagens nos intervalos a elas destinadas. Já na outra classe de mecanismos (dinâmicos), o acesso é dado às estações segundo a demanda de envio de mensagens. Nos mecanismos de acesso dinâmicos, pode-se ainda considerar dois casos: • os mecanismos centralizados, nos quais uma estação central (árbitro) é a responsável da definição do direito de acesso ao suporte de comunicação; • os mecanismos distribuídos, nos quais cada estação define quando ela vai emitir a mensagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • KUROSE, J. F., Redes de Computadores e a Internet: Uma Nova Abordagem, 1a Edição, Addison Wesley, São Paulo, 2003. • SOARES, L. F. G.; LEMOS, G.; COLCHER, S., Redes de Computadores: das LANs, MANs e WANs às Redes ATM, Campus, RJ, 1995 • TORRES, G., Redes de Computadores Curso Completo, Axcel Books, 2001. • FILHO, C. F. A., Redes de Comunicação, 2005. 142 f. (Apostila) – UNIUBE, Uberaba. • STEMMER, M. R., Sistemas Distribuídos e Redes de Computadores para Controle e Automação Industrial, 2001. 276 f. (Apostila) – UFSC, Florianópolis. • CANTÚ, E., Redes de Computadores e a Internet, 2003. 79 f. (Apostila) – CEFET/SC, Florianópolis. 34 Prof.: Clidenor Filho Arquiteturas de Redes de Comunicação ARQUITETURAS DE REDES DE COMUNICAÇÃO 2.1 INTRODUÇÃO À ARQUITETURA DE REDES DE COMUNICAÇÃO Após o levantamento das diferentes necessidades associadas a uma rede de comunicação, um ponto de fundamental importância é como viabilizar um projeto de rede que abranja a imensa quantidade de funções a serem implementadas, bem como a ordenação de tais funções e quem será o responsável por implementa-las. Podemos ser ainda mais explícitos no que diz respeito ao questionamentos, como por exemplo, as soluções adotadas são dependentes do suporte de transmissão utilizado? Elas continuam válidas no caso de expansão da rede? Tais questões representam, de certo modo, a necessidade de levar em conta um certo ordenamento no que diz respeito à adoção das soluções a cada problema. Logo, a concepção de um projeto para as redes de comunicação deverá ser baseada em dois conceitos fundamentais: o da hierarquia e o da descentralização, cuja conjunção vai permitir responder à questão de ordenação na adoção das soluções. Segundo esta concepção, uma tarefa global é vista como sendo decomposta à medida que se vai descendo na hierarquia, sendo a única interação física realizada no seu nível mais baixo. Baseando-se nos princípios da hierarquia e da descentralização foi então concebido o modelo de camadas hierárquicas. Para entender bem o papel do citado modelo de camadas, o qual é amplamente utilizado nas redes de comunicação, vamos fazer uma analogia com um sistema postal hipotético. Por exemplo, para enviar uma carta neste sistema postal o usuário deverá primeiramente acondicioná-las em um envelope padronizado. Em seguida, ele deve escrever, também segundo algumas regras, o endereço do destinatário. Note que o endereço é hierarquizado, onde consta o nome do usuário final, o nome da rua, a cidade, o estado e o país. Feito isto o usuário deve selar a carta e depositá-la em uma caixa coletora do serviço postal. Os carteiros do sistema postal são responsáveis por diariamente coletar as correspondências nas caixas coletoras e levá-las até a agência de triagem local dos correios. A agência de triagem local realiza um primeiro serviço de triagem das correspondências, a partir do endereço dos destinatários, e define o encaminhamento seguinte das mesmas. Para alguns destinos pode haver um encaminhamento direto a partir da agência local (por exemplo, uma localidade vizinha). Para outros destinos (por exemplo, uma cidade de outro estado) o encaminhamento pode se dar via outra agência de triagem intermediária. Para encaminhar as correspondências ao próximo destino, todas as cartas cujas rotas devem seguir por esta destinação são acondicionadas em um malote, e seguirão por um serviço de malote. O serviço de malote carrega os malotes entre as “agências vizinhas” (isto é, as quais possuem serviço de malote direto). Dependendo das agências em questão, o transporte dos malotes pode ser realizado de diferentes maneiras. Por exemplo, via linha aérea comercial, via linha de transporte rodoviário, com transporte rodoviário próprio, etc. 35 Prof.: Clidenor Filho Arquiteturas de Redes de Comunicação Uma vez na próxima agência de triagem o malote é aberto e nova triagem é realizada. Este processo de roteamento das correspondências entre as agências de triagem prossegue até que a correspondência chegue a agência destino, responsável pela jurisdição onde habita o destinatário final. Uma vez na agência destino as cartas são separadas e repassadas aos carteiros para fazerem a entrega a domicílio das cartas aos destinatários finais. (veja diagrama mostrado na Figura 2.1) Figura 2.1. Ações para entrega de correspondência. Todo este processo tem analogia com as redes de comunicação. Por exemplo, uma mensagem entre um computador conectado a uma rede e outro de uma rede remota deve ser encaminhada desde a rede do remetente, seguindo uma determinada rota, até atingir o computador destino. Todavia, a analogia que estamos buscando está na estrutura mostrada na Figura 2.1. Como podemos observar, cada funcionalidade no processo de envio de uma correspondência tem uma etapa correspondente no lado do destinatário. Poderíamos então organizar estas funcionalidades organizando-as em camadas horizontais (Figura 2.2). Figura 2.2. Camadas hierárquicas do serviço de postagem. Estas camadas horizontais permitem que cada funcionalidade seja descrita de forma separada, onde cada camada guarda uma certa independência das demais. Por exemplo, para o usuário, uma vez que ele depositou uma carta no coletor, não lhe interessa como a mesma vai ser entregue ao destinatário. Ele simplesmente conta com o sistema postal para isto. 36 Prof.: Clidenor Filho
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