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Válvulas de Controle e Segurança 5a. edição (Revista) Marco Antônio Ribeiro Válvulas de Controle e Segurança 5a. edição Marco Antônio Ribeiro Dedicado a Elvira Barbosa, a doutora Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se claramente e de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e pretensioso mostra logo que não entende muito bem o assunto em questão, ou então, que tem razão para evitar falar claramente. (Rosa Luxemburg) Ó Tek, 1991, 1993, 1995, 1999 Salvador, BA, Primavera 1999 Prefácio Os fabricantes de válvulas geralmente fornecem literatura técnica suficiente acerca das válvulas de controle, porém, sem um conhecimento dos conceitos básicos de vazão, controle, rangeabilidade, característica, é difícil interpretar ou utilizar corretamente tais informações. Este trabalho é apresentado de um modo muito conciso para rápida referência. Os detalhes dos equipamentos, os circuitos, as equações matemáticas, os cálculos teóricos não são mostrados e são disponíveis na literatura dos fabricantes. Procurou-se enfatizar os aspectos de controle da válvula e seu comportamento na malha de controle. O autor vê uma grande semelhança entre um sistema de áudio e um de controle. No Brasil, hoje há um grande desenvolvimento de instrumentação eletrônica digital para uso na sala de controle, com o uso intensivo e extensivo de microprocessadores, dando-se pouca importância ao elemento final de controle. É algo parecido com os sistemas de áudio, onde são disponíveis amplificadores de potência cada vez mais potentes, tocadores de disco a laser, sintonizadores digitais, mas pouca coisa é feita em relação às caixas acústicas. As válvulas de controle, como as caixas acústicas, parecem que não fazem parte do sistema; nem são consideradas instrumentos. O ponto colocado é: não adianta estratégia de controle avançada, algoritmos digitais, otimização do controle se a prosaica válvula de controle não foi escolhida, dimensionada, instalada e mantida adequadamente. O objetivo deste trabalho é o de fornecer os conceitos básicos e mais importantes para o engenheiro ou técnico envolvido na aplicação, seleção, especificação, dimensionamento, instalação e manutenção de qualquer tipo de válvula de controle. As sugestões, as criticas destrutivas e as correções são bem-vindas, desde que tenham o objetivo de tornar mais claro e entendido o assunto. Escrever para o autor no endereço: Rua Carmem Miranda 52, A 903, CEP 41 820-230, Salvador, BA, pelo telefone (0xx71) 452-3195, pelo Fax (0xx71) 452.4286 ou pelo e-mail marcotek@uol.com.br Marco Antonio Ribeiro Salvador, Outono 2003 Autor Marco Antônio Ribeiro se formou no ITA, em 1969, em Engenharia de Eletrônica blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá. Durante quase 14 anos foi Gerente Regional da Foxboro, em Salvador, BA, período da implantação do pólo petroquímico de Camaçari blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá. Fez vários cursos nos Estados Unidos e na Argentina e possui dezenas de artigos publicados nas áreas de Instrumentação, Controle de Processo, Automação, Segurança, Vazão e Metrologia e Incerteza na Medição blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá. Desde 1987, é diretor da Tek Treinamento & Consultoria Ltda. blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, firma que presta serviços nas áreas de Instrumentação e Controle de Processo. i Válvulas de Controle Conteúdo 1. CONSTRUÇÃO 1 Objetivos de Ensino 1 1. Introdução 1 1.1. Válvula no Processo Industrial 1 1.2. Definição de Válvula de Controle 1 1.3. Elemento Final de Controle 2 1.4. Funções da Válvula de Controle 3 2. Corpo 4 2.1. Conceito 4 2.2. Elemento de controle 4 2.3. Sede 5 2.4. Plug 5 2.5. Materiais 5 2.6. Conexões Terminais 7 2.7. Entradas e Saída 9 3. Castelo 10 3.1. Conceito 10 3.2. Tipos de castelos 10 3.3. Aplicações especiais 11 4. Métodos de Selagem 11 4.1. Vazamentos 12 4.2. Vazamento entre entrada e saída 12 5. Atuador 13 5.1. Operação Manual ou Automática 13 5.2. Atuador Pneumático 14 5.3. Ação do Atuador 14 5.4. Escolha da Ação 15 5.5. Forças atuantes 16 5.6. Mudança da Ação 16 5.7. Dimensionamento do Atuador 16 5.8. Atuador e Outro Elemento Final 17 2. DESEMPENHO 19 Objetivos de Ensino 19 1. Aplicação da Válvula 19 1.1. Introdução 19 1.2. Dados do Processo 19 1.3. Desempenho da Válvula 20 2. Característica da Válvula 20 2.1. Conceito 20 2.2. Características da Válvula e do Processo20 2.3. Relações Matemáticas 21 2.4. Característica de Igual Percentagem 21 2.5. Característica Linear 22 2.6. Característica de Abertura Rápida 23 2.7. Característica Instalada 23 2.8. Escolha da Característica 24 2.9. Linearização da Característica 25 2.10. Vazão do Corpo 26 2.11. Coeficiente de Resistência K 26 2.12. Coeficiente de Descarga 28 2.13. Resistência Hidráulica 28 3. Rangeabilidade 28 4. Controle da Válvula 29 4.1. Ganho 29 4.2. Dinâmica 30 4.3. Controlabilidade da Válvula 31 5. Vedação e Estanqueidade 32 5.1. Classificação 32 Vazamento 33 5.2. Vazamento 33 5.3. Válvulas de Bloqueio 33 Conteúdo ii 3. APLICAÇÕES 34 Objetivos 34 1. Dados do Processo 34 1.1. Coleta de dados 34 1.2. Condições de Operação 35 1.3. Distúrbios 36 1.4. Tempo de resposta 37 1.5. Tubulação 37 1.6. Fatores ambientais 38 1.7. Documentação 38 1.8. Normas e Especificações 38 2. Válvula para Líquidos 39 2.1. Vazão ideal através de uma restrição ideal 39 2.2. Vazão através da válvula 40 2.3. Tubulação não padrão 41 3. Válvula para Gases 44 3.1. Fluidos Compressíveis 44 3.2. Fator de expansão 45 3.3. Relação dos calores específicos 45 3.4. Fator de compressibilidade 45 4. DIMENSIONAMENTO 47 Objetivos de Ensino 47 1. Introdução 47 2. Coeficiente de vazão 48 2.1. Introdução 48 2.2. Dados para o cálculo 48 2.3. Uso das equações ISA 48 3. Queda de Pressão na Válvula 49 3.1. Introdução 49 3.2. Recomendações 50 3.3. Queda de pressão e vazão 50 3.4. Queda de pressão 51 4. Roteiro de dimensionamento 53 4.1. Vazão através da válvula 53 5. Válvula para líquidos 53 5.1. Líquido 53 5.2. Fatores de correção 53 5.3. Exemplo 1 56 Dados do processo 56 Solução 56 6. Válvulas para gases e vapores 57 6.1. Gases e líquidos 57 6.2. Equações de dimensionamento 57 6.3. Vazão crítica ou chocada 57 6.4. Fator da relação dos calores específicos58 6.5. Fator de expansão Y 58 6.6. Fator de compressibilidade Z 58 6.7 Ruído na válvula 58 6.8. Exemplo 2 59 Dados do processo 59 Solução 59 6. Curso da válvula 60 7. Considerações Adicionais 60 ISA S75.01-1985 (1995): EQUAÇÕES DE VAZÃO PARA DIMENSIONAR VÁLVULAS DE CONTROLE 61 1. Escopo 61 2. Introdução 61 3. Nomenclatura 62 4. Fluido incompressível – vazão de líquido não volátil 64 4.1. Equações para vazão turbulenta 64 4.2. Constantes numéricas 64 4.3. Fator de geometria da tubulação 64 4.4. Equações para vazão não turbulenta 655. Fluido incompressível – vazão chocada de líquido volátil 66 5.1. Equações para vazão chocada de líquido66 5.2. Fator de recuperação de pressão do líquido, FL 67 5.3. Fator de recuperação de pressão combinado do líquido, FLP 67 6. Fluido compressível – vazão de gás e vapor 67 6.1. Equações para vazão turbulenta 68 6.2. Constantes numéricas 68 6.3. Fator de expansão Y 69 6.4. Vazão chocada 69 6.5. Fator de relação de queda de pressão, xT69 6.5. Fator de relação de queda de pressão com redutores ou outras conexões, xTP 69 6.7. Fator de relação dos calores específicos, Fk 70 6.8. Fator de compressibilidade, Z 70 Conteúdo iii Apêndice A – uso das equações de vazão para dimensionamento de válvulas 71 Apêndice B - derivação dos fatores Fp e Flp 72 Apêndice C - variações de pressão no sistema válvula de controle e tubulação 74 Apêndice D: valores representativos dos fatores de capacidade da válvula 76 Apêndice E: fator do número de Reynolds 77 Determinação do coeficiente de vazão requerido (Seleção do tamanho da válvula) 77 Previsão da vazão 78 Previsão da queda de pressão 78 Apêndice F: equações para vazão de líquido não turbulenta 80 Problema 1. 81 Problema 2 81 Problema 3 82 Apêndice G: fator de relação de pressão crítica do líquido, FF 83 Apêndice H: derivação de xt 84 Apêndice I: equações da vazão da válvula de controle - Notação SI 85 Equações para líquido 85 Equações para gás e vapor 86 Apêndice J: referências 87 International Electrotechnical Commmission (IEC) 87 ISA 87 5. RUÍDO E CAVITAÇÃO 88 Objetivos de Ensino 88 1. Ouvido humano 88 2. Som e ruído 89 3. Ruído da Válvula 89 Vibração mecânica 90 Ruído hidrodinâmico 90 Ruído aerodinâmico 91 4. Controle do Ruído 92 Tratamento do caminho 92 Tratamento da fonte 93 5. Previsão do ruído da válvula 94 Cálculo da ruído na válvula 94 Exemplos de cálculo de ruído 95 6. Cavitação 99 6.1. Geral 99 1.2. Cavitação na válvula 100 4. Velocidade do fluido na válvula 102 4.1. Introdução 102 4.2. Projeto do trim 103 4.3. Erosão por cavitação 103 4.4. Erosão por abrasão 103 4.5. Ruído 103 4.6. Vibração 104 3. Golpe de Aríete 104 6. INSTALAÇÃO 106 Objetivos de Ensino 106 1. Instalação da Válvula 106 1.1. Introdução 106 1.2. Localização da Válvula 106 1.3. Cuidados Antes da Instalação 106 1.4. Alívio das Tensões da Tubulação 107 1.5. Redutores 107 1.6. Instalação da Válvula 107 1.7. Válvula Rosqueada 107 1.8. Válvula Flangeada 108 2. Acessórios e Miscelânea 108 2.1. Operador Manual 108 2.2. Posicionador 109 2.3. Booster 110 2.4. Chaves fim de curso 111 2.5. Conjunto Filtro Regulador 111 2.6. Transdutor Corrente para Ar 112 2.7. Relés de Inversão e de Relação 112 Conteúdo iv 3. Tubulação 113 3.1. Classificação dos Tubos 113 3.2. Diâmetros dos Tubos 114 3.3. Espessuras Comerciais 114 3.4. Aplicações dos Tubos 114 3.5. Conexões 115 3.6. Velocidade dos Fluidos 115 3.7. Dimensionamento da Tubulação 116 3.8. Válvula com Redução e Expansão 116 7. CALIBRAÇÃO, AJUSTE E MANUTENÇÃO 118 1. Calibração e Ajuste 118 1.1. Ajuste de Bancada 118 1.2. Ajuste do Curso da Válvula 119 1.3. Calibração do Posicionador 120 1.4. Montagem e Desmontagem 122 2. Manutenção 123 2.1. Conceitos gerais 123 2.2. Procedimento típico de manutenção 123 3. Pesquisa de Defeitos (Troubleshooting) 124 3.1. Erosão do corpo e dos internos 124 3.2. Vazamento entre sede e obturador 124 3.3. Vazamento entre anel da sede e o corpo124 3.4. Vazamento na caixa de gaxetas 124 3.5. Desgaste da haste 125 3.6. Vazamento entre castelo e corpo 125 3.7. Haste quebrada ou conexão da haste quebrada 125 3.8. Vazamento excessivo através do selo do pistão 125 3.9. Válvula não responde ao sinal 125 3.10. Válvula não atende o curso total 126 3.11. Curso da válvula lento e atrasado 126 8. TIPOS DE VÁLVULAS 130 Objetivos de Ensino 130 1. Parâmetros de Seleção 130 1.1. Aplicação da Válvula 130 1.2. Função da Válvula 131 1.3. Fluido do Processo 131 1.4. Perdas de Carga 131 1.5. Condições de Operação 131 1.6. Vedação 131 1.7. Materiais de Construção 132 1.8. Elemento de Controle da Vazão 132 2. Tipos de Válvulas 133 3. Válvula Gaveta 135 3.1. Válvula Gaveta 136 3.2. Custo 136 3.3. Característica de vazão 136 3.4. Descrição 136 3.5. Vantagens 137 3.6. Desvantagens 137 3.7. Aplicações 138 4. Válvula Esfera 139 4.1. Válvula Esfera 140 4.2. Custo 140 4.3. Característica 140 4.4. Descrição 141 4.5. Vantagens 142 4.6. Desvantagens 143 4.7. Aplicações 143 5. Válvula Borboleta 144 5.1. Válvula Borboleta 145 5.2. Custo 145 5.3. Característica 145 5.4. Descrição 146 5.5. Vantagens 147 5.6. Desvantagens 147 5.7. Aplicações 147 5.8. Supressão do ruído 147 5.9. Válvula Swing 148 6. Válvula Globo 149 6.1. Válvula Globo 150 6.2. Custo 150 6.3. Característica 151 6.4. Descrição 151 6.4. Trim 152 6.5. Haste 153 6.6. Castelo 153 6.7. Corpo 155 6.8. Conexões 158 6.9. Materiais de construção 158 6.10. Vantagens 159 6.11. Desvantagens 159 6.12. Aplicações 159 7. Válvula Diafragma 160 7.1. Introdução 161 7.2. Custo 161 7.3. Característica 161 7.1. Descrição 161 7.4. Vantagens 162 7.5. Desvantagens 162 7.6. Aplicações 162 7.7. Válvula Pinch 162 Conteúdo v 8. Válvula Macho (Plug Furado) 163 8.1. Válvula Macho (Plug) 164 8.2. Custo 164 8.3. Característica 164 8.4. Descrição 165 8.5. Vantagens 165 8.6. Desvantagens 165 8.7. Aplicação 165 9. VÁLVULAS ESPECIAIS 166 Objetivos de Ensino 166 1. Introdução 166 2. Válvula de Retenção 166 2.1. Conceito 166 2.2. Válvula de Retenção a Portinhola 166 2.3. Válvula a Levantamento 167 2.4. Válvula de Retenção Tipo Esfera 168 2.6. Válvula de Retenção e Bloqueio 168 2.7. Aplicações 168 3. Válvula de retenção de excesso de vazão169 4. Válvula Auto-Regulada 171 4.1. Conceito 171 4.2. Vantagens do Regulador 172 4.3. Desvantagens do Regulador 172 4.4. Regulador de Pressão 172 4.5. Regulador de Temperatura 174 4.6. Regulador de Nível 174 4.7. Regulador de Vazão 176 5. Válvula Redutora de Pressão 176 5.1. Conceito 176 5.2. Precisão da Regulação 177 5.3. Sensibilidade 177 5.4. Seleção da Válvula Redutora de Pressão177 5.5. Instalação 177 5.6. Operação 178 5.7. Manutenção 178 6. Válvula Solenóide 179 6.1. Solenóide 179 6.2. Válvula Solenóide 179 6.3. Operação e Ação 179 6.4. Invólucros da Solenóide 180 10. VÁLVULA DE ALÍVIO E SEGURANÇA 182 1. Princípios básicos 182 1.1. Introdução 182 1.2. Objetivo 182 1.3. Terminologia 183 1.4. Normas 185 2. Projeto e Construção 187 2.1. Princípio de Operação 187 2.2. Válvula com mola 187 2.4. Válvulas com piloto 190 2.5. Operação prática 191 3. Dimensionamento 196 3.1. Introdução 196 4. Sobrepressão e Alívio 198 4.1. Introdução 198 4.2. Condições de Fogo 199 4.3. Fatores ambientais 201 4.4. Condições de processo 202 5. Instalação 205 5.1. Introdução 205 5.2. Metodologia 206 5.3. Aplicação no Reator 209 5.4. Práticas de instalação 210 5.5. ASME Unfired Pressure Vessel Code 213 11. TERMINOLOGIA 216 1.Escopo 216 2. Classificação 216 Ação 219 Acessório 219 Altura de velocidade (velocity head) 220 Amortecedor (Snubber) 220 AOV 220 ARC 220 Atuador 220 Automática 221 Av 221 Backlash 221 Back Pressurre (contrapressão) 221 Banda morta 221 Bench Set 221 Blowdown 221 Bomba 221 Booster, Relé booster de sinal 222 Bucha (Gaxeta) 222 Bypass 222 Calor específico 222 Capacidade de vazão 222 Conteúdo vi Característica da vazão 223 Carga viva 223 Castelo 223 Cavidadedo corpo 224 Cavitação 224 Chave 225 Ciclos da vida 225 Cilindro 225 Classe ANSI (American National Standards Institute) 226 Coeficiente de Bernoulli 226 Coeficiente de descarga 226 Coeficiente de resistência 226 Coeficiente de vazão (CV ) 226 Compressível e lncompressível 226 Compressor 226 Conexão terminal 226 Corpo 227 Curso (travel, stroke) 227 Desbalanceada, Dinâmica 228 Desbalanceada, Estática 228 Diafragma 228 Disco 228 Disco de Ruptura 229 Distúrbio 229 Drift (desvio) 229 Eixo 229 Elemento de Fechamento 229 Elemento final de controle 230 Emperramento (stiction) 230 Entrada 230 Equipamento Adjacente 230 Equipamento Auxiliar 230 Estados correspondentes 230 Exatidão (accuracy) 231 Falha 231 Fator de compressibilidade 231 Fator de Recuperação da Pressão (FL) 231 Fechamento na extremidade morta 231 Fim de curso mecânico 231 Flacheamento (Flashing) 231 Flange 232 Gaiola 232 Ganho da válvula de controle 232 Gás ideal 232 Gaxeta 232 Golpe de Aríete 232 Guia 232 Haste 233 Histerese 233 Indicador do curso 233 Kv 233 Lift 233 Linearidade 233 Manual 233 Modulação 234 MOV 234 Número de Reynolds 234 Obturador 234 Orifício de Controle da Vazão 234 OSHA 234 Override do sinal 234 Pedestal (yoke) 234 Pistão 234 Plaqueta de dados 235 Posicionador 235 Precisão (precision) 235 Pressão 236 Queda de pressão 236 Rangeabilidade da válvula 237 Recuperação 237 Redutor e Expansão 237 Resistência Hidráulica 238 Resolução 238 Rosca 238 Rotatória 238 Ruído 238 Schedule da Tubulação 238 Sede 238 Selos da Haste 239 Sensitividade 239 Sobrepressão 239 Suprimento 239 Temperatura crítica 240 Tempo de curso 240 Transdutor 240 Trim 240 Troubleshooting 241 3. Tubulação 241 Válvula 241 Válvula de pé (Foot valve) 245 Vazão 246 Vazamento (leakage) 247 Via (port) 247 Vedação 247 Vena contracta 248 Volante (handwheel) 248 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 249 1 1. Construção Objetivos de Ensino 1. Mostrar as principais funções da válvula na indústria de processo. 2. Listar as principais sociedades técnicas e associações que elaboram e distribuem normas sobre válvulas. 3. Apresentar as funções da válvula de controle na malha de controle do processo. 4. Descrever fisicamente as partes constituintes da válvula de controle típica. 5. Mostrar todos os tipos disponíveis de castelo da válvula. 6. Apresentar as características e aplicações dos principais atuadores de válvula. 1. Introdução 1.1. Válvula no Processo Industrial Aproximadamente 5% dos custos totais de uma indústria de processo químico se referem à compra de válvulas. Em termos de número de unidades, as válvulas perdem apenas para as conexões de tubulação. É um mercado estável de aproximadamente US$ 2 bilhões por ano. As válvulas são usadas em tubulações, entradas e saídas de vasos e de tanques em várias aplicações diferentes; as principais são as seguintes: 1. serviço de liga-desliga 2. serviço de controle proporcional 3. prevenção de vazão reversa 4. controle e alivio de pressão 5. especiais: a) controle de vazão direcional b) serviço de amostragem c) limitação de vazão d) selagem de saídas de vasos De todas estas aplicações, a mais comum e importante se relaciona com o controle automático e contínuo do processo. 1.2. Definição de Válvula de Controle Várias entidades e comitês de normas já tentaram definir válvula de controle, mas nenhuma definição é aceita universalmente. Algumas definições exigem que a válvula de controle tenha um atuador acionado externamente. Por esta definição, a válvula reguladora auto-atuada pela própria energia do fluido manipulado não é considerada válvula de controle mas inclui válvula solenóide e outras válvulas liga-desliga. É polêmico considerar uma válvula liga- desliga como de controle, pois algumas definições determinam que a válvula de controle seja capaz de abrir, fechar e modular (ficar em qualquer posição intermediária), mas nem toda válvula de controle é capaz de prover vedação completa. Não há consenso do valor do vazamento que desqualifica uma válvula de controle. Outra definição de válvula de controle estabelece que o sinal para o atuador da válvula venha de um controlador automático. Porém, é aceito que o sinal de atuação da válvula pode vir de controlador, estação manual, solenóide piloto ou que a válvula seja também atuada manualmente. Certamente, não há um limite claro entre uma válvula de controle e uma válvula de bloqueio com um atuador. Embora a válvula de bloqueio não seja usada para trabalhar em posição intermediária e a válvula de controle não seja apropriada para dar vedação total, algumas válvulas de bloqueio Construção 2 podem modular e algumas válvulas de controle podem vedar. Mesmo assim, há um enfoque diferente para as duas válvulas, de bloqueio e de controle. A válvula de controle é projetada e construída para operar modulando de modo contínuo e confiável com um mínimo de histerese e atrito no engaxetamento da haste. A vedação total é apenas uma opção extra. A válvula de bloqueio é projetada e construída para operar ocasional ou periodicamente. O selo da haste não precisa ser tão elaborado como o da válvula de controle. Atrito, histerese e guia da haste são de pouca importância para a válvula de bloqueio e muito importantes para a de controle. As equações de vazão de uma válvula de controle se aplicam igualmente a uma válvula manual, porém há também enfoques diferentes no projeto das duas válvulas. A válvula solenóide não é considerada válvula de controle contínuo, mas um acessório. Fig. 1.1. Válvula de controle (Fisher) 1.3. Elemento Final de Controle A malha de controle a realimentação negativa possui um elemento sensor, um controlador e um elemento final de controle. O sensor ou o transmissor envia o sinal de medição para o controlador, que o recebe e o compara com um ponto de ajuste e gera um sinal de saída para atuar no elemento final de controle. O elemento final de controle manipula uma variável, que influi na variável controlada, levando-a para valor igual ou próximo do ponto de ajuste. Por analogia ao corpo humano, pode-se dizer que o elemento sensor da malha de controle é o nervo, o controlador funciona como o cérebro e a válvula constitui o músculo. O controle pode ser automático ou manual. O controle manual pode ser remoto ou local. A válvula de controle abre e fecha a passagem interna do fluido, de conformidade com um sinal de controle. Quando o sinal de controle é proveniente de um controlador, tem-se o controle automático da válvula. Quando o sinal de controle é gerado manualmente pelo operador de processo, através de uma estação manual de controle, tem-se o controle manual remoto. Na atual manual local, o operador atua diretamente no volante da válvula. Há vários modos de manipular as vazões de materiais e de energia que entram e saem do processo; por exemplo, por bombas com velocidade variável, bombas dosadoras, esteiras, motor de passo porém, o modo mais simples é por meio da válvula de controle. O controle pode ser feito de modo continuo ou liga-desliga. Na filosofia continua ou analógica, a válvula pode assumir, de modo estável, as infinitas posições entre totalmente fechada e totalmente aberta. Na filosofia digital ou liga- desliga, a válvula só fica em duas posições discretas: ou totalmente fechada ou totalmente aberta. O resultado do controle é menos satisfatório que o obtido com o controle proporcional, porém, tal controle pode ser realizadoatravés de chaves manuais, chaves comandadas por pressão (pressostato), temperatura (termostato), Construção 3 nível, vazão ou controladores mais simples. Neste caso, a válvula mais usada é a solenóide, atuada por uma bobina elétrica. O sinal de controle que chega ao atuador da válvula pode ser pneumático ou eletrônico. A válvula de controle com atuador pneumático é o elemento final de controle da maioria absoluta das malhas. Mesmo com o uso cada vez mais intensivo e extensivo da instrumentação eletrônica, analógica ou digital, a válvula com atuador pneumático ainda é o elemento final mais aplicado. Ainda não se projetou e construiu algo mais simples, confiável, econômico e eficiente que a válvula com atuador pneumático. Ela é mais usada que as bombas dosadoras, alavancas, hélices, basculantes, motores de passo e atuadores eletromecânicos. Há quem considere o elemento final de controle o gargalo ou o elo mais fraco do sistema de controle. Porém, as exigências do processo químico são plenamente satisfeitas com o desempenho da válvula com atuador pneumático. Fig. 1.2. Malha de controle com válvula 1.4. Funções da Válvula de Controle Uma válvula de controle deve: 1. Conter o fluido do processo, suportando todos os rigores das condições de operação. Como o fluido do processo passa dentro da válvula, ela deve ter características mecânicas e químicas para resistir à pressão, temperatura, corrosão, erosão, sujeira e contaminantes do fluido. 2. Responder ao sinal de atuação do controlador. O sinal padrão é aplicado ao atuador da válvula, que o converte em uma força, que movimenta a haste, em cuja extremidade inferior está o obturador, que varia a área de passagem do fluido pela válvula. 3. Variar a área de passagem do fluido manipulado. A válvula de controle manipula a vazão do meio de controle, pela alteração de sua abertura, para atender as necessidades do processo. 4. Absorver a queda variável da pressão da linha, para compensar as variações de pressão a montante ou a jusante dela. Em todo o processo, a válvula é o único equipamento que pode fornecer ou absorver uma queda de pressão controlável. Fig. 1.3. Símbolos de uma malha de controle A válvula de controle age como uma restrição variável na tubulação do processo. Alterando a sua abertura, ela varia a resistência à vazão e como conseqüência, a própria vazão. A válvula de controle está ajustando a vazão, continuamente, (throttling). Depois de instalada na tubulação e para poder desempenhar todas as funções requeridas à válvula de controle deve ter corpo, atuador e castelo. Adicionalmente, ela pode ter acessórios opcionais que facilitam e otimizam o seu desempenho, como posicionador, booster, chaves, volantes, transdutores e relé de inversão. Atualmente já são comercialmente disponíveis válvulas inteligentes de controle, baseadas em microprocessadores. XIC XT XV XE XY Construção 4 O projeto incorpora em um único instrumento a válvula, atuador, controlador, alarmes e as portas de comunicação digital. As interfaces de comunicação incluem duas portas serial, RS-422, para ligação com computador digital; Várias (até 16) válvulas podem ser ligadas ao computador. Fig.1.4. Válvula com corpo, castelo e atuador 2. Corpo 2.1. Conceito O corpo ou carcaça é a parte da válvula que é ligada à tubulação e que contem o orifício variável da passagem do fluido. O corpo da válvula de controle é essencialmente um vaso de pressão, com uma ou duas sedes, onde se assenta o plug (obturador), que está na extremidade da haste, que é acionada pelo atuador pneumático. A posição relativa entre o obturador e a sede, modulada pelo sinal que vem do controlador, determina o valor da vazão do fluido que passa pelo corpo da válvula, variando a queda de pressão através da válvula. No corpo estão incluídos a sede, obturador, haste, guia da haste, engaxetamento e selagem de vedação. Chama-se trim todas as partes da válvula que estão em contato com o fluido do processo ou partes molhadas, exceto o corpo, castelo, flanges e gaxetas. Em uma válvula tipo globo, o trim inclui haste, obturador, assento, guias, gaiola e buchas. Em válvulas rotatórias, o trim inclui o membro de fechamento, assento, haste, suportes e gaxetas. Assim, o trim da válvula está relacionado com: 1. abertura, fechamento e modulação da vazão 2. característica da válvula (relação entre a abertura e a vazão que passa através da válvula) 3. capacidade de vazão (Cv) da válvula 4. diminuição das forças indesejáveis na válvula, como as que se opõem ao atuador, as que tendem a girar ou vibrar as peças ou as que impõem pesadas cargas nos guias e suportes 5. fatores para minimizar os efeitos da erosão, cavitação, flacheamento (flashing) e corrosão. 2.2. Elemento de controle As válvulas podem ser classificadas em dois tipos gerais, baseados no movimento do dispositivo de fechamento e abertura da válvula: 1. deslocamento linear 2. rotação angular Fig. 1.5. Válvula globo com movimento linear do elemento de controle (haste) A válvula com elemento linear possui um obturador (plug) preso a uma haste que se desloca linearmente em uma cavidade variando a área de passagem da válvula. Construção 5 Esta cavidade se chama sede da válvula. A válvula globo é um exemplo clássico de válvula com deslocamento linear. A válvula com elemento rotativo possui uma haste ou disco que gira em torno de um eixo, variando a passagem da válvula. A válvula borboleta e a esfera são exemplos de válvulas com elemento rotativo. Fig. 1.6. Válvula borboleta com movimento rotativo do elemento de controle (haste) 2.3. Sede A sede da válvula é onde se assenta o obturador. A posição relativa entre o obturador e a sede é que estabelece a abertura da válvula. A válvula de duas vias pode ter sede simples ou dupla. Na válvula de sede simples há apenas um caminho para o fluido passar no interior da válvula. A válvula de sede simples é excelente para a vedação, porém requer maior força de fechamento/abertura. A válvula de sede dupla, no interior da qual há dois caminhos para o fluxo, geralmente apresenta grande vazamento, quando totalmente fechada. Porém, sua vantagem é na exigência de menor força para o fechamento/abertura e como conseqüência, utilização de menor atuador. Há válvula especial, com o corpo divido (split body), usada em linhas de processo onde se necessita trocar freqüentemente o plug e a sede da válvula, por causa da corrosão. (a) Sede simples (b) Sede dupla Fig. 1.7. Número de sedes da válvula 2.4. Plug O plug (obturador) da válvula pode assumir diferentes formatos e tamanhos, para prover vazamentos diferentes em função da abertura. Cada figura geométrica do obturador corresponde a uma quantidade de vazão em função da posição da haste (abertura da válvula). Os formatos típicos fornecem características linear, parabólica, exponencial, abertura rápida. (a) (b) (c) Fig. 1.8. Obturadores da válvula: (a) Igual percentagem (b) Linear (c) Abertura rápida 2.5. Materiais As diversas peças da válvula necessitam de diferentes materiais compatíveis com sua função. Devem ser considerados os materiais do 1. corpo (interno e externo) 2. trim (sede, trim, plug) Construção 6 3. revestimentos 4. engaxetamento 5. selo Corpo Como a válvula estáem contato direto com o fluido do processo o seu material interior deve ser escolhido para ser compatível com as características de corrosão e abrasão do fluido. A parte externa do corpo da válvula (em contato com a atmosfera do ambiente) é metálica, geralmente ferro fundido, aço carbono cadmiado, aço inoxidável AISI 316, ANSI 304, bronze, ligas especiais para altas temperatura e pressão e resistentes à corrosão química. O material do corpo de válvula que opera em baixa pressão pode ser não metálico: polímero, porcelana ou grafite. As partes internas, (aquelas que estão em contato com o fluido e são o interior do corpo, sede, obturador, anéis de engaxetamento e vedação) também devem ser de material adequado. Uma válvula de controle desempenha serviço mais severo que uma válvula manual, mas os materiais para suportar a corrosão podem ser os mesmos. Se o material é satisfatório para a válvula manual, também o é para a válvula de controle. A experiência anterior em uma dada aplicação é o melhor parâmetro para a escolha do material. A corrosão é um processo químico complexo, que é afetada pela concentração, temperatura, velocidade, aeração e presença de íons de outras substâncias. Há tabelas guia de compatibilidade de materiais e produtos típicos. Como exemplos 1. o aço inoxidável tipo 17 4pH é resistente à corrosão de água comum mas é corroído pela água desmineralizada pura. 2. O titânio é excelente para uso com cloro molhado mas é atacada pelo cloro seco. 3. O aço carbono é satisfatório para o cloro seco mas é atacada rapidamente pelo cloro molhado. Fig. 1.9. Partes internas ou molhadas da válvula Por isso, não há substituto para a experiência real de processos menos comuns. O pior da corrosão é que o material corrosivo pode ser também perigoso e não deve ser vazado para o ambiente exterior. O sulfeto de hidrogênio (H2S) pode causar quebras em materiais comuns da válvula, resultando em vazamentos. Porém o H2S é também letal. Além da corrosão, fenômeno químico, deve ser considerada a erosão, que é um fenômeno físico associado com a alta velocidade de fluidos abrasivos. Um material pode ser resistente à corrosão de um fluido com processo, mas pode sofrer desgaste físico pela passagem do fluido em alta velocidade e com partículas abrasivas. Internos As partes do trim (sede, plug, haste) estão em contato direto com o fluido do processo. Pelo seu formato, elas devem ser de material torneável e o aço inoxidável é o material padrão para válvulas globo e gaveta. Para aplicações com alta temperatura e fluidos corrosivos, são usadas ligas especiais como aço 17-4pH, ANSI 410 ou ANSI 440C e ligas proprietárias como stellite, hastelloy, monel e inconel. Revestimento Às vezes, o material que suporta alta pressão é incompatível com a resistência à corrosão e por isso devem ser usados materiais diferentes de revestimento, como elastômeros, teflon (não é elastômero), Construção 7 vidro, tântalo e borracha. Estes materiais são usados para encapsulamento ou como membros flexíveis de vedação. A válvula deve ser revestida quando o material molhado é muito caro, como os metais nobres e o tântalo. Para ser possível o revestimento, o corpo da válvula deve ter um formato simples. Sempre está surgindo material sintético diferente para suportar temperaturas e pressões cada vez maiores. A vida útil de um material de revestimento depende de vários fatores: concentração, temperatura, composição e velocidade do fluido, composição do elastômero, seu uso na válvula e qualidade da mão de obra em sua instalação. O teflonÒ é usado como material de selo para válvulas rotatórias e globo e para revestimento e encapsulamento de válvula esfera e borboleta. O teflon é atacado somente por metais alcalinos derretidos, como cloro ou flúor sob condições especiais. Praticamente, ele não tem problema de corrosão. As características notáveis do teflon são: 1. O teflon é um plástico e não é um elastômero. 2. Quando deformado, ele se recupera muito lentamente. 3. Ele também não é resiliente como um elastômero. 4. Ele é pouco resistente à erosão. 5. A sua faixa nominal de aplicação é de – 100 a 200 oC. Há alguns problemas com o revestimento de válvulas. O vácuo é especialmente ruim para o revestimento e raramente se usam revestimentos com pressão abaixo da atmosférica. Os revestimentos devem ser finos e quando sujeitos a abusos, eles são destruídos rapidamente. Como o diâmetro da válvulas é tipicamente menor que o diâmetro da tubulação, as velocidades no interior da válvula são maiores que a velocidade na tubulação. Qualquer falha de revestimento deixa o metal base exposto à corrosão do fluido da linha, resultando em falha repentina da linha. Fig. 1.10. Válvula com revestimento interno 2.6. Conexões Terminais A válvula é instalada na tubulação através de suas conexões. O tipo de conexões terminais a ser especificado para uma válvula é normalmente determinado pela natureza do sistema da tubulação em que a válvula vai ser inserida. Uma válvula de 4” (100 mm) é a que tem conexões para ser montada em uma tubulação com diâmetro de 4” (100 mm). Geralmente o diâmetro das conexões da válvula é menor que o diâmetro da tubulação onde a válvula vai ser montada e por isso é comum o uso de redutores. As conexões mais comuns são: flangeadas, rosqueadas, soldadas. Há ainda conexões especiais e proprietárias de determinados fabricantes. Os fatores determinantes das conexões terminais são: tamanho da válvula, tipo do fluido, valores da pressão e temperatura e segurança do processo. Conexão rosqueada As conexões rosqueadas são usadas para válvulas pequenas, com diâmetros menores que 2" ou 4". A linha possui a rosca macho e o corpo da válvula a rosca fêmea. É econômico e simples e muito adequado para pequenos tamanhos. As conexões rosqueadas podem se afrouxar quando se tem temperatura elevada com grande faixa de variação ou quando a instalação está sujeita à vibração mecânica. As roscas em aço inoxidável tendem a se espanar, quando conectadas a outros materiais e isso pode ser evitado com o uso de graxas especiais. Construção 8 Fig. 1.11. Válvula com conexões rosqueadas Conexão por solda O corpo da válvula pode ser soldado diretamente à linha. Este método é pouco flexível, porém é utilizado para montagem permanente, quando se tem altíssimas pressões e é perigoso o vazamento do fluido. Os dois tipos principais de solda são: de topo e soquete (mais eficiente). Os materiais e procedimentos de solda devem ser cuidadosamente controlados e devem ser usados alívios de tensão mecânica. Fig. 1.12. Válvula com conexões soldadas Conexão por flange Conectar o corpo da válvula à tubulação através do conjunto de flanges, parafusos e porcas é o método mais utilizado para válvulas maiores que 2". As flanges podem ser lisas ou de faces elevadas e sua classe de pressão ANSI deve ser compatível com a pressão do processo. Alguns usuários especificam um mínimo de 1” para o diâmetro mínimo da válvula para ela ter conexão flangeada. As dimensões do flange são padronizadas para diferentes materiais e classes. Se o corpo da válvula e da tubulação são de materiais diferentes ou se um ou ambos são revestidos, o problema de adequação deve ser cuidadosamente examinado. Por exemplo, o corpo de uma válvula em ferro fundido pode ter um flange de classe 125 e a tubulação de aço pode ter um flange de classe 150. Os furos dos parafusos seencaixam, mas os flanges de ferro possuem faces planas e os de aço possuem faces ressaltadas. Os flanges de aço são feitos de face ressaltada para dar alta força na gaxeta. Os flanges de ferro não podem ter faces ressaltadas porque o ferro é quebradiço quando submetido a alta força imposta pela face ressaltada. A solução é tirar a face ressaltada do flange de aço, tornando-o também de face plana. A classe ANSI 150 (chamada de 150 libras) não significa que a conexão é limitada à pressão de 1000 kPa (150 psi). O limite de pressão é determinado pela temperatura de operação e pelo material ASTM do flange. Por exemplo, um aço especificado para 285 psig e 50 oC só pode ser usado em 140 psi quando exposto a 300 oC. A especificação de flanges e gaxetas está além do presente trabalho. Apenas, os flanges de aço com fase ressaltada vem com gaxetas e canaletas, que podem ser concêntricas ou fonográficas. Acima de 600 psi, os flanges são usados com anéis de junção (RTJ – ring type joint). Há ainda conexões especiais proprietárias, como GraylockÒ, que podem manipular pressão de até 10 000 psi e são muito mais leves que o flange ANSI equivalente. Fig. 1.13. Diferentes tipos de flange Construção 9 Fig. 1.14. Classes de flange versus temperatura e pressão para aço carbono Fig. 1.15. Válvula de 4 vias flangeada Conexão wafer Algumas válvulas possuem faces lisas, em flange e são instaladas sanduíchadas entre dois flanges da tubulação. São chamadas de wafer e foram usadas inicialmente em válvula borboleta estreita. Atualmente, há válvula com corpo longo e conexões wafer. Devem ser tomados cuidados com os parafusos, gaxetas, compressão, expansão e contração dos materiais envolvidos. Recomenda-se o uso de torquímetro para apertar os parafusos e não se deve usar este tipo de conexão em processos com temperatura muito alta, muito baixa ou grande variação. A vantagem da conexão tipo wafer é a ausência de flange na válvula, reduzindo peso e custo. Também não há problema de compatibilidade e ela pode ser inserida entre dois flanges de qualquer tipo. A desvantagem inclui os problemas potenciais de vazamento e por isso equipamentos com conexões tipo wafer são considerados politicamente incorretos. Fig. 1.16. Válvula borboleta com tomada tipo wafer 2.7. Entradas e Saída A válvula de duas vias é a que tem duas conexões: uma de entrada e outra de saída. A válvula de duas vias é a mais usada. Há aplicações de mistura ou divisão, que requerem válvulas com três vias: 1. duas entradas e uma saída (mistura ou convergente) 2. uma entrada e duas saídas (divisão ou divergente) A diferença na construção é que a força do fluido é feita para agir em uma direção tendendo a abrir ambos os obturadores em cada caso, dando uma estabilidade dinâmica sem o uso de grande atuador. Construção 10 Fig. 1.17. Válvula liga-desliga de 2 vias Fig. 1.18. Válvula de controle de 2 vias Fig. 1.19. Diferentes configurações de válvula de três vias Fig. 1.20. Esquema de válvula de 4 vias Fig. 1.21. Vista de uma válvula de 4 vias 3. Castelo 3.1. Conceito O castelo (bonnet) liga o corpo da válvula ao atuador e completa o fechamento do corpo. A haste da válvula se movimenta através do engaxetamento do castelo. O castelo também pode fornecer a principal abertura para a cavidade do corpo para o conjuntos das partes internas ou ele pode ser parte integrante do corpo da válvula. É fundamental que a conexão do castelo forneça um bom alinhamento da haste, obturador e sede e que ela seja robusto suficientemente para suportar as tensões impostas pelo atuador. Porém, há válvulas que não possuem castelo. Normalmente, é necessário remover o castelo para ter acesso ao assento da válvula e ao elemento de controle da vazão, para fins de manutenção. 3.2. Tipos de castelos Os três tipos básicos de castelo são: 1. aparafusado 2. união 3. flangeado. O castelo e corpo rosqueados constituem o sistema mais barato e é usado apenas em pequenas válvulas de baixa pressão. O castelo preso ao corpo por uma união é usado em válvulas maiores ou para válvulas pequenas com alta pressão, permitindo uma vedação melhor que a do castelo rosqueado. O sistema com castelo flangeado é o mais robusto e permite a melhor vedação, sendo usado em válvulas grandes e em qualquer pressão. O engaxetamento no castelo para alojar e guiar a haste com o plug, deve ser de tal modo que não haja vazamento do interior da válvula para fora e nem muito atrito que dificulte o funcionamento ou provoque histerese. Para facilitar a lubrificação do movimento da haste e prover vedação, usam-se caixas de engaxetamento. Algumas caixas requerem lubrificação periódica. Os materiais típicos de engaxetamento incluem: Construção 11 teflon, asbesto, grafite e a combinação deles (asbesto impregnado de teflon, asbesto grafitado). Fig.1.22. Castelo com flange aparafusado e engaxetamento padrão O comprimento do castelo padrão é suficiente apenas para conter a caixa de engaxetamento. 3.3. Aplicações especiais Quando a aplicação envolve temperatura muito baixa (criogênica), para evitar a formação de gelo da umidade condensada da atmosfera em torno da haste e da caixa de engaxetamento, o castelo estendido deve 1. ter um comprimento muito maior que o normal, para ser mais aquecido pelo ambiente 2. ter engaxetamento com materiais especiais (semimetálicos) e 3. possuir aletas horizontais, que aumentem a área de troca de calor, facilitando a transferência de energia entre o processo e a atmosfera externa Fig. 1.23. Castelo alongado para baixas temperaturas Quando a aplicação envolver temperatura muito alta, usa-se também um castelo especial, com comprimento maior que o normal e com aletas, para baixar a temperatura da caixa de engaxetamento. Atualmente, os castelos aletados estão em desuso, pois é comprovado que o castelo plano estendido é tão eficiente quanto o aletado, para aplicações com líquidos e gases. Para um vapor condensante, a temperatura não é afetada, a não ser que válvula seja equipada com um selo baixo ou esteja montada de cabeça para baixo, o que não é recomendado. Em aplicações onde se quer vedação total ao longo da haste, pois o fluido do processo é tóxico, explosivo, pirofosfórico, muito caro, usam-se foles como selos. O fluido do processo pode ser selado interna ou externamente ao fole. Fig. 1.24. Castelo para aplicações de alta temperatura 4. Métodos de Selagem Há dois locais onde a válvula deve ter selos para prover vedação: 1. de sua entrada e para a saída ou vice- versa, quando ela estiver na posição fechada 2. de seu interior para o exterior, quando ela estiver com pressão estática maior que a atmosférica ou do exterior para seu interior, quando se tem vácuo no corpo da válvula. Construção 12 Fig. 1.25. Castelo selado com fole usado em aplicações com fluidos tóxicos e flamáveis 4.1. Vazamentos Para não haver vazamento de dentro da válvula para fora, deve haver selagem entre 1. o plug da válvula e a sede, 2. entre a haste e o engaxetamento do castelo, 3. nas conexões da válvula com a tubulação e 4. onde o castelo sejunta ao corpo da válvula. Por causa do movimento envolvido, a selagem na haste é a mais difícil de ser conseguida. O método mais comum de selagem da haste é o uso de uma caixa de enchimento, contendo um material flexível de engaxetamento, como grafite e asbesto, teflon e asbesto, teflon . O engaxetamento pode ser sólido, com teflon granulado, fibras de asbesto. Fig. 1.26. Caixa de engaxetamento com lubrificador e válvula de isolação De modo a reter a pressão do fluido dentro da válvula, é necessário comprimir o engaxetamento, por meio de uma porca ou plug. Este tipo de selo requer inspeções periódicas e manutenção. Invariavelmente, se uma válvula fica sem operar durante longo período de tempo, a porca da caixa deve ser apertada, quando a válvula é operada, senão ocorrerá vazamento. Quando se quer uma válvula sem possibilidade de vazamento para o exterior, deve-se usar válvula sem engaxetamento, como a válvula com diafragma entre o castelo e o corpo da válvula. O diafragma é acionado por um componente compressor, fixado na extremidade da haste e que também age como elemento de controle da vazão. Outro tipo de válvula sem engaxetamento emprega um fole metálico, no lugar do diafragma flexível. Estas válvulas são apropriadas para operação sob alto vácuo. Uma caixa de enchimento é normalmente usada acima do fole, para evitar vazamento no caso da falha do fole. 4.2. Vazamento entre entrada e saída Para que uma válvula não dê passagem de sua entrada para a saída, deve haver uma vedação entre o obturador e sua sede. Para prover um selo adequado contra a vazão do fluido do processo, quando a válvula estiver na posição fechada, deve haver um fechamento firme e seguro entre o elemento de controle de vazão e o assento da válvula. Estes componentes devem ser projetados de modo que as variações de pressão e de temperatura e as tensões mecânicas provocadas pela tubulação não distorçam ou desalinhem as superfícies de selagem. Em geral se empregam três tipos de selos: 1. contato metal-metal, 2. contato metal-material elástico, 3. contato metal-metal com revestimento de material elástico Com o advento dos plásticos, as válvulas se tornam disponíveis em uma variedade de plásticos. Os três tipos de selos continuam válidos, bastando substituir metal por plástico. A mesma analogia se aplica em Construção 13 válvulas tendo interiores revestidos de vidro, teflon, borrachas. A maior resistência é obtida de um selo metal-metal, mas pode haver desgaste e erosão do metal. O selo resiliente (elástico) é obtido pela pressão de uma superfície metálica contra uma superfície plástica ou de borracha. Este tipo de selo fornece um bloqueio total e é altamente recomendado para fluidos contendo sujeira, embora seja limitado a processos pouco rigorosos e com baixa pressão. As partículas sólidas, que podem ficar presas entre as superfícies de selagem, são forçadas e entram na superfície macia e não interferem no fechamento da válvula. Quando se tem alta pressão, é conveniente o uso do selo metal- metal com revestimento resiliente. 5. Atuador Atuador é o componente da válvula que recebe o sinal de controle e o converte em abertura modulada da válvula. Os modos de operação da válvula dependem do seu tipo, localização no processo, função no sistema, tamanho, freqüência de operação e grau de controle desejado. A atuação da válvula pode ser 1. manual 2. automática Fig. 1.27. Atuador pneumático e mola O atuador pode ser classificado, dependendo do tipo do dispositivo móvel, como 1. linear 2. rotativo. Outra classificação útil do atuador é quanto à fonte de potência, que pode ser 1. pneumática, 2. elétrica 3. hidráulica. 5.1. Operação Manual ou Automática A atuação manual pelo operador pode ser local ou remota. A atuação local pode ser feita diretamente por volante, engrenagem, corrente mecânica ou alavanca. A atuação manual remota pode ser feita pela geração de um sinal elétrico ou pneumático, que acione o atuador da válvula. Para ser atuada automaticamente a válvula pode estar acoplada a mola, motor elétrico, solenóide, servomecanismo, atuador pneumático ou hidráulico. Freqüentemente, é necessário ou desejável operar automaticamente a válvula, de modo continuo ou através de liga-desliga. Atuação automática significa sem a intervenção direta do operador. Isto pode ser conseguido pela adição à válvula padrão um dos seguintes acessórios: 1. atuador pneumático ou hidráulico para operação continua ou de liga-desliga, 2. solenóide elétrica para operação de liga-desliga, 3. motor elétrico para operação continua ou de liga-desliga. Fig. 1.28. Atuação manual da válvula de controle Construção 14 Geralmente, um determinado tipo de válvula é limitado a um ou poucos tipos de atuadores; quais sejam: 1. Válvulas de alivio e de segurança são atuadas por mola. 2. Válvulas de retenção são atuadas por mola ou por gravidade. 3. Válvulas globo de tamanho grande e com alta pressão de processo são atuadas por motores elétricos ou correntes mecânicas. 4. Válvulas de controle continuo são geralmente atuadas pneumaticamente. 5. Válvulas de controle liga-desliga são atuadas através de solenóides. Geralmente estes mecanismos de operação da válvula são considerados acessórios da válvula. 5.2. Atuador Pneumático Este tipo de operador, disponível com um diafragma ou pistão, é o mais usado. Independente do tipo, o princípio de operação é o mesmo. O atuador pneumático, com diafragma e mola é o responsável pela conversão do sinal pneumático padrão do controlador em força- movimento-abertura da válvula. O atuador pneumático a diafragma recebe diretamente o sinal do controlador pneumático e o converte numa força que irá movimentar a haste da válvula, onde está acoplado o obturador que irá abrir continuamente a válvula de controle. A função do diafragma é a de converter o sinal de pressão em uma força e a função da mola é a de retornar o sistema à posição original. Na ausência do sinal de controle, a mola leva a válvula para uma posição extrema, ou totalmente aberta ou totalmente fechada. Operacionalmente, a força da mola se opõe à força do diafragma; a força do diafragma deve vencer a força da mola e as forças do processo. Erradamente, se pensa que o atuador da válvula requer a alimentação de ar pneumático para sua operação; o atuador funciona apenas com o sinal padrão de 20 a 100 kPa (3 a 15 psi). O atuador pneumático consiste simplesmente de um diafragma flexível colocado entre dois espaços. Uma das câmaras deve ser vedada à pressão e na outra câmara ha uma mola, que exerce uma força contrária. O sinal de ar da saída do controlador vai para a câmara vedada à pressão e sua variação produz uma força variável que é usada para superar a força exercida pela mola de faixa do atuador e as forças internas dentro do corpo da válvula e as exercidas pelo próprio processo. O atuador pneumático deve satisfazer basicamente as seguintes exigências: 1. operar com o sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig), 2. operar sem posicionador, 3. ter uma ação de falha segura quando houver problema no sinal de atuação, 4. ter um mínimo de histerese, 5. ter potência suficiente para agir contra as forças desbalanceadas, 6. ser reversível. 5.3. Ação do Atuador Basicamente, há duas lógicas de operação do atuador pneumático com o conjunto diafragma e mola: 1. ar para abrir - mola para fechar, 2. ar para fechar - mola para abrir, Existe umterceiro tipo, menos usado, cuja lógica de operação é: ar para abrir - ar para fechar. Outra nomenclatura para a ação da válvula é falha-aberta (fail open), que equivale a ar-para- fechar e falha-fechada, que equivale a ar-para-abrir. Fig. 1.29. Ações dos atuadores pneumáticos Construção 15 A operação de uma válvula com atuador pneumático com lógica de ar para abrir é a seguinte: quando não há nenhuma pressão chegando ao atuador, a válvula está desligada e na posição fechada. Quando a pressão de controle (típica de 20 a 100 kPa) começa a crescer, a válvula tende a abrir cada vez mais, assumindo as infinitas posições intermediárias entre totalmente fechada e totalmente aberta. Quando não houver sinal de controle, a válvula vai imediatamente para a posição fechada, independente da posição em que estiver no momento da falha. A posição de totalmente fechada é também conhecida como a de segura em caso de falha. Quem leva a válvula para esta posição segura é justamente a mola. Assim, o sinal de controle deve superar 1. a força da mola, 2. a força apresentada pelo fluido do processo, 3. os atritos existentes entre a haste e o engaxetamento. O atuador ar-para-abrir necessita de pressão para abrir a válvula. Para pressões menores que 20 kPa (3 psi) a válvula deve estar totalmente fechada. Com o aumento gradativo da pressão, a partir de 20 kPa (3 psi), a válvula abre continuamente. A maioria das válvulas é calibrada para estar totalmente aberta quando a pressão atingir exatamente 100 kPa (15 psig). Calibrar uma válvula é fazer a abertura da válvula seguir uma reta, passando pelos pontos (20 kPa x 0%) e (100 kPa x 100%) de abertura. A falha do sistema, ou seja, a ausência de pressão, deve levar a válvula para o fechamento total. Uma válvula com atuação ar-para- fechar opera de modo contrario. Na ausência de ar e com pressões menores que 20 kPa (3 psig), a válvula deve estar totalmente aberta. Com o aparecimento de pressões acima de 20 kPa (3 psig) e seu aumento, a válvula diminuirá sua abertura. Com a máxima pressão do controlador, de 100 kPa (15 psig), a válvula deve estar totalmente fechada. Na falha do sistema, quando a pressão cair para 0 kPa (0 psig), a válvula deve estar na posição totalmente aberta. Certas aplicações exigem um válvula de controle com um diafragma especial, modo que a falta o ar de suprimento ao atuador faca a válvula se manter na última posição de abertura; tem-se a falha-última- posição. 5.4. Escolha da Ação A primeira questão que o projetista deve responder, quando escolhendo uma válvula de controle é: o que a válvula deve fazer, quando faltar o suprimento da alimentação? A questão esta relacionada com a posição de falha da válvula. A segurança do processo determina o tipo de ação da válvula: 1. falha-fechada (FC - fail close), 2. falha-aberta (FC - fail open), 3. falha-indeterminada (FI - fail indetermined), 4. falha-última-posição (FL - fail last position). Fig. 1.30. Forças atuantes na válvula ar para abrir compressão da mola sinal pneumático pressão da linha ar para fechar compressão da mola sinal pneumático pressão da linha pressão da linha pressão da linha Construção 16 A segurança também implica no conhecimento antecipado das conseqüências das falha de alimentação na mola, diafragma, pistão, controlador e transmissor. Quando ocorrer falha no atuador da válvula, a posição da válvula não é mais função do projeto do atuador, mas das forças do fluido do processo atuando no interior da válvula e da construção da válvula. As escolhas são 1. vazão-para-abrir (FTO - flow to open), 2. vazão-para-fechar (FTC - flow to close), 3. ficar na última posição (FB - friction bound). A ação vazão-para-fechar é fornecida pela válvula globo; a ação vazão-para-abrir é fornecida pela válvula borboleta, globo e esfera convencional. As válvulas com plug rotatório e esfera flutuante são típicas para ficar na última posição. 5.5. Forças atuantes Os diagramas vetoriais mostram a representação esquemática das forças, quando a válvula é desligada, para os dois casos possíveis, de ar para abrir e ar para fechar, quando a vazão entra debaixo do obturador. Quando a válvula abre, a força devida à pressão da linha diminui. Quando a válvula está fechada, esta força é máxima. Quando a válvula está totalmente aberta, a força devida à pressão da linha é muito dissipada e a força contra o obturador é desprezível. Em posições intermediárias, a força é também intermediária. 5.6. Mudança da Ação Há vários modos de se inverter a ação de controle do sistema constituído de controlador, atuador e válvula de controle: 1. troca da posição do atuador, alternando a posição relativa diafragma + mola. 2. alguns atuadores possuem uma alimentação alternativa: o sinal pode ser aplicado em dois pontos possíveis, cada um correspondendo a uma ação de controle. 3. alteração do obturador + sede da válvula. 4. alteração do modo de controle, no próprio controlador. A maioria dos controladores possui uma chave seletora para a ação de controle: direta (aumenta medição, aumenta sinal de saída) e inversa (aumenta medição, diminui sinal de saída). Fig. 1.31. Atuador reversível diafragma - mola Na aplicação prática, deve se consultar a literatura técnica disponível e referente a todos os equipamentos: controlador, atuador e válvula, para se definir qual a solução mais simples, segura e flexível. 5.7. Dimensionamento do Atuador O atuador pneumático deve ter um diafragma com área efetiva suficiente para permitir o fechamento contra a pressão da linha e uma mola com elasticidade suficiente para posicionar o obturador da válvula em resposta ao sinal contínuo da saída do controlador. Há atuadores de diferentes tamanhos que dependem dos seguintes parâmetros: 1. pressão estática do processo, 2. curso da haste da válvula, 3. deslocamento da mola do atuador e 4. sede da válvula. A força gerada para operar a válvula é função da área do diafragma, da pressão pneumática e da pressão do processo. Quanto maior a pressão do sinal Construção 17 pneumático, menor pode ser a área do diafragma. Como normalmente o sinal de atuação é padrão, de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig), geralmente o tamanho do diafragma depende da pressão do processo; quando maior a pressão do fluido do processo, maior deve ser a área do diafragma. O atuador pneumático da válvula funciona apenas com o sinal do controlador, padrão de 20 a 100 kPa. Ele não necessita do suprimento de ar de 120 a 140 kPa (20-22 psig). O tamanho físico do atuador depende da pressão estática do processo e da pressão do sinal pneumático. A faixa de pressão mais comum é o sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig); outra também usada é a de 40 a 200 kPa (6 a 30 psig). Os fabricantes apresentam equações para dimensionar e escolher o atuador pneumático. Os atuadores industriais, para o sinal de 100 kPa (15 psi), fornecem forças de atuação de 400 a 2000 N. É importante saber que embora a saída linear de um controlador seja nominalmente 20 a 100 kPa (ou 60 200 kPa), a largura de faixa da saída disponível real é muito mais larga. A mínima saída é 7 kPa (0,5 psi) devida a algum vazamento do relé e a máxima saída é escolhida de 120 kPa (18 psi) para refletir as perdas da linha do controlador para a válvula. Assim, com uma alimentação de 140 kPa, a saída real varia de 7 a 120 kPa.As duas regras para dimensionar um atuador, baseando-se na faixa real do sinal do controlador em 7 a 120 kPa (mais larga que a padrão de 20 a 100 kPa) são: 1. Se a ação é ar para abrir, a força compressiva inicial da mola deve ser suficiente para superar o efeito da pressão da linha mais 30 kPa ou 25% da pressão inicial da mola teórica, a que for maior, para garantir um fechamento completo. 2. Se a ação é ar para fechar, a força inicial da mola tende a manter o obturador fora do assento. Por esta razão, deve-se ter uma pressão de 4 kPa aplicada no diafragma. Depois que a válvula estiver totalmente movimentada, o restante da saída do sinal do controlador é usado para como força de assento. 5.8. Atuador e Outro Elemento Final O atuador de válvula pode, excepcionalmente, ser acoplado a outro equipamento que não seja a válvula de controle. Assim, é comum o uso do atuador pneumático associado a cilindro, basculante e bóia. Mesmo nas combinações que não envolvem a válvula, o atuador é ainda acionado pelo sinal pneumático padrão do controlador. A função do atuador continua a de converter o sinal de 20 a 100 kPa em força que pode provocar um movimento. Fig. 1.32. Posicionador e transdutor i/p integral Mesmo em sistema com instrumentação eletrônica, com controladores eletrônicos que geral 4 a 20 mA cc, a norma é se usar o atuador pneumático com diafragma e mola. Para compatibilizar seu uso, insere-se na malha de controle o transdutor corrente – para – pneumático (i/p). O conjunto transdutor I/P + atuador pneumático é ainda mais simples, eficiente, rápido e econômico que o atuador eletromecânico disponível comercialmente. Atuador a Pistão O atuador a pistão é usado normalmente quando se quer a máxima saída da passagem, com resposta rápida, tipicamente em aplicações com altas pressões do processo. Este atuador opera usando um suprimento de pressão pneumática elevada, ate de 1 Mpa (150 Construção 18 psig). Os melhores projetos possuem dupla ação para dar a máxima abertura, nas duas direções. Atuador Eletromecânico Com o uso cada vez mais freqüente da instrumentação eletrônica, o sinal padrão para acionamento da válvula é o de 4 a 20 mA cc. Assim, deve-se desenvolver um mecanismo que converta este sinal de corrente elétrica em um movimento e abertura da válvula. A solução mais freqüente e econômica é a de usar um transdutor corrente – para - ar pneumático e continuar usando a válvula com atuador pneumático. São disponíveis atuadores eletromecânicos que convertem o sinal da saída do controlador eletrônico em movimento e abertura da válvula, através de um motor. Esta conversão corrente para movimento é direta, sem passar pelo sinal pneumático. Pretendia-se ter um atuador rápido, porém, na prática, os atuadores eletromecânicos são poucos usados, por causa do custo elevado e complexidade. Ainda é mais conveniente usar o conjunto transdutor I/P e atuador pneumático. 19 2. Desempenho Objetivos de Ensino 1. Apresentar os principais parâmetros relacionados com o desempenho da válvula de controle. 2. Descrever os conceitos, relações matemáticas e significado físico das características inerente e instalada da válvula. 3. Apresentar as principais características de válvula de controle: linear, igual percentagem e de abertura rápida. 4. Conceituar rangeabilidade e controlabilidade da válvula de controle. 5. Apresentar as exigências de estanqueidade da válvula de controle. 1. Aplicação da Válvula 1.1. Introdução Antes de especificar e dimensionar uma válvula de controle, deve-se avaliar se a válvula é realmente necessária ou se existe um meio mais simples e mais econômico de executar o que se deseja. Por exemplo, pode-se usar uma válvula autocontrolada em vez da válvula de controle, quando se aceita um controle menos rigoroso, se quer um sistema econômico ou não se tem energia de alimentação disponível. Em outra aplicação, é possível e conveniente substituir toda a malha de controle de vazão por uma bomba de medição a deslocamento positivo ou por uma bomba centrífuga com velocidade variável. A relação custo - beneficio destas alternativas é usualmente obtida pelo custo muito menor do bombeamento, pois não se irá produzir energia para ser queimada na queda de pressão através da válvula de controle. 1.2. Dados do Processo Quando se decide usar a válvula de controle, deve-se selecionar o tipo correto e dimensiona-se adequadamente. Para a seleção da válvula certa deve-se entender completamente o processo que a válvula controla. Conhecer completamente significa conhecer as condições normais de operação e as exigências que a válvula deve satisfazer durante as condições de partida, desligamento do processo e emergência. Todas os dados do processo devem ser conhecidos antecipadamente, como os valores da vazões (mínima, normal e máxima), pressão estática do processo, pressão de vapor do líquido, densidade, temperatura, viscosidade. É desejável identificar as fontes e naturezas dos distúrbios potenciais e variações de carga do processo. Deve-se determinar ou conhecer as exigências de qualidade do processo, de modo a identificar as tolerâncias e erros aceitáveis no controle. Os dados do processo devem também estabelecer se a válvula necessita fornecer vedação total, quando fechada, qual deve ser o nível aceitável de ruído, se há possibilidade de martelo d'água, se a vazão é pulsante. Desempenho 20 1.3. Desempenho da Válvula O bom desempenho da válvula de controle significa que a válvula 1. é estável em toda a faixa de operação do processo, 2. não opera próxima de seu fechamento ou de sua abertura total, 3. é suficientemente rápida para corrigir os distúrbios e as variações de carga do processo, 4. não requer a modificação da sintonia do controlador depois de cada variação de carga do processo. Para se conseguir este bom desempenho da válvula, deve-se considerar os fatores que afetam seu desempenho, tais como característica, rangeabilidades inerente e instalada, ganho, queda de pressão provocada, vazamento quando fechada, características do fluido e resposta do atuador. 2. Característica da Válvula 2.1. Conceito A característica da válvula de controle é definida como a relação entre a vazão através de válvula e a posição da válvula variando ambas de 0% a 100%. A vazão na válvula depende do sinal de saída do controlador que vai para o atuador da válvula. Na definição da característica, admite-se que: 1. o atuador da válvula é linear (o deslocamento da haste da válvula é proporcional à saída do controlador), 2. a queda de pressão através da válvula é constante, 3. o fluido do processo não está em cavitação, flacheamento ou na vazão crítica ou sônica (choked) São definidas duas características: 1. inerente 2. instalada A característica inerente da válvula se refere à característica observada com uma queda de pressão constante através da válvula; é a característica da válvula construída e fora do processo. A instalada se refere à característica quando a válvula está em operação real, com uma queda de pressão variável e interagindo com as influências do processo não considerados no projeto. Fig. 2.1. Características típicas de válvulas 2.2. Características da Válvula e do Processo Para se ter um controle eficiente e estável em todas as condições de operação do processo, a malha de controle deve ter um comportamento constante em toda a faixa. Isto significa que a malhacompleta do processo, definida como a combinação de sensor, transmissor, controlador, válvula, processo e algum outro componente, deve ter seu ganho e dinâmicas os mais constantes possível. Ter um comportamento constante simplesmente significa ser linear. Na prática, a maioria dos processos é não-linear, fazendo a combinação sensor- transmissor-controlador-processo não linear. Assim, deve-se ter o controlador não- linear para ter o sistema total linear. A outra alternativa é a de escolher o comportamento da válvula não-linear, para tornar linear a combinação sensor- transmissor-controlador-processo. Se isso é feito corretamente, a nova combinação sensor-transmissor-processo-válvula se torna linear, ou com o ganho constante. O comportamento da válvula é a sua característica de vazão. Desempenho 21 O objetivo da caracterização da vazão é o de fornecer um ganho do processo total relativamente constante para a maioria das condições de operação do processo. A característica da válvula depende do seu tipo. Tipicamente os formatos do contorno do plug e da sede da válvula definem a característica da válvula. As três características típicas são: linear, igual percentagem e abertura rápida; outras menos usadas são: hiperbólica, raiz quadrática e parabólica. 2.3. Relações Matemáticas Para uma única fase líquida, a vazão através da válvula é dada pela relação: r D = p )x(fCQ v onde Q é a vazão volumétrica do líquido, Cv é a capacidade de vazão da válvula Dp é a queda de pressão através da válvula, r é a densidade do líquido em relação a água f(x) é a curva característica da vazão na válvula, onde f(x) = x, para válvula linear f(x) = x , raiz quadrática 1X x a)x(f -= , igual percentagem ]x)1a(a[ 1 )x(f -- = , hiperbólica onde x é a excursão da haste da válvula, X é a excursão máxima da válvula, a é uma constante; representando a rangeabilidade da válvula. 2.4. Característica de Igual Percentagem Matematicamente, a vazão é proporcional exponencialmente à abertura. O índice do expoente é a percentagem de abertura. 1X x R)x(f -= A razão do nome da característica de igual percentagem está na variação da vazão em relação a posição da válvula: )x(fK dx )x(df ´= ou seja, para igual variação na posição da haste, há a mesma percentagem de variação na vazão, independente do curso da válvula. A vazão varia de df/f para cada incremento da posição da haste dx. Fig. 2.11. Características de igual percentagem O termo igual percentagem se aplica porque, iguais incrementos da posição da válvula causam uma variação da vazão em igual percentagem, isto e, quando se aumenta a abertura da válvula de 1%, indo de 20 a 21% na posição, a vazão irá aumentar de 1% de seu valor à posição de Desempenho 22 20%. Se a posição da válvula é aumentada de 2%, indo de 60 a 62%, a vazão ira aumentar de 2% de seu valor à posição de 60%. A válvula é quase linear (e com grande inclinação) próximo à sua abertura máxima. A característica de vazão de igual percentagem produz uma muito pequena vazão no inicio de sua abertura, mas quando esta próxima de sua abertura total, pequenas variações da abertura produzem grandes variações de vazão. Ela exibe melhor controle nas pequenas vazões e um controle instável em altas vazões. A válvula de igual percentagem é de abertura lenta. Fig. 2.2. Característica de igual percentagem, com escala logarítmica na ordenada Teoricamente, a válvula de igual percentagem nunca veda totalmente, pois quando a posição da válvula estiver em x = 0, a vazão será f = 1/R, onde R é a rangeabilidade da válvula. Por exemplo, uma válvula com rangeabilidade de R = 50, vaza 2% quando totalmente fechada. Na prática, o projeto da válvula garante a sua vedação, quando a válvula estiver totalmente fechada, colocando-se um ombro no plug. As válvulas que, pelo projeto e construção, naturalmente fornecem característica de igual percentagem são a borboleta e a globo, onde a variação da vazão é estabelecida pela rotação da haste. A válvula de igual percentagem típica possui rangeabilidade igual a 50, exibindo uma inclinação de 3.9 (ln 50) na máxima vazão. Combinando a inclinação da válvula com o ganho da válvula, 100 FfRln G maxv ´´ = Como o produto (f x Fmax) é a vazão real, o ganho da válvula de igual percentagem não é uma função do tamanho da válvula, enquanto a vazão estiver confinada à faixa onde a característica estiver não distorcida. A característica da válvula hiperbólica se aproxima da característica da válvula de igual percentagem. 2.5. Característica Linear Na válvula com característica linear a vazão é diretamente proporcional à abertura da válvula. A abertura é proporcional ao sinal padrão do controlador, de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig), se pneumático e de 4 a 20 mA cc, se eletrônico. Fig. 2.3. Característica linear de válvula de controle 0 10 20 30 40 50 60 70 90 80 100 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Curso, % Va zã o, % Desempenho 23 A característica linear produz uma vazão diretamente proporcional ao valor do deslocamento da válvula ou de sua posição da haste. Quando a posição for de 50%, a vazão através da válvula é de 50% de sua vazão máxima. A válvula com característica linear possui ganho constante em todas as vazões. O desempenho do controle e uniforme e independente do ponto de operação. Sua rangeabilidade é media, cerca de 10:1. 2.6. Característica de Abertura Rápida A válvula de abertura rápida possui característica oposta à da válvula de igual percentagem. A característica de vazão de abertura rápida produz uma grande vazão com pequeno deslocamento da haste da válvula. A curva é basicamente linear para a primeira parte do deslocamento com uma inclinação acentuada (grande ganho). Ela introduz uma grande variação na vazão quando há uma pequena variação na abertura da válvula, no inicio da faixa. A válvula de abertura rápida apresenta grande ganho em baixa vazão e um pequeno ganho em grande vazão. Ela não é adequada para controle continuo, pois a vazão não é afetada para a maioria de seu percurso. Tipicamente usada para controle liga-desliga, batelada e controle seqüencial e programado. Sua rangeabilidade é pequena, cerca de 3:1. Válvula típica de abertura rápida é a Saunders. A válvula raiz quadrática se aproxima da válvula de abertura rápida. 2.7. Característica Instalada O dimensionamento da válvula se baseia na queda de pressão através da válvula, tomada como constante e relativa à abertura de 100% da válvula. Quando a válvula está instalada na tubulação do sistema, a queda de pressão através dela varia, quando a vazão varia, ou seja, ela depende do resto do sistema. A vazão está sujeita aos atritos viscosos na válvula. A instalação afeta substancialmente a característica e a rangeabilidade da válvula. A característica instalada é real e diferente da característica inerente, que é teórica e de projeto. Na prática, uma válvula com característica inerente de igual percentagem se torna linear, quando instalada. A exceção, quando a característica inerente é igual à instalação, ocorre quando se tem um sistema com bombeamento com velocidade variável, onde é possível se manter uma queda de pressão constante através da válvula, pelo ajuste da velocidade da bomba. A característica instalada de qualquerválvula depende dos seguintes parâmetros: 1. característica inerente, ou a característica para a válvula com queda de pressão constante e a 100% de abertura, 2. relação da queda de pressão através da válvula com a queda de pressão total do sistema, 3. fator de super dimensionamento da válvula. Fig. 2.4. Característica linear inerente e instalada O tipo da característica instalada é útil em duas aplicações: 1. para complementar a curva do sensor/medidor de vazão. Se o ganho do sensor é for linear e igual a 2 em toda a faixa, a característica da válvula deve ter uma inclinação de 1/2, conseguida quando a relação entre a queda de pressão mínima sobre a máxima valer 1/2 , Desempenho 24 2. para compensar o ganho do processo com ganho aumentando diretamente com o aumento da vazão. Quando o ganho da válvula variando inversamente com a vazão for indesejável, deve-se compensa-lo. A característica de igual percentagem é a melhor para eliminar o efeito da queda de pressão variável sobre o ganho da válvula. Quando houver grande variação da queda de pressão na válvula (queda de pressão mínima sobre a máxima é muito pequena), a característica de igual percentagem se torna praticamente linear. A queda de pressão variável reduz a rangeabilidade da válvula. Desde que a vazão máxima ocorre com a mínima queda de pressão na válvula e vice-versa, a relação das quedas de pressão determina a rangeabilidade efetiva ou instalada da válvula: max min ef p p RR D D = Quando a queda de pressão variar de 10:1, a rangeabilidade vai de 50 para 15.8. É difícil prever o comportamento da válvula instalada, principalmente porque a característica inerente se desvia muito da curva teórica, há não linearidades no atuador da válvula, nas curvas das bombas. Fig. 2.5. Característica igual percentagem inerente e instalada 2.8. Escolha da Característica A escolha da característica da válvula e seu efeito no dimensionamento é fundamental para se ter um bom controle, em larga faixa de operação do processo. A válvula com característica inerente linear parece ser a mais desejável, porém o objetivo do projetista é obter uma característica instalada linear. O que se deseja realmente é ter a vazão através da válvula e de todos os equipamentos em série com ela variando linearmente com o deslocamento de abertura da válvula. Como a queda de pressão na válvula varia com a vazão (grande vazão, pequena queda de pressão) uma válvula não-linear normalmente fornece uma relação de vazão linear após a instalação. As malhas de controle são usualmente sintonizadas nos níveis normais de carga e assume-se que o ganho total da malha não varia com o ganho do processo. Esta hipótese é raramente encontrada, na prática. O ganho do processo é usualmente não linear. Como não se pode sintonizar o controlador depois de cada variação de carga do processo, é desejável selecionar a válvula de controle que irá compensar os efeitos das variações de carga. A escolha da característica correta da válvula para qualquer processo requer uma analise dinâmica detalhada de todo o processo. Há numerosos casos onde a escolha da característica da válvula não resulta em conseqüências sérias. Qualquer característica de válvula é aceitável quando: 1. a constante de tempo do processo é pequena (processo rápido), como vazão, pressão de líquido e temperatura com misturadores, 2. a banda proporcional ajustada do controlador é estreita (alto ganho), 3. as variações de carga do processo são pequenas; menos que 2:1. A válvula com característica linear é comumente usada em processo de nível de líquido e em outros processos onde a queda da pressão através da válvula é aproximadamente constante. A válvula com característica de igual percentagem é a mais usada; geralmente, em aplicações com grandes variações da queda de pressão ou onde uma pequena percentagem da queda de pressão do sistema total ocorre através da válvula. Desempenho 25 Quando se tem a medição da vazão com placa de orifício, cuja saída do transmissor é proporcional ao quadrado da vazão, deve- se usar uma válvula com característica de raiz quadrática (aproximadamente a de abertura rápida). A válvula com a característica de vazão de abertura rápida é, tipicamente, usada em serviço de controle liga-desliga, onde se deseja uma grande vazão, logo que a válvula comece a abrir. As recomendações (Driskell) para a escolha da característica da válvula são: 1. Abertura rápida, para controle de vazão com medição através da placa de orifício e com variação da queda de pressão na válvula pequena (menor que 2:1). 2. Linear, para controle de vazão com medição através da placa de orifício e com variação da queda de pressão na válvula grande (maior que 2:1 e menor que 5:1). 3. Linear, para controle de vazão com sensor linear, nível e pressão de gás, com variação de queda de pressão através da válvula menor que 2:1. 4. Igual percentagem, para controle de vazão com sensor linear, nível e pressão de gás, com variação de queda de pressão através da válvula maior que 2:1 e menor que 5:1. 5. Igual percentagem, para controle de pressão de líquido, com qualquer variação da queda de pressão através da válvula. Como há diferenças grandes entre as características inerente e instalada das válvulas e por causa da imprevisibilidade da característica instalada, deve-se preferir 1. válvula cuja construção tenha uma propriedade intrínseca, como a borboleta e a de disco com abertura rápida, 2. válvula que seja caracterizada pelo projeto, como as com plug linear e de igual percentagem, 3. válvula digital, que possa ser caracterizada por software, 4. característica que seja obtida através de equipamento auxiliar, como gerador de função, posicionador caracterizado, cam de formato especial. Estes instrumentos são principalmente úteis para a alteração da característica instalada errada. Em resumo, a característica da válvula de controle deve casar com a característica do processo. Este casamento significa que os ganhos do processo e da válvula combinados resultem em ganho total linear. 2.9. Linearização da Característica Há situações em que se quer uma válvula linear, mas ela não é disponível. Isto ocorre quando se quer usar uma válvula borboleta ou esférica, por causa de sua mecânica, mas se quer uma válvula com característica linear, por causa do controle do processo. Um método de moderar a característica exponencial é através de um divisor, com função: ]Z)z1(Z[ yY X -+ = onde X é o sinal de saída do divisor, Y e Z são os sinais de entrada do multiplicador, y é o ganho do multiplicador z é a polarização (bias) do multiplicador O sinal do controlador entra nas duas entradas do multiplicador, de modo que sua saída fica ]m)z1(z[ m )m(f -+ = Esta curva passa pelos pontos (0,0) e (1,1), para quaisquer valores de z, com inclinação da curva determinada por z. A inclinação da curva vale: 2]m)m1(z[ z dm df -+ = Quando m = 0, a inclinação é 1/z; quando m = 1, a inclinação é z. A variação do ganho é entre 1/z2. Quando z = 0.1, a curva varia de 10 a 0.1, com rangeabilidade de 100. Desempenho 26 O ganho de uma válvula igual percentagem varia diretamente com a vazão. Deste modo, a sua variação de ganho é também a rangeabilidade. O divisor usado para linearizar o ganho de uma válvula de igual percentagem deve ter seu ganho variando da mesma quantidade. Assim, uma estimativarápida para o valor de z para linearizar a válvula vale: R 1z = Para a válvula com rangeabilidade de 50 o z deve ser ajustado em 0.141. 2.10. Vazão do Corpo A boa válvula de controle deve ter uma grande coeficiente de vazão (Cv) consistente com uma boa rangeabilidade e com a característica de conformidade com as exigências do comportamento do processo. Um alto Cv é obtido quando o corpo e os internos (trim) da válvula são bem projetados. Tem-se: 2 t 2 b 2 v C 1 C 1 C 1 += onde Cv é o coeficiente de vazão da válvula Cb é o coeficiente de vazão do corpo da válvula Ct é o coeficiente de vazão do trim da válvula O Cb praticamente não varia e os Cv e Ct variam muito com a posição da haste; para isso Cb deve ser muito maior que Ct. Fisicamente, isto significa que existe um limite para o tamanho do trim em um particular tamanho do corpo da válvula. 2.11. Coeficiente de Resistência K Os dados do teste de perda de pressão para uma grande variedade de válvulas e conexões são disponíveis do trabalho de numeroso pesquisadores. Estudos extensivos no campo tem sido feitos pelo Crane. Porém, devido à perda de tempo e alto custo destes testes, é virtualmente impossível obter dados de testes para cada tamanho e tipo de válvula e conexão. As perdas de pressão em um sistema de tubulação resulta de um número de características do sistema, que podem ser classificados como: 1. Atrito da tubulação, que é uma função da rugosidade da superfície da parede interior da tubulação, do diâmetro interno da tubulação e da velocidade, densidade e viscosidade do fluido. Os fatores de atrito são levantados experimentalmente e disponíveis na literatura (Crane). Eles dependem de: 2. mudanças na direção da trajetória da vazão. 3. obstruções na trajetória da vazão. 4. mudanças graduais ou repentinas na seção transversal e formato da trajetória da vazão. A velocidade na tubulação é obtida da perda da pressão estática e a diminuição da pressão estática devida a velocidade é n 2 L g2 v h = que é definida como a altura da velocidade. A vazão através da válvula ou conexão em uma tubulação também causa uma redução na pressão estática que pode ser expressa em termos da pressão (head) da velocidade. O coeficiente de resistência K na equação n 2 L g2 v Kh = é deste modo, definido como o número da perda da pressão de velocidade devida a válvula ou a conexão. O fator K está sempre associado com o diâmetro em que ocorre a velocidade. Em muitas válvulas ou conexões, as perdas devidas ao atrito resultante de um comprimento real da trajetória da velocidade são menores, comparadas aquelas devidas a um ou mais das outras três categorias listadas. Desempenho 27 O coeficiente de resistência K é assim considerada como sendo independente do fator de atrito ou número de Reynolds e pode ser tratada como uma constante para qualquer obstrução dada (i.e., válvula ou conexão) em um sistema de tubulação sob todas as condições de vazão, incluindo laminar. A mesma perda na tubulação reta é expressa pela equação de Darcy: n 2 L g2 v D fL h ÷ ø ö ç è æ= Segue se que: D L fK = A relação L/D é o comprimento equivalente, em diâmetros de tubulação reta, que causará a mesma queda de pressão como a obstrução sob as mesmas condições de vazão. Desde que o coeficiente de resistência K é constante para todas as condições de vazão, o valor de L/D para qualquer válvula dada ou conexão deve necessariamente variar inversamente com a mudança no fator de atrito para diferentes condições de vazão. O coeficiente de resistência K seria teoricamente constante para todos os tamanhos de um dado projeto ou linha de válvulas e conexões, se todos os tamanhos forem geometricamente similares. Porém, a similaridade geométrica é rara, por causa de o projeto de válvulas e conexões ser ditada pela economia do fabricante, normas, resistência estrutural e outras considerações. Os dados experimentais mostram que as curvas de K apresentam uma tendência definida para seguir a mesma inclinação da curva f(L/D) para tubulação de aço comercial e limpa, em condições de vazão resultando em um fator de atrito constante. É provavelmente coincidência que o efeito da diferença geométrica entre diferentes tamanhos da mesma linha de válvulas ou conexões sobre o coeficiente de resistência K é semelhante aquele da rugosidade relativa, ou tamanho da tubulação, sobre o fator de atrito. Experimentalmente se conclui que o coeficiente de resistência K, para uma dada linha de válvulas ou conexões, tende a variar com o tamanho, como ocorre com o fator de atrito, f, para tubo de aço comercial e limpo, em condições de vazão resultando em um fator de atrito constante e que o comprimento equivalente L/D tender em direção a uma constante para os vários tamanhos de uma dada linha de válvulas ou conexões, nas mesmas condições de vazão. Na base desta relação, a coeficiente de resistência K para cada tipo de válvula ilustrado e conexão é mostrado no Apêndice deste trabalho. Estes coeficientes são dados como produto do fator de atrito para o tamanho desejado de tubulação de aço comercial limpo com vazão totalmente turbulenta e uma constante, que representa o comprimento equivalente L/D para a válvula ou conexão nos diâmetros da tubulação para as mesmas condições de vazão, na base dos dados do teste. Este comprimento equivalente ou constante é valido para todos os tamanhos do tipo de válvula ou conexão com que é identificado. Os fatores de atrito para tubulação de aço comercial e limpo com a vazão turbulenta (fT), para tamanhos nominais de 1/2 a 24" (15 a 600 mm) são tabulados no inicio da Tabela do Fator K (A.26) . Há algumas resistências à vazão na tubulação, tais como as contrações e alargamentos graduais ou repentinos e entradas e saídas na tubulação, que possuem similaridade geométrica entre tamanhos. Os coeficientes de resistência (K) para estes itens são independentes do tamanho, como indicados pela ausência do fator de atrito em seus valores dados na tabela. Como dito anteriormente, o coeficiente de atrito é sempre associado com o diâmetro em que a velocidade no termo (v2/2gc) ocorre. Os valores na Tabela do fator K são associados com o diâmetro interno dos seguintes schedules de tubulações, para as várias classes de válvulas e conexões: Desempenho 28 Tab.1 - Fator K e Schedule Classe 300 e menor Schedule 40 Classe 400 e 600 Schedule 80 Classe 900 Schedule 120 Classe 1500 Schedule 160 Classe 2500 (1/2 a 6") XXS Classe 2500 (> 8") Schedule 160 2.12. Coeficiente de Descarga O Cv da válvula depende do seu tipo. Para indicar a capacidade relativa entre válvulas diferentes, define-se o coeficiente de descarga, Cd: 2 v d d C C = onde d é o diâmetro da válvula. 2.13. Resistência Hidráulica Resistência hidráulica ou resistência acústica é variação da queda de pressão na válvula pela variação da vazão. dQ dp R = A resistência hidráulica é um parâmetro importante para a seleção da válvula, derivado da expressão do Cv. A partir da expressão do Cv, p Q Cv D r = e da definição de resistência hidráulica (R), tem-se, para as condições turbulentas e uma válvula industrial: Q p 2Rm D = onde Rm é a resistência hidráulica media, pois as resistências hidráulicas antes e depois da válvula são diferentes, Conclui-se que 1. o Cvé grande para pequenas quedas de pressão e grandes vazões. 2. a resistência hidráulica é grande para grandes quedas de pressão e pequenas vazões. 3. Rangeabilidade Um fator de mérito muito importante no estudo da válvula de controle é a sua rangeabilidade. Por definição, a rangeabilidade da válvula de controle é a relação matemática entre a máxima vazão sobre a mínima vazão controláveis com a mesma eficiência. É desejável se ter alta rangeabilidade, de modo que a válvula possa controlar vazões muito pequenas e muito grandes, com o mesmo desempenho. Na prática, é difícil definir com exatidão o que seja controlável com mesma eficiência e por isso os números especificados variam de 10 a 1 000%. Fig. 2.6. Característica e rangeabilidade da válvula Em inglês, rangeabilidade (rangeability) é também chamada de turn-down. A rangeabilidade realmente dá a faixa usável da válvula. O mais importante é ter bom senso e tratar o conceito de Desempenho 29 rangeabilidade sob um ponto de vista qualitativo. Este conceito é importante por duas razões: 1. ele diz o ponto em que se espera que a válvula atue em liga-desliga ou perca completamente o controle, devido a vazamentos, 2. ele estabelece o ponto em que a característica começa a se desviar do esperado. Buckley define rangeabilidade como sendo a relação entre a vazão correspondente a 95% de abertura da válvula (x = 0.95 xmax) sobre a vazão correspondente a 10% da abertura (x = 0.10 xmax). Isto significa que a válvula opera de um modo eficiente entre 10% e 95% de sua abertura total. A rangeabilidade da válvula está associada diretamente à característica da válvula. A válvula com característica inerente de abertura rápida está praticamente aberta a 40%, pois ela só fornece controle estável entre 10% e 40% e sua rangeabilidade é de 4:1. A válvula de abertura rápida tem uma ganho variável, muito grande em vazão pequena e praticamente zero em vazão alta. Ela é instável em vazão baixa e inoperante em alta vazão. A rangeabilidade da válvula com característica inerente linear é de 10:1 pois ela fornece controle entre 10 e 100%. A válvula linear possui ganho (sensibilidade) uniforme em toda a faixa de abertura da válvula, ou seja, a mesma dificuldade e precisão que se tem para medir e controlar 100% da vazão, tem se em 10%. A válvula com característica inerente de igual percentagem tem rangeabilidade de aproximadamente 40:1, pois ela controla desde 2,5 a 100%. A válvula com igual percentagem possui ganho variável, pequeno em vazão baixa e elevado em vazão alta. Ela possui um desempenho excelente em baixas vazões e é instável para vazões muito elevadas. Patranabis define a rangeabilidade como a relação do Cv máximo sobre o Cv mínimo da válvula. Lipták define rangeabilidade intrínseca como a relação do Cv(max) para o Cv(min), entre os quais o ganho da válvula não varie mais que 50% do valor teórico. Por esta definição, a rangeabilidade da válvula linear é maior do que a da válvula de igual percentagem. Na consideração da rangeabilidade da válvula, é importante se considerar que a rangeabilidade da válvula instalada é diferente da rangeabilidade teórica, fora do processo. A rangeabilidade instalada é sempre menor que a teórica. Isso ocorre porque o Cv instalado é geralmente maior que o Cv teórico. Por exemplo, se o Cv real é cerca de 1,2 do Cv teórico, a máxima vazão controlada pela válvula é cerca de 80% da abertura da válvula. Se a válvula é de igual percentagem, 80% da abertura corresponde a cerca de 50% da vazão. Deste modo, a rangeabilidade instalada real é a metade da teórica inerente. 4. Controle da Válvula 4.1. Ganho O ganho estático de qualquer instrumento é a relação entre a entrada sobre a saída. O ganho dinâmico é a relação entre a variação da entrada sobre a variação da saída. Na válvula de controle, a entrada é o deslocamento (x) da haste e a saída é a vazão correspondente (q). O ganho dinâmico da válvula é a relação entre a variação de vazão sobre a variação da sua haste. Matematicamente, x Q Gv ¶ ¶ = ou na forma normalizada: x Q Q 1 G n Nv ¶ ¶ = onde Q é a vazão instantânea Qn é a vazão normal de operação x é o deslocamento da haste da válvula Xo é o deslocamento correspondente à abertura total Desempenho 30 Gv é o ganho da válvula GNv é o ganho normalizado, expresso como percentagem, com a vazão variando em percentagem (Q/Qn) e a haste variando em percentagem (x/Xo). Por exemplo, se uma válvula é capaz de manipular 500 LPM, quando totalmente aberta, o seu ganho é de 5 LPM/%. O ganho do processo, sob o ponto de vista da válvula de controle, é a variação da variável de processo controlada sobre a variação de vazão manipulada correspondente. Por exemplo, quando se controle o nível h através da manipulação da vazão q, o ganho do processo vale: dQ dh Gp = assumindo todas as outras condições constantes. Como já visto, a vazão de um líquido através da válvula depende do Cv, da característica da válvula, da queda de pressão através da válvula e da densidade relativa do líquido em relação a água. Para que a vazão que varie com a posição da válvula, com uma queda de pressão e gravidade especificas constantes, o coeficiente Cv deve variar também com a posição da válvula. Assim, o Cv é função da posição da válvula. Do mesmo modo que a rangeabilidade da válvula, o seu Cv teórico ou inerente (Cvt) é diferente do Cv real ou instalado (Cvr). Tem-se Cvr = Cvt . x (válvula linear) Cvr = Cvt . ax-1 (válvula igual percentagem onde a é um parâmetro de rangeabilidade da válvula. Das relações entre o coeficiente de vazão Cvt e a posição da válvula (x), considerando a queda de pressão e a densidade constantes, pode-se calcular os ganhos das válvulas linear e de igual percentagem: Válvula linear Vazão Q = Cvt . x Ganho dQ/dx = K Cvt Válvula de igual percentagem Vazão Q = Cvt . ax-1 Ganho dQ/dx = KCvt ax-1 Pela analise das relações matemáticas tem-se: 1. o ganho inerente da válvula linear é constante e independe da posição da válvula. 2. o ganho inerente (com queda de pressão através da válvula constante) da válvula de igual percentagem varia diretamente com a posição da válvula. Isto pode ser fácil e diretamente observado nas curvas das características inerentes da válvula. A inclinação da curva (ganho) da válvula linear é constante: a inclinação da curva da válvula de igual percentagem é pequena em vazões baixas e grande, nas vazões elevadas. O ganho instalado é diferente do ganho inerente. Realmente como mostrado pelas curvas, o ganho instalado da válvula de igual percentagem é mais constante que o ganho instalado da válvula linear. O ganho instalado da válvula linear é grande em pequenas vazões e pequeno em grandes vazões. Ou seja, o ganho instalado da válvula de igual percentagem é aproximadamente igual ao ganho inerente da válvula linear. O ganho instalado da válvula linear é aproximadamente igual ao ganho inerente da válvula de abertura rápida. 4.2. Dinâmica A válvula com atuador pneumático é o elemento final de controle mais usado. Ela faz parte da maioria das malhas de controle automático e continuo dos processos industriais. A posição da haste (ou a posição do plug no fim das haste) determina o tamanho Desempenho 31 da abertura para a passagem da vazão. A posição da haste é determinada pelo balanço de todas forças que agem nela. Tem-se pA - força exercida pelosinal pneumático no topo do diafragma, onde p é a pressão que abre e fecha a válvula (20 a 100 kPa), proveniente da saída do controlador, A é a área do diafragma. Nesta válvula, a força age para baixo. Kx - força exercida pela mola acoplada à haste e ao diafragma, onde K é a constante de Hook da mola, x é o deslocamento da haste, M massa da haste da válvula. Nesta válvula, esta força age para cima. C dx/dt - força de atrito exercida para cima e resultante do contato direto entre a haste e o engaxetamento da válvula, onde C é o coeficiente de atrito entre a haste e o engaxetamento. Fig. 2..7. Forças no atuador da válvula Pela segunda lei de Newton (força = massa x aceleração), 2 2 dt xd g M dt dx CKxpA =-- ou p K A x dt dx K C dt xd g M 2 2 =++ Esta é uma equação diferencial do segundo grau; a válvula exibe uma dinâmica de segunda ordem inerente. Sua função de transferência vale: 1s K C s gK M K A )s(p )s(x 2 ++ = Na prática, como M é muito menor que K g (a massa da haste é muito menor que o produto da constante da mola pela aceleração da gravidade), tem-se a função de transferência de um sistema de primeira ordem: 1)( )( + = s K C K A sp sx Interpretando fisicamente o significado das equações diferenciais, o modelo matemático da válvula que descreve seu comportamento dinâmico é de segunda ordem. Porém, a resposta às variações das válvulas pequenas e medias (pequeno M) é tão rápida, que sua dinâmica pode ser considerada de primeira ordem. Adicionalmente, quando o coeficiente de atrito é desprezível e a constante da mola é grande (C/K = 0) a dinâmica da válvula pode ser desprezada. Neste caso, fica apenas um ganho constante, que relaciona a saída do controlador com a vazão do fluido através da válvula. 4.3. Controlabilidade da Válvula A constante de tempo do processo depende do tamanho da válvula e como conseqüência, a banda proporcional ajustada no controlador é função do tamanho da válvula. Uma válvula superdimensionada, com o Cv instalado maior do que o necessário, opera apenas na parte inferior de sua excursão, próxima de seu fechamento e Desempenho 32 numa largura de faixa menor que 100%. Dito de outro modo, o ganho da válvula superdimensionada é grande e a banda proporcional ajustada no controlador correspondente deve ser larga, para compensar. 5. Vedação e Estanqueidade 5.1. Classificação Não se deve usar uma única válvula para fornecer simultaneamente as funções de controle e de vedação completa (tight shutoff). As melhores válvulas para bloqueio não são necessariamente as melhores escolhas para o controle. A vedação entre entrada e saída da válvula está relacionada com a possibilidade e probabilidade de vazamento. A norma ANSI B16.104 (1976) 1. trata do vazamento de válvulas de controle novas e sem uso 2. se limita a válvulas com Cv acima de 0,1 3. especifica os procedimentos e tolerâncias dos testes para seis classes de vazamento 4. é dirigida para fabricantes 5. não se pode esperar que os vazamentos estabelecidos devam ser mantidos após a válvula ser colocada em operação O preço de um a válvula aumenta muito quando se exige um teste de vazamento; em alguns casos o preço dobra. Qualquer vazão através da válvula totalmente fechada, quando exposta à pressão diferencial e à temperatura de operação é chamada de vazamento (leakage). O vazamento é expresso como uma quantidade acumulada durante um período de tempo especifico, para aplicações de fechamento com vedação completa ou como percentagem da capacidade total, para as válvulas de controle convencionais. Os vazamentos especificados pelos testes da ANSI não podem ser extrapolados para outras pressões diferenciais e para outros fluidos diferentes dos usados. A vazão de vazamento é laminar e o Cv da válvula não importa e é usado apenas como critério para o tamanho relativo do orifício. Quando se compra um teste de válvula, tem-se apenas a garantia que a válvula é capaz de atender uma certa medida de estanqueidade. Para reter esta característica em operação, a válvula requer manutenção preventiva periódica e para muitos fluidos, o vazamento pode exceder os limites desejados. Tab. 2.1. Classificação de estanqueidade das válvulas conforme ANSI B16.104-1976 Classe I Não testadas nem garantidas para vazamentos Classe II Vazamento menor que 0.5% da vazão máxima Classe III Vazamento menor que 0.1% da vazão máxima Classe IV Vazamento menor que 0.01% da vazão máxima Classe V Vazamento menor que 5x10-4 mL/min de vazão d'água por polegada do diâmetro da sede Classe VI Válvula com sede macia e vazamento expresso como vazão volumétrica de ar, com pressão diferencial nominal de até 345 kPa (345 psig), conforme a Tab. 2.2.. Não se espera que a válvula de controle seja à prova de vazamento, mas se a vedação da sede é importante, existem meios de se conseguir resultados satisfatórios. Pode se dizer que uma sede macia veda, para fins práticos. De acordo com a norma (ANSI B 16.104), as válvulas são categorizadas em seis classes, de acordo com seu vazamento permissível. Estes limites de estanqueidade são aplicáveis apenas à válvula nova, sem uso. Desempenho 33 Tab. 2.2. Classificação de estanqueidade das válvulas Classe VI por ANSI B16.104-1976 Diâmetro nominal Vazamento Inch mm mL/min 1 25 0,15 1 ½ 38 0,30 2 50 0,45 3 75 0,90 4 100 1,70 6 150 4,00 8 200 6,75 5.2. Vazamento Alguns fabricantes listam em seus catálogos os coeficientes de vazão, Cv, aplicáveis para as válvulas totalmente abertas e os valores dos vazamentos, quando totalmente fechadas. Estes valores só valem para a válvula nova, limpa, operando nas condições ambientes. Após alguns anos de serviço, o vazamento da válvula varia drasticamente, em função da instalação, temperatura, pressão e características do fluido. A estanqueidade depende da viscosidade dos fluidos; fluidos com viscosidade muito baixa são muito difíceis de serem contidos; por exemplo, dowthermÒ, freonÒ, hidrogênio. A temperatura afeta o vazamento, principalmente quando o corpo da válvula está a uma temperatura diferente da temperatura do plug ou quando o coeficiente de dilatação termal do material do corpo é diferente do coeficiente do material do plug. Em algumas válvulas, por exemplo, nas borboletas, é prática usual deixar espaçamentos entre o disco e a sede, para acomodar a expansão do disco, quando se tem grandes variações de temperatura do processo. O vazamento nestas válvulas será maior quando se estiver operando em temperaturas abaixo da temperatura de projeto da válvula. Gradientes de temperatura através da válvula também podem gerar tensões mecânicas que provocam ou aumentam o vazamento. Tais gradientes são freqüentes em serviço de mistura de fluidos em válvulas de três vias, quando tais fluidos se encontram em temperaturas diferentes. Tensões mecânicas na tubulação onde está instalada a válvula podem também provocar vazamentos na válvula. Por isso deve se tomar cuidados em sua instalação e principalmente no aperto dos parafusos. Deve-se isolar a válvula das forças externas da tubulação, através de suportes. Fig. 2.8. Estanqueidade da válvula (bloqueio da entrada para a saída) 5.3. Válvulas de Bloqueio Quanto maior a força de assentamento na válvula, menor é a probabilidade de ocorrer vazamentos. Somente as válvulaspequenas podem suportar grandes forças em suas sedes. Por isso, os materiais da sede devem ser duros, para suportar estas grandes forças de fechamento. Os materiais mais apropriados para aplicações com fluidos não lubrificantes, abrasivos, com alta temperatura são aço Stellite ou inoxidável endurecido Por outro lado, os materiais da sede devem ser macios para prover a vedação completa, durante longos períodos. Os materiais padrão são o TeflonR e Buna-N. O Teflon é superior na resistência à corrosão e na compatibilidade à alta temperatura (até 250 oC); o Buna-N é mais macio, mas é limitado a temperaturas abaixo de 100 oC. Estes materiais devem operar em pressões menores que 3 MPa (450 psig) e com fluidos não abrasivos. 34 3. Aplicações Objetivos 1. Listar todas as informações necessárias para selecionar, dimensionar e especificar uma válvula de controle. 2. Avaliar a necessidade de cada dado individual e as tolerâncias associadas devidas às distorções humanas. 3. Listar as razões para documentar e preservar as fontes de dados e as razoes atrás das decisões tomadas. 4. Apresentar os termos usuais associados com a vazão de fluido através de uma válvula de controle 5. Propor as equações básicas para a vazão de líquidos e gases através de uma válvula. 1. Dados do Processo 1.1. Coleta de dados Depois da analisar a aplicação, definir a função da válvula e estabelecer os fatores de segurança, o próximo passo é coletar os dados confiáveis a serem usados na seleção e dimensionamento da válvula. Estes dados devem ser documentados adequadamente para uso e referência futuros. Porém, às vezes, a coleta de dados completos e confiáveis é a parte mais difícil do trabalho. Em plantas novas, durante o projeto, muita informação ainda não é disponível, muitos números são aproximados e todos os dados podem sofrer revisão. Isto significa que o primeiro projeto é baseado em muitas hipóteses e aproximações. Quando o equipamento é comprado e o layout da planta fica pronto, os dados se tornam definitivos, mas diferentes dos originais. Os dados definitivos seriam aqueles dos fabricantes das bombas e de outros equipamentos, depois de recebidos e analisados. Mas, geralmente isto é muito tarde. Muitas vezes, depois que a válvula foi comprada, os dados são alterados, resultando em não cumprimento de orçamentos e cronogramas. Em plantas existentes, os dados podem ser também não confiáveis, pois os desenhos desaparecem, as modificações não são documentadas, as tubulações são modificadas, as plaquetas de identificação de instrumentos e equipamentos desaparecem ou ficam ilegíveis, as espessuras das paredes de tubulações se alteram ou são desconhecidas. Cada firma de engenharia e cada planta tem métodos de operação diferentes, fontes diferentes e pessoas diferentes, de modo que não existe uma única regra para a coleta dos dados confiáveis. Esta coleta de dados é mais um problema de gente do que de qualquer outra coisa. Quando se tem uma informação, é necessário julgar sua autenticidade e confiabilidade, que dependem da fonte. Às vezes, se necessita de uma informação que ainda não é disponível, pois os cronogramas se baseiam no que é desejável e não no que é possível. Incertezas de números resultam sempre em superdimensionamento. O conservadorismo natural dos projetistas sempre resulta em válvula maior que a necessária, pois em caso de dúvida, sempre se toma a maior vazão ou a menor queda de pressão através da válvula. Todos os excessos se acumulam e no final se tem uma válvula maior que a correta e, no final, ela vai trabalhar em 40% de sua capacidade em vez de 80%. Projeto superdimensionado resulta em custos adicionais devidos a retrabalhos, multas de fornecedores, Aplicações 35 manutenção mais freqüente, desperdício de energia e pior qualidade de controle. 1.2. Condições de Operação O fluido que passa dentro da válvula deve ser completamente identificado em sua entrada, ou seja, deve se saber se 1. o fluido é puro ou é uma mistura 2. o fluido é limpo ou possui contaminantes Por exemplo, uma pequena quantidade de umidade no cloro faz uma grande diferença em seu poder de corrosão e portanto nos materiais de construção das partes molhadas da válvula. A água desmineralizada é corrosiva para alguns metais e a água potável pode não ser. Se fluido é uma mistura, sua composição deve ser conhecida. Se o líquido possui sólidos em suspensão formando uma lama (slurry), o conteúdo dos sólidos deve ser determinado. O conhecimento do tamanho das partículas maiores e sua dureza é necessário para a seleção da válvula. Composições multifásicas devem ser precisamente conhecidas para prever a vazão razoável dentro da válvula. Deve-se informar se há gases dissolvidos no líquido ou se o gás é condensável. Mesmo que as equações de dimensionamento independem destes fatores, eles ajudam no julgamento. Deve se saber se o fluido: 1. é venenoso ou tóxico 2. tem alguma propriedade química atípica 3. é quimicamente estável, flamável ou pirofórico 4. é polimerizável e em que condições ocorre a polimerização 5. é corrosivo e os registros e experiências destas propriedades 6. necessita de limpeza inicial da tubulação e qual a influência do líquido de limpeza na válvula. 7. necessita de tratamento após a operação e como isso afeta a válvula. Deve-se estabelecer as propriedades físicas do fluido e as condições referidas. As condições padrão, definidas pela ISO 5024 (1976) são: Temperatura: 15,0 oC (288 K ou 59,0 oF) Pressão: 101,325 kPa (14,696 psi abs) Umidade relativa: 0% As condições de operação, de trabalho ou reais são aquelas efetivamente presentes no processo. Por exemplo, a vazão volumétrica de ar igual a 100 m3/h, nas condições reais de 30 oC e 200 kPa equivalem a 1. 100 m3/h real (30 oC e 100 kPa) 2. 180 m3/h normal (0 oC e 101 kPa) 3. 190 m3/h padrão (15 oC e 101 kPa) Em inglês, as unidades e abreviaturas comuns são: ACFM – actual cubic feet/minute – real ou pés cúbicos por minuto real SCFM – standard cubic feet/minute – ou pés cúbicos por minuto padrão Algumas propriedades das substâncias puras (como viscosidade, densidade, relação de calores específicos, pressão de vapor) variam com a temperatura e por isso deve se conhecer estas propriedades em toda a faixa de temperatura do processo. A pressão de vapor se aplica a líquidos e está relacionada com a sua evaporação e portanto com os fenômenos indesejáveis de cavitação e flacheamento, que podem ocorrer no interior da válvula. A viscosidade do gás está relacionada com a perda de carga na tubulação. A viscosidade raramente entra nos cálculos de dimensionamento de válvulas. A relação dos calores específicos (fator isentrópico) é necessária para todos os gases e vapores, pois está relacionada com o fator de compressibilidade e o afastamento do gás ideal ou perfeito. Devem ser conhecidos três valores de regime estável da vazão na válvula: 1. vazão mínima controlada 2. vazão máxima controlada 3. vazão máxima requerida para se recuperar depois de um distúrbio. Estes dados permitem o cálculo da rangeabilidade, da margem de excesso da capacidade e da previsão de ruído da válvula. Também devem ser conhecidas as temperaturas em cada condição de operação, mínima, normal e máxima. Se houver alguma temperatura anormal que possa afetar os materiais da válvula, o valor e a duração desta temperatura devem ser conhecidos. Aplicações 36 A pressão absoluta a montante (antes ou na entrada) da válvula deve ser computada para quatro condições: 1. vazão mínimacontrolada 2. vazão máxima controlada 3. vazão máxima requerida para se recuperar depois de um distúrbio 4. fechamento da válvula Para se obter a pressão a montante da válvula, deve se ter todos os dados na pressão da fonte (bomba ou compressor) e as curvas de desempenho de todos os equipamentos na fonte e entre a fonte e a válvula. Para se obter a pressão a jusante (depois ou na saída) da válvula, deve se ter todos os dados na pressão do receptor e de todos os equipamentos entre a válvula e o receptor que afetem a pressão. Se um líquido cavita ou flacheia devido à grande queda de pressão através da válvula, a massa e volume do vapor na saída devem ser determinados para uso nos cálculos da queda de pressão e velocidade. Além dos dados coletados para as condições normais de operação, deve-se também registrar os dados relacionados com outras condições que sejam importantes para o fabricante ou para a seleção e especificação da válvula. Exemplos deste tipo de informação incluem: 1. Possibilidade de a válvula operar tanto em pressão positivo e sob vácuo, pois isto afeta o projeto do engaxetamento e o revestimento interno (quando aplicável). 2. Pressão pulsante que requer equipamento auxiliar de amortecimento. 3. Operação freqüente de liga-desliga em alta temperatura ou alta pressão. 4. Precauções de segurança necessárias para eliminar os perigos potenciais que podem envolver acessórios como chaves limite, relés ou batente de parada. 5. Máximo vazamento permissível quando a válvula estiver totalmente fechada. 1.3. Distúrbios Distúrbio é qualquer alteração indesejável que ocorre no processo que tende a afetar o valor da variável controlada. Distúrbio é aquilo que torna necessário o controle automático do processo. Na seleção e dimensionamento da válvula de controle, quer se obter o desempenho adequado de controle com o mínimo custo. Um fator que afeta o desempenho do controle é a natureza do distúrbio que ocorre no processo. O distúrbio mais evidente que afeta a válvula é uma alteração na queda de pressão através da válvula. Se uma válvula está sujeita a perturbações de pressão a montante ou a jusante, deve-se conhecer a magnitude, duração e velocidade de variação deste distúrbio. Todos os distúrbios devem ser investigados para se coletar dados que possam ser usados para avaliar seus efeitos no sistema de controle e na válvula. Além desta investigação, deve- se conhecer a tolerância do processo, ou seja, quanto, por quanto tempo e quão freqüente a variável controlada pode ficar fora do ponto de ajuste sem prejuízo para o controle do processo. A partir da análise deste dados, pode-se determinar o tempo de resposta da válvula e as mudanças do processo que devem ser feitas para se ter um controle aceitável. As mudanças podem incluir: maior pressão na saída da bomba, controle cascata, controle da fonte do distúrbio. A seleção e dimensionamento da válvula de controle não pode ser separada do projeto dos outros equipamentos do sistema de controle. Se uma válvula não tem operação crítica ou se não há distúrbios grandes, a válvula, tubulação e bomba podem ser selecionadas de acordo com a economia global. Geralmente a válvula tem maior queda de pressão disponível do que a calculada. Como ponto de partida e quando a tubulação já foi dimensionada corretamente, assume-se uma válvula com o diâmetro menor que a tubulação. Para se escolher a bomba, atribui-se um valor de resistência para a válvula, que é um fator associado com a velocidade na válvula e é usado para calcular a queda de pressão através da válvula, redutores e conexões. O fator K depende do tipo da válvula e é mostrado na Tab. 1. Aplicações 37 Tab. 1. Fator K e tipo de válvula Tipo de válvula Fator K Globo 6 Borboleta 3 Esfera especial .2 Esfera padrão 11 Na seleção da bomba, tubulação e válvula, deve-se considerar os tamanhos diferentes da válvula e da tubulação e, como resultado, do uso de redutores e alargadores, que também possuem seu fator K. Por exemplo, se na tubulação de 8" vai ser usada uma válvula borboleta de 6", as resistências no cálculo da bomba incluem: 1. fator K da válvula borboleta de 6" (3) 2. fator K do redutor de 8" para 6" 3. fator K do alargador de 6" para 8" Pelos dados da tabela de conexões, obtém-se 0,29 para as conexões e a resistência total fica K = 3,29, que é um número baseado na velocidade na entrada da válvula e não no tamanho da tubulação principal. Para colocar o coeficiente da resistência em termos do tamanho da tubulação principal, deve-se multiplicar o fator K por (D/d)4, onde D é o diâmetro interno da tubulação principal, d é o diâmetro interno da entrada da válvula. No exemplo acima, tem-se 87,9 065,6 981,7 29,3 4 =÷ ø ö ç è æ´ Para qualquer tipo e tamanho de válvula e tamanho da tubulação, o coeficiente de resistência para a válvula e redutores, em termos da velocidade da tubulação principal é 2 v 2 p 4 CF D890K = onde Fp é o fator de geometria da tubulação, adimensional Cv é o coeficiente de vazão da válvula ou coeficiente de dimensionamento da válvula D é o diâmetro interno da tubulação Quando o fluido é um líquido com viscosidade muito elevada, a queda de pressão através da válvula é importante para o dimensionamento da bomba. Os líquidos de alta viscosidade geralmente são não newtonianos e exigem cálculos experimentais especiais e os dados reológicos completos na temperatura de operação. 1.4. Tempo de resposta O tempo de resposta da válvula depende da dinâmica do processo e dos tipos dos distúrbios que o afetam. Por exemplo, qual deve ser a resposta da válvula de controle de nível na saída de um tanque. Se o maior distúrbio é a interrupção repentina da vazão de entrada do tanque, a válvula deve ser capaz de se fechar antes que o tanque se esvazie. Isto significa que, quanto maior o tanque, mais lenta pode ser a válvula de controle. Em determinados casos, pode ser necessário colocar equipamentos auxiliares para apressar a velocidade da válvula, como posicionador ou solenóide. 1.5. Tubulação A válvula de controle deve estar de conformidade com as normas aplicáveis à tubulação. A tubulação é especificada de conformidade com as normas para que haja uniformidade de tubulação, válvulas e conexões. Exemplos de discrepâncias que podem ocorrer: 1. válvula de controle de ferro fundido possui face da flange diferente da existente em tubulação de aço. 2. válvula de controle flangeada especificada para tubulação rosqueada. 3. a pressão estática da linha pode danificar o diafragma de uma válvula, embora o corpo da válvula possa suportar esta pressão. 4. válvula com revestimento interno instalada em tubulação sem revestimento. A configuração da tubulação é importante para a válvula de controle pelas seguintes razões: Aplicações 38 1. cálculo das pressões na entrada e na saída da válvula, que dependem das conexões, comprimento e elevações da tubulação. 2. conexões (cotovelos, tês, bifurcações) e descargas de bomba ou ventiladores próximas da entrada da válvula que perturbam o perfil de velocidade da vazão, de modo que a vazão dentro da válvula fica instável e imprevisível. 3. válvula com grande capacidade é mais afetada que a de pequena capacidade 4. válvula borboleta é mais afetada pela distorção do perfil de velocidade do que as válvulas globo. Manter grandes trechos retos, mínimo de seis diâmetros de tubulação, antes da válvula diminui ou elimina as perturbações. Conexão como cotovelo, que provocar redemoinho, requermaior trecho reto para eliminar os distúrbios. Quando um líquido entra em flacheamento (flashing) depois de passar pela válvula, a descarga contem um grande volume de vapor. A configuração da tubulação se torna importante, tanto para o desempenho de controle da válvula quanto para a integridade da tubulação. 1.6. Fatores ambientais O ambiente pode ter uma grande influência na seleção e dimensionamento da válvula de controle. Por isso, devem ser conhecidos: 1. condições climáticas de extremos de temperatura e umidade relativa 2. zona sísmica 3. elevação acima do nível do mar ou faixa de pressões atmosféricas 4. condições locais de radiação e alta temperatura 5. procedimentos atípicos da planta, como lavagem e descontaminação. 6. classificação elétrica da área e a composição de qualquer gás, pó ou fibra flamável. 7. tolerância ao ruído do local da válvula. Os fatores não técnicos que entram na seleção da válvula geralmente são econômicos e incluem: 1. Restrições de orçamento 2. Prazo de entrega 3. Vida esperada da planta 4. Oficina para manutenção e calibração É útil conhecer as opiniões, preconceitos e habilidades das pessoas que devem conviver com a válvula. Se elas não acreditam que a válvula irá operar, ela certamente não irá! 1.7. Documentação Há vários motivos justos para se registrar todos os dados, fontes de dados e cálculos desde o começo do projeto: 1. um registro legível, facilmente encontrado, pode ser útil, quando procurado 2. as modificações devem ser sempre documentadas 3. as razões das modificações também devem ser escritas 4. as modernizações, ampliações e revisões futuras ficam mais fáceis quando já existe documentação confiável da planta em operação 1.8. Normas e Especificações Sociedades técnicas, associações de comercio e agências de governo que possuem normas e especificações de válvulas mais conhecidas e importantes: ASTM (American Society for Testing Materiais) Estabelece e escreve as exigências físicas e químicas de todos os materiais usados na fabricação das válvulas e conexões. API (American Petroleum lnstitute) Estabelece as normas de compra de válvulas e conexões para a indústria petroquímica. UL (Underwriters Laboratories) e FM (Factory Mutual) Laboratórios de certificação que estabelecem normas de projeto e desempenho de válvulas e conexões usadas no serviço de proteção contra Aplicações 39 incêndio e manipulação de líquidos perigosos. ASME (American Society of Mechanical Engineers) Estabelece códigos cobrindo especificações de pressão e temperatura, espessuras mínimas de paredes, especificações de roscas para válvulas feitas de materiais que estão de conformidade com as especificações ASME. As principais normas editadas pela ISA (Instrument Society of America) relativas a Válvulas de Controle são as seguintes: 1. ISA S75.01-1985, Flow Equations for Sizing Control Valves 2. ANSI/ISA S75.02-1982, Control Valve Capacíty Test Procedure 3. ANSI/ISA S75.03-1985, Face-to-Face Dímensíons for Fianged Globe-Style Control Valve Bodíes. 4. ANSI/ISA S75.04-1985, Face-to-Face Dimensions for Flangeless Control Valves. 5. ISA S75.05-1983, Control Valve Terminology 6. ISA S75.06-1981, Control Valve Manifold Designs 7. ANSI/ISA S75.11-1985, Inherent Flow Characteristíc and Rangeabilíty of Control Valves. 8. ISA S75.14-1985, Face-to-Face Dímensions for Butterweld-End Globe Style Control Valves. 2. Válvula para Líquidos 2.1. Vazão ideal através de uma restrição ideal Seja um fluido perfeitamente incompressível vazando através de um restrição com formato tal que os jatos adiram nas paredes sem separação. A velocidade do fluido é suficientemente alta para o fluido ser totalmente turbulento. Sendo ideal, não há perda de pressão. Quando há uma restrição, há uma variação nas formas de energia hidráulica e cinética. De acordo com a conservação de energia e com a continuidade a vazão tem-se os seguintes fatos: 1. em qualquer ponto da tubulação a vazão é a mesma 2. a vazão volumétrica, em qualquer ponto vale o produto da velocidade do fluido e com a área da seção transversal 3. na restrição, a área diminui, a velocidade aumenta e a pressão estática na tubulação diminui 4. depois da restrição, a área volta a aumentar, a velocidade diminui para seu valor original e a pressão estática aumenta Fig. 3.1. Tubulação com vazão Matematicamente, tem-se 2211 vAvAq == (3.1) 22 1 2 1 mvvA A v == (3.2) onde q é a vazão volumétrica v é a velocidade do fluido A é a área de passagem 1 e 2 são os índices para as condições a montante e na restrição, respectivamente. Pelo teorema de Bernoulli para a conservação da energia, tem-se: 2 2 2 1 2 1 H g2 v H g2 v +=+ (3.3) )H(H g2vv 21 2 1 2 2 -=- (3.4) onde g é a aceleração da gravidade Aplicações 40 Combinando-se as eqs. (3.2), (3.4) e (3.1), tem-se 2 21 m1 )HH(g2 Aq - - = (3.5) As restrições nunca são ideais e as tubulações sempre apresentam alguma rugosidade, de modo que há uma perda de pressão ao longo da tubulação e a restrição altera a vazão que passava na tubulação antes de sua colocação. Para considerar esta perda, é introduzido o fator experimental chamado de coeficiente de descarga e a velocidade de aproximação 2m1 1 F - = (3.6) e a equação da vazão através de um tubo venturi com formato bem definido se torna )HH(g2FACq 2121 -= (3.7) 2.2. Vazão através da válvula Um tubo venturi Herschei é quase uma restrição ideal. Válvulas, placas de orifícios e muitas outras restrições estão muito longe do ideal. O fluido forma seus próprios canais de entrada e saída. A garganta é a parte mais estreita do jato quando ele se contrai a uma área mínima logo depois do orifício (vena contracta). Como a área da vena contracta não é conhecida, deve-se alterar o fator experimental para incluir um coeficiente de contração o vc 1 A A CC = (3.8) Fig. 3.2. Geometria do tubo venturi Fig. 3.3. Geometria da placa de orifício Fig. 3.4. Geometria da válvula de controle Com o venturi e mesmo na placa de orifício, a pressão da vena contracta é acessível, mas ela é inacessível na válvula. Felizmente, a recuperação da pressão após a vena contracta apresenta uma relação constante com a queda de pressão de interesse e a queda de pressão na vena contracta. Esta relação é constante para qualquer restrição fixa desde que a densidade do líquido permaneça constante. Esta relação produz um fator que permite a substituição da queda de pressão total na equação Aplicações 41 vc1 21 L HH HH F - - = (3.9) onde FL é o fator de recuperação da pressão. Por exemplo, para uma norma ASME, o FL da placa vale 212,0)925,0970,0FL =-= Combinando as eq. (6-7) e (6-8) e (6-9) tem-se )HH(g2 F CFA q 21 L o -= (3.10) Quando se usam unidades inglesas G p F CFA 0,38q L o D= (3.11) Fazendo L o v F CFA 0,38C = (3.12) tem-se G pCq v D= (3.13) O importante neste desenvolvimento é a eq. (3.13) e os fatores que constituem o coeficiente Cv. Se as condições de vazão fazem qualquer um destes coeficientes ser diferente do valor quando a válvula foi testada em laboratório, o Cv é afetado e deve seraplicado algum fator de correção. As variações mais comuns incluem: 1. 1 .variação na área do orifício 2. variação na velocidade de aproximação 3. variação na viscosidade do líquido 4. vazão turbulenta se tornar laminar 5. distúrbios no perfil de velocidade, tornando-o anormal e assimétrico Em vazão de líquido, o fator de recuperação da pressão (FL) permanece constante desde que não haja mudança de estado. Se ocorrer vaporização do líquido, a recuperação de pressão será menor e o fator FL que está contido no Cv especificado da válvula pode não mais servir para prever a pressão na vena contracta. 2.3. Tubulação não padrão Quando uma válvula é testada em seu Cv em laboratório, são usados os procedimentos de teste da ISA. Entre outras coisas, esta norma especifica que 1. o diâmetro da tubulação seja o mesmo que o da válvula 2. os trechos retos antes e depois da válvula tenham valores determinados mínimos Quando uma válvula é usada na planta, a geometria da tubulação é sempre diferente daquela usada no teste de laboratório. Vários fatores que constituem o Cv são afetados e isto requer o primeiro fator de correção, o fator da geometria da tubulação. Desde que o número possível de configurações de tubulação é muito grande, não é possível derivar um fator Fp para todas as configurações possíveis e para todos os tipos de válvula. Atualmente, os únicos valores disponíveis são para válvula com redutores concêntricos adjacentes localizados em uma tubulação reta. Ainda não há dados publicados sobre os efeitos de cotovelos, tees, válvulas de bloqueio, localizados imediatamente depois de válvulas de controle. Em muitos problemas de dimensionamento de válvula, o tamanho da tubulação é conhecido mas não são conhecidos os tamanhos da válvula e dos redutores. É conveniente calcular o Cv da válvula combinada com os redutores. O produto do fator de geometria da tubulação pelo Cv especificado da válvula é equivalente ao Cv da válvula e dos redutores combinados. Os valores de Fp podem ser determinados pelo teste físico das combinações válvula-redutor e também são publicados pelos fabricantes em catálogos. Outra alternativa, é computar Fp das dimensões físicas dos redutores ou do teste físico das conexões. Se Fp é derivado Aplicações 42 de testes físicos, existem os seguintes problemas: 1. redutores de tubulação de materiais diferentes podem provocar efeitos diferentes 2. apenas configurações com idênticas conexões de entrada e saída são testadas. Não há dados disponíveis para apenas uma conexão de entrada ou para conexões de entrada e de saída diferentes. Se Fp é computado a partir de dados dimensionais, existem os seguintes problemas: 1. os métodos computacionais consideram apenas variações na pressão e velocidade. Outros efeitos, como causados pela alteração do perfil de velocidade, não são mostrados. 2. dados precisos de teste sobre a queda de pressão através de redutores convencionais não são disponíveis. Isto leva ao uso de fatores de pior caso. Os níveis de energia e pressão através de uma válvula com redutores são os seguintes: 1. energia de pressão da entrada 2. energia cinética de entrada 3. queda no redutor 4. queda de pressão para a vena contracta 5. recuperação da pressão dentro da válvula (4) - (8) 6. recuperação de pressão na expansão 7. perda de energia cinética no redutor 8. perda na válvula 9. perda na expansão 10. energia de pressão na saída 11. energia cinética na saída 12. perda total, (1) - (10) Para outras conexões vizinhas, diferentes do redutor e expansão, o conhecimento é limitado a generalidades baseadas em leis físicas conhecidas e na observação de campo. Sabe-se que quanto maior a relação das áreas (m) de uma orifício de medição, maior é a influência de configurações não-padrão de tubulações. No caso de válvulas, em vez da relação de áreas, pode-se tomar a relação seguinte como um critério 2 v d d C C = onde Cd é chamado de capacidade relativa. Dependendo da severidade do distúrbio a montante, é necessário um maior trecho reto antes da válvula para se ter resultados previsíveis. Porém o erro resultante de trecho reto a montante insuficiente tende a ser maior com válvulas com grandes Cv. Algumas válvulas são mais afetadas que outras pelo perfil de velocidade e redemoinhos. Para computar um valor de Fp usando dados dimensionais ou de teste nos redutores de pressão, pode-se usar a seguinte equação: 1 890 KC 1 F 2 d p + = å (3.14) onde å -++= 2B1B21 KKKKK Esta é a soma de todos os coeficientes de energia cinética para as conexões de entrada e de saída. K1 se refere a perda de pressão devida à turbulência K2 se refere a perda de pressão devida ao atrito KB1 e KB2 são os coeficientes de Bernoulli e se referem às conversões entre energia potencial e cinética. Todos os fatores K são coeficientes adimensionais. Os fatores KB são representados pela fórmula: 4 4 2B1B D d1KK -== Se as entradas e saídas da tubulação são do mesmo tamanho, KB1 e KB2 são iguais e se cancelam na eq. (3.16), o que é lógico, pois não há mudança de energia Aplicações 43 cinética das entradas e saídas com áreas iguais. Os coeficientes de resistência, K1 e K2, devem ser determinados por testes físicos. Dados publicados aparecem no Apêndice F do Driskell. A norma ISA apresenta fórmulas para seu cálculo, que são as seguintes: 2 2 2 1 D d 15,0K ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -@ (3.15) 2 2 2 2 D d 10,1K ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -@ (3.16) As eq. (3.15) e (3.16) podem ser escritas de modo mais simples como 22 1 )1(5,0K b-@ (3.17) 22 2 )1(0,1K b-@ (3.18) desde que D d =b Pela análise da eq. (3.14), nota-se que quanto maior a capacidade relativa da válvula medida pelo Cd, maior é o efeito dos redutores de tubulação. Por exemplo, uma válvula de 1" e Cv igual a 40, em uma tubulação de 2", tem sua capacidade reduzida de 37%. Porém, se o Cv é de 12, sua capacidade é reduzida de apenas 6%. Outro ponto interessante é que, se há uma expansão na saída da válvula, mas não há ,redutor em sua entrada, o Fp será maior do que 1,0. Este fato é estranho, pois parece que a expansão aumenta a capacidade da válvula. O fato ajuda a lembrar que uma variação no tamanho da linha causa uma mudança na velocidade e uma correspondente mudança na pressão estática. Uma diminuição na velocidade a jusante cria um aumento na pressão e um aparente diminuição na queda de pressão através da válvula. O que é mais surpreendente é quando o fator Fp é um número imaginário, o ganho de pressão através da expansão da tubulação excede a queda de pressão através da válvula. Isto ocorre quando a soma dos K é negativa e numericamente excede 890/Cd2 Considere a seguinte situação: 1. uma válvula com Cd de 50 2. não há redutor na entrada 3. há uma expansão na saída com o diâmetro da tubulação dobro do diâmetro da válvula. Então, 2B2 KKK -=å 375,0)5,01()5,01( 422 -=---= Portanto, 1 890 50375,0 1F 2p + ´- = que é o número imaginário 4,33 i. O melhor modo de racionalizar este paradoxo aparente é arranjar as equações de vazão para resolver o DP: 2 c 2 p 2 CF Gq p =D Para o exemplo acima, Fp = -18,7, indicando que a queda de pressão através da válvula e da expansão é negativa. A expansão, pela redução da velocidade do fluido, aumentou a pressão mais do que a resistência da válvula e a conexãode entrada a diminuiu. Se SK é negativo e exatamente igual a 890/Cd2, a equação irá mostrar um Fp infinito. Isto indica que a queda de pressão através da combinação válvula e expansão é zero. Enquanto a física e matemática são corretos, o procedimento não é válido com estes altos valores para Cd, porque os dados de teste e valores de K não são suficientemente confiáveis. Isto é umas das várias demonstrações do fato de que, quando Cd se torna maior, a utilidade do Cv prever a vazão através de uma válvula se torna menos confiável. Aplicações 44 3. Válvula para Gases A equação padrão para a vazão de líquido através de uma válvula tem várias limitações graves, geralmente como na prática industrial. Uma limitação é a vaporização do líquido resultando em cavitação ou flacheamento; outra é a viscosidade do líquido. Os fluidos compressíveis, como o gás ou vapor, raramente encontram condições que afetem as equações da vazão. 3.1. Fluidos Compressíveis Os fluidos compressíveis se expandem quando a pressão diminui e como conseqüência, a densidade diminui quando o fluido passa da conexão a montante para a vena contracta. Isto significa que um gás deve ser acelerado até um valor maior do que uma igual massa de líquido. Para corrigir este efeito, inclui-se um fator de expansão (Y) na equação. Este fator é de mesma natureza que o fator de expansão comumente usado nas equações para placas de orifício e outros medidores geradores de pressão diferencial. Deve-se fazer outra alteração na equação incompressível. O termo Dp é substituído pelo produto xp1, onde x é a relação da queda de pressão Dp/p1. Quando se fazem estas modificações, a equação compressível se torna: 11vp xpYCF3,63w g= (3.19) A expansão do gás faz a vazão seguir uma curva diferente da linha reta, que seria a vazão do fluido incompressível. Até este ponto, este desvio é causado pela expansão do fluido previamente descrito. Quando se atinge a velocidade sônica na vena contracta, uma abaixamento adicional na pressão a jusante não aumenta a velocidade na vena contracta (porem, o fluido pode ter velocidades supersônica depois da vena contracta). Se a restrição for um venturi ou bocal, a vazão se torna crítica (chocada), onde a garganta é confinada quando a velocidade sônica for atingida. Vazão crítica existe quando, em uma pressão a montante fixa, a vazão satura e não pode mais aumentar pelo abaixamento da pressão a jusante. Se a restrição for uma placa de orifício ou uma válvula, onde a vena contracta é não confinada, a área da garganta irá aumentar e a vena contracta irá migrar para um ponto a montante quando x aumenta além da relação sônica. Este processo continua até atingir um limite, quando a vena se move para a posição do orifício e atinge sua área máxima. Este valor limite de x para qualquer válvula específica é identificado pelo símbolo xT (T indicando terminal) e é chamado de fator de relação da queda de pressão. Se o valor real de x maior que xT, este número maior não contribui para a vazão. Assim, xT, um fator determinado experimentalmente para uma válvula específica é o maior valor de x que pode ser usado nas equações. Este é o motivo para o x aparecer na equação. Foi visto que o redutor e a expansão adjacentes da válvula devem ser considerados no cálculo do Cv da válvula através da inclusão do fator de modificação Fp. O fator xT é também modificado se a tubulação for reduzida e o redutor é considerado como parte da válvula, para fins de dimensionamento. Este fator xT ajustado é designado xTP e é dado por: ÷ ÷ ø ö ç ç è æ + = 1 1000 CKx F x 1x 2 diT 2 p T TP (3.20) onde 1B1i KKK += (3.21) Felizmente, este ajuste de xT raramente influi na capacidade da válvula e provavelmente não influi na seleção da válvula. A correção se torna importante somente quando o Cd da válvula for grande e o diâmetro da válvula for muito menor que o da tubulação. Também aqui ocorre o paradoxo quando a válvula com grande Cd é seguida de uma expansão sem ter um redutor na entrada. Fp2 pode se tornar negativo ou infinito e a Aplicações 45 pressão diferencial em que a válvula irá chocar não é bem definida. 3.2. Fator de expansão Os valores do fator de expansão da maioria das válvulas variam linearmente com x. Teoricamente, as curvas se desviam levemente de uma linha reta, mas a representação linear tem duas justificativas: 1. exceto para válvulas especiais, os testes de laboratório indicam que uma reta é o mais conveniente e ela está dentro das tolerâncias estabelecidas para os dados de dimensionamento 2. as válvulas que não seguem este regra não seguem também as curvas teóricas. Quando se aceita uma curva reta para Y versus x, o ponto de vazão crítica vale Tx3 x 1Y -= (3.22) A maioria das válvula possui xT menor que 1,0 e uma minoria excede de 1,0. Estas poucas válvulas são construídas para fazer o fluido passar através de uma série de restrições. Se xT é maior que 1,0 a válvula não irá ter vazão crítica, independente da queda de pressão. Neste caso, xT perde o seu significado e só serve para estabelecer a inclinação da reta Y versus x. 3.3. Relação dos calores específicos A eq. 7-4 se aplica para o fluido de teste, ar e todos os gases diatômicos, cuja relação de calores específicos seja igual a 1,4. Para outros gases e vapores, xT deve ser corrigido para a diferença das propriedades termodinâmicas. De novo, embora não seja teoricamente preciso, se usa um fator de correção, Fk, computado em base linear e dentro da tolerância do dimensionamento da válvula. Assim, 40,1 k Fk = (3.23) e a equação final para Y se torna TPkxF3 x 1Y -= (3.24) É interessante notar que a eq. (7.6) é semelhante à equação ASME para placa de orifício. Resumindo o desenvolvimento até agora, tem-se: 1. uma equação de vazão mássica baseada na pressão a montante e na densidade, 2. uma relação da queda de pressão x que é limitada a um valor máximo na equação, que vale o produto de Fk x TP. 3. fator xT é determinado em teste de laboratório com ar 4. a modificação para xT incluir os redutores pode ser feita em teste de laboratório ou por cálculos 5. fator Fk é um modificador de xT para fluidos diferentes do ar e é baseado nas propriedades termodinâmicas do gás, especificamente na relação dos calores 6. fator de expansão Y depende da relação de x com o valor crítico de x, expresso como Fx versus TP. 7. todos os fatores que constituem Y possuem dimensão e devem ser usadas as do SI. 3.4. Fator de compressibilidade A equação da vazão mássica usando a densidade real a montante é a fórmula mais exata para fluidos compressíveis. Mesmo assim, é conveniente usar outras formas para esta equação, quando se usam unidades do sistema inglês. Por exemplo, tem-se: ZGT x YpCF1360q 1 1vp= (3.25) onde q é expresso em pés cúbicos padrão por hora e tomada a 14,69 psia e 60 oF. Nesta equação a densidade é computada da pressão, temperatura e densidade relativa baseada nas leis do gás perfeito. Os gases reais se desviam muito de um gás perfeito, de modo que se usa um fator de compressibilidade, Z, Aplicações 46 RT pV Z = (3.26) para um mol de gás e R é a constante universal dos gases. O valor de Z pode ser determinado para a maioria dos gases usando o princípio dos estados correspondentes. Dado uma pressão crítica, pc e uma temperatura crítica Tc do gás ou da mistura, a pressão reduzida e a temperatura reduzida são definidas comoc r p p p = e c r T T T = (3.27) Das condições reduzidas, o fator de compressibilidade pode ser encontrado de gráficos do Apêndice F. Para misturas, usa- se a pressão e temperatura pseudocríticas. å= ciipc pXp e å= ciipc TXT onde Xi é uma fração molar do componente i. As cartas de compressibilidade usadas para se obter Z e consequentemente a densidade, tem limitações. A precisão é aceitável para o dimensionamento de válvulas para fluido tendo um fator de compressibilidade crítico Zc de 0,27, onde c cc c RT Vp Z = (3.28) Cerca de 60% de todos os componentes satisfazem esta condição, incluindo a maioria dos hidrocarbonetos. Água, acetona, amônia, ésteres, álcoois, oxigênio, nitrogênio, argônio, néon, CO, H2S, CH4 e C2H6 apresentam os maiores erros. Hidrogênio e hélio situam-se abaixo Tr=2,5 mas somente com suas constantes críticas aumentadas por 8 oC e 8 atmosferas. O ar e a maioria dos gases industriais são usados em pressões e temperaturas onde seus comportamentos estão próximos dos gases perfeitos. O vapor d'água é um gás comum no mundo do dimensionamento de válvula e seria conveniente evitar usar a densidade e a relação dos calores específicos no dimensionamento da válvula. Na maioria dos casos, o vapor é suposto ser seco e saturado. Para pressões entre 140 a 10 MPa (20 e 1600 psia), e com erro menor que ±5%, a fórmula simplificada fica: X) x x 3(pCFw TP 1vp -= (3.29) Para vazão crítica, quando x > xTP, fica TP1vp xpCF2w = (3.30) = = Apostilas\Valvula VALVULA1.DOC 30 DEZ 98 (Substitui 13 JUN 98) 47 4. Dimensionamento Objetivos de Ensino 1. Conceituar Cv da válvula de controle 2. Explicar a importância da escolha da queda de pressão através da válvula. 3. Fazer as considerações sobre a vazão critica dos fluidos. 4. Mostrar de modo resumido as principais fórmulas da norma ANSI/ISA 75-01 para o dimensionamento de válvulas para líquidos e gases. 5. Apresentar os principais fatores de correção de dimensionamento. 6. Dar exemplos simples de roteiros de dimensionamento de válvulas para líquido e vapor d'água 7. Apresentar a tradução livre da norma ANSI/ISA S75-01. 1. Introdução Rigorosamente, uma válvula de controle não é dimensionada, pois o usuário final não calcula e usa um tamanho exato, mas depois de alguns cálculos, escolhe um tipo e um tamanho fixo próximo do valor calculado para satisfazer as necessidades das condições do processo. O dimensionamento da válvula de controle é o procedimento de calcular principalmente o coeficiente de vazão ou o fator de capacidade da válvula, Cv (unidades inglesas), Av e Kv (unidades do SI). Embora as dimensões e unidades destes três coeficientes sejam diferentes, eles estão relacionados numericamente, na norma IEC 534-1: Control Valve Terminology and General Considerations. Há vários cálculos envolvidos no dimensionamento de válvulas, como: 1. coeficiente de vazão requerido 2. possibilidade de vazão chocada, cavitação e ruído 3. tamanho da tubulação versus tamanho da válvula 4. velocidade aceitável do fluido 5. nível de ruído desenvolvido 6. tamanho do atuador Os métodos de cálculo incluem 7. equações físicas 8. softwares baseados em normas vigentes 9. réguas de cálculo (Foxboro e Manheim) 1. fatores de correção Todo dimensionamento de válvula inclui um julgamento de engenharia, onde se aceita que a válvula é adequada aproximadamente para todos os objetivos práticos. Quanto mais se conhece acerca do comportamento da vazão do fluido dentro da válvula, mais estreita é a faixa de incerteza deste julgamento de engenharia. As considerações básicas no dimensionamento são 1. economia no custo da válvula e sua instalação, 2. economia no consumo de energia do sistema, 3. eficiência no sistema de controle, Para isso deve-se usar a menor válvula possível, utilizando a maior abertura disponível possível. A válvula não deve ficar fechada com a mínima carga do processo e deve manipular a máxima vazão necessária. Dimensionamento 48 2. Coeficiente de vazão 2.1. Introdução O Cv é basicamente um índice de capacidade, através do qual o engenheiro é capaz de estimar, de modo rápido e preciso, o tamanho de uma restrição necessária, em qualquer sistema de fluido. O Cv foi definido pela Masoneilan, em 1944, como o número de galões por minuto (GPM) de água que flui através da válvula totalmente aberta (100%), quando há uma queda de pressão de 1 psi através dela, a 60 oF. Desse modo, quando se diz que a válvula tem o Cv igual a 10, significa que, quando a válvula está totalmente aberta e com a pressão da entrada maior que a da saída em 1 psi e a temperatura ambiente é de 15,6 oC, sua abertura deixa passar uma vazão de 10 GPM. Uma vez calculado o Cv da válvula e conhecido o tipo de válvula usada, o projetista pode obter o tamanho da válvula do catálogo do fabricante. Como os valores de Cv são discretos, deve-se escolher sempre o acima do calculado. 2.2. Dados para o cálculo O Cv depende principalmente dos dados do processo e pouco do método de cálculo. O Cv pode ser obtido experimentalmente ou calculado. Todo fabricante de válvulas apresenta em seus catálogos tabelas com os diâmetros e Cv correspondentes de cada tipo de válvula. O dimensionamento da válvula feito pelo fabricante é um assunto diferente que o feito pelo engenheiro usuário. O fabricante dispõe de dados que ele não pode alterar e tem uma escolha limitada dos tipos de válvula para usar. O engenheiro usuário projeta um sistema, que pode ser manipulado dentro de limites para produzir uma planta ótima. O engenheiro tem algum controle sobre os dados de dimensionamento, mais uma escolha de tipos e fabricantes de válvula e por isso pode ter a facilidade de fazer mais cálculos e dar a resposta mais rápida do que o fabricante. Os dados para o dimensionamento podem ser divididos em três grupos: 1. Dados da vazão 1. Vazão normal, mínima e máxima 2. Pressão a montante e a jusante para todas as vazões acima 3. Temperatura do fluido 2. Dados do fluido 1. Identificação do fluido 2. Estado de fase do fluido: líquido, gás ou vapor d'água 3. Densidade absoluta, relativa, peso específico ou peso molecular 4. Viscosidade 5. Pressão de vapor 3. Dados da instalação Diâmetro da tubulação, na entrada e saída da válvula Para o engenheiro projetista, o principal problema é ainda a coleta, verificação e manipulação dos dados de dimensionamento. O dimensionamento de uma válvula é tão bom quanto seus dados de processo. 2.3. Uso das equações ISA Quando o coeficiente de vazão, Cv, foi inventado pela Masoneilan, em 1944, muitos acharam que isto era algo complicado e desnecessário, pois as válvulas eram dimensionadas, anteriormente, com apenas o diâmetro nominal como um fator de dimensionamento. Quando o FCI (Flow Controls Institute) e ISA (International Society for Measurement and Control e ex- Instrument Society of America) lançaram suas equações, os instrumentistas reclamaram de sua complexidade. Realmente, a gente tem saudades dos tempos em que o imposto de renda e o dimensionamento de válvulas eram simples. Mas as leis naturais geralmente parecem ser tão perversas quanto as leis humanas e infinitamente mais difíceis de mudar. As válvulas de controle obedecem as leis da física mas seu dimensionamento é feito por métodos humanos. O seu desempenho inadequado é motivado principalmente pelo Dimensionamento49 conhecimento incompleto ou incorreto destas leis pelo projetista. Analogamente, quando um barco afunda, deve-se reclamar de seu fabricante e não do Arquimedes ou se um avião cai a culpa não é da lei da gravidade de Newton, mas de algum erro humano. Foram desenvolvidas fórmulas de vazão que eram fáceis de usar, pois não eram disponíveis computadores ou outras máquinas para resolver equações complexas. Por isso estas fórmulas aproximadas não eram muito precisas. Estas fórmulas relacionavam os seguintes fatores: 1. pressão fornecida pela bomba, compressor ou ventilador 2. curva entre a vazão mínima e máxima 3. quedas de pressão nos outros equipamentos, exceto na válvula, como filtro, medidores de vazão, trocadores de calor, conexões 4. queda de pressão na linha, devida ao atrito e rugosidades 5. queda de pressão através da válvula 6. densidade do fluido 7. pressão e temperatura do processo 8. viscosidade, pressão de vapor do líquido Atualmente, o mais usada é dimensionar a válvula de controle através de programa aplicativo de computador pessoal baseado na norma ANSI/ISA S75.01 (1985-1995): Equações de Vazão para Dimensionar Válvulas de Controle, que é mostrada traduzida ao final deste capítulo. Ao lado de regras e recomendações, o cálculo para o coeficiente de vazão da válvula é detalhado na norma O objetivo da norma esclarece que as equações não são orientadas para fluidos multifásicos, fluidos não newtonianos, lamas e sólidos secos. Tampouco esta norma cuida dos níveis de ruído e da prevenção da cavitação e flacheamento. Mesmo que o dimensionamento da válvula seja feito através de programas é fundamental entender os menus e as condições requeridas pelo programa, para que o dimensionamento seja correto e baseado no conhecimento completo das condições reais da vazão. Freqüentemente, uma ou várias destas condições são assumidas arbitrárias; é a avaliação destes dados arbitrarias que realmente determina o tamanho final da válvula. Nenhuma fórmula mas apenas o bom senso combinado com a experiência pode resolver este problema. Nada substitui um bom julgamento de engenharia. A maioria dos erros no dimensionamento é devida a hipóteses incorretas relativas às condições reais da vazão. Psicologicamente, a tendência é superdimensionar a válvula, ou seja, estar do lado mais seguro. Uma combinação destes vários fatores de segurança pode resultar em uma válvula superdimensionada e incapaz de executar o controle desejado. 3. Queda de Pressão na Válvula 3.1. Introdução O objetivo da válvula não é o de operar em uma única posição fixa. A válvula recebe o sinal da saída do controlador e varia continuamente sua aberta. Como conseqüência ou para poder variar sua abertura, a queda de pressão através da válvula é variável. A válvula de controle pode manipular a vazão somente absorvendo uma queda de pressão no sistema. Em um sistema de redução de pressão, é fácil conhecer precisamente a queda de pressão através da válvula. Isto também ocorre em um sistema de nível de um líquido, onde o líquido passando de um vaso para outro, em uma pressão constante e baixa. Porém, na maioria das aplicações de controle, a queda de pressão através da válvula deve ser escolhida arbitrariamente. O dimensionamento da válvula de controle é difícil, porque as recomendações publicadas são ambíguas, conflitantes ou incompletas não há regra numérica para determinar a queda de pressão através da válvula. Dimensionamento 50 3.2. Recomendações Luyben recomenda que a válvula esteja a 50% de abertura, nas condições normais de operação; Moore recomenda que o Cv necessário não exceda 90% do Cv instalado e que a válvula provoque 33% da queda de pressão total, na condição nominal de operação. Outros autores sugerem 5 a 10%. Quanto menor a percentagem, maior é a válvula. Quanto maior a válvula, maior é o custo inicial da instalação mas menor é o custo do bombeamento. Uma boa regra de trabalho considera um terço da queda de pressão do sistema total (filtros, trocadores de calor, bocais, medidores de vazão, restrições de orifício, conexões e a tubulação com atrito) é absorvido pela válvula de controle. Isto significa que, se a válvula for retirada do sistema, a vazão iria aumentar de cerca de apenas 23%. Em sistemas com descarga de bomba, a característica da coluna da bomba é o fator determinante. Para válvulas instaladas em linhas muito longas ou com alta queda de pressão, a percentagem da queda de pressão através da válvula deve ser menor, entre 15 e 25%, da queda total do sistema. A pressão diferencial absorvida pela válvula de controle, em operação real, será a diferença entre a coluna total disponível e aquela necessária para manter a vazão desejada através da válvula. Esta pressão diferencial é determinada pelas características do processo e não pelas hipóteses teóricas do projetista. A queda de pressão através da válvula deve ser a mínima, por motivo de economia, pois a pressão é fornecida por uma bomba ou compressor. Assim, a economia deve ditar o dimensionamento da válvula, com pequena queda de pressão. Porém, há uma contradição inerente com relação à economia, pois para poder provocar a mínima queda de pressão a válvula deve ter tamanho grande e portanto, custo maior. A queda de pressão através da válvula deve ser a máxima, por motivo de desempenho do controle. Para poder controlar, a válvula deve absorver do sistema e devolver para o sistema, a queda de pressão. Quando a proporção da queda de pressão através da válvula é diminuída, a válvula de controle perde a habilidade de aumentar rapidamente a vazão. Se uma válvula está com abertura de 3% quando controlando uma variável, nas condições normais de operação, esta válvula está superdimensionada. Quando a válvula está próxima de sua abertura total ou fechamento completo, obtém-se um mau controle, pois está próxima de seu limite de operação ou da saturação. A queda de pressão projetada afeta o desempenho da válvula. Em alguns casos, pode ser necessário fazer uma escolha arbitrária desta queda de pressão porque os dados da vazão disponíveis são vagos. Se a válvula está na linha de descarga de uma bomba com pressão de saída de 660 kPa (100 psig), por exemplo, pode-se assumir uma queda de 66 a 166 kPa (10 a 25 psig) através da válvula, desde que a linha não seja muito longa ou complicada (com muitos obstáculos na linha). A tendência é usar 166 kPa (25 psig) em vez de 66 kPa (10 psig). 3.3. Queda de pressão e vazão A quantidade de vazão máxima da válvula deve ser de 15 a 50% acima da máxima vazão requerida pelo processo. As vazões normal e máxima usadas no dimensionamento devem ser baseadas nas condições reais de operação, sem aplicação de qualquer fator de segurança. Em muitas aplicações, a redução da vazão significa um aumento na queda de pressão e na rangeabilidade da válvula. Por exemplo, se as condições de operação máximas para a válvula são de 200 GPM e queda de pressão de 166 kPa (25 psig) e as condições mínimas são de 25 GPM e queda de 166 kPa (100 psig), a faixa da área da abertura é 16:1 e não 8:1, como poderia parecer, à primeira vista. A variação requerida na área de passagem da válvula é o produto de relação da máxima/mínima vazão pela raiz quadrada da relação da máxima/mínima queda de pressão. Neste exemplo, 1 16 psig 25 psig 100 gpm 25 gpm 200 =´ Dimensionamento 51 A queda da pressão na válvula como uma fração da queda total do sistema não influi no desempenho do sistema de controle, desde que a rangeabilidade da válvula seja adequada. A rangeabilidade daválvula deve ser, no mínimo, igual à do processo, que teoricamente é a relação das vazões nominais máxima e mínima. Quando a rangeabilidade da válvula for menor que a do processo, deve-se usar duas ou mais válvulas em paralelo, na configuração de faixa dividida, para aumentar a rangeabilidade das vazão controlada. A menor válvula deve ser dimensionada de modo que seu Cv seja maior do que a capacidade da outra válvula, quando a maior estiver a 10% da abertura. 3.4. Queda de pressão A característica inerente da válvula é distorcida por causa da variação da pressão diferencial através da válvula. r D = p aCQ v onde a é a abertura relativa da válvula, a = x/X (linear) a = R(x/X-1) (=%) x é a posição da haste X é a excursão total possível da haste R é a rangeabilidade da válvula, Cv é o coeficiente de vazão r é a densidade do fluido Quando a válvula está totalmente fechada a sua queda de pressão é máxima e não há vazão e não há quedas de pressão nos outros equipamentos; toda a queda é provocada pela válvula. Quando a válvula começa a abrir, aumentando a vazão, a queda de pressão na válvula diminui e as quedas provocadas pelos outros equipamentos do sistema aumentam. 2 max kQpp -D=D onde k representa as resistências fixas do sistema. Na vazão máxima, tem-se a queda de pressão mínima na válvula: 2 maxmin kQpp -D=D Definindo f como minmax max max pp pp Q Q f D-D D-D == ou minp p af D D = rearranjando, tem-se: maxmin 2 p/p)1a/1(1 1 f DD-+ = que são as expressões para a característica instalada da válvula linear. A inclinação da curva é dada pela derivada: 2 3 max min22 max min p p )a1(a p p da df - ú û ù ê ë é D D -++ D D = A máxima inclinação ocorre em a=0, maxmin0 pp 1 da df DD =÷ ø ö ç è æ A mínima inclinação ocorre em a=1, max min 1 p p da df D D =÷ ø ö ç è æ A variação do ganho através de toda a excursão da abertura da válvula vale: 2 3 max min 1 0 p p )da/df( )da/df( - ÷÷ ø ö çç è æ D D = Se todos os elementos restantes da malha de controle tiverem ganhos constantes ou ganhos variando na mesma direção, a estabilidade variará com a vazão. 52 Fig. 4.1. Quedas de pressão no processo e na válvula de controle 53 4. Roteiro de dimensionamento 4.1. Vazão através da válvula Geralmente a válvula tem diâmetro menor que a tubulação. Mesmo quando os diâmetros da válvula e da tubulação são iguais, quando a válvula está em operação, ela quase sempre está restringindo a passagem da vazão, de modo que o fluido no interior da válvula passa por um processo de mudança de energia. A energia de pressão se transforma em enérgica cinética, ou na garganta da válvula a velocidade aumenta e a pressão diminui. Depois do fluido passar pela válvula, a sua velocidade retorna ao valor original e a pressão se recupera, mantendo um valor menor que a pressão de entrada na válvula. Diferentes tipos de válvulas apresentam diferentes valores de recuperação da pressão estática da tubulação. Para que uma válvula opere, sempre haverá uma queda de pressão diferencial entre sua entrada (P1) e saída (P2). Esta queda de pressão ou pressão diferencial é tipicamente representada por DP. Tab. 1.1. Coeficientes de vazão para válvulas Diâmetro válvula (“) CV ¼ 0,3 ½ 3 1 14 1 ½ 35 2 55 3 108 4 174 6 400 8 725 5. Válvula para líquidos 5.1. Líquido A vazão do líquido no interior da válvula é mais previsível e é não compressível e por isso o dimensionamento de válvula para líquido é mais fácil e direto, sem necessidade de muitos fatores de correção. A vazão de um líquido newtoniano (cuja viscosidade independe da tensão de cisalhamento) pode ser determinada por: f 21 vRp1 G pp CFFNq - = onde FF = Fator de relação da pressão crítica do líquido, adimensional CV = Coeficiente de vazão da válvula FR = Fator de número de Reynolds, adimensional N1 = Constantes numéricas para as unidades de medição usadas p1 = Pressão estática absoluta a montante, medida em dois diâmetros nominais a montante do conjunto válvula-conexão p2 = Pressão estática absoluta a jusante, medida em seis diâmetros nominais a jusante do conjunto válvula-conexão DP = Pressão diferencial, p1 - p2 Gf = Densidade relativa (gravidade específica) do líquido nas condições a montante. Relação da densidade do líquido à temperatura de vazão para a densidade d'água a 15,6 oC (60 oF ), adimensional q = Vazão instantânea volumétrica 5.2. Fatores de correção FP = Fator de geometria da tubulação adjacente O fator de geometria é devido ao efeito dos cones de redução e expansão usados respectivamente na entrada e saída da válvula, pois geralmente o diâmetro da válvula é menor que o da tubulação. O uso da redução na entrada da válvula diminui a sua capacidade de vazão por causa da queda de pressão adicional no Dimensionamento 54 redutor. Com o redutor, a pressão de entrada da válvula é menor que a pressão da tubulação. O cálculo para este fator FP é 1 dN KC 1 F 4 2 2 v p + = å onde o fator SK é a soma algébrica dos coeficientes da velocidade efetiva de todas as conexões colocadas na válvula mas não a inclui: å -++= 2B1B21 KKKKK (4) onde 2 2 1 2 1 D d 15,0K ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -= 2 2 2 2 2 D d 10,1K ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -= 4 B D d 1K ÷ ø ö ç è æ-= sendo d = diâmetro nominal da válvula D1 = diâmetro na entrada da válvula D2 = diâmetro na saída da válvula O caso mais comum é ter os cones de entrada e saída da válvula iguais, simplificando a equação para 2 2 2 21 D d 15,1KK ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -=+ Queda de pressão através da válvula A válvula para operar deve ter uma queda de pressão ou pressão diferencial através dela, expressa como DP = (P1 – P2 ) Para efeito de cálculo deve-se considerar o menor valor entre: DP = (P1 – P2 ) )PFP(FP vF1 2 Lmax -=D onde DPmax = máxima queda de pressão capaz de produzir vazão, na condição crítica FF= Fator de relação da pressão crítica do líquido, adimensional FL=Fator de recuperação de pressão do líquido de uma válvula sem conexão anexa, adimensional PV = pressão de vapor do líquido FL = Fator de recuperação de pressão Este fator experimental e adimensional é dado por: vc1 21 L pp pp F - - = onde Pvc = pressão na vena contracta O fator de recuperação depende do tipo (geometria) da válvula e é fornecido pelo fabricante, que o determinou experimentalmente em ensaios hidrodinâmicos. FL baixo significa que a válvula absorve pouca queda de pressão e apresenta alta recuperação de pressão. De outro modo, a válvula apresenta alta velocidade do fluido e grande capacidade de vazão. Exemplos de válvula com baixo FL: borboleta, esfera. FL alto significa que a válvula absorve grande queda de pressão e apresenta pequena recuperação de pressão. De outro modo, a válvula apresenta baixa velocidade do fluido e pequena capacidade de vazão. Exemplos de válvula com alto FL: globo convencional de sede simplesou dupla, Dimensionamento 55 globo gaiola, válvula com plug para baixo ruído. FF = Fator da relação de pressão crítica do líquido Fator adimensional definido como v vc F P P F = onde PVC = pressão na vena contracta (ponto de menor pressão), nas condições de vazão crítica PV = pressão de vapor do líquido, na temperatura de entrada Desta equação, tem-se vFvc PFP = que é o valor da pressão mínima no interior da válvula nas condições de vazão crítica ou chocada. Este fator é usado no cálculo da máxima queda de pressão DPmax e pode ser obtido pela equação c v F p p 28,096,0F -= Pc = pressão crítica, obtida de tabelas FR = Fator do número de Reynolds O regime de vazão de um fluido dentro da válvula pode ser turbulento, transicional ou laminar. O fluxo turbulento ocorre com alta velocidade, baixa viscosidade e alta densidade. Na condição turbulenta, a capacidade da válvula é maior que a esperada para uma não turbulenta e por isso deve-se introduzir um fator, quando se tem a vazão não turbulenta para compatibilizar com o regime da vazão. O número de Reynolds com relação à válvula vale: 4 4 2 2 v 2 L vL d4 v 1 dN CF CF qFN Re + n = onde Fd = fator que relaciona os dados dos testes de vários tipos de válvulas com os diferentes raios hidráulicos, de modo que uma única curva representa todos os tipos testados. Os valores representativos de Fd são apresentados em tabelas. n = viscosidade cinemática, em centistoke A combinação do regime da vazão e o número de Reynolds é a seguinte: Rev Tipo de vazão <56 Laminar 56 a 40 000 Transicional >40 000 Turbulenta Quando Rev < 56, o valor de FR pode se obtido da curva (Fig. E-1) ou da seguinte equação: 67,0 vR )(Re019,0F = Quando Rev estiver entre 56 e 40 000, pode-se usar a curva (Fig. E-1) ou a Tab. Quando Rev for maior que 40 000, a vazão é turbulenta e não há necessidade de correção, ou seja, FR = 1. Fd = Fator modificador do número de Reynolds O fator Fd corrige o número de Reynolds em função da geometria interna da válvula. Empiricamente, o coeficiente Fd é proporcional a n 1 , onde n é o número de passagens no interior da válvula Em geral, Fd pode ser usado como igual a 1 para válvulas com uma passagem de sede simples. Usa-se Fd igual a 0,7 para válvulas com duas passagens de fluxo, tais como globo de sede dupla ou borboleta. Fd é mostrado na tabela D-1. Dimensionamento 56 5.3. Exemplo 1 Dados do processo Unidade Fluido Benzeno Vazão máxima 160 Gpm Pressão a montante 150 Psia Pressão a jusante 120 Psia Temperatura 200 OF Densidade relativa 0,879 @ 200 oF Pressão de vapor 25 Psia Pressão crítica 701 Psia Diâmetro da tubulação 3 Polegada Tipo de válvula Globo Gaiola Sentido da vazão Vazão para abrir Tipo de vazão Turbulenta (FR = 1) Solução 1. Escolher a fórmula: f 21 vp1 G pp CFNq - = onde N1 = 1 2. Verificar o tipo de vazão DP = (P1 – P2 ) )PFP(FP vF1 2 Lmax -=D onde c v F p p 28,096,0F -= 701 2528,096,0FF -= = 0,91 Então, )25,091,0150(9,0P 2max ´-=D = 103,1 psi Como DP < DPmax, a vazão é normal e não chocada. 3. Calcular Fp Cv Da equação principal f 21 vp1 G pp CFNq - = 879,0 120150 1)CF(1160 vp - ´´´= tem-se: FpCv = 27,4 A pré seleção indica uma válvula de 2 polegadas com Cv = 41. 4. Determinar Fp Como a tubulação é de 3” e a válvula de 2”, tem-se d/D = 2/3 = 0,67 Válvula Globo Gaiola, diâmetro de 2” Da Tab., tem-se Fp = 0,96 5. Calcular o Cv para o tipo de válvula selecionado FpCv = 27,4 Cv = 27,4/0,96 = 28,5 A válvula continua a mesma, porque 41 é o Cv imediatamente superior a 27,4 ou 28,5. 6. Curso da válvula O curso da válvula é determinado pela relação do Cv calculado pelo Cv a ser usado (máximo), ou seja, %100 Cv Cv vazão % máximo calculado ´= %100 41 28,5 vazão % ´= = 69,5% Dimensionamento 57 6. Válvulas para gases e vapores 6.1. Gases e líquidos Diferentes do líquido (incompressível), o gás e o vapor são compressíveis e por isso se comprimem quando se aumenta a pressão e expandem, quando a pressão estática diminui, como ocorre no interior da válvula. Quando o gás se comprime, ele aumenta sua densidade e quando se expande, sua densidade diminui. Para compensar a redução da densidade ou peso específico do gás, foi introduzido um fator de correção, chamado de fator de expansão, Y. Outro enfoque diferente no dimensionamento de válvula para gás é o uso da relação da queda de pressão e a pressão de entrada, no lugar de usar a queda de pressão. Com gases se usa: 1P P x D = Quando o gás é expandido na garganta da válvula, por causa da queda de pressão, sua densidade diminui. Como a vazão mássica é constante, o gás expandido é acelerado na saída. A energia requerida para esta aceleração é originada da pressão diferencial através da válvula. Este fenômeno não ocorre com o líquido, pois sua densidade é constante. Assim, para uma mesma pressão diferencial, a vazão mássica de um gás é sempre menor que a vazão obtida com um líquido, porque parte da pressão diferencial é usada para acelerar o gás. Como resultado, deve-se compensar esta perda através do fator de expansão Y. 6.2. Equações de dimensionamento 11vp6 xpYCFNw g= x ZTG YpFN qC 1g 1p7 v = ZTG x YpCFNq 1g 1vp7= xM ZT YpFN w C 1 1p8 v = ZT xM YpCFNw 1 1vp8= ZMT x YpCFNq 1 1vp9= x ZMT YpFN q C 1 1p9 v = 6.3. Vazão crítica ou chocada A vazão critica é a condição que existe quando a vazão não é mais função da raiz quadrada da diferença de pressão através da válvula, mas apenas função da pressão à montante. Este fenômeno ocorre quando o fluido atinge a velocidade do som na vena contracta. Assim que o gás atinge a velocidade do som, na vazão critica, a variação na pressão à jusante não afeta a vazão, somente variação na pressão a montante afeta a vazão. A vazão crítica, chocada ou bloqueada é aquela que atingiu a velocidade máxima e não pode mais aumentar pela diminuição da pressão a jusante. A vazão crítica ocorre quando x > Fk xT onde x é a relação entre queda de pressão através da válvula e pressão de entrada xT é o fator da relação da máxima queda de pressão, na qual é possível ainda aumentar a vazão na válvula. O fator xT é obtido através de ensaios de laboratório e depende do tipo da válvula. Este fator pode ser obtido da Tab. D-1. Dimensionamento 58 6.4. Fator da relação dos calores específicos A relação dos calores específicos de um fluido compressível afeta a vazão instantânea através de uma válvula. O fator Fk leva em conta este efeito. Fk tem um valor de 1,0 para o ar em temperaturas e pressões moderadas, onde sua relação de calores específicos é 1,40. A experiência e a teoria indicam que, para o dimensionamento da válvula, Fk pode ser considerado uma função linear de k, como: 40,1 k Fk = 6.5. Fator de expansão Y O fator de expansão Y corrige a variação da densidade do gás ou vapor quando ele passa através da válvula (desde o ponto de entrada até a vena contracta), por causa da diminuição da pressão. O fator de expansão também corrige a variação da área na vena contracta, em função da queda de pressão. Estefator é dado pela equação: TKxF3 x 1Y -= Para a vazão crítica, onde x = Fk xT, tem-se Tk Tk xF3 xF 1Y -= = 1 – 1/3 = 0,67 6.6. Fator de compressibilidade Z O fator de compressibilidade é usado para corrigir o afastamento do comportamento do gás real do gás ideal, determinando sua densidade para as condições reais de pressão e temperatura. Como todas as equações de dimensionamento usam a densidade relativa, exceto uma que usa o peso específico, é necessário usar a correção do fator de compressibilidade. O fator de compressibilidade pode ser obtido de gráficos e é função direta da temperatura reduzida e pressão reduzida, que valem: pressão reduzida Pr é definida como a relação da pressão absoluta real de entrada para a pressão absoluta termodinâmica crítica para o fluido em questão. A temperatura reduzida Tr é definida de modo semelhante. Tem-se: c 1 r p p p = c 1 r T T T = A pressão e temperatura crítica de um fluido estão relacionadas com a habilidade de o líquido estar ou não em estado gasoso. 6.7 Ruído na válvula O dimensionamento incorreto da válvula de controle pode provocar o aparecimento de altos níveis de ruído por causa da passagem do fluido em alta velocidade no seu interior. Como o ruído é um som indesejável, prejudicial à saúde física e mental das pessoas, normas internacionais [Organização Mundial da Saúde, OSHA, Portaria 3214 (1972) ou NR 15] estabelecem limites do nível de ruído permissíveis e quantidade de horas de exposição. A última versão (1985) da norma ISA S75-01 não trata diretamente da prevenção de cavitação ou ruído na válvula. Dimensionamento 59 6.8. Exemplo 2 Dados do processo Unidade Fluido Vapor saturado seco Vazão máxima 33 000 Lb/hr Pressão a montante 170 Psia Pressão a jusante 100 Psia Temperatura 370 OF Peso molecular 18,02 Adimens. Temperatura crítica 705,5 OF Pressão crítica 3 208,2 Psia Diâmetro da tubulação 6 Polegada Tipo de válvula Globo Gaiola Sentido da vazão Vazão para abrir Razão dos calores 1,33 Adimens. Solução Por causa da erosão, deve-se usar válvula que apresenta grande perda de carga e por isso não se deve usar válvula rotativa. 1. Escolher a fórmula: ZT xM YpCFNw 1 1vp8= onde N8 = 19,3 2. Verificar o tipo de vazão 170 100170 P PP x 1 21 -= - = = 0,41 40,1 33,1 74,0 k k xxF ar vapor TTk =ú û ù ê ë é = = 0,70 Como x < Fk xT , a vazão é normal e não crítica. 3. Calcular Y Substituindo na equação TKxF3 x 1Y -= 70,03 41,0 1Y ´ -= = 0,80 4. Determinar Z c 1 r p p p = 2,3208 170 pr = = 0,05 c 1 r T T T = 4605,705 460370 Tr + + = = 0,71 Da curva, Z = 0,95 5. Calcular o Fp Cv Da equação principal, ZT xM YpCFNw 1 1vp8= 95,0)460370( 02,1841,0 80,0170CF3,1933000 vp ´+ ´ ´´´= Fp Cv = 130 Pré seleção da válvula = Diâmetro de 4 “ e Cv = 195 6. Determinação de Fp Tem-se d/D = 4/6 = 0,67 Da Tab. de Fp, obtém-se: Fp = 0,96 7. Cálculo do Cv Fp Cv = 130 4,135 96,0 130 Cv == A válvula selecionada permanece a mesma, de 2 ”. Dimensionamento 60 6. Curso da válvula O curso da válvula é determinado pela relação do Cv calculado pelo Cv a ser usado (máximo), ou seja, %100 Cv Cv vazão % máximo calculado ´= %100 195 135,4 vazão % ´= = 69,4% 7. Considerações Adicionais Quando se ignoram os fatores de dimensionamento e de correção propostos pelas normas pode-se ter erros grandes e pequenos, dependendo das condições de processo. Por exemplo, o fator Fk, compensação para a relação de calores específicos de vários gases e vapores, a faixa de erro possível, se o fator é omitido, é de –15 a +9 %. Outro exemplo, uma válvula borboleta com 80o de abertura, instalada entre dois redutores 20 x 10”, deixa passar apenas 65% do que passaria em nesta mesma válvula em uma linha de 10” e o fator Fp considera isto. Quando se omite o fator de compressibilidade Z, que considera o desvio da lei dos gases perfeitos, em casos extremos, pode resultar em erros variando de –100 a +100%. O fator FR considera as condições de não turbulência de vazão e quando omitido, pode apresentar erro de até –10 000%! O fator xT se aplica a fluidos compressíveis (gases e vapores) e define a relação de pressão em que um determinado tipo de válvula pode atingir vazão totalmente chocada. Equações simples para a vazão de gás assume que todas as válvulas se comportam do mesmo modo, independente do seu tipo. Por exemplo, com uma válvula borboleta com 60o de abertura, manipulando 100 psia de ar e tendo uma queda de pressão de 40 psi, a antiga equação FCI (Fluid Controls Institute) prevê uma vazão 50% maior do que a equação ISA. Com uma válvula borboleta a 90o , o erro é de –100%. O erro em uma vazão de ar ou água fria fluindo em válvula globo, com baixa queda de pressão, o erro pode ser desprezível, Porém, com válvula de grande diâmetro e do tipo de alta recuperação de alta pressão, com alta queda de pressão através dela e com outros fluidos e outras condições de vazão, o erros se tornam vitais. Uma válvula superdimensionada, além de custar mais, apresenta um desempenho de controle degradado que pode afetar a economia e qualidade do produto. A relação do máximo Cv requerido pelo processo e o mínimo Cv controlável pela válvula estabelece o limite da rangeabilidade da planta: quanto maior a válvula, menor é a rangeabilidade disponível. Por exemplo, se uma válvula de 4” está no limite, pode-se escolher uma válvula de 6”. Se a aplicação não tolera este superdimensionamento, há sempre trim reduzido ou abertura reduzida da válvula. Outro ponto importante é a precisão requerida pela aplicação e a qualidade dos dados do processo usado para o dimensionamento da válvula. Quando se requer um bom desempenho da válvula, é fundamental gastar mais esforço para refinar os dados de dimensionamento da válvula. (Se o seu relógio tem precisão de um segundo por ano, ele não pode ser ajustado pelo relógio da matriz da praça). = = Apostila\Válvulas 4Valvula Dimensionamento 02 FEV 00 (Substitui 12 OUT 99) 61 ISA S75.01-1985 (1995): Equações de Vazão para Dimensionar Válvulas de Controle 1. Escopo Esta norma apresenta equações para prever a vazão de fluidos compressíveis e incompressíveis através de válvulas de controle. As equações não pretendem ser usadas quando o fluido for multifásico, lamas densas, sólidos secos ou líquidos não newtonianos. Além disso, a previsão de cavitação, de ruído e de outros efeitos não é parte desta norma. 2. Introdução As equações desta norma são baseadas no uso de fatores de capacidade determinados experimentalmente obtidos de teste de válvulas de controle de acordo com os procedimentos da norma ANSI/ISA S755.02, Procedimento de Teste de Capacidade de Válvula de Controle. As equações são usadas para prever a vazão instantânea de um fluido através de uma válvula quando todos os fatores, incluindo aqueles relacionados com o fluido e sua condição de vazão, são conhecidos. Quando as equações são usadas para selecionar um tamanho de válvula, é geralmente necessário usar fatores de capacidade associados com a condição totalmente aberta ou especificada para prever um coeficiente de vazão da válvula requerido aproximado (CV ). Este procedimento é explicadomelhor no Apêndice A. A vazão instantânea de um fluido através de uma válvula de controle é uma função do seguinte (quando aplicável): a) Condições de entrada e saída: 1. Pressão 2. Temperatura 3. geometria da tubulação b) Propriedades do liquido 1. Composição 2. Densidade 3. Pressão de vapor 4. Viscosidade 5. Tensão superficial 6. Pressão crítica c) Propriedades do gás ou vapor 1. Composição 2. Densidade 3. Relação dos calores específicos d) Propriedades da válvula de controle 1. Tamanho 2. Curso da haste ou rotação do disco 3. Geometria do caminho da vazão ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 62 3. Nomenclatura Símbolo Descrição CV Coeficiente de vazão da válvula d Diâmetro da entrada da válvula D Diâmetro interno da tubulação Fd Modificador do tipo da válvula FF Fator de relação da pressão crítica do líquido, adimensional FL Fator de recuperação de pressão do líquido de uma válvula sem conexão anexa, adimensional FLP Produto do fator de recuperação de pressão do líquido de uma válvula com conexão anexa e o fator da geometria da tubulação, adimensional Fp Fator de geometria da tubulação, adimensional FR Fator de número de Reynolds, adimensional Fs Fator de vazão laminar, adimensional g Aceleração local da gravidade Gf Densidade relativa (gravidade específica) do líquido nas condições a montante. Relação da densidade do líquido à temperatura de vazão para a densidade d'água a 15,6 oC (60 oF ), adimensional Gg Densidade relativa (gravidade específica) do gás em relação à densidade do ar, ambos nas condições padrão. Igual à relação do peso molecular do gás para o peso molecular do ar, adimensional k Relação dos calores específicos, adimensional K Coeficiente de perda de pressão de um dispositivo, adimensional KB Coeficiente de Bernoulli, adimensional Ki Fatores de altura da velocidade para uma conexão de entrada, adimensional M Peso molecular, unidade de massa atômica N1, N2, ... Constantes numéricas para as unidades de medição usadas p1 Pressão estática absoluta a montante, medida em dois diâmetros nominais a montante do conjunto válvula-conexão p2 Pressão estática absoluta a jusante, medida em seis diâmetros nominais a jusante do conjunto válvula-conexão DP Pressão diferencial, p1 - p2 pc Pressão absoluta termodinâmica crítica pr Pressão reduzida, adimensional pvc Pressão absoluta aparente na vena contracta q Vazão instantânea volumétrica qmax Vazão instantânea máxima (condições de vazão chocada) a uma dada condição a montante Rev Número de Reynolds da válvula, adimensional Tc Temperatura absoluta termodinâmica crítica Tr Temperatura reduzida, adimensional T1 Temperatura absoluta a montante, em kelvin (K) ou grau Rankine ( oR) U1 Velocidade na entrada da válvula w Vazão instantânea em massa ou peso ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 63 Símbolo Descrição x Relação da queda de pressão para a pressão absoluta de entrada (DP/P1), adimensional xT Fator de relação das quedas de pressão, adimensional xTP Valor do fator xT para conjunto válvula-conexão, adimensional Y Fator de expansão, relação do coeficiente de vazão para um gás e para uma líquido para o mesmo número de Reynolds, adimensional Z Fator de compressibilidade, adimensional g1 (gama) Peso específico, para as condições a montante m (mi) Viscosidade absoluta n (ni) Viscosidade cinemática, centistoke r (rô) Densidade Índices 1 Condições a montante 2 Condições a jusante s Não turbulenta T Turbulenta Tab.1. Constantes numéricas para equações de vazão de líquido Constante Unidades usadas nas equações N w q p, DP d, D g1 n 0,0865 - m3/h kPa - - - 0,865 - m3/h bar - - - N1 1,00 - gpm psia - - - 0,00214 - - - mm - - N2 890 - - - in - - 76 000 - m3/h - mm - centistokes N4 17 300 - gpm - in - centistokes 2,73 kg/h - kPa - kg/m3 - 27,3 kg/h - bar - kg/m3 - N6 63,3 lb/h - psia - lb/ft3 - Para converter m2/s para centistokes, multiplicar m2/s por 106. Para converter centipoise para centistoke, dividir centipoise por Gf. ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 64 4. Fluido incompressível – vazão de líquido não volátil A vazão instantânea de um líquido através de uma dada válvula de controle é uma função da pressão diferencial (P1 – P2) quando o líquido não vaporiza parcialmente entre a entrada e a saída da válvula. Se há formação de bolhas temporariamente (cavitação) ou permanentemente (flashing), esta relação não é mais válida. [A seção 5 trata das equações de vazão aplicadas quando há grande vaporização). Na região de transição entre vazão de líquido não vaporizando e vazão totalmente chocada, a vazão instantânea real é menor que a prevista pelas equações desta seção e da seção 5. A cavitação que ocorre nesta região de transição pode produzir dano físico à válvula ou à tubulação e equipamentos associados. 4.1. Equações para vazão turbulenta As equações para determinar a vazão instantânea de um líquido vazando através de uma válvula sob condições turbulentas, sem vaporização são: f 21 vp1 G pp CFNq - = (1) 21 f p1 v pp G FN q C - = 121vp6 )pp(CFNw g-= (2) 121p1 v )pp(FN w C g- = 4.2. Constantes numéricas As constantes numéricas N são escolhidas para acomodar as unidades de medição usadas nas equações. 4.3. Fator de geometria da tubulação O Fator de geometria da tubulação Fp considera as conexões ligadas à entrada ou saída da válvula que perturbam a vazão, afetando a capacidade da válvula. Fp é realmente a relação do coeficiente de vazão de uma válvula com a conexão anexada para o coeficiente de vazão (CV ) de uma válvula instalada em uma tubulação reta do mesmo diâmetro que o da válvula. Para máxima exatidão, Fp deve ser determinado pelos procedimentos de teste especificados na norma S75.02. Onde os valores estimados são permitidos, Fp pode ser determinado pela seguinte equação: 1 dN KC 1 F 4 2 2 v p + = å (3) (O Apêndice B mostra a derivação matemática de Fp ). Em muitos casos, os tamanhos nominais da válvula e da tubulação (d e D) podem ser usados nas eqs. 3, 5, 6 e 7 sem erro significativo. O fator SK é a soma algébrica dos coeficientes da velocidade efetiva de todas as conexões colocadas na válvula mas não a inclui. Por exemplo, å -++= 2B1B21 KKKKK (4) onde K1 e K2 são os coeficientes de resistência das conexões de entrada e saída respectivamente e KB1 e KB2 são os coeficientes de Bernoulli para as conexões de entrada e saída, respectivamente. Os coeficientes de Bernoulli compensam as variações na pressão resultantes das diferenças na área do jato e velocidade. Quando os diâmetros das conexões de entrada e saída são idênticos, KB1 = KB2 e os dois fatores se anulam na eq. 4. Quando os diâmetros da entrada e saída são diferentes, KB é calculado como: 4 B D d 1K ÷ ø ö ç è æ-= (5) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 65 A conexão mais comumente encontrada é o redutor padrão, curto, concêntrico da tubulação. Estas conexões têm pouco estreitamento e sua perda de pressão não excede à de uma contração repentina com uma entrada levemente arredondada. Nesta base, se não se tem os valores experimentais para os coeficientes de resistência K1 e K2, os valores aproximados podem ser calculados como segue: Somente redutor de entrada: 2 2 1 2 1 D d 15,0K ÷ ÷ ø öç ç è æ -= (6) Somente expansor de saída: 2 2 2 2 2 D d 10,1K ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -= (7) Quando o redutor e o expansor têm o tem o mesmo tamanho: 2 2 2 21 D d 15,1KK ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -=+ (8) 4.4. Equações para vazão não turbulenta Vazão não turbulenta ocorre em fluidos de alta viscosidade ou baixas velocidades. Nestas circunstancias, a vazão instantânea através de uma válvula é menor que para vazão turbulenta e o fator do número de Reynolds, FR, deve ser introduzido. FR é a relação da vazão instantânea não turbulenta para a vazão instantânea turbulenta prevista pelas eqs. (1) ou (2). As equações correspondentes para vazão não turbulenta se tornam, respectivamente: f 21 vR1 G pp CFNq - = (9) 21 f R1 v pp G FN q C - = 121vR6 )pp(CFNw g-= (10) 121R1 v )pp(FN w C g- = Note-se a ausência do fator de geometria da tubulação, Fp , nas eqs. (9) e (10). Para a vazão não turbulenta, o efeito dos redutores acoplados diretamente à válvula ou de outras conexões que provocam distúrbio na vazão, é desconhecido. Por isso, a eq. (3) se aplica apenas à vazão turbulenta. Testes mostram que FR pode ser encontrado usando o número de Reynolds da válvula e a Fig. 1. O sombreado em torno da curva central indica o espalhamento dos dados de teste e a faixa de incerteza da vazão instantânea prevista no regime não turbulento. O número de Reynolds da válvula é definido como: 4 4 2 2 v 2 L vL d4 v 1 dN CF CF qFN Re + n = (11) O modificador do tipo da válvula, Fd, na eq. (11) relaciona os dados dos testes de vários tipos de válvulas com os diferentes raios hidráulicos, de modo que uma única curva representa todos os tipos testados. (Ver Apêndice D para valores representativos de Fd). Deve-se ter cuidado em usar a curva na Fig. 1 para tipos de válvulas para os quais não foi estabelecido o fator Fd. O termo sob o radical na eq. (11) considera a velocidade de aproximação. Exceto para válvula esfera de grande abertura ou borboleta, este termo tem somente um pequeno efeito no Rev e geralmente pode ser omitido. A vazão instantânea através de uma válvula é uma função da velocidade do jato ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 66 na vena contracta e a área do jato neste local. Esta velocidade é uma função da queda de pressão através do orifício da válvula e também da velocidade de entrada da válvula ou velocidade de aproximação. O fator da velocidade de aproximação está incluído no coeficiente de vazão da válvula. A maioria das vazões nas válvulas de controle de um processo é turbulenta, com números de Reynolds da válvula maiores que 104, onde o fator do número de Reynolds é igual a 1. Quando o regime da vazão é questionável, eq. (11) deve ser usada para achar Rev. Para informação adicional sobre vazão não turbulenta, ver Apêndice E e F. Fig. 1. Fator do número de Reynolds. 5. Fluido incompressível – vazão chocada de líquido volátil Vazão chocada é uma vazão instantânea limitada ou máxima. Quando as condições de entrada (a montante) são fixas, pode-se aumentar a vazão instantânea diminuindo a pressão a jusante. Porém, há um ponto em que, mesmo diminuindo a pressão a jusante, a vazão não aumenta mais – esta vazão é chamada de chocada. Com a vazão de líquido, a vazão chocada ocorre como resultado da vaporização do líquido, quando a pressão dentro da válvula cai abaixo da pressão de vapor do líquido. A vazão chocada é acompanhada pela cavitação ou pelo flacheamento (flashing). Se a pressão a jusante é maior que a pressão de vapor do líquido, ocorre cavitação; se a pressão a jusante é igual ou menor que a pressão de vapor, ocorre flacheamento. Esta relação entre a vazão instantânea e a queda de pressão para uma válvula típica é mostrada na Fig. 2. Fig. 2. Vazão instantânea de líquido versus queda de pressão para uma válvula típica (pressão a montante e pressão de vapor constantes). 5.1. Equações para vazão chocada de líquido As equações para determinar a máxima vazão instantânea de um líquido sob condições chocadas para válvulas em tubulações retas, ambas com o mesmo diâmetro, são: f vc1 vL1 G pp CFNq - = (12a) vc1 f L1 max v pp G FN q C - = (10) onde vFvc pFp = (13a) dando ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 67 f vF1 vL1max G pFp CFNq - = ou (14a) vF1 f L1 max v pFp G FN q C - = As equações para determinar a máxima vazão instantânea de um líquido sob condições chocadas para válvulas com conexões são: f vc1 vLP1max G pp CFNq - = ou (12b) vc1 f LP1 max v pp G FN q C - = onde vFvc pFp = (13b) dando f vF1 vLP1max G pFp CFNq - = ou (14b) vF1 f L1 max v pFp G PFN q C - = 5.2. Fator de recuperação de pressão do líquido, FL O fator de recuperação de pressão do líquido, FL, se aplica a válvulas sem conexões associadas. Este fator leva em conta a influência da geometria interna da válvula em sua capacidade, na vazão chocada. Sob condições de vazão de não evaporação, este fator é definido como: vc1 21 L pp pp F - - = (15a) 5.3. Fator de recuperação de pressão combinado do líquido, FLP Quando uma válvula é instalada com redutores ou outras conexões, a recuperação de pressão do líquido na combinação válvula-conexão não é mesma que a da válvula sozinha. Para cálculos envolvendo vazão chocada, é conveniente tratar o fator de geometria da tubulação Fp e o fator para a combinação válvula- conexão como um único fator FLP . O valor de FL para a combinação é então FLP/Fp , onde vc1 21 p LP pp pp F F - - = (15b) Para máxima exatidão, FLP deve ser determinado usando os procedimentos de teste especificados na norma ANSI/ISA S75.02. Quando os valores estimados são permitidos, pode-se usar a seguinte fórmula para obter FLP com exatidão razoável: 1 dN CFK F F 4 2 2 v 2 L1 L LP + = (16) Nesta equação, Ki é o coeficiente de perda da coluna de qualquer conexão entre a tomada de pressão a montante e a face de entrada da válvula apenas e vale Ki = K1 + KB1 . 6. Fluido compressível – vazão de gás e vapor A vazão instantânea de um fluido compressível varia como uma função da relação da pressão diferencial para a pressão absoluta de entrada (Dp/p1), designado pelo símbolo x. Em valores de x próximos de zero, a equação nesta seção pode ser traçada para a equação de Bernoulli para fluidos incompressíveis newtonianos. Porém, valores crescentes de x resultam em efeitos de expansão e ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 68 compressão, que requerem o uso de fatores apropriados de correção. 6.1. Equações para vazão turbulenta A vazão instantânea de um gás ou vapor através de uma válvula pode ser calculada usando qualquer uma das seguintes formulas: 11vp6 xpYCFNw g= ou (17) 11p6 v xpYFN w C g = ZTG x YpCFNq 1g 1vp7= ou (18) x ZTG YpFN qC 1g 1p7 v = ZT xM YpCFNw 1 1vp8= ou (19) xM ZT YpFN w C 1 1p8 v = ZMTx YpCFNq 1 1vp9= ou (20) x ZMT YpFN q C 1 1p9 v = Note que o valor numérico de x usado nestas equações não pode exceder o limite de choque (FKxTP), independente do valor real de x. 6.2. Constantes numéricas As constantes numéricas N são escolhidas para acomodar as unidades de medição usadas nas equações. Tab.2. Constantes numéricas para equações de vazão de líquido Constante Unidades usadas nas equações N w q p, DP g1 T1 d, D 0,00241 - - - - - mm N5 1 000 - - - - - in 2,73 kg/h - kPa kg/m3 - - 27,3 kg/h - bar kg/m3 - - N6 63,3 lb/h - psia lb/ft3 - - 4,17 - m3/h kPa - K - 417 - m3/h bar - K - N7 1360 - scfh psia - oR - 0,948 kg/h - kPa - K - 94,8 kg/h - bar - K - N8 19,3 lb/h - psia - oR - 22,5 - m3/h kPa - K - 2250 - m3/h bar - K - N9 7320 - scfh psia - oR - q é em pé cúbico por hora medido @ 14,73psia e 60 oF ou metro cúbico por hora medido @ 101,3 kPa e 15,6 oC ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 69 6.3. Fator de expansão Y O fator de expansão Y considera a variação na densidade de um fluido quando ele passa da entrada da válvula para a vena contracta e a variação na área da vena contracta quando a queda de pressão é alterada (coeficiente de contração). Teoricamente, Y é afetado por todos os seguintes parâmetros: 1. Relação da área de passagem para a área de entrada do corpo 2. Geometria interna da válvula 3. Relação da queda de pressão, x 4. Número de Reynolds 5. Relação dos calores específicos, k As influências dos três primeiros itens são definidas pelo fator xT . Dados de teste indicam que Y pode ser tomado como uma função linear de x, como mostrado na seguinte equação para uma válvula sem nenhuma conexão anexa: TKxF3 x 1Y -= (21) com limites (1,0 > Y > 0,67) Para uma válvula com conexão anexa, xT é substituído por xTP. Para todos os objetivos práticos, o efeito do número de Reynolds pode ser desprezado no caso de fluidos compressíveis. O efeito da relação dos calores específicos, k, é considerado na seção 6.7. 6.4. Vazão chocada Se todas as condições são mantidas constantes e a relação da pressão diferencial (x) é aumentada pela diminuição da pressão a jusante (p2), a vazão instantânea mássica aumentará até um limite máximo. As condições onde o valor de x excede este são conhecidas como vazão chocada. O choque ocorre quando o jato do fluido na vena contracta atinge sua máxima área transversal na velocidade sônica. Isto ocorre em relações de pressões (p/pvc) maiores que 2,0. O valor de x no início das condições de vazão chocada varia de válvula para válvula. Ele também varia com a geometria da tubulação e com as propriedades termodinâmicas do fluido. Os fatores envolvidos são xT (seção 6.5), xTP (seção 6.6) e Fk (seção 6.7). 6.5. Fator de relação de queda de pressão, xT Para máxima exatidão, o fator de relação de queda de pressão, xT, deve ser estabelecido usando os procedimentos de teste especificados na norma ANSI/ISA S75.02. Valores representativos de xT para válvulas são listados no Apêndice D. Estes valores representativos não são tomados como reais; os valores reais devem ser obtidos do fabricante da válvula. 6.5. Fator de relação de queda de pressão com redutores ou outras conexões, xTP Quando a válvula é instalada com redutores ou outras conexões, o fator de relação de queda de pressão do conjunto (xTP) é diferente daquele com a válvula isolada (xT). Para máxima exatidão, o fator xTP, deve ser estabelecido usando os procedimentos de teste especificados na norma ANSI/ISA S75.02. Valores estimados são permitidos, usando-se a seguinte equação: ÷ ÷ ÷ ÷ ÷ ø ö ç ç ç ç ç è æ + = 1 dN CKx 1 F x x 4 5 2 viT 2 p T TP (22) Nesta equação, xT é o fator de relação de queda de pressão para uma dada válvula instalada sem redutores ou outras conexões, Ki é a soma dos coeficientes de velocidade de entrada (K1 + KB1) do redutor ou outra conexão anexada à entrada da válvula. ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 70 Esta correção para xT é usualmente desprezível se d/D é maior que 0,5 e CV /d 2 é menor que 20, onde d é dado em polegadas. Ver Apêndice H para a derivação de xT. 6.7. Fator de relação dos calores específicos, Fk A relação dos calores específicos de um fluido compressível afeta a vazão instantânea através de uma válvula. O fator Fk leva em conta este efeito. Fk tem um valor de 1,0 para o ar em temperaturas e pressões moderadas, onde sua relação de calores específicos é 1,40. A experiência e a teoria indicam que, para o dimensionamento da válvula, Fk pode ser considerado uma função linear de k, como: 40,1 k Fk = (23) 6.8. Fator de compressibilidade, Z As eq. (18), (19) e (20) não contem um termo para o peso específico real do fluido nas condições a montante. Em vez disso, este termo é inferido da pressão e temperatura de entrada, baseando-se na leis dos gases ideais. Sob algumas condições, o comportamento do gás real pode se desviar muito do ideal. Nestes casos, o fator de compressibilidade, Z, deve ser introduzido para compensar esta discrepância. Z é uma função da pressão reduzida e da temperatura reduzida. Para uso neste trabalho, pressão reduzida pr é definida como a relação da pressão absoluta real de entrada para a pressão absoluta termodinâmica crítica para o fluido em questão. A temperatura reduzida Tr é definida de modo semelhante. Tem-se: c 1 r p p p = (24) c 1 r T T T = (25) As pressões e temperaturas críticas para a maioria dos fluidos e as curvas para determinação de Z podem ser encontradas na literatura técnica de dados físicos. ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 71 Apêndice A – Uso das equações de vazão para dimensionamento de válvulas São feitos testes de laboratório em válvulas reais em uma configuração de teste em uma configuração de teste definida. O fluido de teste é usualmente água ou ar. O coeficiente de vazão CV e os fatores FL, xT, são determinados no percurso especificado da válvula. Estes dados, além dos fatores para tratar do fluido real e a configuração de tubulação (Fk, FF, Fp ) são usados nas equações desta norma para prever a vazão instantânea com a válvula totalmente aberta. O principal uso das equações de vazão é para ajudar na seleção do tamanho apropriado de uma válvula para uma aplicação específica. Neste procedimento, os números nas equações consistem de valores conhecidos para o fluido e condições de vazão e valores conhecidos para o tipo selecionado de válvula em sua abertura especificada. Com estes fatores nas equações, a incógnita (ou produto de incógnitas, e.g., FpCV ) pode ser calculado. Embora estes números computados sejam geralmente convenientes para selecionar uma válvula de uma série de tamanhos discretos, eles não representam uma condição de operação verdadeira, porque os fatores são mutuamente incompatíveis. Alguns dos fatores usados na equação são para a válvula totalmente aberta enquanto outros relacionados às condições de operação são para a válvula parcialmente aberta. Assim que um tamanho de válvula tenha sido selecionado, as incógnitas restantes, tais como Fp , podem ser computadas e deve se fazer um julgamento para confirmar se o tamanho é adequado. Geralmente não é necessário fazer os cálculos adicionais para prever a abertura exata da válvula. Para fazer isso, todos os fatores pertinentes devem ser conhecidos nas aberturas parciaisda válvula. ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 72 Apêndice B - Derivação dos fatores Fp e FLP Se uma válvula é instalada entre redutores, o CV do conjunto inteiro é diferente daquele para a válvula sozinha. Se os redutores de entrada e saída são do mesmo tamanho, o único efeito é a resistência adicional da conexão, que cria uma queda de pressão adicional. Se há apenas um redutor ou se há redutores de diferentes tamanhos na entrada e saída, há um efeito adicional na pressão devido à diferença na velocidade entre os jatos de entrada e saída. A altura da velocidade, expressa em comprimento de fluido (metro ou pé) é igual U2/2g, onde U é a velocidade do fluido e g é a aceleração da gravidade do local. Expressa em unidades inglesas, psi, gpm e polegadas, a pressão da velocidade se torna 4 f 2 d890 Gq p = (B-1) Para um coeficiente de resistência K, a diferença de pressão fica: ÷ ÷ ø ö ç ç è æ =D 4 f 2 d890 Gq Kp (B-2) Da eq. (1) e (B-2), o coeficiente de resistência para uma válvula é: 2 v 4 válvula C d890 K = (B-3) A variação na pressão de velocidade através de um redutor com diâmetros d e D é: ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -=- 4 4 4 f 2 4 f 2 4 f 2 D d 1 d890 Gq D890 Gq d890 Gq (B- 4) Da eq. (B-2) e (B-4), tem-se o fator KB, que é chamado de coeficiente de Bernoulli. Assim, ÷ ÷ ø ö ç ç è æ -= 4 4 B D d 1K (B-5) Por definição, p Gq )CF( f 2 2 vp D = (B-6) Da eq. (B-2) e (B-4), somando todos os fatores K: 2B1B21válvula 4 2 vp KKKKK d890 )CF( -+++ = (B-7) Substituindo Kválvula da eq. (B-3): å+ = K C d890 d890 )CF( 2 v 4 4 2 vp (B-8) onde å -++= 2B1B21 KKKKK (B-9) Assim, rearrumando a eq. (B-8), tem-se: ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 73 ÷ ÷ ø ö ç ç è æ + = å 1 d890 KC 1 F 4 2 v p (B-10) Nota-se na eq. (B-9) que SK é a soma de todos os coeficientes efetivos de altura de velocidade. Se os redutores de entrada e saída são do mesmo tamanho, KB1 - KB2 e na eq. (B-9) os dois se cancelam por causa da diferença em seus sinais. Para K1 e K2, ver eq. (6) e (7). Por definição, da eq. (15): vc a vc1 212 L p p pp pp F D D = - - = (B-11) onde Dpa é a queda de pressão através da válvula e Dpvc válvula de controle é a queda de pressão na vena contracta. Também da eq. (1): f a2 v f b2 vp 2 G p C G p )CF(q D = D = (B-12) onde Dpb é a queda de pressão através da válvula sem redutores. Da eq. (B-12): b 2 pa pFp D=D (B-13) Substituindo esta expressão na eq. (B-11), tem-se: vc b2 p 2 L p p FF D D = (B-14) Por definição, ivc b2 pL pp p )F( D+D D = (B-15) onde (FL)p é o fator de recuperação da pressão para a válvula com redutores e Dpi é a queda através do redutor de entrada. Da eq. (B-2): 4 f 2 i i d890 GqK p =D (B-16) onde Ki = K1 + KB1 Substituindo a expressão para q2 da eq. (B-12) na eq. (B-16), tem-se: 4 b 2 v 2 pi i d890 pCFK p D =D (B-17) Substituindo as eq. (B-14) e (B-17) na (b- 15), tem-se o seguinte desenvolvimento: 4 b 2 v 2 pi 2 L b 2 p b2 pL d890 pCFK F pF p )F( D + D D = 4 2 vi 2 L p pL d890 CK F 1 1 F 1 )F( + = ú ú û ù ê ê ë é ÷ ø ö ç è æ+ == 2 2 vi 2 L ppLLP d C 890 K F 1 1 F)F(F ú ú û ù ê ê ë é +÷ ø ö ç è æ = 1 d C N KF F F 2 2 v 2 i 2 L L LP (B-18) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 74 Apêndice C - Variações de pressão no sistema válvula de controle e tubulação Um entendimento dos vários mecanismos de perdas envolvidos em um sistema de válvula de controle e tubulação pode ser obtido olhando as linhas de energia e hidráulica para um sistema de vazão de líquido contendo contrações e expansões abruptas na forma de redutores concêntricos, como mostrado na Fig. C-1. Para facilidade de compreensão, as curvas são mostradas como segmentos de linhas retas. A linha de energia inclui somente a energia disponível e exclui a energia interna. Cada ponto de variação de pressão associado com esta figura é definido na Tab. C-1. Algumas das quedas de pressão são não recuperáveis e outras são recuperáveis, como mostrado na linha hidráulica. Os termos abaixo também definem os vários coeficientes associados com o sistema. Os coeficientes Bernoulli, KB1 e KB2 levam em conta a variação na pressão de velocidade do fluido e se relaciona com a energia cinética total para a calculada com a velocidade de entrada da válvula U1. Tab. C-1 - Definições dos termos de altura (Ver Fig. C-1) Referênci a Termos de altura Unidades inglesas Unidades SI A Altura da pressão de entrada P1/g P1/rg B Altura da velocidade de entrada (d/D1) 4(U1 2/2g) (d/D1) 4(U1 2/2g) C Queda no redutor (K1+ KB1)(U1 2/2g) (K1+ KB1)(U1 2/2g) D Diferencial para vena contracta (E)/(1-FL 2) (E)/(1-FL 2) E Recuperação da pressão na válvula (D) - (H) (D) - (H) F Recuperação no expansor (KB2- K2) (U1 2/2g) (KB2- K2) (U1 2/2g) G Perda no redutor (K1) (U1 2/2g) (KB2- K2) (U1 2/2g) H Perda na válvula N2 (d 4/Cv 2)(U1 2/2g) N2 (d 4/Cv 2)(U1 2/2g) I Perda no expansor K2 (U1 2/2g) K2 (U1 2/2g) J Altura de pressão na saída p2/g p2/rg K Altura de velocidade na saída (d/D2) 4(U1 2/2g) (d/D2) 4(U1 2/2g) L Perda da pressão total (p1 - p2) /g (p1 - p2) /rg Todas as unidades são absolutas e consistentes: libra, pé e segundo em unidades inglesas e kilograma, metro e segundo no SI. ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 75 Fig. C-1 - Variações de pressão em um sistema com uma válvula de controle e tubulação ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 76 Apêndice D: Valores representativos dos fatores de capacidade da válvula Os valores na Tab. D-1 são típicos somente para os tipos de válvulas mostrados em seus percursos especificados para trim de tamanho pleno. Variações significativas nestes valores podem ocorrer por causa de qualquer um dos seguintes motivos: 1. percurso reduzido 2. tipo do trim 3. tamanho de sede reduzido 4. fabricante da válvula Tab. D-1- Valores representativos dos fatores de capacidade da válvula Tipo de válvula Tipo de trim Direção da vazão xT FL Fs . Fd CV /d2 Globo Plug simples Qualquer 0.75 0.9 1.0 1.0 9.5 Plug contornado Aberta 0.72 0.9 1.1 1.0 1.1 Fechada 0.55 0.8 1.1 1.0 1.1 Gaiola caracterizada Aberta 0.75 0.9 1.1 1.0 14 Fechada 0.70 0.85 1.1 1.0 16 Sede simples Guiada pela lateral (wing) Qualquer 0.75 0.9 1.1 1.0 1.1 Plug simples Qualquer 0.75 0.9 0.84 0.7 12.5 Plug contornado Qualquer 0.70 0.85 0.85 0.7 13 Sede dupla Guiado pela lateral Qualquer 0,75 0.9 0.84 0.7 14 Rotativa Plug esférico excêntrico Aberto 0.61 0.85 1.1 1.0 12 Fechado 0.40 0.68 1.2 1.0 13.5 Plug contornado Aberta 0.72 0.9 1.1 1.0 17 Fechada 0.8 1.1 1.0 20 Gaiola caracterizada Aberta 0.65 0.85 1.1 1.0 12 Fechada 0.60 0.8 1.1 1.0 12Ângulo Venturi Fechada 0.20 0.5 1.3 1.0 22 Segmentada Aberta 0.25 0.6 1.2 1.0 25 Esfera Sede padrão (diâmetro @ 0,8 d) Qualquer 0.15 0.55 1.3 1.0 30 Alinhada com 60 o Qualquer 0.38 0.68 0.95 0.7 17.5 Lâmina flautada Qualquer 0.41 0.7 0.93 0.7 25 Borboleta Sede com off set de 90 graus Qualquer 0.35 0.60 0.98 0.7 29 O sentido da vazão tende a abrir ou fechar a válvula, ou seja, empurra o membro de fechamento para longe ou perto da sede. Em geral, Fd pode ser usado como igual a 1 para válvulas com uma passagem de sede simples. Usa-se Fd igual a 0,7 para válvulas com duas passagens de fluxo, tais como globo de sede dupla ou borboleta. Nesta tabela, d pode ser tomado como o diâmetro nominal da válvula, em polegadas. ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 77 Apêndice E: Fator do número de Reynolds A informação contida neste Apêndice é uma elaboração da discussão apresentada na seção 4.4. Ela apresenta um método usada para resolver problemas de vazão laminar e transitória. Fig. $-1 mostra as relações entre FR e o número de Reynolds da válvula para os três tipos de problemas que podem ser encontrados com a vazão viscosa, tais como: 1. Determinação do coeficiente de vazão requerido quando selecionando um tamanho de válvula de controle. 2. Previsão da vazão instantânea que passara por uma válvula selecionada 3. Previsão da pressão diferencial através de uma válvula selecionada. Na Fig. E-1, as linhas retas diagonais que estendem para baixo em uma valor de FR de aproximadamente 0,3 indicam condições onde há vazão laminar. Em um número de Reynolds da válvula de 40 000, todas as três curvas na Fig. E-1 atingem um FR igual a 1,0. Neste número e em todos os valores maiores de número de Reynolds, há vazão turbulenta. Entre a região laminar, indicada pelas linhas retas diagonais de Fig. E-1 e a região turbulenta, onde FR = 1,0, o regime de vazão é transitória (nem laminar nem turbulenta). Eq. 11 para determinar o número de Reynolds da válvula ReV é: 4 4 2 2 v 2 L vL d4 v 1 dN CF CF qFNRe ÷ ÷ ø ö ç ç è æ + n = (11) onde os valores de FR e as soluções para os três tipos de problemas podem ser obtidos usando-se os seguintes procedimentos. Determinação do coeficiente de vazão requerido (Seleção do tamanho da válvula) O seguinte tratamento é baseado em válvulas sem conexões anexas, portanto com FR - 1,0. 1. Calcular um pseudo Cvt, assumindo vazão turbulenta, usando a eq.: f 21 1 vt G pp N q C - = (E-1) 2. Calcular Rev usando a eq. (11), substituindo CVt do passo 1 para CV . Para FL, selecionar um valor representativo para o tipo de válvula desejado. 3. Achar FR como segue: a) Se Rev é menor que 56, a vazão é laminar e FR pode ser encontrado usando a curva da Fig. E-1 ou usando a seguinte equação: 67,0 vR )(Re019,0F = (E-2) b) Se Rev é maior que 40 000, a vazão pode ser considerada turbulenta, com FR = 1,0. c) Se Rev fica entre 56 e 40 000, a vazão é transicional e pode ser achada da curva E-1 ou da Tab. E-1. d) Obter o CV requerido de: R vt v F C C = (E-3) e) Após determinar o CV , verificar o valor FL para o tamanho ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 78 selecionado da válvula. Se este valor é muito diferente do valor selecionado no passo 2, usar o novo valor e repetir os passos 1 até 4. Previsão da vazão 1. Calcular qt, assumindo vazão turbulenta, usando f 21 v1t G pp CNq - = 2. Calcular Rev , usando a eq. (11), substituindo qt por q do passo 1 3. Achar FR como segue: a) Se Rev é menor que 106, a vazão é laminar e FR pode ser encontrado usando a curva da Fig. E-1 chamada de Previsão da Vazão ou usando a seguinte equação: vR Re0027,0F = (E-5) b) Se Rev é maior que 40 000, a vazão pode ser considerada turbulenta, com FR = 1,0. c) Se Rev fica entre 106 e 40 000, a vazão é transicional e FR pode ser achado da curva E-1 ou da Tab. E-1, na coluna Previsão da Vazão. d) Obter a vazão prevista de: q = FR qt (E-6) Previsão da queda de pressão 1. Calcular Rev, de acordo com eq. (11). 2. Achar FR como segue: a) Se Rev é menor que 30, a vazão é laminar e FR pode ser encontrado usando a curva da Fig. E-1 chamada de Previsão da Queda de Pressão ou usando a seguinte equação: 5,0 vR )(Re052,0F = (E-5) b) Se Rev é maior que 40 000, a vazão pode ser considerada turbulenta, com FR = 1,0. c) Se Rev fica entre 30 e 40 000, a vazão é transicional e FR pode ser achado da curva E-1 ou da Tab. E-1, na coluna Previsão da Queda de Pressão. d) Obter a vazão prevista de: 2 vR1 f CFN qGp ÷÷ ø ö çç è æ =D (E-8) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 79 Fig. E-1 - Fator do número de Reynolds para dimensionamento da válvula . Tab. E.1. Fator do número de Reynolds para vazão transicional Número de Reynolds da válvula, Rev FR(*) Seleção do tamanho Previsão da vazão Previsão do DP 0,284 56 106 30 0,32 66 117 38 0,36 79 132 48 0,40 94 149 59 0,44 110 167 74 0,48 130 188 90 0,52 154 215 113 0,56 188 253 142 0,60 230 298 179 0,64 278 351 224 0,68 340 416 280 0,72 471 556 400 0,76 620 720 540 0,80 980 1100 870 0,84 1 560 1 690 1 430 0,88 2 470 2 660 2 300 0,92 4 600 4 800 4 400 0,96 10 200 10 400 10 000 1,00 40 000 40 000 40 000 ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 80 Apêndice F: Equações para vazão de líquido não turbulenta O seguinte método para manipular vazão doe líquido não turbulenta permite uma solução direta da incógnita - vazão, CV ou queda de pressão - sem usar tabelas ou curvas e sem primeiro computar um número de Reynolds. Ele é especialmente útil com calculadoras programadas ou computadores. Os resultados estão de conformidade com a seção 4.4. A Fig. 4.4 tem as seguintes características: 1. Uma linha reta horizontal em FR = 1,0 representando a região de vazão turbulenta. Aqui, a vazão instantânea varia com a raiz quadrada da pressão diferencial (Eq. 1) 2. Uma linha reta diagonal, representando a região de vazão laminar. Aqui a vazão instantânea varia linearmente com a pressão diferencial 3. Uma porção curva, representando a região de transição. 4. Um envelope hachuriado para indicar o espalhamento dos dados de teste e a incerteza a ser esperada na região não turbulenta. Da eq. (9): f 21 vR1 G pp CFNq - = (9) e da eq. (11): 4 4 2 2 v 2 L vL d4 v 1 dN CF CF qFN Re ÷ ÷ ø ö ç ç è æ + n = (11) Para a região laminar, uma equação pode ser escrita para a linha reta encontrada na Fig. 1, como: 370 ReF vR = (F-1) Combinando estas três equações, tem- se ( ) m D = p CFNq 3 2vss ou (F-2) 3 2 ss v pN q F 1 C ÷÷ ø ö çç è æ D m = onde 6 4 2 2 v 2 L3 L 2 d s 1 dN CF F F F += (F-3) e m = viscosidade absoluta, centipoise Ns = uma constante que depende das unidades usadas, ou seja: Ns q DP 47 gpm psi 1,5 m3/hr kPa 15 m3/hr bar Fs é geralmente uma função do tipo de válvula de um determinado fabricante e varia pouco de tamanho para tamanho. Esta variação é usualmente não maior que a incerteza no valor do fator Fd que leva em conta o raiohidráulico. Valores representativos de Fs são listados no Apêndice D. Assim que uma determinada válvula é selecionada, os valores reais de Fd, FL e CV /d 2 podem ser usados para computar Fs. A eq. (F-2) pode ser resolvida diretamente para a incógnita se a vazão é totalmente laminar. Na região de transição, para evitar usar a curva ou tabela, pode se usar as seguintes equações para determinar FR: 655,0 vt vs R C C358,0044,1F ÷÷ ø ö çç è æ -= (F-4) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 81 336,0 t s R p p375,0084,1F ÷÷ ø ö çç è æ D D-= (F-5) 588,0 s t R q q358,0044,1F ÷÷ ø ö çç è æ -= (F-6) Nestas equações, o índice s denota um valor computado da eq. (F-2) assumindo condições de vazão laminar e o índice t denota um valor computado da eq. (9) assumindo condições de vazão turbulenta (FR = 1,0). Quando o valor de FR calculado pelas equações acima é menor que 0,48, a vazão pode ser considerada laminar e vale a eq. (F-2). Quando FR é maior que 0,98, a vazão pode ser considerada turbulenta e vale a eq. (9) (FR = 1,0). O fator de geometria da tubulação Fp não pode ser usada nem na eq. (9) nem na eq. (F-2), porque o efeito que as conexões muito próximas tem na vazão não turbulenta através das válvulas de controle não está bem estabelecido. Também, a equação usada nesta norma para Fp é baseada apenas na vazão turbulenta. Para máxima exatidão, uma válvula deve ser instalada com tubulação reta na entrada de mesmo tamanho da válvula. O comprimento da tubulação reta deve ser suficiente para a vazão desenvolver seu perfil normal de velocidade, uma condição na qual os dados da pesquisa se baseiam. Os seguintes exemplos mostram como os problemas podem ser resolvidos. Problema 1. Achar o tamanho da válvula, dados: q = 500 gpm Gf = 0,9 DP = 20 psi m - 20 000 cP Válvula selecionada: borboleta, Cv/d2 = 19 Fx = 0,93 (de um catálogo de fabricante ou Anexo D) Usando a eq. 9, para vazão turbulenta: f 21 vR1 G pp CFNq - = 90,0 20 )0,1)(0,1(500 vtC= Cvt = 106 Usando a eq. (F-2) para vazão laminar: 3 2 ss v pN q F 1 C ÷÷ ø ö çç è æ D m = 3 2 2047 000.20500 93,0 1 ÷ ø ö ç è æ ´ ´ =vC Cvs = 520 Usando a eq. (F-4) para vazão de transição, 655,0 vt vs R C C358,0044,1F ÷÷ ø ö çç è æ -= 655,0 106 520 358,0044,1 ÷ ø ö ç è æ-=RF FR = 0,03 Este valor para Fr é menor que 0,48, limite para a vazão de transição. O Cv requerido é de 520. Para satisfazer esta exigência, uma válvula representativa de 6 polegadas tem um Cv = 19d2 = 684 ou como listado no catálogo do fabricante. Problema 2 Achar a pressão diferencial, dados: q = 1 040 gpm Gf = 0,84 m = 5 900 cP Cv = 400 Fs = 1,25 Usando a eq. (9), assumindo vazão turbulenta: ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 82 f 21 vR1 G pp CFNq - = 84,0 4000,10,11070 pD ´´= Dpt = 601 psi Usando a eq. (F-2) e assumindo vazão laminar: ( ) m D = p CFNq 3 2vss ( ) 5900 40025,1471070 3 2 s pD ´= Dps = 12,0 psi Usando a eq. (F-5) para vazão de transição: 336,0 t s R p p375,0084,1F ÷÷ ø ö çç è æ D D-= 336,0 01,6 0,12 375,0084,1 ÷ ø öç è æ-=RF FR = 0,61 Como FR está entre 0,48 e 0,98, a vazão é transicional. Achar a queda de pressão usando eq. (9) f 21 vR1 G pp CFNq - = 84,0 40061,00,11070 pD ´´= Dp = 16 psi Notar que os pseudovalores de Dp, assumindo vazão turbulenta (6 psi) ou laminar (12 psi), não são aplicáveis porque a vazão é realmente de transição. Problema 3 Achar o tamanho da válvula, dados: q = 17 m3/h r = 1100 kg/m3 Dp = 69 kPa m = 1000 N.s/m3 (ou 106 cP) Fs = 1,25 Válvula selecionada: esfera 302 =d Cv Fs = 1,3 Usando a eq. (9) para vazão turbulenta: f 21 vR1 G pp CFNq - = f vt G p C D ´´= 0,10865,017 Cvt = 24,8 Usando eq. (F-2) para vazão laminar: 3 2 ss v pN q F 1 C ÷÷ ø ö çç è æ D m = 3 26 695,1 1017 3,1 1 ÷÷ ø ö çç è æ ´ ´ =vsC Cvs = 2310 Para vazão transicional: 336,0 8,24 2310 358,0044,1 ÷ ø öç è æ-=RF FR = -5,9 Um valor menor que 0,48 indica vazão laminar. Assim, o Cv requerido é 2310. Para satisfazer esta exigência, uma válvula de 250 mm (10 polegadas) com um Cv = 30 (10)2 = 3 000. ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 83 Apêndice G: Fator de relação de pressão crítica do líquido, FF A vazão instantânea é uma função da queda de pressão da entrada da válvula para a vena contracta. Em condições de vazão de líquido não vaporizante, a pressão aparente da vena contracta pode ser prevista da pressão a jusante (p2), porque a recuperação da pressão é uma fração consistente da queda de pressão para a vena contracta. O efeito desta recuperação de pressão é reconhecido no coeficiente de vazão da válvula. Sob condições da vazão chocada, não há relação entre p2 e pvc porque a vaporização afeta a recuperação da pressão. O fator de relação de pressão crítica do liquido é usada para prever pvc. É a relação da pressão da vena contracta aparente sob condições de vazão chocada para a pressão de vapor do líquido nesta temperatura de entrada. Uma equação para prever FF foi publicada em normas. Uma equação teórica baseada na hipótese que o liquido esteja sempre em estado de equilíbrio termodinâmico é a seguinte: c v F p p 28,096,0F -= (G-1) Como o liquido nem sempre permanece no estado de equilíbrio termodinâmico quando ele se vaporiza através da válvula, a vazão real será maior que a prevista pela eq. (G-1). Em experiências com restrições diferentes de válvula, tem-se uma equação derivada: o F F 1F s -= (G-2) onde s é a tensão superficial do liquido em N/m Fo é um fator de orifício determinado experimentalmente para a restrição ou válvula, nas mesmas unidades. Esta equação considera o fato que líquidos vaporizando através de uma restrição não estão em equilíbrio termodinâmico, mas se tornam metaestáveis e chocam em uma pressão de vena contracta crítica. A equação foi testada somente para água desaerada. Dados limitados indicam que valores de Fo para faixa de curso especificado de cerca de 0,2 N/m para uma válvula com ângulo suave para aproximadamente 1,0 para uma válvula globo de sede dupla mais tortuosa. A tensão superficial da água em N/m pode ser aproximada pela equação de Othmer: 05,1o 4080 )C374( ú ú û ù ê ê ë é - =s (G-3) ou 05,1o 7340 )F705( ú ú û ù ê ê ë é - =s (G-4) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 84 Apêndice H: Derivação de xT A inclinação de Y versus a curva x para qualquer válvula específica é determinada usando ar ou gás como fluido de teste e é designada pelo valor de x em Y = 2/3. Este valor, conhecido como xT, é o fator de relação da queda de pressão. Para a maioria das válvulas, ele é menor que 1,0 mas pode ser maior para alguns tipos de válvulas. Se uma válvula é instalada com uma conexão em sua entrada ou saída, o fator de relação da queda de pressão para a combinação desta válvula com a conexão (xTP) usualmente é diferente do valor para a válvula isolada. Seja uma válvulaoperando na vazão chocada com redutores, X = xTP Y = YT para um gás ideal (Z = 1) Da eq. (18), a equação da vazão volumétrica na válvula, em unidades inglesas vale: 1g TP T1vpT TG x YpCF1360q = (H-1) onde o índice T indica a condição terminal ou chocada.. Para a válvula isolada, na vazão chocada, a equação fica: 1g T TivT TG x YpC1360q = (H-2) onde p1 é a pressão de entrada da válvula. Das eqs. (H-1) e (H-2), tem-se: T TP 1pi x x pFp = (H-3) Da lei dos gases, o peso específico médio através do redutor de entrada é: ÷÷ø ö ççè æ+ =÷ ø ö ç è æ -= 1 1 1 1 1 1545 97,28 2 )(144 2 T Gpp RT Mpp giig 1 11 )(350,1 T G pp gi+=g (H-4) Desde que a queda de pressão, expressa em pés de altura, é K (U2/2q), 21 2 )(144 U g Kpp i = - g ou 1 1 1 )(350,1 )(144 T G pp pp g i i + - = 2 2 1 1 1444 69,519)(5,0 73,14 36002 úû ù ê ë é ´ + ´ dpp Tq g K i p Simplificando, 42 1 922 1 10214,1 -- ´´=- dqTKGpp gi (H-5) Substituindo a expressão para pi da eq. (H-3), tem-se: =÷÷ ø ö çç è æ - T TP p x x pFp 21 22 1 42 1 910214,1 -- ´´ dqTKGg (H-6) Da eq. (H-1), ( ) TPTvpgT xYCFp T Gq 22 1 12 1360= (H-7) Substituindo esta equação na eq. (H-6), com q = qT e K = Ki, tem-se: ( ) T TP p TP iTvp x x F d x KYCF 24 29 1136010214,1 -=´´ - (H-8) Resolvendo para XTP, com YT = 2/3, tem-se ÷ ÷ ÷ ÷ ø ö ç ç ç ç è æ + = 1 1000 1 4 22 d CxKF x x vTip T TP (H-9) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 85 Apêndice I: Equações da vazão da válvula de controle - Notação SI O coeficiente de vazão da válvula que é compatível com as unidades SI é Av. Atualmente, Av não tem grande aceitação pela comunidade técnica. Este anexo foi incluído para aqueles que querem usar unidades SI coerentes e puras. Nas equações seguintes, certos símbolos comumente associados com as unidades SI diferem daqueles usados com as unidades inglesas, tais como: Av coeficiente de vazão da válvula, m 2 6 vv 1024CA ´´= z (zeta) coeficiente de perda de pressão, adimensional, (z = K) r (rô) densidade, kg/m3 Equações para líquido Vazão turbulenta r D = p AFq vp (I-1) rD= pAFw vp (I-2) ú ú û ù ê ê ë é + ÷ ÷ ø ö ç ç è æ z = å 1 d23,1 A 1 F 4 2 v p (I-3) Vazão chocada r - = vc1vLP pp AFq (I-4) r-= )pp(AFw vc1vLP (I-5) ú ú û ù ê ê ë é +÷ ÷ ø ö ç ç è æ z = 1 d23,1 AF F F 4 2 v 2 L1 L LP (I-6) onde 1B1i z+z=z vFvc pFp = (I-7) Vazão laminar m D = 280 p )AF(q 3vss (I-8) m Dr = 280 p )AF(w 3vss (I-9) 6 3 2 v 2 L3 L 2 d s 1 d23,1 AF F FF += (I-10) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 86 Vazão de transição r D = p AFq vR (I-11) rD= pAFw vR (I-12) 655,0 vt vs R A A358,0044,1F ÷÷ ø ö çç è æ -= (I-13) 336,0 t s R p p375,0084,1F ÷÷ ø ö çç è æ D D-= (I-14) 588,0 s t R q q358,0004,1F ÷÷ ø ö çç è æ -= (I-15) Limites para FR = 0,48 a 1,0. Equações para gás e vapor Vazão turbulenta 11vp xpYAFw r= (I-16) ZMT x YpAF246,0q 1 1vp= (I-17) (Normal m3 em 0 oC e 101,3 kPa) Limite: x £ Fk xTP (apenas na equação) 1 d A x72,0 1 F x x 4 2 v iT 2 p T TP +÷ ÷ ø ö ç ç è æ z = (I-18) onde 1B1i z+z=z (I-19) ANSI/ISA S75.01: Equações de Vazão para Válvulas de Controle 87 Apêndice J: Referências International Electrotechnical Commmission (IEC) IEC 534-1: Part 1 – Considerações Gerais, 1976 IEC 534-2: Part 2 – Flow Capacity. Section 1 – Sizing Equations for Incompressible Fluid Flow under Installed Conditions, 1978 IEC 534-2-2: Part 2 – Flow Capacity. Section 2 – Sizing Equations for Compressible Fluid Flow under Installed Conditions, 1980 IEC 534-2-3: Part 2 – Flow Capacity. Section 3 – Test Procedures, 1983 ISA ANSI/ISA S75.02-1988: Control Valve Capacity Test Procedure Baumann, H.D., Effect of Pipe Reducers on Control Valve Capacity, Instruments and Control Systems, Dec 1968 Baumann, H.D., Introduction of a Critical Flow Factor for Valve Sizing, ISA Transactions, Vol. 2, 1063 Driskell, L. R., Control Valve Selection and Sizing, 1983 McCutcheon, E. B., A Reynolds Number for Control Valves, Symposium on Flow, Its Measurement and Control in Science and Industry, 1974. Ruído e Cavitação 88 5. Ruído e Cavitação Objetivos de Ensino 1. Mostrar as características do ouvido humano com relação ao som e ruído. 2. Listar os principais tipos de ruído na válvula. 3. Apresentar os principais modos de evitar e controlar o ruído na válvula. 4. Conceituar cavitação e flashing. 5. Mostrar como aparece o golpe de aríete na valvula. 1. Ouvido humano O joio (erva daninha) é uma planta indesejável que está sempre próxima do trigo, que é a planta desejável. Como analogia, o ruído é um som indesejável que está sempre próxima a um sinal desejável. Som é um estímulo ao ouvido produzido por algum dispositivo gerando ondas de pressão. Geralmente, o som é transmitido através do ar. Estas ondas flutuantes variam em freqüência e amplitude e produzem uma sensação no cérebro através do aparelho ouvido. A amplitude é expressa em unidade de pressão de som chamada de decibel (dB). A freqüência é expressa em hertz (Hz), que significa ciclo por segundo (cps). A amplitude do som em decibel (dB) é uma relação adimensional da pressão real do som e uma pressão de som de referência. A pressão de som de referência é definida internacionalmente como 2 x 10-5 N/m2 ou 2 x 10-4 microbar ou algum outro seu equivalente. O decibel é também uma função logarítmica e por isso para cada aumento de 10 dB há um aumento de 10 vezes na intensidade do som. Assim, um som de 100 dB é 10 vezes mais intenso que um de 90 dB e 100 vezes mais intenso que um de 80 dB. O ouvido humano percebe cada aumento de 10 dB como uma dobrada aproximada da altura. O termo decibel é também usado para representar dois valores de sons muito diferentes de uma fonte. Estes dois níveis de som são potências de sons (Lw) e pressões de sons (Lp). A potência de som é a energia acústica total criada pela fonte de ruído. Pressão de som é o nível de som que a o receptor (ouvido humano) realmente percebe. A potência de som é expressa em watts (W) e o nível internacional de referência é 10-12 W. O ouvido humano pode potencialmente perceber freqüências de som entre 20 e 18 000 Hz. O ouvido humano é um mecanismo muito curioso que não dá peso igual (percepção da altura) ao mesmo nível de pressão de som através do espectro de freqüência. Estudos de alturas aparentes ou percepção do som por muitas pessoas sujeitas ao espectro de freqüência quando comparadas com um tom puro de 1000 Hz resultaram no mapeamento da resposta do ouvido. Os números corrigidos por pesos resultantes representando a resposta do ouvido humano são chamados de circuito ponderado A e o nível dB correspondente é chamado de dBA. Altura aparente é expressa em tons e é definida como a pressão de som em dB de umtom puro tendo uma freqüência de 1000 Hz. Para tons puros, o contorno de altura igual dos níveis de pressão requeridos para o tom soar como a altura de referência de 1000 Hz é mostrada na Fig. 51. Por exemplo, um som de 100 Hz e 60 dB é idêntico em altura a um som de 1000 Hz e 40 dB. Ruído e Cavitação 89 2. Som e ruído Som é a sensação produzida quando o ouvido humano é estimulado por uma série de flutuações de pressão transmitidas através do ar ou outro meio. O som é descrito especificando a amplitude e freqüência destas flutuações. A amplitude é expressa como o nível de pressão de som tendo as unidades de dB. Isto é uma função logarítmica relacionada com a razão entre uma pressão de som existente e uma pressão de som de referência. A pressão de som de referência é definida como 0,000 2 mbar (0,3 x 10-8 psi). bar 0,0002 existente som de pressão log 20dB m = Tab. 4. 16. Limites estabelecidos pela OSHA são: Horas por dia dB A 8 90 4 95 2 100 1 105 ½ 110 ¼ 115 (max) Fig. 5.1. Alturas aparentes para o ouvido humano A altura aparente para o ouvido humano depende da pressão do som e da freqüência. Sons de igual nível de pressão de som parecem ser mais altos quando a freqüência se aproxima de 2000 Hz. A altura aparente em fons é definida como a pressão de som em dB de um tom puro de 1000 Hz. Para tons puros, o contorno de alturas iguais na Fig. 51 mostra o nível de pressão requerido para o tom soar tão alto como o tom de referência correspondente de 1000 Hz. Tab. 6.1 Freqüências de sons e fontes na válvula Freqüência (Hz) N Descrição do som Fonte de som típica 20-75 1 Ronco Oscilação vertical do plug 75-150 2 Cavitação 150-300 3 Chocalho 300-600 4 Uivo Vibração horizontal do plug 600-1200 5 1200-2400 6 Hiss Vazão de gás 2400-4800 7 Assobio 4800-7000 8 Guincho agudo Vibração freqüência natural acima 20000 Ultra-som N – número de oitavas 3. Ruído da Válvula Enquanto há muitas fontes de ruído nas plantas de processo e de indústria. uma das mais importantes pode ser a válvula de controle operando sob condições de alta queda de pressão. É uma das poucas ou talvez a única fonte de som acima de 100 dBA encontrada na indústria. Como já foi notado, a resposta do ouvido humano é sensível não somente ao nível do som mas também à freqüência. Pode-se tolerar sons muito mais altos em baixa ou em muito alta freqüência do que no meio do espectro. O ouvido humano é mais sensível na faixa de 500 a 7000 Hz e é a faixa onde o alto nível de ruído faz mais estrago. Por esta razão, a legislação estabelece um nível máximo de 90 dBA durante oito horas por Ruído e Cavitação 90 dia. Porém, se a exposição do ruído tem freqüência predominante na faixa de 1000 a 5000 Hz, o nível passa para 80 dBA. Fig. 5.2. Característica de filtro A aproxima a resposta do ouvido para diferentes freqüências Vibração mecânica A vibração mecânica das peças internas da válvula é causada pela vazão instável e turbulência dentro da válvula. É usualmente imprevisível e é realmente um problema de projeto para o fabricante. Os níveis de ruído são baixos, usualmente bem abaixo de 90 dBA e estão na faixa de freqüência de 50 a 1500 Hz. O problema não é o ruído, mas a vibração que piora progressivamente, quando o guia e as peças se desgastam. A solução é um melhor projeto da válvula, com hastes e guias mas pesados. A vibração ressonante é uma variação da vibração mecânica que é caracterizada pela excitação ressonante dos internos da válvula pela vazão do fluido. Esta é uma faixa estreita de ruído com um tom geralmente na faixa de 2000 a 8000 Hz. O nível de ruído pode estar entre 90 e 100 dBA e a falha da válvula mecânica ou a falha causada pelo superaquecimento localizado do metal é muito provável. Isto pode ser eliminado por uma alteração no diâmetro da haste, alteração na massa do plug ou, às vezes, pela inversão do sentido da vazão através da válvula. Estas mudanças irão desviar a freqüência natural do plug e haste para fora da faixa de excitação. Nos raros casos onde isso não funciona, então se deve alterar o tipo de guia, número de peças ou a fabricação do plug. Ainda, isso é um problema de projeto e fabricação da válvula. A instabilidade do interior da válvula é usualmente devida ao impacto da vazão mássica no plug (obturador) da válvula. A relação entre pressão estática e velocidade através da face do plug e o balanço da força do atuador na direção vertical varia com o tempo. Isto pode provocar oscilações verticais e um ruído na freqüência abaixo de 100 Hz. Esta instabilidade é ruim para o controle. A correção exige mudança nas características de amortecimento do conjunto válvula e atuador. Isto é feito usando um atuador mais duro. Se o atuador é do tipo diafragma e mola, então pode se aumentar o sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig) para 40 a 200 kPa (6 a 30 psig). Se isto não resolver, deve-se usar atuar com pistão de dupla ação, que é mais duro e poderoso. Se ainda não for a solução, deve- se usar um atuador hidráulico no lugar do pneumático. Ruído hidrodinâmico O ruído hidrodinâmico está associado com a cavitação e flacheamento, que são evitados com um trim conveniente ou com tipo de válvula adequado (com alto fator de recuperação de pressão, FL). Em muito casos, o ruído não é incômodo, embora a cavitação severa pode produzir ruído na faixa de 90 a 100 dBA ou mais. O ruído da cavitação é causado pela implosão das bolhas de vapor no fluxo do líquido e o ruído pode variar de um ronco de baixa freqüência até um assobio de alta freqüência. O assobio de alta freqüência é devido à vibração da freqüência de ressonância gerada pelo fluido cavitando. Em qualquer caso, o problema não é o ruído mas a destruição da haste da válvula. Reduzindo ou eliminando a cavitação e seus danos, também elimina o ruído. O flacheamento raramente é uma fonte importante de ruído na válvula, embora ele possa causar erosão no trim da válvula. O flacheamento resulta do aumento da velocidade de saída da válvula e a jusante, como resultado do maior volume específico do fluido bifásico (líquido mais gás). Válvulas com saída expandida e maior tubulação a jusante geralmente resolvem o problema. Ruído e Cavitação 91 Ruído aerodinâmico O ruído aerodinâmico é o real problema na válvula de controle e ele pode alcançar níveis de até 120 dBA. O ruído produzido pela turbulência do líquido é quase desprezível quando comparado com o ruído gerado pela turbulência devida à alta velocidade dos gases e vapores passando através da abertura da válvula. Os mecanismos de geração e transmissão de ruído através das paredes da tubulação são altamente complicados e ainda não são totalmente compreendidos. Como resultado, a previsão dos níveis de ruído na válvula fora da tubulação ou na saída de exaustão ou vent é uma ciência não exata. Há muita pesquisa nesta área e quanto mais se aprende, os métodos de previsão se tornam mais refinados e precisos. A geração do ruído, em geral, é uma função da vazão mássica instantânea e da queda de pressão através da válvula. Fig. 5.3. Relação entre vazão mássica e relação de pressões na geração do ruído O ponto em que a velocidade sônica é atingida na vena contracta da válvula é uma função do tipo de projeto da válvula e seu valor FL combinado com a relação de pressão absoluta a montante e a jusante (P1/P2). Para valores de FL entre 0,50 e 0,95, a relação de pressõesnecessária para gerar vazão sônica na válvula varia de 1,15 a 1,80, respectivamente. Quando se atinge a velocidade sônica na vena contracta, as válvulas são chamadas de válvulas críticas ou chocadas (chocked), pois sua capacidade não pode mais aumentar com aumento da relação das pressões, desde que a pressão a montante seja mantida a mesma. Geralmente a válvula crítica é a fonte do ruído de mais alto nível. Válvulas com relações de pressões menores que o indicado para um dado FL são chamadas de subsônicas ou válvulas de vazão subsônica. Para uma dada vazão mássica, a válvula é menos ruidosa do que a válvula crítica, mas o ruído aumenta dramaticamente quando a relação de pressão aumenta para o nível sônico. O ruído é gerado em um grau significativo começando em velocidades da tubulação de cerca de Mach 0,4 para Mach 1,0 (sônico). Válvulas de controle gás ou vapor ruidoso pode ter alta velocidade acústica induzida e dano de vibração da vazão, erosão do trim e instabilidades internas. Ruído com alta vibração induzida pode reduzir drasticamente a vida útil da válvula e, em alguns casos, pode resultar na destruição completa dos internos da válvula, em questão de minutos ou horas. Fig. 5.4. Contornos de nível de ruído Ruído e Cavitação 92 4. Controle do Ruído A transmissão de um ruído requer 1. uma fonte de som, 2. um meio através do qual o som é transmitido 3. um receptor. Cada um destes três parâmetros pode ser alterado para reduzir o nível de ruído. Em alguns casos, como quando o ruído é causado por componentes da válvula vibrando, as vibrações devem ser eliminados ou eles podem resultar em dano na válvula. Em outros casos, quando a fonte de ruído é o assobio de uma estação de redução de gás, o tratamento acústico do meio do ruído é suficiente. Fig. 5.5. Relação entre razão das pressões e número de Mach Dependendo da amplitude do ruído aerodinâmico e assumindo que o dano na válvula não é um fator, o tratamento do ruído da válvula pode ser feito através do caminho ou na fonte. Não há regra para escolher o caminho ou a fonte. Porém, em geral, se o ruído é menor que 100 dBA, tanto faz cuidar do caminho ou da fonte. Ruído acima de 100 dBA quase sempre requer tratamento da fonte para resolver o problema. Resolver este problema de ruído não é fácil, pois sua solução envolve experiência e teoria. Tratamento do caminho O tratamento do caminho, como o nome implica, não faz nada para alterar a fonte de ruído. O objetivo do tratamento do caminho é atenuar a transmissão do ruído da fonte para o receptor (ouvido humano). Há vários modos para reduzir o ruído cuidando do seu caminho de transmissão: 1. usar paredes mais grossas na tubulação 2. instalar difusores, abafadores ou silenciadores 3. aplicar isolação acústica O tratamento do caminho nem sempre é mais econômico que o tratamento da fonte e o seu custo deve ser avaliado para cada aplicação individual. Para instalações existentes, o tratamento do caminho é o mais usado, não porque seja a melhor solução, mas geralmente porque é o único viável. Fig. 5.6. Tratamento acústico da parede da tubulação Fig. 5.7. Tipo de difusor para reduzir turbulência de saída da válvula Parede mais pesada da tubulação reduz o ruído aumentando as perdas da transmissão através dela. A atenuação é uma função da massa e dureza da tubulação. Embora seja complicado, como regra prática, cada vez que se dobra a espessura da parede da tubulação, se Ruído e Cavitação 93 atenua o ruído de 6 dBA, dependendo ainda do diâmetro da tubulação. Quanto mais alta a freqüência de vibração, mais efetivo é o uso de materiais absorvedores de som. O revestimento interno da tubulação evita a reflexão e radiação das ondas de som. É importante selar todas as aberturas. O uso de abafadores e silenciadores pode ser útil em instalações novas ou existentes. Estes equipamentos podem ajudar na redução da turbulência e choque na vazão de saída. Eles também reduzem a queda de pressão total através da válvula e por isso reduzem a geração de ruído. O difusor trabalha melhor quando a vazão é praticamente constante e alta. A isolação acústica é outro método eficaz de aumentar a perda da transmissão do ruído na parede da tubulação. Mesmo a isolação termal atenua o ruído de 3 a 5 dBA. Uma isolação acústica adequada reduz o nível de ruído em cerca de 10 dBA. Como o som se propaga sobre grandes distancias com muito pouca atenuação, o enfoque da isolação só é viável em tubulações curtas. A colocação da válvula de controle distante da área de trabalho pode ser uma solução simples e eficaz. A distância pode atenuar o ruído até níveis razoáveis e seu custo é muito pequeno. Fig. 5.8. Válvula com múltiplos caminhos e múltiplos estágios Tratamento da fonte O tratamento da fonte cuida do problema no local onde o ruído é criado. Geralmente, consiste de projeto e construção especial de internos da válvula ou colocação de difusores ou resistores especiais na válvula. Embora os conceitos e projetos sejam diferentes, o objetivo é o mesmo de reduzir a queda de pressão dentro da válvula, através do 1. aumento dos estágios, 2. limite da velocidade do fluido 3. redução da turbulência e 4. eliminação das células de choque Estes métodos podem reduzir o ruído de 7 a 10 dBA (projeto de elemento simples) até 30 a 40 dBA (multi-estágios). Há muitos parâmetros de projeto que devem ser considerados, incluindo: 1. Aplicação – em linha ou vent 2. Nível de redução do ruído realmente requerido – dBA 3. Relação das pressões absolutas (P1 /P2) ou DP/P1. 4. Fluido a ser manipulado 5. Características físicas do fluido 6. Temperatura de trabalho e faixa 7. Vazão mássica e rangeabilidade 8. Considerações metalúrgicas e mecânicas do projeto 9. Outros problemas potenciais induzidos na velocidade 10. Exigências de estanqueidade, principalmente em vent 11. Necessidade da utilidade da operação e vida útil da válvula 12. Localização da válvula, configuração da instalação, suportes e acessos 13. Considerações de custo de propriedade (compra, instalação, manutenção). Por mais que o fabricante indique a melhor aplicação, a responsabilidade para avaliar e escolher a melhor solução é do usuário. O peso atribuído a cada parâmetro depende do julgamento e experiência, entendimento de todos os aspectos envolvidos na aplicação e nas necessidades da planta. Pensar sempre em custo de propriedade e não apenas no custo inicial. Tempo parado e custo de retrabalho e revisão devidos a ruído na válvula são geralmente altos. Basicamente o tratamento da fonte cai de três categorias: 1. muiticaminhos Ruído e Cavitação 94 2. multi-estágios 3. combinação dos dois anteriores O custo de uma válvula especial tende a variar de 2 a 20 vezes o custo da válvula padrão com o mesmo Cv. 5. Previsão do ruído da válvula Como mencionado anteriormente, a previsão do ruído na válvula é uma ciência inexata, por causa da natureza complexa da geração do ruído pela válvula de controle e pela transmissão deste ruído através das paredes da tubulação. Assim, não deve ser surpresa que os diferentes métodos de previsão resultem em diferentes números para a mesma aplicação. Pode haver diferenças em torno de 5 a 20 dBA. Cada fabricante diz que é capaz de prever o problema do ruído da válvula e dar uma solução no projeto e construção da válvula.Nem todos são iguais e alguns fazem isso melhor que outros. Finalmente, compete ao usuário fornecer os dados mais confiáveis possível, avaliar cuidadosamente todas as propostas, resolver as diferenças marcadas e usar bom julgamento de engenharia e experiência na seleção da válvula para cada aplicação. Pode se ter mais de uma válvula (geralmente duas e no máximo, três) satisfazendo as exigências do projeto. Deve-se errar sempre no lado conservativo, quando se faz a decisão final, pois o custo de engano e do retrabalho ou conserto geralmente é muito maior que o custo inicial da válvula. Fig. 5.9. Atenuação típica do ruído para elementos multi-estágios Cálculo da ruído na válvula Embora haja vários métodos disponíveis para prever o ruído na válvula, será mostrado aqui apenas um, que é considerado o estado de arte. Este cálculo dá uma resposta adequada para uma larga faixa de relações de pressões e outras situações de operação. Ele permite o usuário classificar um problema de ruído de válvula e determinar a melhor solução oferecida por diferentes fabricantes. O método matemático de estimar o nível do ruído aerodinâmico de qualquer tipo de válvula padrão é baseado na pesquisa feita por Lighthill, em 1950. A equação cobre o ruído em válvulas convencionais de único estágio ou multicaminhos usadas para reduzir o ruído. O nível de pressão de som para gás e vapor passando pela válvula e medido a uma distância de 1 m da tubulação a jusante adjacente é expresso pela eq. GP)PPFClog(10N5,145SL L21LVM +-++= onde SL é o nível do som (dBA) NM é o fator de eficiência acústica (Fig. 5.10) CV é o fator de capacidade de vazão nas condições de operação FL é o fator de recuperação de pressão (geralmente fornecido pelo fabricante ou obtido de tabelas da literatura) P1 é a pressão a montante, (psia) P2 é a pressão a jusante, (psia) PL é a perda de transmissão da tubulação (dBA) G é o fator de ajuste da propriedade do gás (dBA) (Tab. 4.16aa) A perda de transmissão do som através de tubulações de aço envolvidas pelo ar pode ser calculada pela eq. + ú ú û ù ê ê ë é +´´ = 3 310 L D3,35 )2/D39(t10 log10P ú ú û ù ê ê ë é + LV o 2 FC n)D4( log10 Ruído e Cavitação 95 onde PL é a perda da transmissão (dBA) D é o diâmetro externo real da tubulação (polegadas) t é a espessura da tubulação (polegadas) no é o número de orifícios aparentes produzindo o som (Tab. 4.16.bb) A base específica para a Tab. é a medição do som à distância de 1 m da parede do tubo, ar como fluido, capacidade da válvula de CV FL = 4D 2 e no = 1. Assim, o cálculo de PL pode ser simplificado. Para válvulas com CV FL > 4D 2 e no ¹ 1, adicionar 10 log (no) ao número obtido da Tab. 4.16.cc. Para válvulas com CV FL < 4D 2 , adicionar 10 log (4D2/CvFL) ao mesmo valor da Tab. Exemplos de cálculo de ruído Os seguintes exemplos de estimativa de ruído de válvula ilustram o uso das equações e tabelas. Além disso, eles mostram como uma diferente escolha de válvula pode ajudar um problema de ruído e como a distância da fonte pode ser um fator. A técnica usada para estimativa do ruído da válvula assume velocidades na tubulação de saída da válvula abaixo de um terço da velocidade sônica (Mach 0,33). Se esta velocidade é excedida, é possível que o ruído gerado pela velocidade na tubulação seja maior que o calculado. Exemplo 1 Determinar o nível de ruído esperado para a seguinte instalação de válvula: Válvula globo, ângulo, laminar (streamlined), passagem reduzida, vazão para fechar, no = 1 Diâmetro da válvula = 50 mm (2 “) CV = 2,5 FL = 0,5 (Tab. 4.16.z) Diâmetro da tubulação = 50 mm (2”), Schedule 80 Gás natural P1 = 262 bar (3800 psia) P2 = 72,4 bar (1050 psia) P1/P2 = 3,6 NM = -37 (Fig. 5.10) PL = 70 (Tab. 4.16.cc) + ú ú û ù ê ê ë é LV o 2 FC n)D4( log10 = ú ú û ù ê ê ë é ´ ´´ + 5,05,2 124 log 1070 2 = 81 dBA G = 0,5 (Tab. 4.16.aa) Da eq. 4.16.(2) SL = 145,5 – 37 + 10 log (2,5 x 0,5 x 3800 x 1050) – 81 + 0,5 = 145,5 – 37 + 10 log (4,98 x 106) – 81 + 0,5 = 95 dBA Exemplo 2 Determinar o nível de ruído esperado para a seguinte instalação de válvula: Válvula gaiola, passagem plena, vazão para abrir, no = 4 Diâmetro da válvula = 100 mm (4 “) CV = 105 FL = 0,85 (Tab. 4.16.z) Diâmetro da tubulação = 100 mm (4”), Schedule 40 Gás: ar P1 = 10,35 bar (150 psia) P2 = 6,9 bar (100 psia) P1/P2 = 1,5 NM = -42 (Fig. 5.10) PL = 63 (Tab. 4.16.cc) + 10 log (no) = 63 + 10 log 4 = 69 dBA G = 0 (Tab. 4.16.aa) Da eq. 4.16.(2) SL = 145,5 – 42 + 10 log (105 x 0,85 x 150 x 100) – 69 + 0 = 95,8 dBA Como este som excede o limite normal aceitável de 90 dBA, deve-se considerar uma alternativa de projeto da válvula. Poderia ser uma válvula borboleta flautada de disco, que produz pouco ruído com um FL similar ao usado acima. Desde que todas as condições de vazão permaneçam as mesmas, pode-se simplificar o cálculo considerando somente o efeito do aumento Ruído e Cavitação 96 do fator no relativo à perda de transmissão, PL , de 4 (válvula gaiola) para 16 (válvula borboleta flautada). Assim, PL = 63 + 10 log (16) = 75 dBA (em vez de 69) Portanto, SL = 145,5 – 42 + 10 log (1,33 x 106) – 75 + 0 = 89,8 dBA Portanto, ganhou-se uma atenuação adicional de 6 dBA (75 – 69 dBA), que pode ser suficiente para a aplicação. Exemplo 3 Se a válvula do Exemplo 1 for colocada 30 m (100 ft) distante do operador, qual é o ruído neste novo local? SL (em qualquer distância) = SL – 10 log (distância em ft/3) Esta equação só é valida para tubulação fechada. Se a fonte do ruído estiver em um vent atmosférico, o 10 log deve ser substituído por 20 log. SL100 = 95 – 10 log (100/3) = 79,8 dBA Ruído e Cavitação 97 Fig. 5.10. Fator de eficiência acústica como função da relação de pressões Tab. 8.1 Fatores típicos de recuperação de pressão de válvulas (FL) Tipo de válvula FL Globo, sede simples, vazão para abrir, passagem plena 0,90 Globo, sede simples, vazão para abrir, passagem reduzida a 50% 0,90 Globo, sede simples, vazão para abrir, passagem plena com trim gaiola 0,85 Globo, sede simples, vazão para abrir, passagem 50% com trim gaiola 0,80 Corpo dividido, sede simples, vazão para abrir, passagem plena 0,80 Corpo dividido, sede simples, vazão para abrir, passagem reduzida 50% 0,90 Globo, sede dupla, plug curvo, passagem plena 0,90 Globo, sede dupla, plug curvo, passagem 50% 0,80 Globo, sede dupla, plug porta V %, passagem plena 1,00 Globo, sede dupla, plug porta V %, passagem 50% 0,90 Globo, ângulo, sede simples, vazão para fechar, passagem plena 0,80 Globo, ângulo, sede simples, vazão para fechar, passagem 50% 0,80 Globo, ângulo, sede simples, vazão para abrir, passagem plena 0,90 Globo, ângulo, sede simples, vazão para abrir, passagem 50% 0,95 Globo, ângulo suave, vazão para fechar, passagem reduzida 0,50 Válvula excêntrica com plug rotativo 0,85 Válvula esfera, caracterizada, com D/d = 1,5 0,63 Válvula esfera, não caracterizada, com D/d = 1,5 0,55 Borboleta, tamanho da linha, abertura de 60o 0,70 Borboleta, tamanho da linha, abertura de 90o 0,56 Borboleta, D/d = 2, abertura de 60o 0,62 Borboleta, D/d = 2, abertura de 90o 0,50 Notas: FL na condição da válvula totalmente aberta Ruído e Cavitação 98 Tab. 8.2. Fator G da propriedade do gás Gás G(dB) Gás G(dB) Vapor saturado -2 Dióxido de carbono-3 Vapor superaquecido -3 Monóxido de carbono 0 Gás natural 0,5 Hélio -9 Hidrogênio -9 Metano 2 Oxigênio -0,5 Nitrogênio 0 Amônia 1,5 Propano -4,5 Ar 0 Etileno -1,5 Acetileno -0,5 Etano -2 Tab. 8.3. Número de orifícios aparentes separados em paralelo produzindo som (no) Tipo de válvula no 10 log (no) Válvula esfera, passagem plena 1 0 Válvula ângulo, sede simples, vazão para fechar 1 0 Válvula plug rotativo excêntrico, vazão para fechar 1 0 Válvula esfera segmental 1 0 Válvula gaiola, vazão para fechar, (P1/P2 > 2) 1 0 Válvula borboleta, não flautada, 60o de curso 2 3 Válvula borboleta, flautada, 10 a 30 10 a 15 Válvula globo, sede simples, vazão para abrir 2 3 Válvula ângulo, vazão para abrir 2 3 Válvula plug rotativo, excêntrica, vazão para abrir 2 3 Válvula globo, sede dupla, parabólica 4 6 Válvula gaiola, vazão para abrir; no = número de janelas constantemente abertas para passagem Tab. 8.4. Perdas de transmissão da tubulação típicas (dBA) Tamanho da Tubulação Schedule da Tubulação (mm) (polegadas) (40) (80) 25 1 71 75 37,5 1 ½ 67 71 50 2 65 70 75 3 64 69 100 4 63 67 150 6 59 64 200 8 58 63 250 10 57 62 300 12 57 62 500 20 55 62 Ruído e Cavitação 99 6. Cavitação 6.1. Geral O estrago da cavitação é uma forma especial de corrosão erosão que é causada pela formação e colapso de bolhas de vapor em um líquido, próximas à superfície metálica. O estrago da cavitação ocorre em turbinas hidráulicas, propelentes de navio, impelidores de bomba, medidores de vazão, válvulas de controle e outras equipamentos onde são encontradas variações de pressão, temperatura e vazão. Um líquido vira vapor (evapora) quando se aumenta sua temperatura ou abaixa sua pressão. À pressão atmosférica padrão (101,3 kPa), a água ferve à 100 oC. Porém, se a pressão da água é baixada suficientemente, ela ferve à temperatura menor que 100 oC: Por exemplo, a água à pressão de 360 kPa entra em ebulição à temperatura de 21 oC. A uma determinada temperatura, o líquido se evapora quando a pressão atinge a sua pressão de vapor. Seja um cilindro cheio d'água percorrido por um pistão. Quando o pistão se afasta da água, a pressão é reduzida e a água se evapora, formando bolhas. Se o pistão volta para a posição anterior, aumentando novamente a pressão do cilindro, as bolhas se condensam, entrando em colapso. Repetindo este processo em alta velocidade, como no caso de uma bomba acionando água, há a formação de bolhas de vapor d'água e colapso rápido destas bolhas. Cálculos têm mostrado que o colapso rápido de bolhas produz ondas de choque com altíssimas pressões, da ordem de 400 MPa (60 000 psi). Forças tão elevadas podem produzir deformação plástica em muitos metais. A aparência do estrago da cavitação é parecida com o pitting, exceto que as áreas de pitting são pouco espaçadas e a superfície fica muito mais rugosa. O estrago da cavitação é atribuído tanto à corrosão como erosão. Na corrosão, é assumido que as bolhas em colapso do vapor destroem a camada protetora da superfície que resulta em aumento de corrosão. Fig. 5.11. Fenômeno da cavitação Este mecanismo é esquematicamente mostrado na Fig. 5.11. Os passos são os seguintes: 1. uma bolha de cavitação se forma no filme protetor da superfície 2. as bolhas entram em colapso e destroem o filme 3. a superfície nova do metal fica exposta, se corrói e o filme é refeito 4. uma nova bolha de cavitação se forma no mesmo ponto 5. a bolha entra em colapso e destrói o filme. 6. a área exposta se corrói e o filme se refaz. A repetição deste processo resulta em buracos profundos. Examinando a Figura, percebe-se que não é necessário ter um filme protetor para o estrago da cavitação ocorrer. Uma bolha de cavitação implodindo tem força suficiente para tirar partículas de metal da superfície. Uma vez a superfície fica rugosa em um ponto, isto serve como um núcleo para novas bolhas de cavitação de um modo similar ao mostrado na Figura. Na prática, parece que o estrago da cavitação é o resultado de ações química (corrosão) e mecânica (erosão). A cavitação pode ser evitada 1. diminuindo as diferenças de pressão hidrodinâmica nas tubulações de processo 2. diminuindo a temperatura do processo 3. aumentando a pressão a montante do equipamento sujeito à cavitação 4. usando materiais mais resistentes Ruído e Cavitação 100 5. melhorando o acabamento das superfícies de impelidores e propelentes de bombas, pois desaparecem os pontos de nucleação das bolhas 6. revestindo as superfícies com borracha e materiais resilientes 7. proteção catódica, com a formação de bolhas de hidrogênio na superfície do metal que amortece a onda de choque produzida pela cavitação. 1.2. Cavitação na válvula A pressão cai quando o líquido passa pela restrição de válvula. Para que a vazão seja a mesma em todos os pontos de tubulação, a velocidade aumenta quando passa pela restrição. A velocidade do líquido é máxima no ponto de restrição. O aumento da velocidade (energia cinética) se dá com a diminuição na energia de pressão. A energia é transformada de uma forma (pressão) em outra (cinética). Fig. 5.12. Fenômeno da cavitação na válvula de controle Quando o líquido passa pela vena contracta (ponto de máxima velocidade e mínima pressão), sua velocidade diminui e logo depois recupera parte desta pressão. Válvulas como do tipo borboleta, esfera, e a maioria das válvulas rotatórias tem uma grande recuperação da alta pressão. A maioria das válvulas com haste deslizante mostra uma baixa recuperação da pressão. A trajetória da vazão através do interior da válvula com haste reciprocamente é mais tortuosa do que a da válvula com haste rotatória. As válvulas com haste reciprocamente apresentam maior queda de pressão do que as rotatórias. Se a recuperação da pressão experimentada pelo líquido é suficiente para elevar a pressão da tubulação acima da pressão de vapor de líquido, então as bolhas de vapor entrarão em colapso e implodirão. Esta implosão é chamada de cavitação. Fig. 5.13. Pressão e cavitação Certamente, a válvula com alta recuperação da pressão, como as válvulas com haste rotatória tendem a provocar cavitação mais freqüentemente do que as válvulas com haste reciprocamente, que possuem pequena recuperação da queda de pressão. As válvulas com pequena recuperação e que provocam grande queda de pressão causam flashing, em vez de cavitação. A presença da cavitação ou do flacheamento na válvula de controle restringe a velocidade do líquido, diminui a eficiência da operação, produz ruído e vibração e causa uma erosão rápida e severa nos contornos nas superfícies, mesmo que sejam de materiais duros e resistentes. Como conseqüência, a deve ser cuidadosamente dimensionada, de modo a não provocar cavitação ou flacheamento nos líquidos que passam no seu interior. Ruído e Cavitação 101 Fig. 5.14. Formação de baixa pressão a jusante de uma restrição Além do estrago físico para a válvula, a cavitação ou o flacheamento tende a diminuir a capacidade de vazão da válvula, diminuindo a queda de pressão através dela. Quando as bolhas começam a se formar, elas tendem a causar uma condição de compressão na válvula, que limita a vazão. A vazão crítica (choked) do líquido ocorre quando aparece uma barreira de cavitação dentro da restrição. As variações de pressão a jusante da válvula não podem se transmitiratravés desta barreira. Um aumento da pressão diferencial provocado pela diminuição da pressão a jusante não aumenta a vazão; somente um aumento da pressão a montante pode aumentar a vazão. O projetista deve saber qual é a máxima queda de pressão efetiva para produzir a vazão. Em quedas de pressão maiores do que o limite permitido, resulta em vazão crítica. A queda de pressão permitida é função principalmente do fluido e do tipo da válvula. Através de dados experimentais, os fabricantes desenvolveram uma equação para prever o P permitido. A Masoneilan propõe a seguinte equação: )p(Cp s 2 fcrit D=D onde ÷ ÷ ø ö ç ç è æ --=D c v v1s P P 28,096,0PPp ou se Pv < 0,5 P1 v1s ppp -=D O fator de vazão critica Cf é apresentado nos catálogos da Masoneilan, para os diferentes tipos de válvulas. Estes valores são resultado de testes de vazão feitos com as válvulas. A Fisher propõe a seguinte equação: DP permitido = Km (p1 - rc pv) onde Km - coeficiente de recuperação da válvula, função do tipo da válvula, obtido experimentalmente rc - relação da pressão critica Os testes tem mostrado que para as válvulas de pequena recuperação da queda de pressão, vazão crítica e cavitação ocorrem aproximadamente no mesmo DP e consequentemente, as eq (c5) e (C6) podem também ser usados para calcular a queda de pressão em que a cavitação começa. Para as válvulas com grande recuperação da queda de pressão, a cavitação pode ocorrer em quedas de pressão abaixo do P permitido. Para este tipo de válvulas a Masoneilan propõe a seguinte equação: D P cavitação = Kc (p1 - pv) onde Kc é o coeficiente de inicio de cavitação, A Fisher também propõe a mesma equação e seus fatores Kc estão disponíveis em seus catálogos. Plugs especiais para evitar a cavitação são produzidos pelos fabricantes, que tendem a aumentar o Kc da válvula e portanto aumentam a queda de pressão que causaria o inicio da cavitação. Os modos de se evitar a cavitação são 1. reduzir a queda de pressão através da válvula para valores abaixo do DP crítico. Isto pode ser conseguido, aumentando-se a pressão na entrada da válvula (P1 ) pela escolha de um ponto com baixa elevação no sistema da tubulação ou colocando a válvula mais próxima da bomba. 2. selecionar um tipo de válvula que tenha um fator de vazão crítico maior; por exemplo, uma válvula com Ruído e Cavitação 102 plug em V tem maior Cf que uma válvula com plug esférico. 3. alterar a direção da vazão, 4. instalar duas válvulas idênticas em série (o Cf estimado para as duas válvulas é igual a raiz quadrada do Cf da válvula isolada). 5. diminuir a temperatura do líquido Fig. .6.15. Solução para a cavitação 4. Velocidade do fluido na válvula 4.1. Introdução O desempenho ruim da válvula de controle pode comprometer a operação correta da planta., Sintomas são: 1. curta vida útil do trim, 2. vazamento interno, 3. controle pobre do fluido, 4. vibração da tubulação, 5. ruído ambiental excessivo, Às vezes, uma válvula opera corretamente em condições normais, mas apresenta problemas em aplicações de serviço severo, tais como: 1. controle errático, 2. vibração mecânica, 3. ruído, 4. cavitação, 5. flacheamento, 6. erosão A principal causa destes problemas é a relação de pressão através da válvula que é maior do que três. Ou seja, a pressão absoluta de entrada do fluido excede três vezes a pressão a jusante. Também o nível de pressão é geralmente maior que 7 MPa (1 000 psi), embora as válvulas possam também se danificar em pressões mais baixas. Outro fator que afeta a vida útil da válvula é a temperatura do fluido do processo. Se o fluido é líquido, é importante considerar sua temperatura e se a queda de pressão dentro da válvula causa a vaporização do fluido, quando ela cai abaixo do ponto de fulgor. Quando o fluido está suficientemente quente, o líquido pode se vaporizar, provocando cavitação ou flacheamento e conseqüente erosão e corrosão. Alem do problema de mudança de fase do líquido, o nível da temperatura absoluta pode afetar os parâmetros de projeto da válvula, como as características de resistência e expansão do material da válvula em si. Temperaturas acima de 300 oC requerem características especiais de projeto, para acomodar e minimizar os danos dos efeitos da expansão termal. Válvula para serviço severo (heavy duty) requer seleção especial para operar em ambiente hostil com confiabilidade demorada. O usuário deve sempre escolher a válvula de acordo como ela funciona e com sua habilidade de se adequar à aplicação do usuário, de um modo econômico. Os problemas operacionais que causam o mau desempenho da válvula e falha em aplicação de serviço pesado são causados principalmente pela velocidade excessiva do fluido. Mesmo o uso de material mais duro para resistir à erosão da cavitação ou o uso de expansão de tubulação ou amortecedores a jusante pode apenas marginalmente desviar a folha da válvula desta causa. A velocidade deve ser controlada em todos os ajustes da válvula para manter o desempenho. Ruído e Cavitação 103 4.2. Projeto do trim Um meio de reduzir a pressão e velocidade é controlar a velocidade dividindo o jato do fluido em múltiplas e discretas vazões e dissipar a energia do fluido e velocidade de modo contínuo, induzindo turbulência controlada na vazão. O uso de trim com caminhos em camadas cria perfis de vazão em labirintos, controlando a velocidade do fluido, pelo número de caminhos montados no disco. Outro controle adicional é variar a área de vazão dentro de cada caminho. O método controla os efeitos danosos da velocidade de dois modos: 1. divide a vazão em muitos jatos pequenos 2. força o fluido através de uma série de voltas definidas para afetar os degraus de queda de pressão A aparência externa de uma válvula com disco estaqueado é a mesma de uma válvula globo convencional ou tipo ângulo, com o disco formando um trim cilíndrico e a vazão é controlada pelo movimento subindo-descendo do plug. Dependendo do formato e número de passagens dos discos, a válvula pode ter característica linear, abertura rápida ou igual percentagem. 4.3. Erosão por cavitação Quando a pressão do líquido é reduzida até ou abaixo da sua pressão de vapor, ocorre a formação de bolhas de vapor. Neste ponto, o líquido ferve. Quando o fluido se move fora da garganta da válvula, a pressão é recuperada, convertendo a energia cinética de volta para energia de pressão. A pressão final recuperada pode 1. continuar menor que a pressão de vapor e o líquido continua na forma de vapor, ocorrendo o flacheamento 2. voltar a ser maior que a pressão de vapor e o vapor volta a ser líquido e as bolhas entram em colapso e implodem, provocando cavitação. A energia liberada causa stress na superfície local maior que 1400 MPa (200 000 psi), que pode provocar erosão no trim, mesmo quando de material duro, muito rapidamente. Na válvula com disco estaqueado, o projeto do trim evita que a pressão da vena contracta caia abaixo da pressão de vapor do líquido, evitando a cavitação. 4.4. Erosão por abrasão A erosão do trim da válvula pode também ser causada pela ação de lavagem de um fluido ou pela abrasão das partículas sólidas entranhadas no fluido. Este efeito é mais severo em alta pressão. Enquanto gases limpos e secos não preocupam, vapor limpo e superaquecido pode causar problemas sérios em válvulas convencionais. Se um vapor superaquecido [4 MPa (600 psia) e 315 oC] entra em umaválvula, caindo para 0,3 MPa (50 psia), haverá uma baixa pressão e alta velocidade, fazendo o vapor se expandir politropicamente (em todas as direções). Por causa da baixa pressão, o vapor desenvolve uma umidade de 12 a 20%, de modo que estas gotas d'água, viajando em alta velocidade, rapidamente vão provocar erosão no trim e corpo da válvula. A recuperação de pressão é completada na saída e a temperatura atinge o equilíbrio, resultando em vapor superaquecido deixando a válvula a 0,3 MPa (50 psia) e 270 oC. Enquanto a válvula agora atingiu sua queda de pressão, a formação contínua de vapor molhado em alta velocidade, resulta em grave dano para o trim. O trim com disco estaqueado opera em uma baixa velocidade constante. Com baixas velocidades de entrada, saída e no trim, a expansão do vapor através da válvula é isentálpica (entalpia constante, sem trabalho externo). Vapor através deste tipo de válvula tem pouca chance de desenvolver umidade destrutiva. 4.5. Ruído Qualquer válvula cujo trim permite o desenvolvimento de alta velocidade do fluido cria ruído excessivo. Isto pode ser devido à formação de redemoinhos turbulentos no jato do fluido ou das ondas Ruído e Cavitação 104 de choque sônicas que aparecem quando o fluido atinge a velocidade crítica. O ruído a jusante das válvulas não é atenuado. Abafadores em linha podem ser usados a jusante, mas podem reduzir o ruído por apenas 15 a 20 dBA. Isolamento acústico consegue atenuação de 5 dBA, assumindo que seja instalado corretamente. Quando se controla ou venta gases, os níveis de ruído podem atingir até 120 dBA e mesmo com válvulas com trim modificado e difusores, o ruído pode ainda exceder 100 dBA. Como a tecnologia de disco estaqueado apresenta uma resistência gradual e contínua para a vazão, as velocidades do fluido ficam bem abaixo de Mach 1 (velocidade do som) e podem ser projetadas para cair dentro dos limites de ruído especificados. Vent aerodinâmico de gás em alta pressão é talvez a poluição sonora mais severa no ambiente. A tecnologia com discos estaqueados oferece dois métodos para controlar o ruído neste contexto: 1. Uso de inserto em ângulo, operado pneumaticamente e com ação rápida, que ventaria a pressão de vapor excessiva para a atmosfera, evitando a planta de lifting. Nesta técnica, o plug posicionado pneumaticamente modula a área disponível do furo do disco estaqueado para o controle da vazão, ventando na atmosfera através de uma mortalha em torno do disco estaqueado que direciona a vazão para fora, minimizando a carga reativa e controlando o ruído do vent. 2. Quando se tem grande vazão de massa e alta temperatura, usa-se uma válvula acoplada com um resistor a jusante que é um dispositivo passivo também empregando a tecnologia de disco estaqueado para acomodar a maioria da queda da pressão na condições de vazão. 4.6. Vibração Forças de pressão desbalanceadas e flutuantes em torno do plug da válvula podem ser uma grande fonte de vibração, especialmente em serviço severo de gás e vapor. Estas forças geram vibrações axiais e laterais, mesmo em relações de baixa pressão, se as vazões mássicas forem altas. Isto resulta em instabilidade de controle, ruído aerodinâmico e iminente falha no trim e tubulação. As habilidades corretamente aplicadas na tecnologia de disco estaqueado para controlar a velocidade reduz este problema significativamente. 3. Golpe de Aríete O choque hidráulico da linha, martelo d'água ou golpe de aríete ocorre quando a velocidade do líquido é repentinamente diminuída, como quando uma válvula é fechada rapidamente. Teoricamente, quando a velocidade da vazão é alterada, uma onda de pressão viaja ao longo do fluido, invertendo a direção da vazão de cada seção do fluido quando ele passa. Assim, o martelo d'água é uma série de ondas de choque, propagando na velocidade do som. Quando elas se tornam grandes, estas ondas podem destruir internos de medidores de vazão ou de válvula, formar rachaduras na tubulação, provocar vazamentos na tubulação. As ondas de choque ou ondas de pressão continuam até que o ciclo seja completamente diminuído pelo efeito de atrito entre o fluido e as paredes da tubulação. Para eliminar estas forças indesejáveis, devem ser instaladas câmaras de surge na forma de acumuladores hidropneumáticos, próximas da fonte de surge. A magnitude do efeito do choque depende de: 1. o comprimento da tubulação a montante do ponto de fechamento abrupto 2. a velocidade do fluido inicialmente sob condição de regime permanente 3. a densidade do fluido 4. as propriedades elásticas da tubulação e do fluido 5. a velocidade de fechamento da válvula. Ruído e Cavitação 105 (a) Tubulação sem acumulador hidropneumático (b) Vazão com acumulador hidropneumático Fig. 5.16. Fenômeno do martelo d'água em tubulações Os fabricantes de acumuladores fornecem os procedimentos para projetar e instalar seus produtos, salientando todas as características importantes e listando as formulas para determinar a magnitude do choque da linha e dimensionando o acumulador em si. A Fig. 5.10 mostra os princípios de operação de um acumulador hidropneumático; tem-se: 1. Sem carregamento de gás, sem pressão do fluido 2. Câmara pré carregada com gás (nitrogênio) 3. Câmara de gás comprimida pelo fluido bombeado 4. Câmara expandida depois da descarga do fluido Fig. 5.17. Princípio de operação do acumulador hidropneumático (Fawcett Engineering Ltd) O acumulador eletropneumático deve ser empregado quando se tem algum problema associado com cargas de choque, como em: 1. fechamento rápido de válvulas 2. movimento de pacotes de ar 3. partida de bomba com grande solicitação de carga contra uma pressão diferencial grande 4. surges em parada de bomba. (Embora uma válvula de retenção seja a solução comum para proteger a bomba contra as forças de inércia, deve-se considerar que quando o motor da bomba pára, a vazão reversa gera um choque quando a válvula de refluxo é fechada rapidamente. O acumulador é um dispositivo simples e efetivo para minimizar o choque e não requer ou afeta outros equipamentos da tubulação. Todos os equipamentos da linha ficam protegidos pelo acumulador com as pressões da linha sendo contidas e absorvidas por ele. = = Apostilas\Válvula 5válvula.doc 04 OUT 99 Vazão livre na tubulação Válvula aberta Tubulação Onda choque Válvula fecha rapidamente Reação pressão Parada repentina da vazão Acumulador Gás comprimido Válvula aberta Tubulação Vazão do fluido Válvula fecha rapidamente 106 6. Instalação Objetivos de Ensino 6. Apresentar as necessidades da instalação correta da válvula de controle no processo. 7. Listar e justificar as aplicações de equipamentos opcionais de válvula, como posicionador e booster. 8. Descrever os principais acessórios usados na montagem da válvula na tubulação. 9. Descrever a tubulação e as conexões do sistema. 1. Instalação da Válvula 1.1. Introdução A decisão mais importante no desenvolvimento das especificações da válvula é a colocação da válvula certa para fazer o trabalho certo. Depois, em seqüência mas de igual importância, é a localização da válvula e finalmente, a instalação da válvula. Todas as três etapas são igualmente importantes, para se obter um serviço satisfatório e duradouro da válvula. 1.2. Localização da Válvula Asválvulas devem ser localizadas em uma tabulação, de modo que elas sejam operadas com facilidade e segurança. Se não há operação remota, nem manual nem automática, as válvulas devem ser localizadas de modo que o operador possa ter acesso a ela. Quando a válvula é instalada muito alta, além do alcance do braço levantado do operador, ele terá dificuldade de alcança-la e não poderá fecha-la totalmente e eventualmente haverá vazamento, que poderá causar desgaste anormal nos seus internos. Fig. 6.1. Local de instalação da válvula deve ser facilmente acessível 1.3. Cuidados Antes da Instalação As válvulas são geralmente embrulhadas e protegidas de danos durante seu transporte, pelo fabricante. Esta embalagem deve ser deixada no lugar até que a válvula seja instalada. Se a válvula é deixada exposta, poeira, areia e outros materiais ásperos podem penetrar nas suas partes funcionais. Se estas sujeiras não forem eliminadas, certamente haverá problemas quando a válvula for instalada para operar. As válvulas devem ser armazenadas onde sejam protegidas de atmosferas corrosivas e de modo que elas não caiam ou onde outros materiais pesados não possam cair sobre elas. Antes da instalação, é conveniente ter todas as válvulas limpas, normalmente com ar comprimido limpo ou jatos d'água. A Instalação 107 tabulação também deve ser limpa, com a remoção de todas as sujeiras e rebarbas metálicas deixadas durante a montagem. 1.4. Alívio das Tensões da Tubulação A tabulação que transporta fluidos em alta temperatura fica sujeita a tensos termais devidas a expansão térmica do sistema da tabulação. Por isso, deve se prover expansão para o comprimento de tabulação envolvido, para que estas tensos não sejam transmitidas às válvulas e às conexões. A expansão da tabulação pode ser acomodada pela instalação de uma curva em "U" ou por uma junta de expansão entre todos os pontos de apoio, sempre garantindo que há movimento suficiente para acomodar a expansão do comprimento da tabulação envolvida. Note que a mesma condição existe, mas em direção contrária, quando se tem temperaturas criogênicas (muito baixas). Neste caso, também de se deve prover compensação para a contração da linha. Por questão econômica e para facilitar a sua operação, é comum se ter o diâmetro da válvula menor do que o da tabulação. Para acomodar esta diferença de diâmetros, usa-se o redutor entre a tabulação e a válvula. O redutor aumenta as perdas e varia o Cv da válvula. O comum é usar um fator de correção, que é a relação dos Cv's, sem e com os redutores. Estes fatores de correção podem ser obtidos dos fabricantes ou levantados experimentalmente. 1.5. Redutores O efeito dos redutores na vazão critica é também sentido e deve-se usar o fator de vazão critica corrigido, que relaciona o Cv da válvula, o Cf da válvula sem os redutores e os diâmetros da válvula e da tabulação. 1.6. Instalação da Válvula Há cuidados e procedimentos que se aplicam para todos os tipos de válvulas e há especificações especificas para determinados tipos de válvulas. Quando instalar a válvula, garantir que todas as tensos da tabulação não são transmitidas à válvula. A válvula não deve suportar o peso da linha. A distorção por esta causa resulta em operação ineficiente, obstrução e a necessidade de manutenção freqüente. Se a válvula possui flanges, será difícil apertar os parafusos corretamente. A tabulação deve ser suportada próxima da válvula; válvulas muito pesadas devem ter suportes independentes dos suportes da tabulação, de modo a não induzir tensão no sistema da tabulação. Quando instalar válvula com haste móvel, garantir que há espaço suficiente para a operação da válvula e para a remoção da haste e do castelo, em caso de necessidade de manutenção local. A insuficiência de espaço impede a válvula de ficar totalmente aberta, resultando em queda de pressão excessiva, erosão nos cantos da lâmina, desgaste no assento. É conveniente instalar a válvula com a haste na posição vertical e com movimento para cima; porém, muitas válvulas podem ser instaladas com a haste em qualquer ângulo. Quando instalar a válvula com a haste se movimentando para baixo, o castelo fica abaixo da linha de vazão, formando uma câmara para pegar e manter substâncias estranhas. Estas sujeiras, se presas, podem eventualmente arruinar a haste interna ou os filetes de rosca. 1.7. Válvula Rosqueada Evitar subdimensionar roscas na seção da tabulação onde deve se instalar a válvula. Se a seção rosqueada da tabulação é muito pequena, quando aparafusada na válvula para se ter uma conexão vedada, pode arrebentar o diafragma e distorce-lo, de modo que o disco não fará uma vedação perfeita. Com a porção rosqueada muito pequena, pode ser impossível se ter uma vedação completa. Uma prática segura é Instalação 108 fazer roscas na tabulação e no corpo da válvula em dimensões e tolerâncias padrão. Tinta, graxa ou compostos para selo de junta devem ser aplicados somente às roscas (macho) da tabulação e não nas roscas (fêmea) no corpo da válvula. Isto reduz a chance do excesso da tinta, graxa ou o composto ficar na sede e nas outras partes internas da válvula, causando futuros problemas. Quando instalar válvulas com conexões rosqueadas, usar a chave de aperto de tamanho correto, cuidando de não espanar nem arranhar as conexões. A chave de boca deve ser usada no lado da tabulação da válvula para minimizar a chance de arranhar o corpo da válvula. Por precaução, a válvula deve ser fechada totalmente antes da instalação. Fig. 6.2. Válvula montada em local remoto 1.8. Válvula Flangeada Quando instalar válvulas flangeadas, apertar os parafusos do flange, segurando as porcas diametralmente opostas entre si, na ordem N, S, W, E, NW, SE, SW e NE. Todos os parafusos devem ser apertados gradualmente, até um aperto padrão. Primeiro coloque e aperte os parafusos com os dedos e depois de 3 a 4 voltar com a chave de boca no parafuso 1 (N). Aplique o mesmo número de voltar em cada parafuso, seguindo a ordem acima. Repetir o procedimento, até atingir o aperto correto. Esta tensão uniforme distribuída em toda a seção transversal, torna menos provável o estrago da gaxeta. 2. Acessórios e Miscelânea 2.1. Operador Manual Os acessórios para a operação manual são usualmente fornecidos para resolver um dos seguintes problemas: 1. A válvula está instalada num local inacessível (não devia) e é difícil a operação manual convencional, 2. A válvula é tão grande, que um volante convencional é insuficiente para permitir a abertura ou o fechamento manual. 3. O volante manual é usado para o fechamento manual da válvula no local, em substituição ao fechamento automático ou manual feito através do atuador pneumático, em casos de emergência, durante a partida ou na falta de ar. Eles não são muito freqüentes e só se justifica sua aplicação em serviços críticos ou quando não há válvulas de bloqueio ou de bypass. Fig. 6.3. Volante montado na válvula Os principais acessórios incluem as hastes com extensão, operador com corrente, operador com engrenagens. Usam-se alavancas ou volantes para operação manual de válvulas com diâmetros de até 12". Para válvulas maiores, usam-se engrenagens, parafusos sem fim, correntes ou hastes de extensão. Instalação 109 2.2. Posicionador O posicionador é um acessório opcional e não um componente obrigatório da válvula, mesmo que alguns usuários padronizem e tornem seu uso extensivo a todas às válvulas existentes. Fig. 6.4. Posicionadoracoplado à haste da válvula O posicionador é um dispositivo que é acoplado à haste da válvula de controle para otimizar o seu funcionamento. O posicionador recebe o sinal padrão de 3 a 15 psig e gera, na saída, também o sinal padrão de 3 a 15 psig e por isso é necessária a alimentação pneumática de 20 psig. O posicionador é usado para fechar a malha de controle em torno do atuador da válvula. Ele atua na haste da válvula até que a medição mecânica da posição da haste esteja de conformidade e balanceada com o sinal de entrada. Fig. 6.5. Esquema de posicionador O objetivo do posicionador é o de comparar o sinal da saída do controlador com a posição da haste da válvula. Se a haste não esta onde o controlador quer que ela esteja, o posicionador soma ou subtrai ar do atuador da válvula, até se obter a posição correta. Há um elo mecânico, através do qual o posicionador sente a posição da válvula e monitora o sinal que vai para o atuador. As justificativas legitimas para o uso do posicionador são para: 1. eliminar a histerese e banda morta da válvula, garantindo a excursão linear da haste da válvula, por causa de sua atuação direta na haste, 2. posicionador alterar a faixa de sinal pneumático, por exemplo, de 3 a 15 psig para 15 a 3 psig ou de 3 a 9 psig para 3 a 15 psig. O uso do posicionador é obrigatório na malha de controle de faixa dividida (split range), onde o mesmo sinal de controle é enviado para várias válvulas em paralelo. São razões para o uso do posicionador, mas não muito legitimas: 1. aumentar a velocidade de resposta da válvula, aumentando a pressão ou o volume do ar pneumático de atuação, para compensar atrasos de transmissão, capacidade do atuador pneumático. Deve-se usar um booster no lugar do posicionador. 2. escolher ou alterar a ação da válvula, falha-fechada (ar para abrir) ou falha- aberta (ar para fechar). Deve-se fazer isso com relé pneumático ou no próprio atuador da válvula. 3. modificar a característica inerente da válvula, através do uso de cam externa ou gerador de função. Isto também não é uma justificativa valida, pode-se usar relé externo, que não degrada a qualidade do controle. Há porém, duas outras regras, talvez mais importantes, embora menos conhecidas, referentes ao não uso do posicionador. São as seguintes: 1. não se deve usar posicionador quando o processo é mais rápido que a válvula. Instalação 110 2. ao se usar o posicionador, deve se aumentar a banda proporcional do controlador, de 2 a 5 vezes, em relação à sua banda proporcional sem posicionador. Quando isso é impossível, não se pode usar o posicionador. As regras para uso e não uso devem ser perfeitamente entendidas. O posicionador torna a malha mais sensível, mais rápida ou com maior ganho. Se a malha original já é sensível ou rápida, a colocação do posicionador aumenta ainda mais a sensibilidade e rapidez, levando certamente a malha para uma condição instável, de oscilação. Quando se coloca um posicionador em uma malha de controle rápida, o desempenho do controle se degrada ou tem que se ressintonizar o controlador, ajustando a banda proporcional em valor muito grande, às vezes, em valores não disponíveis no controlador comercial ou em valores de ganho tão pequeno que reduz a capacidade de controle da malha. Geralmente não se usa posicionador em malha de controle de vazão, pressão de líquido e pressão de gás em volume pequeno, desde que estes processos são muito rápidos. Para processos rápidos, mas com linhas de transmissão muito grandes ou com atuadores de grandes volumes, a solução é acrescentar um amplificador pneumático (booster), em vez de usar o posicionador. O booster também melhora o tempo de resposta e aumenta o volume de ar do sinal pneumático e, como seu ganho é unitário, não introduz instabilidade ao sistema. Fig. 6.6. Posicionador a balanço de forças O posicionador pode ser considerado como um controlador de posição, proporcional puro, de alto ganho (banda estreita). Quando ele é colocado na válvula de controle, o posicionador é o controlador secundário de uma malha em cascata, recebendo o ponto de ajuste da saída do controlador primário. Esta analogia é útil, pois facilita a orientação de uso ou não uso do posicionador. Como em qualquer de controle cascata, o sistema só é estável se a constante de tempo do secundário (posicionador) for muito menor que a do primário. O posicionador pode receber diretamente o sinal padrão de corrente de 4 a 20 mA cc; neste caso é chamado de posicionador eletropneumático. Na prática, este posicionador é um transdutor corrente para ar comprimido acoplado a um posicionador pneumático. Assim, o posicionador eletropneumático recebe na entrada o sinal de 4 a 20 mA cc, proveniente do controlador e gera na saída o sinal de 3 a 15 psig, que vai para o atuador pneumático da válvula, além de posicionar a abertura da válvula, através da haste. Fig. 6.7. Posicionador 2.3. Booster O booster, também chamado relé de ar ou amplificador pneumático, tem a função aproximada do posicionador. A aplicação típica do booster é para substituir o posicionador, quando ele não é recomendado, como em malhas de controle de vazão de líquido ou de pressão de líquido. Instalação 111 O booster é usado no atuador da válvula para apressar a resposta da válvula, para uma variação do sinal de um controlador pneumático com baixa capacidade de saída, sem o inconveniente de provocar oscilações, por não ter realimentação com a haste da válvula. Eles reduzem o tempo de atraso resultante de longas linhas de transmissão ou quando a capacidade da saída do controlador é insuficiente para suprir a demanda de grandes atuadores pneumáticos. Fig. 6.8. Princípio de funcionamento do booster Fig. 6.9. Corte de um booster Outros possíveis usos de booster são: 1. amplificar ou reduzir o sinal pneumático, tipicamente de 1:1 e 1:3 ou 5:1, 2:1 e 3:1 2. reverter um sinal pneumático: por exemplo, quando o sinal de entrada aumenta, a saída diminui. Quando a entrada é 20 kPa, a saída é 100 kPa, quando a entrada é 100 kPa, a saída é 20 kPa. Fig. 6.10. Aparências externas do booster 2.4. Chaves fim de curso As chaves de limites ou de fim de curso são montadas ao lado da válvula e são acionadas diretamente pela posição da haste. Estas chaves são usadas para acionar alarmes, válvulas solenóides, relés, lâmpadas, motores ou qualquer outro dispositivo elétrico. Fig. 6.11. Chaves limites montadas no corpo da válvula 2.5. Conjunto Filtro Regulador A válvula com atuador pneumática é acionada apenas pelo sinal de 20 a 100 kPa. Opcionalmente, quando se usa o posicionador ou o booster, é necessário alimenta-los com 120 kPa. Nesta montagem é também comum usar o filtro-regulador de ar. Instalação 112 Fig. 6.12. Conjunto típico de alimentação pneumática O conjunto filtro-regulador de ar conjunto fornece uma pressão reduzida e constante de ar de suprimento ao posicionador e booster. A pressão de saída do regulador é tipicamente entre 120 a 140 Kpa, quando se tem o sinal padrão de 20 a 100 kPa. O filtro remove partículas sólidas e líquidas, que poderiam entupir os mecanismos pneumáticos. 2.6. Transdutor Corrente para Ar Quando o controlador é eletrônico e o atuador da válvula é pneumático, deve-se usar o transdutor corrente para pneumático (I/P), para compatibilizar osdois tipos de sinais. Por causa do tempo de resposta do sinal eletrônico ser muito menor que o do pneumático, a maioria dos transdutores é montada no campo, junto à válvula de controle. Como isso é tão freqüente, pensa- se e se considera o transdutor I/P como um acessório da válvula de controle. Quando também se usa o posicionador, é disponível um único instrumento que incorpora o circuito de conversão I/P e o de posicionamento da haste; tem-se o posicionador eletromecânico. Fig. 6.13. Conjunto transdutor i/p e posicionador 2.7. Relés de Inversão e de Relação Um relé de relação é usado para multiplicar ou dividir a pressão de um sinal de entrada. Ele pode ser usado em sistemas de controle de faixa dividida (split range). Por exemplo, um relé de relação 1:2 pode alterar a faixa de 3 a 9 psi para 3 a 15 psi. O relé de inversão é usado quando a ação de um controlador precisa ser invertida. Por exemplo, as válvulas do sistema de faixa dividida porém ser operadas de um controlador onde uma válvula é ar para abrir, enquanto a outra é ar para fechar. O relé inversor pode ser usado em uma das válvulas para se obter a ação desejada. Fig. 6.14. Malha de controle de faixa dividida onde é mandatório o uso de posicionador Instalação 113 3. Tubulação Tubulação ou tubo é o condutor destinado a transportar os fluidos numa indústria. A secção transversal padrão da tabulação é teoricamente circular. Os fluidos podem ser líquidos viscosos, com sólidos em suspensão, sólidos fluidizados, gases, vapor d'água. Na maioria das aplicações industriais o fluido se movimenta por causa da pressão aplicada na tabulação, através de bombas, compressores, ventiladores e outras equipamentos geradores de pressão. Quando um fluido está em vazão em regime permanente em uma tabulação longa e reta, de diâmetro uniforme, o perfil da vazão, como indicado pela distribuição da velocidade através do diâmetro da tabulação, assume uma determinada forma característica. Qualquer impedimento na tabulação que mude a direção de toda vazão ou mesmo parte dela, altera o padrão de vazão característico e cria turbulência, causando uma perda de energia maior do que normalmente acontece em uma vazão em tabulação reta. Como as válvulas e conexões na tabulação perturbam o padrão de vazão, elas produzem uma queda de pressão adicional. A queda de pressão produzida por uma válvula (ou conexão) consiste de: 1. A queda de pressão dentro da própria válvula. 2. A queda de pressão na tabulação a montante em excesso daquela que normalmente ocorreria se não houvesse válvula na linha. Este efeito é pequeno. 3. A queda de pressão na tabulação a jusante em excesso daquela que normalmente ocorreria se não houvesse válvula na linha. Este efeito pode ser relativamente grande. Do ponto de vista experimental, é difícil medir os três itens separadamente. Seu efeito combinado é a quantidade desejada, porém, e isso pode ser precisamente medido por métodos bem conhecidos. Muitas experiências tem mostrado que a perda de pressão devida a válvulas e conexões é proporcional a uma potência constante da velocidade. Quando a queda de pressão ou perda de carga é plotada contra a velocidade em coordenadas logarítmicas, a curva resultante é uma linha reta. Na faixa de vazão turbulenta, o valor do expoente da velocidade varia entre 1.8 e 2.1 para diferentes projetos de válvulas e conexões. Porém, para todos efeitos práticos, pode se assumir que a queda de pressão ou perda de carga devida a vazão dos fluidos em regime turbulento através de válvulas e conexões varia com o quadrado da velocidade. 3.1. Classificação dos Tubos Os tubos podem ser classificados em função dos materiais, como metálicos e não metálicos. Os tubos metálicos podem ser de material ferroso ou não ferroso. Exemplos de materiais ferrosos usados comercialmente: ferro forjado, ferro fundido, aço carbono, aço inoxidável, aços liga (Alloy) especiais, MonelR (Ni-Cu), HastelloyR, AdmiraltyR (Cu-Zn, Sn). Os metais não ferrosos são: cobre, latão (Cu- Zn), bronze (Cu, Sn), chumbo, níquel e outras ligas não contendo ferro. Os tubos não metálicos usados nas tubulações da indústria são: plásticos (PVC), borracha, neoprene, cerâmica, concreto, cimento-amianto, vidro, lama vitrificada. Fig. 6.15. Tubulações industriais As tubulações podem ser mistas, com parte metálica e parte não-metálica; por exemplo, mangotes de borracha com armação de ferro. Os tubos podem ter Instalação 114 revestimentos externos ou internos, para fins de proteção contra corrosão química ou erosão física. Por exemplo, as tubulações metálicas para água salgada podem ser revestidas internamente de concreto. Quanto a construção, os tubos podem ser flexíveis ou não flexíveis, com costura ou sem costura. 3.2. Diâmetros dos Tubos Os diâmetros dos tubos são discretos e padronizados. Mesmo no sistema de unidades SI é comum se usar a polegada para expressar o tamanho do diâmetro do tubo. A bitola do tubo coincide com o diâmetro externo, para tubos maiores que 14" e se aproxima do diâmetro interno para diâmetros menores do que 12". Os diâmetros comerciais padrão em polegadas são: 1/8 ¼ 3/8 ½ ¾ 1 1 ¼ 1 ½ 2 3 4 6 8 10 12 (de 2" em 2") até 30. Os tubos de aço são disponíveis em diâmetros desde 1/8" até 30"; os de aço inoxidável, com diâmetros de até 12". Os tubos de cobre, latão, bronze, alumínio e suas ligas tem bitolas de 1/4" a 1/2". Os tubos de chumbo existem de 1/4" até 12". Os tubos de PVC são disponíveis em bitolas de 1/4" a 8". Os tubos acima de 30" são fabricados sob encomenda e normalmente são construídos com costura. 3.3. Espessuras Comerciais As paredes dos tubos de aço tem espessuras padronizadas. Para o mesmo diâmetro, a espessura da parede pode variar de acordo com as condições de pressão e temperatura do serviço. A espessura da parede é expressa em "número de Schedule"; os valores discretos são 10, 20, 30, 40, 60, 80, 100, 120, 140 e 160. Quanto maior o número do Schedule, mais espessa é a parede do tubo. Os tubos de metais não-ferrosos possuem outro padrão. Os tubos de cobre, bronze e alumínio são designados pelos tipos K, L, M. O tipo K é o mais pesado e de maior espessura de parede. Fig. 6.16. Schedules de tubulação 3.4. Aplicações dos Tubos Os tubos de ferro fundido são os mais baratos e usados para serviços de baixa pressão e com pequeno esforço mecânico; por exemplo, para água, efluentes não corrosivos, esgoto. Os tubos de aço carbono são os mais usados em uma indústria petroquímica e refinaria de petróleo. É o material padrão, exceto para serviços com fluidos corrosivos e de temperaturas extremas (muito baixas ou muito altas). Os tubos de aço-liga são usados para os serviços onde o aço carbono é inadequado: com fluidos corrosivos e temperaturas extremas. As ligas com cromo e molibdênio são convenientes para altas temperaturas e as ligas com níquel, para baixas temperaturas. Os tubos de aço inoxidável são usados para serviços ainda mais severos do que os de aço liga. Os tubos de metais não- ferrosos são usados em serviços com fluidos corrosivos e para tubulações de pequeno diâmetro, como distribuição de ar comprimido, linhas finas de vapor. Os tubos plásticos são usados em aplicações com ID OD Schedule 40 (padrão) Schedule 80 (extra pesado) Schedule 160 Duplo extra pesado Instalação 115 fluidos corrosivos, mas limitados a baixas pressão e temperatura.3.5. Conexões Uma tabulação industrial é longa muda de direção freqüentemente e por isso é constituída de vários tubos emendados através de conexões especiais. Os objetivos das conexões, isoladas ou combinadas, são: 1. fazer ligações, 2. mudar a direção, 3. fazer derivações, 4. casar tubulações com diâmetros diferentes (redução ou expansão), 5. fazer fechamentos, 6. isolar trechos. As conexões que fornecem ligações de tubos entre si são as luvas, uniões, niples e flanges. As conexões que permitem mudanças de direção em tubos são as curvas de raio longo e curto de 45o, 90o e 180o, joelhos de 45o, 90o e 180o, cotovelos e retorno. Fig. 6.17. Figura oito ou espetáculo Para fazer derivações em tubos se usam tees normais, tees de 45o, tees de redução, peças em Y, cruzetas, cotovelos e anéis de reforço. As conexões que permitem mudanças de diâmetro em tubos são as reduções concêntricas e excêntricas e as buchas de redução. Para fechar as extremidades de linhas são usados bujões e flanges cegas. Para isolar trechos de tubulações e equipamentos da linha são usadas raquetes e a figura oito. As conexões são ligadas à tabulação através de rosca, flange ou solda. As ligações flangeadas são usadas para ligar equipamentos à tabulação, pois permitem maior flexibilidade operacional, com retirada e colocação fácil do equipamento. As ligações soldadas são usadas para ligar tubos de modo irreversível, provendo boa vedação e maior segurança operacional. As ligações rosqueadas são usadas para serviços de utilidades (ar, água) de baixa pressão e com produtos não corrosivos. 3.6. Velocidade dos Fluidos A velocidade de um líquido vazando em uma tabulação pode ser determinada pela seguinte formula: v = 2.78 Q/A onde v = velocidade, m/s Q = vazão volumétrica, m3/h A = área transversal, cm2 Para encontrar a velocidade de um fluido compressível em uma tabulação vale (base de peso): v = 2.78 W v/A onde v = velocidade do fluido, m/s W = vazão mássica do fluido, kg/h V = volume especifico, m3/kg A = área, cm2 Para encontrar a velocidade de um fluido compressível em uma tubulação vale v = 2.78 F/A Instalação 116 onde v = velocidade do fluido, m/s Q = vazão real do fluido, m3/h A = área, cm2 Note que a vazão do gás deve ser nas condições reais do processo. Se é conhecida a vazão nas condições padrão, deve-se usar a seguinte formula de conversão: 273 T p 1 QQ pr = onde p = pressão absoluta do processo, bars T = temperatura absoluta do processo, 273 + t oC 3.7. Dimensionamento da Tubulação O dimensionamento da tabulação é algo que interessa ao projetista; a maioria dos instrumentista já encontra a tabulação pronta para receber o medidor de vazão ou a válvula de controle. Uma tabulação pode ser dimensionada por vários modos, dependendo dos fatores críticos. Os três métodos usados são: 1. dimensionamento pela velocidade, usado quando a queda de pressão não é uma consideração importante, 2. dimensionamento pela queda de pressão (perda de carga), 3. dimensionamento pela curva característica da bomba. 3.8. Válvula com Redução e Expansão É comum se ter o diâmetro da válvula menor que o diâmetro da tubulação. Nestas geometrias, há uma redução na área de entrada da válvula e uma expansão na sua saída. Há sempre quedas de pressão nestas passagens abruptas ou suaves, chamadas de perda de expansão e perda de contração. Quando o dimensionamento da válvula resultar em uma válvula com diâmetro maior do que o da tubulação, deve-se usar uma válvula com o diâmetro igual ao da tubulação e usar uma capacidade de bomba maior (maior pressão à vazão máxima). Quando a válvula é montada entre redutores de tubulação, há um aumento na sua capacidade real. O redutor cria uma queda de pressão adicional no sistema, agindo como uma contração em série com a válvula e uma expansão. Deve-se usar um fator de correção (R) de capacidade, dado em tabelas. Este fator R é baseado na diminuição da velocidade em contração e expansão abrupta e permite o dimensionamento mais seguro da válvula. Este fator R é chamado de Fp, na nomenclatura ISA. A fórmula para redutores é ÷÷ø ö ççè æ D÷ ÷ ø ö çç è æ ÷ ÷ ø ö ç ç è æ --= p G d96,3 Q D d 15,11R 2 2 2 2 onde Q é a vazão volumétrica em m3/h DP é a pressão diferencial real, em bars d é o diâmetro da válvula, em cm D é o diâmetro da linha, em cm G é a densidade relativa do líquido Fig. 6.18. Válvula com redução e expansão Instalação 117 Tab. 6.1. Recomendações para instalação da válvula redutora de pressão, geralmente aplicável também a válvula de controle Não superdimensionar a válvula redutora de pressão Não superdimensionar deliberadamente a válvula redutora de pressão Não usar válvulas redutoras, válvulas de bloqueio e válvulas de controle do mesmo diâmetro da tubulação Não colocar válvulas de bloqueio subdimensionadas antes e depois da válvula redutora Não colocar tubulação subdimensionada antes e depois da válvula redutora Não colocar curvas antes e depois da válvula redutora de pressão Não colocar a válvula redutora na parte da tubulação que possa ficar cheia de condensado. Se necessário, usar purgadores 118 7. Calibração, Ajuste e Manutenção 1. Calibração e Ajuste 1.1. Ajuste de Bancada O ajuste de bancada (bench set) deve ser a primeira tarefa a ser feita para se preparar a válvula para operar. Bench set é o termo usado para descrever o ajuste de um atuador com mola que determina a quantidade de força de restauração que a mola fornece quando o atuador estiver acoplado à válvula. É expresso como uma faixa de pressão para o curso nominal da válvula e é calculado com base nas cargas de serviço internas à válvula que devem ser superadas para que a válvula seja acionada adequadamente. Embora seja calculada com base nas cargas de serviço, o bench set não deve ser ajustado ou verificado com qualquer tipo de fricção ou carga. Um roteiro recomendado é o seguinte: 1. Consultar a Folha de Especificação ou a Plaqueta de Identificação da válvula para determinar o valor do bench set. Observar que para que o bench set seja especificado para um atuador, é necessária a existência de uma mola, desde que ele determina o ajuste da mola. 2. Certificar que a) o atuador esteja desacoplado ou que não haja vazão ou pressão no corpo da válvula. b) o engaxetamento esteja totalmente folgado, para que não haja atrito. 3. Ligar uma fonte de pressão regulável com um manômetro com precisão de ±.0,5% do fundo de escala à entrada de pressão do atuador. O posicionador , se existir, deve ser colocado em by pass. 4. Variar a fonte de pressão para acionar o atuador, até que ele atinja o batente superior, aumentando ou diminuindo a pressão, de acordo com o tipo do atuador, ar-para-abrir (falta de ar fecha) ou ar-para-fechar (falta de ar abre). Se a válvula estiver abrindo, pode ser necessário apertá- la para alcançar o batente superior, localizando o dispositivo de ajuste do bench set no atuador e acionando-o até o diafragma encostar no batente superior. 5. Considerando um atuador do tipo ar- para-fechar, quando o diafragma estiver encostado no batente superior , pode-se verificara tensão da mola ou bench set, aumentando a pressão do ar até o ponto em que o atuador comece a se deslocar (anotar este primeiro valor de pressão) e aumentando a pressão até o atuador percorrer o curso nominal da válvula (anotar este segundo valor de pressão). Estes dois valores de pressão definem o bench set para o atuador. Para o atuador do tipo ar para abrir, a pressão deve ser reduzida até que o atuador comece a se afastar do batente superior (primeiro valor) e continuando a redução da pressão até o atuador percorrer toda a extensão nominal da válvula (segundo valor). Se a diferença entre os dois valores de pressão medidos estiver dentro da precisão de ±10% o resultado é considerado Calibração, Ajuste e Manutenção 119 satisfatório; se a diferença estiver fora deste limite, a mola deve ser substituída. Se houver necessidade de ajuste, acionar o dispositivo de ajuste do bench set até que os valores de pressão alcancem uma faixa aceitável dentro da tolerância requerida. Fig. 7.1. Ajuste de bench set 1.2. Ajuste do Curso da Válvula Para uma válvula com haste deslizante, o curso é definido como a distância percorrida pela haste, entre a sede da válvula e o batente do atuador. O curso é também chamado de stroke, travel ou excursão. Pode se usar o seguinte procedimento para ajustar corretamente o curso da válvula, garantindo o mesmo valor de ajuste do bench set. 1. Consultar a Folha de Especificação ou a Plaqueta de Identificação da válvula para obter o valor do curso da válvula. 2. Conectar o suprimento de ar à entrada do atuador sem o acoplamento da haste. 3. Usar um adaptador para ligar provisoriamente as hastes do atuador e da válvula. Ajustar o suprimento de ar para aproximar o obturador da base da sede, encostando um ao outro. Este procedimento considera que o obturador permanece encostado na sede. 4. Garantir que o curso da válvula seja, pelo menos, 10% superior ao valor nominal, possibilitando que a válvula seja ajustada de modo que o curso seja limitado pela sede e pelo batente do atuador. Se o curso do atuador não for maior que o curso nominal, o curso fica limitado pelo atuador nas duas extremidades e o obturador pode não encostar na sede. Se o curso do obturador for muito curto, verificar se ele não está sendo limitado por um batente ajustável ou volante manual. Caso não seja nenhum destes motivos, o atuador deve ser substituído ou desmontado para se corrigir o curso. A única opção além dessas mencionadas é reduzir o curso nominal da válvula. 5. Com o atuador encostado no batente superior, ajustar a pressão para provocar um deslocamento equivalente ao curso nominal. Ligar a haste do atuador à haste da válvula. 6. Depois da ligação, acionar a válvula diversas vezes, comparando os valores de deslocamento de curso com o curso nominal. A diferença não pode ser maior que 1/16 de polegada. Se for necessário fazer ajustes, afastar o obturador da sede, folgar o conector das hastes e ajustar a haste da válvula para se obter um curso maior ou menor, conforme o caso. Nunca ajustar a haste da válvula com o obturador encostado na sede, pois poderá haver danos na sede e prejuízo na vedação da válvula. 7. Em válvulas que utilizem conexão do tipo castanha bi-partida, a haste da válvula deve ser girada para dentro da haste do atuador ao máximo e em seguida, a válvula deve ser acionada em direção à sede. Neste primeiro acionamento, o curso é limitado pelo batente inferior do atuador. Depois, a Calibração, Ajuste e Manutenção 120 válvula deve ser acionada para a posição aberta e a sua haste deve ser girada para fora do atuador em meia rotação. Acionar mais uma vez e anotar a posição da haste. Este procedimento deve ser repetido até que o curso da válvula tenha provocado o contato entre o obturador e a sede e que seja igual ao curso nominal. O grampo de acoplamento deve ser apertado para evitar a rotação da haste. 8. Ajustar adequadamente o indicador de curso. 1.3. Calibração do Posicionador Pode-se usar o seguinte procedimento para calibrar o posicionador opcional da válvula de controle: 1. Consultar a Folha de Especificação para verificar o sinal de entrada, o curso, a ação da válvula (ar-para- abrir ou ar-para-fechar) da válvula e alguma opção extra (caracterização especial). 2. Ligar uma fonte calibrada de sinal pneumático à entrada do posicionador. 3. Verificar se a haste de realimentação da posição da válvula está corretamente colocada e fixada, considerando-se o curso nominal da válvula. Uma falha comum é colocar a haste no orifício da braçadeira de realimentação, provocando falta ou excesso de realimentação fornecida pelo mecanismo do posicionador. Excesso de realimentação pode causar danos nas partes internas do posicionador. 4. Instalar um manômetro calibrado na saída do posicionador, com precisão de ±0,5% do fundo de escala, quando o posicionador não tiver manômetro ou quando o manômetro existente não tiver a confiabilidade requerida. 5. Para o posicionador de ação ar-para- fechar, reduzir o sinal de entrada até atingir o limite inferior da faixa. A saída do posicionador deve indicar O kPa (O psi) e a válvula deve assumir a posição correspondente a O kPa (O psi): totalmente aberta ou totalmente fechada. Se a saída do posicionador não indicar O kPa (O psi), ajustar o zero do posicionador até obter este valor. 6. Aumentar o sinal de entrada até atingir o limite superior da faixa. A saída do posicionador deve indicar 1 00 kPa (1 5 psi), quando o suprimento for de 120 a 140 kPa (20 a 22 psi) e a válvula deve indicar o curso total. Se o sinal de saída não indicar a pressão mencionada, ajustar o span do posicionador até conseguir este valor. Se o ajuste não for possível, o posicionador está operando incorretamente e requer manutenção. 7. Repetir os itens 5 e 6 até que o resultado obtido seja a) 0 kPa (0 psi) na entrada provoca o deslocamento da válvula para uma das extremidades do curso b) 100 kPa (15 psi) provoca o acionamento do curso total da válvula na direção oposta. A repetição deste procedimento é necessária por causa da interação dos ajustes de zero e de span do posicionador. 8. Observar que existem muitos fatores que podem afetar o curso da válvula e que não estão relacionados com o desempenho do posicionador e por isso o posicionador pode estar em perfeita condição e o curso da válvula pode parecer irregular. Se o sinal de saída estiver variando de uma pressão de 100 kPa para O kPa, o posicionador está funcionando corretamente e a falha está em outro componente: a) bench set está errado, b) suprimento de ar está insuficiente c) ajuste do curso está incorreto. Calibração, Ajuste e Manutenção 121 Fig. 7.2. Ajuste do posicionador (Fisher Rosemount) Fig. 7.3. Componentes do atuador Fig. 7.4. Plaqueta de identificação da válvula com dados essenciais Calibração, Ajuste e Manutenção 122 1.4. Montagem e Desmontagem 1. Consultar as informações relacionadas com as Normas de Segurança referentes à manipulação do fluido manipulado pela válvula, incluindo a descontaminação, se necessária. Antes de iniciar a desmontagem, ter à mão o Manual de Instruções e a Lista de Peças Sobressalentes, verificando a disponibilidade das peças sobressalentes recomendadas. 2. Montar a válvula em uma banda com suporte adequado. 3. Fazer uma inspeção visual detalhada da válvula, anotando as irregularidadesencontradas. 4. Se possível, fazer um teste para verificar o estado inicial da válvula. Estas informações são úteis para documentar as falhas relacionadas com a operação da válvula. 5. Colocar marcas no atuador, castelo e corpo para que uma seja gravada a orientação da desmontagem. As vezes, estas marcas podem identificar fontes de problemas ocorridos na desmontagem. 6. Pressurizar o atuador e acessórios, usando sabão líquido para localizar vazamentos de ar. 7. Verificar o aperto das porcas dos parafusos de engaxetamento. 8. Retirar a tensão da mola do atuador e desligar a haste da válvula da haste do atuador. Deve-se tomar cuidado para não girar a haste da válvula enquanto houver contato entre o obturador e a haste, pois isso pode provocar danos na superfície de assentamento da sede. 9. Desligar o atuador do castelo. 10. Folgar os parafusos do castelo, deixando alguns parafusos com porcas para evitar o deslocamento brusco do castelo, devido a pressões internas. Remover o castelo. Retirar as gaxetas e componentes do engaxetamento do castelo. 11. Manter os internos nos devidos lugares e anotar a seqüência de montagem , inspecionar e verificar se há marcas anormais ou danos no conjunto. Examinar cuidadosamente as superfícies das juntas. 12. Retirar o conjunto haste-obturador, verificando se há marcas anormais ou danos. 13. Retirar a gaiola e a sede, seguindo as recomendações do Manual de Instrução. Se a sede tiver roscas, aplicar o torque correto para folgar os componentes. Se a sede escapulir ou se um dos componentes se quebrar, há sérios riscos de acidente com lesões. 14. Inspecionar a parte interna do corpo, procurando sinais de vazamento, erosão ou corrosão. 15. Limpar e jatear o corpo, inspecionando- o novamente. Executar os reparos necessários. Deixar os estojos de parafusos em banho com fluido anticorrosivo. 16. Não desmontar as peças feitas de elastômeros, desde que eles não apresentam falhas na inspeção preliminar (itens 4 e 6) e se elas não estiverem na programação de substituição. 17. Substituir as peças de elastômeros e os rolamentos do atuador, quando submetido a um serviço padrão, a cada quatro anos. Esta substituição evita vazamento e aumento de resposta da válvula, causados pelo aumento da rigidez dos materiais. 18. Para remontar a válvula, inserir o anel da sede dentro do corpo. As faces de assentamento da sede e do obturador devem ser submetidas a um passe de torno para a eliminação de ranhuras ou arranhões. As sedes devem ser lapidadas quando a classe de vedação da válvula for IV ou superior. 19. Remontar o conjunto do corpo, usando juntas novas e apertando os parafusos do castelo com os torques recomendados. Reinstalar o engaxetamento de acordo com o Manual de Instrução. 20. Reinstalar e ajustar o atuador no castelo. 21. Ajustar o curso e ligar a haste do atuador ao corpo. Apertar as gaxetas. 22. Recalibrar os acessórios. Calibração, Ajuste e Manutenção 123 2. Manutenção 2.1. Conceitos gerais O desempenho da válvula de controle é chave para o desempenho da planta inteira. Aceitando-se este fato, é justificável um grande investimento na manutenção de válvula de controle, supondo que ela tenha sido corretamente escolhida, dimensionada e operada. Os procedimentos de manutenção de válvula de controle têm mudado muito pouco nos últimos 30 a 40 anos e as horas dedicadas à manutenção tem diminuído, principalmente nos últimos 15 anos, quando o número de instrumentistas diminuiu. Há vários motivos para esta dicotomia: 1. As válvulas são muito robustas, ou seja, elas continuam funcionando, mesmo em condições hostis e pobres. A válvula ainda funciona e por isso pode-se deixá-la sozinha e concentrar os esforços em outras áreas com problemas. Como resultado, as válvulas funcionam com um desempenho aquém do desejado mas ainda considerado bom. 2. Não há uma condição padrão de referência para comparar facilmente o desempenho da válvula com ele. Mesmo que a válvula não esteja operando em seu nível ótimo, não há meio de o usuário final saber disto e ele acha que não precisa tomar nenhuma ação corretiva. Como não há um padrão de referência de desempenho, o usuário final não sabe que a válvula tem problema até que haja uma falha completa dela. Isto leva a mais manutenção corretiva. 3. Há uma estrutura organizacional em muitas plantas para manter as válvulas com um enfoque pro-ativo. 4. Como conclusão, em uma planta média de processo, se convive normalmente com válvulas com problemas que atrapalham o controle da planta global e seu desempenho. Estatísticas mostram que em auditorias de válvulas de controle, a maioria das válvulas apresenta diferentes problemas, mesmo quando eram consideradas razoavelmente boas (não estavam programadas para manutenção). Os problemas detectados variam de curso incorreto até desempenho do transdutor i/p. 2.2. Procedimento típico de manutenção 5. Consultar as informações relacionadas com as normas de segurança referentes à manipulação do fluido do processo (descontaminação). 6. Usar o Manual de Instrução e a Lista de Pecas de Reposição do fabricante. Verificar a disponibilidade de peças em estoque. 7. Obter a Permissão de Trabalho. 8. Retirar a válvula do local de montagem. Proteger as conexões com a tubulação e os tubos existentes (sinal, suprimento de ar). Identificar os parafusos e porcas. 9. Transportar a válvula para a bancada ou para a área de descontaminação. 10. Efetuar uma inspeção visual detalhada. 11. Testar a válvula, anotando a condição de como foi achada. 12. Marcador o atuador, castelo e corpo para orientação de montagem. Identificar os acessórios existentes. 13. Desconectar as hastes do atuador e do corpo. Separar o atuador do corpo. 14. Remover o castelo (*). 15. Manter os internos nos devidos lugares e anotar a seqüência de desmontagem. Inspecionar e verificar se há arranhões ou danos. Examinar as juntas (gaxetas). 16. Retirar e inspecionar os internos. 17. Inspecionar a parte interna do corpo (*). 18. Enviar o corpo, castelo e atuador para jateamento e pintura. 19. Substituir as peças de elastômeros e os rolamentos do atuador (duração típica: quatro anos). Calibração, Ajuste e Manutenção 124 20. Inspecionar cuidadosamente as faces de assentamento da sede e do obturador. Lapidar, quando a classe de vedação for igual ou superior a IV. 21. Remontar o conjunto do corpo, usando juntas novas e torquímetro. Observar as marcas de orientação. Reinstalar o engaxetamento, tendo cuidado no torque (*). 22. Reinstalar e ajustar o atuador no castelo. Efetuar o bench set. 23. Ajustar o curso e conectar as hastes. Apertar o engaxetamento. 24. Testar a estanqueidade, exceto se Classe I. 25. Montar e recalibrar o posicionador e acessórios. 26. Preencher o Relatório de Manutenção. 27. Tamponar as conexões ao processo, identificar a válvula e condiciona-la para o transporte. 28. Reinstalar a válvula no local. 29. Conectar os tubos de ar, após drenagem. 30. Fazer testes entre campo e painel. 31. Acompanhar a partida e fazer os últimos reapertos. 3. Pesquisa de Defeitos (Troubleshooting) 3.1. Erosão do corpo e dos internos Causas 1. Velocidade excessiva do fluido no interior da válvula 2. Sólidos em suspensão no fluido 3. Cavitação e flacheamento, quando a pressão do fluido cai abaixo da sua pressão de vapor Soluções 1. Aumentar o diâmetro da válvula e dos internos para diminuir a velocidade do fluido no seu interior. 2. Substituir os internos, usando materiaismais duros (e.g., aço inoxidável 416 no lugar do 316) e substituir o material do corpo para C5. 3. Usar internos especiais da válvula para evitar cavitação e flacheamento. 3.2. Vazamento entre sede e obturador Causas 1. Compressão insuficiente, devida ao mau ajuste do bench set, calibração e atrito. 2. Irregularidades nas superfícies de assentamento. Soluções 1. Corrigir os ajustes do bench set da válvula 2. Lapidar as superfícies de assentamento. 3.3. Vazamento entre anel da sede e o corpo Causas 1. Baixa compressão, devida ao torque inadequado e juntas inadequadas. 2. Superfície irregular devida a limpeza insuficiente e mau acabamento. 3. Porosidade no corpo. Soluções 1. Corrigir o aperto dos parafusos e juntas 2. Limpar a superfície de assentamento das juntas 3. Desbastar, soldar e tornear para eliminar a porosidade. 3.4. Vazamento na caixa de gaxetas Causas 1. Limpeza e acabamento da haste 2. Haste empenada 3. Compressão insuficiente 4. Gaxetas erradas ou montagem errada 5. Excesso de altura na pulha de gaxetas (grafite) 6. Corrosão (grafite) 7. Guias danificados Soluções 1. Limpar e polir a haste para acabamento ótimo 2. Alinhar a haste (0,002 polegadas em relação ao curso) Calibração, Ajuste e Manutenção 125 3. Reapertar os parafusos 4. Verificar o tipo das gaxetas e seu arranjo. Reengaxetar, se necessário 5. Instalar espaçadores para diminuir a altura das gaxetas 6. Inspecionar e substituir partes danificadas, como flanges, porcas e guias 7. Remover os anéis de grafite, se a válvula permanecer inativa por mais de duas semanas. 8. Modificar o sistema de engaxetamento, usando um de alto desempenho. 3.5. Desgaste da haste Causas 1. Oscilação constante devida a instabilidade da malha de controle 2. Desalinhamento ou empenamento 3. Acabamento da superfície fora da especificação 4. Material incorreto Soluções 1. Sintonizar o controlador da malha 2. Corrigir o alinhamento da haste 3. Polir a superfície 4. Rever o material selecionado 3.6. Vazamento entre castelo e corpo Causas 1. Compressão insuficiente dos parafusos do castelo 2. Acabamento da superfície 3. Vazamento pelos estojos Soluções 1. Reapertar os parafusos 2. Limpar as superfícies das juntas 3. Verificar a porosidade ao redor dos orifícios dos parafusos. Desbastar, soldar, tornear, se necessário 3.7. Haste quebrada ou conexão da haste quebrada Causas 1. Torque incorreto 2. Pino fixado incorretamente 3. Vibração ou instabilidade Solução 1. Usar obturador e haste como peça única 2. Revisar a aplicação do tipo dos internos 3. Reduzir as folgas entre gaiola e obturador 4. Modificar para obturador ou conexão soldada 3.8. Vazamento excessivo através do selo do pistão Causas 1. Superfície interna da gaiola irregular ou com diâmetro excessivo 2. Instalação inadequada do anel de grafite 3. Temperatura além do normal 4. Desgaste do anel devido à oscilação Soluções 1. Polir a superfície interna da gaiola, verificando o diâmetro 2. Substituir o anel de selagem. Para alguns anéis de selagem (e.g., grafite) é normal um alto vazamento. 3. Modificar o corpo para um modelo adequado para alta temperatura 4. Substituir o anel de vedação. Corrigir a estabilidade da malha, se esta for a causa da oscilação. 3.9. Válvula não responde ao sinal Causas 1. Suprimento de ar inexistente ou insuficiente 2. Vazamento no atuador 3. Solenóide fechada na entrada da linha de ar 4. Inexistência do sinal do controlador 5. Linhas de ar rompidas ou entupidas 6. Vazamento nas conexões 7. Válvula montada invertida, causando excesso de carga no obturador 8. Ligações incorretas nas linhas de ar 9. Posicionador ou transdutor i/p com defeito 10. Engaxetamento excessivamente apertado 11. Obturador preso na sede Calibração, Ajuste e Manutenção 126 Soluções 1. Verificar o sistema de acordo com o P&I. Certificar que todas as válvulas de suprimento de ar estejam abertas. 2. Verificar se a pressão do suprimento de ar está correta 3. Testar a válvula solenóide; substituí-la, se defeituosa 4. A ausência do sinal do controlador eletrônico pode ser ruptura do fusível; substituí-lo 5. Inspecionar as linhas de ar para a verificação de quebras e obstruções. Consertar ou substituir. 6. Inspecionar as conexões para vazamento. Consertar ou substituir. 7. Verificar a posição da seta que indica o sentido da vazão no interior da válvula; inverter o sentido, se estiver errado 8. Verificar a montagem do engaxetamento; consertar, se preciso 9. Verificar o posicionador e o transdutor i/p, certificando que o sinal de saída pode ser modificado manualmente. Se conjunto estiver com defeito, reparar ou substituir 10. Soltar o engaxetamento, lubrificar, acionar diversas vezes e reapertar 11. Separar o obturador da sede. Colocar no torno, se necessário. 3.10. Válvula não atende o curso total Causas 1. Pressão de ar insuficiente 2. Vazamento no atuador e acessórios 3. Calibração incorreta do posicionador ou do transdutor i/p 4. Ajuste incorreto do curso 5. Bench set incorreto 6. Haste empenada 7. Internos danificados 8. Internos obstruídos 9. Sentido incorreto da vazão 10. Atuador subdimensionado 11. Atrito excessivo no engaxetamento 12. Posição incorreta do batente Soluções 1. Verificar o suprimento correto do ar 2. Corrigir todos os vazamentos 3. Corrigir a calibração do posicionador ou do transdutor i/p 4. Corrigir o ajuste do curso 5. Corrigir o bench set 6. Substituir a haste 7. Substituir os Internos 8. Desobstruir os Internos 9. Inverter o sentido da vazão 10. Substituir o atuador 11. Soltar, lubrificar, acionar várias vezes e reapertar o engaxetamento 12. Reajustar o batente 3.11. Curso da válvula lento e atrasado Causas 1. Atrito excessivo do engaxetamento 2. Haste empenada 3. Pressão de suprimento inadequada 4. Volume de suprimento insuficiente 5. Acessórios subdimensionados 6. Resposta inadequada do posicionador Soluções 1. Reajustar ou substituir o engaxetamento 2. Substituir haste 3. Aumentar a pressão de suprimento 4. Aumentar o diâmetro ou capacidade da linha de suprimento 5. Substituir acessórios 6. Reparar ou substituir o posicionador Calibração, Ajuste e Manutenção 127 Fig. 7.5. Corte de uma válvula de controle, tipo globo e sede simples Calibração, Ajuste e Manutenção 128 Fig. 7.6. Corte de uma válvula de controle, tipo globo, sede dupla Calibração, Ajuste e Manutenção 129 Fig. 7.7. Vista explodida de uma válvula de controle 130 8. Tipos de Válvulas Objetivos de Ensino 1. Descrever os principais parâmetros de seleção da válvula de controle mais adequada. 2. Listar os principais tipos de válvulas usadas na indústria. 3. Mostrar a descrição, vantagens, desvantagens, aplicações e restrições das válvulas de controle tipo gaveta, esfera, borboleta, globo, diafragma, macho (plug). 4. Conceituar válvula auto-regulada, com suas vantagens, desvantagens e aplicações típicas. 1. Parâmetros de Seleção Tão importante quanto a escolha do elemento sensor e do controlador do processo, é a seleção da válvula de controle. Os fatores que orientem e determinam a escolha da melhor válvula se referem principalmente à aplicação e à construção. Os parâmetros ligados à aplicação são: fluido do processo, função da válvula, condições do processo, vedação da vazão, queda depressão. Os fatores relacionados com a construção incluem o atuador, elemento de controle, conexões, materiais, engaxetamento, sede, internos . O primeiro passo na seleção da válvula é o de determinar exatamente o que é esperado da válvula, ou seja, qual a função a ser desempenhada pela válvula depois dela ter sido instalada. Esta avaliação correta da função estreita os tipos de válvulas convenientes para a aplicação. Em muitas aplicações, há vários tipos de válvulas que funcionarão igualmente bem e a escolha pode ser baseada somente em fatores como custo e disponibilidade. Para outras aplicações, pode ser que a melhor escolhe é uma válvula não disponível industrialmente; a solução é mandar construir uma válvula especial ou usar a disponível que apresente mais vantagens, embora não seja a ideal. 1.1. Aplicação da Válvula As válvulas podem ser classificadas conforme sua aplicação, como: 1. bloqueio (stop): fecham completamente a vazão, em qualquer sentido. Exemplos: gaveta e macho. 2. controle: controlam continuamente ou liga-desliga a vazão em qualquer direção. Exemplos: globo, esfera, agulha, borboleta, diafragma. 3. retenção (check): permitem a vazão em um só sentido. Exemplos: retenção de portinhola, esfera e por levantamento. 4. redutoras ou reguladoras de pressão: controlam a pressão a jusante (depois da válvula). 5. alívio, segurança e contrapressão: controlam a pressão a montante (antes da válvula). Tipos de Válvulas 131 1.2. Função da Válvula Para o controle proporcional e contínuo do processo, variando o valor da abertura, a válvula mais padrão é a globo, que é a mais estável e previsível das válvulas. Para o controle liga-desliga, as melhoras escolhas são as válvulas globo, esfera, gaveta e com plug. As válvulas esfera e de plug normalmente executam abertura mais rápida que as válvulas gaveta e globo. Para o controle da direção da vazão do fluido, usa-se a válvula de retenção, que bloqueia a vazão em uma direção e permite a passagem normalmente na outra direção ou a válvula de restrição que permite a passagem de uma determinada vazão, em uma ou mais direções especificadas. As válvulas com portinhola (swing) são as preferidas. Para a resposta rápida para a abertura para sobrepressão e grande vazão para a exaustão, deve-se usar as válvulas de alívio e de segurança. A válvula padrão é a poppet, acionada por mola. 1.3. Fluido do Processo O fluido do processo passa dentro do corpo da válvula. As propriedades do fluido manipulado devem ser conhecidas. Estas propriedades incluem: densidade, viscosidade, corrosividade e abrasividade. Fluido é um termo genérico que pode significar gás, vapor, líquido puro ou líquido com sujeira (slurry). É importante analisar o sistema para ver se mais de um fluido passa através da válvula. Quando se manipulam fluidos que podem causar deposição de contaminantes, deve- se usar válvula com o mínimo de obstrução à vazão, como esfera, gaveta, globo ou diafragma. As válvulas esfera e globo são as recomendadas para a manipulação de vapor a alta pressão. 1.4. Perdas de Carga Os vários tipos de válvulas exibem quedas de pressão diferentes, quando totalmente abertas e por isso este fator deve ser considerado na seleção. As válvulas podem ser classificadas conforme a resistência que elas oferecem à vazão, 1. algumas exibem uma vazão direta, em linha reta, tais como gaveta, esfera, plug e borboleta, com baixa resistência e provocando pequena perda de carga, 2. outras exibem uma vazão com mudança brusca, tais como globo, ângulo, com alta resistência e provocando grande perda de carga.. Um sistema típico que requer uma perda de pressão limitada e a tubulação de sucção de uma bomba. No projeto de tal sistema, deve se considerar a altura total da sucção, que deve incluir: perdas internas da bomba, levantamento estático de sucção, perdas de atrito, pressão de vapor e condições atmosféricas. É necessário diferenciar entre a altura necessária e a disponível. A altura requerida se refere as perdas internas da bomba e é determinada por teste de laboratório. A altura disponível é uma característica do sistema de sucção e pode ser calculada. A altura disponível sempre deve exceder a altura requerida pela bomba. 1.5. Condições de Operação As pressões e temperaturas, máximas e mínimas, devem ser conhecidas. A resistência à corrosão do material de construção da válvula pode ser influenciada por estes fatores, principalmente quando se tem corpos e revestimentos de plástico. O controle de vazão em alta pressão geralmente requer o uso de válvula esfera ou globo, eventualmente válvula gaveta. Em aplicações de alta temperatura, deve-se cuidar para que a expansão termal não cause deformação nas partes molhadas da válvula. 1.6. Vedação Todos os tipos de válvulas podem prover vedação total, quando totalmente fechadas, porém, muitas vezes, com alto custo e complexidade de construção. Assim, existem alguns tipos que fornecem vedação de modo natural e mais simples, como as válvulas esfera, gaveta, globo e de plug. A pior válvula para vedação é a borboleta. Tipos de Válvulas 132 Geralmente a válvula de controle não é aplicada para prover vedação completa, mas para trabalhar com aberturas típicas e variáveis entre 25% e 85%, dependendo de sua característica de vazão. Quando se quer vedação total, quando não há controle, é boa prática usar uma válvula de bloqueio (stop) em série com a válvula de controle. 1.7. Materiais de Construção O material de construção da válvula está relacionado diretamente com as propriedades de corrosividade e abrasividade do fluido que irá passar pela válvula. A escolha da válvula pode ficar limitada pela disponibilidade das válvulas em materiais específicos. As vezes, por questão econômica, deve se considerar separadamente o material do corpo e dos internos (plug, haste, anel, disco .) da válvula. Para certos tipos de válvulas revestidas, como a diafragma, Saunders, o material do revestimento normalmente é diferente do diafragma elástico. A combinação da pressão, da temperatura de operação e das características do fluido determinam os materiais de construção permissíveis. Os líquidos e gases corrosivos normalmente requerem aços inoxidáveis, ligas de níquel, materiais cerâmicos e plásticos especiais. Para serviço em alta pressão e/ou alta temperatura, deve-se considerar os vários tipos de aços, ligas de níquel, ligas de titânio e outros materiais de alta resistência. Para serviço em vapor d'água, considerar o aço carbono, bronze e metais similares. Em todos os casos de condições severas de uso, deve-se consultar a literatura dos fabricantes para determinar a conveniência de uma determinada válvula. 1.8. Elemento de Controle da Vazão O tipo do elemento de controle ou de fechamento desejado ou necessário irá determinar o tipo da válvula a ser usada. Inversamente, a escolha do tipo da válvula irá determinar o tipo do elemento de fechamento. Os elementos mais comuns são a esfera, disco, cunha, plug e agulha. As peças da válvula que ficam em contato direto com o fluido do processo são chamadas de partes molhadas. Os formatos e variedades destas partes dependem do tipo da válvula; os mais comuns são a haste, plug, gaiola, sede ou assento . Em muitas válvulas, usa-se selos em torno da haste, para prover vedação para o exterior da válvula. Estes selos estão sujeitos a desgaste e por isso devem ser substituídos periodicamente. Há muitos estilos de sedes de válvula, com diferenças de geometria, material, rigidez . Os formatos determinam a característica da válvula (curva vazão xabertura da válvula) e sua capacidade de vedação, quando totalmente fechada. Efetivamente, há apenas quatro métodos básicos de controlar a vazão em uma tubulação, através de uma válvula: 1. mover um disco ou um obturador (plug) em ou contra um orifício, como feito na válvula globo, ângulo, Y e agulha. 2. deslizar uma superfície plana, cilíndrica ou esférica através de um orifício, como feito na válvula gate, plug, esfera e de pistão. 3. rodar um disco ou elipse em torno de um eixo, através do diâmetro de uma caixa circular, como feito na válvula borboleta e no damper. 4. mover um material flexível na passagem da vazão, como feito na válvula diafragma e pinch. Todas as válvulas atualmente disponíveis controlam a vazão por um ou mais de um dos métodos acima. Muitos refinamentos foram feitos e melhorias incorporadas nos projetos com as novas tecnologias e novos materiais. Cada tipo de válvula tem seu lugar na indústria. Cada tipo de válvula foi projetado para funções específicas e quando usada para Tipos de Válvulas 133 desempenhar estas funções, a válvula irá operar corretamente e ter uma longa vida. O movimento do elemento de controle da vazão é conseguido por meio de uma haste que é fixada ao elemento de controle e gira, move ou combina estes dois movimentos, de modo a estabelecer a sua posição. As exceções são as válvulas de retenção (check) e algumas válvulas de segurança e auto-reguladas, que são operadas pelas forças do fluido dentro da zona de pressão. Com o risco de simplificar demais, pode- se resumir a escolha da válvula assim: 1. para serviços pouco exigentes, com custo pequeno, deve-se usar válvula gaveta para pequenos tubos e válvula borboleta para grandes diâmetros. 2. para aplicações mais gerais, considerando os aspectos econômicos e técnicos, deve-se usar a válvula gaveta para pequenos diâmetros, a válvula globo para capacidades intermediárias e a válvula borboleta de alto desempenho para os maiores diâmetros. 2. Tipos de Válvulas Há muitos tipos de válvulas de controle no mercado, pois as necessidades do processo também são numerosas. Quase todo mês aparece um válvula de controle nova e melhorada, tornando difícil a sua classificação. O número de válvulas usadas para o controle de fluidos é elevado, com válvulas variando de simples dispositivos de liga- desliga até sistemas de servomecanismo complexos. Seus tamanhos variam de pequeníssimas válvulas medidoras usadas em aplicações aeroespaciais até válvulas industriais com diâmetros de vários metros e pesando centenas de quilos. As válvulas controlam a vazão de todos tipos de fluidos, variando de ar e água até produtos químicos corrosivos, sujos, metais líquidos e materiais radioativos. Elas podem operar em pressões na região do vácuo até pressões de 330 MPa (100 000 psig) e temperaturas variando da faixa criogênica (-200 oC) até as faixas de metais derretidos (2000 oC). Elas podem ter tempo de vida variando de apenas um ciclo até milhares de ciclos, sem a necessidade de reparo ou substituição. As válvulas podem ter exigência de vedação total, onde pequenos vazamentos podem ser catastróficos ou elas podem ser complacentes, permitindo a passagem de quantidades razoáveis de fluido quando totalmente fechadas, sem que isso seja grave. As válvulas podem ser operadas por uma variedade de modos: manual, pneumático, elétrico . Elas podem responder de um modo previsível a sinais provenientes de sensores de pressão, temperatura e outras variáveis do processo ou podem simplesmente abrir e fechar independentemente da potência do sinal de atuação. Aproximadamente todas as válvulas em uso hoje podem ser consideradas como modificações de alguns poucos tipos básicos. As válvulas podem ser classificadas de diferentes modos, tais como 1. tamanho, 2. função, 3. material, 4. tipo do fluido manipulado, 5. classe de pressão, 6. modo de atuação . Há válvulas com princípios de funcionamento já do domínio público, outras que ainda estão patenteadas e são propriedades e fabricadas por uma única firma. Um modo conveniente de classificar as válvulas é de acordo com a natureza do meio de operação empregado. Este modo é esquemático e simples, pois todas as válvulas caem em uma das oito categorias: 1. Gaveta 2. Globo 3. Esfera 4. Borboleta 5. Plug (macho) 6. Pinch 7. Poppet 8. Swing Tipos de Válvulas 134 Tab. 8.1. Válvulas de controle Válvula de controle com atuador pneumático Válvula atuada por cilindro (ação dupla) Válvula auto regulada ou reguladora Reguladora com tomada de pressão externa Reguladora de vazão autocontida Válvula solenóide com três vias com reset Atuada por diafragma com pressão balanceada Válvula com atuador a diafragma e posicionador Ação da válvula FC – Falha fechada FO – Falha aberta Válvula de controle com atuador manual Tab. 8.2. Válvulas manuais (*) Válvula gaveta (*) Pode ser acoplado atuador ao corpo (*) Válvula globo Válvula retenção Válvula controle manual (*) Válvula esfera (*) Válvula borboleta ou damper Válvula de retenção e bloqueio Válvula de blowdown (*) Válvula diafragma (*) Válvula ângulo (*) Válvula três vias Válvula quatro vias Corpo de válvula isolado Válvula agulha Outras válvulas com abreviatura sob o corpo S R FO ou FC IhV NV TSO Tipos de Válvulas 135 3. Válvula Gaveta Simbologia de P&I Tipos A. Gaveta faca B. Inserto V C. Placa e disco (multi-orifício) D. Disco posicionado Tamanhos disponíveis A. Liga - desliga, 2 a 120 “ (50 a 3000 mm), B. Controle contínuo: ½ a 24 “ (12 a 600 mm) C. Controle contínuo: ½ a 6” (12 a 150 mm) D. Controle contínuo: 1 e 2” (25 e 50 mm) Pressão A e B. Até ANSI Classe 150; acima com projeto especial C. Até ANSI Classe 300 D. Até 59 MPa (10 000 psi) Temperatura A e B: De –270 a 260 oC C. –30 a 600 oC Rangeabilidade A. 10 : 1 B. 20 : 1 C. Até 50 : 1 Característica Ver Fig. 5.2. Capacidade A. CV = 45 d 2 B. CV = 30 d 2 C. CV = (6 a 10)d 2 Estanqueidade A e B. ANSI Classe I ou II com sede metálica; melhor com sede mole ou revestimento C. ANSI Classe IV Materiais de construção Corpo Ferro fundido, bronze, aço carbono, aço inoxidável, ferro dúctil, alumínio, Monel, titânio, Hastelloy C, plástico, vidro e cerâmica (para abrasivos) Custo A. Varia de 1500 a 110 00 US$ de 4 a 24” Ver Fig. 5.1. Tipos de Válvulas 136 3.1. Válvula Gaveta Variar a vazão de uma válvula pelo deslizamento de um furo ou placa frente a um furo estacionário é um enfoque muito básico para fazer controle. Esta é a operação da válvula gaveta deslizante ou simplesmente gaveta. Embora ocasionalmente seja usada em controle automático, a válvula gaveta não é considerada válvula de controle. A válvula gaveta tipo guilhotina é muito usada na indústria de papel e celulose por causa de sua habilidade de não entupir. 3.2. Custo O custo de válvulas gaveta deslizante com corpo de aço carbono, com atuador pneumático para controle liga – desliga é mostrado na Fig. 5.1. Fig.8.1. Custo de válvulas gaveta Fig. 8.2.. Características de válvulas gaveta 3.3. Característica de vazão A característica da válvula gaveta depende basicamente do tipo: inserto V, disco posicionado e placa e disco. As diferentes características são mostradas na Fig. 8.2.. 3.4. Descrição A válvula gaveta é caracterizada por um disco ou porta deslizante, que se desloca paralelamente ao orifício da válvula e perpendicularmente à direção da vazão. O fechamento é conseguido pelo movimento da gaveta. Há muitas variações na sede, haste e castelo das válvulas gaveta. Elas são disponíveis em vários tamanhos e pesos. Fig. 8.3. Válvula gaveta com placa e disco A norma API 600 (1973) define e descreve as duas principais classificações para a válvula gaveta: 1. cunha (wedge) (a mais popular na indústria petroquímica) 2. com disco duplo A válvula gaveta tipo cunha é disponível em três configurações diferentes: 1. cunha sólida plana 2. cunha sólida flexível 3. cunha partida A válvula gaveta cunha sólida flexível se tornou mais popular que a sólida plana, dominando o mercado. Ela possui melhor desempenho de selagem, requer menor torque operacional e apresentar menor Tipos de Válvulas 137 desgaste no material da sede. O único fator negativo é sua construção mecânica que não fornece alívio de pressão para o corpo da válvula. Recomenda-se especificar um furo de vent no lado a montante da cunha, para evitar pressão elevada na cavidade do corpo. Fig. 8.4. Válvula gaveta Os tipos da válvulas gaveta, quanto ao movimento da haste, são: 1. haste ascendente com rosca externa. Usado em válvulas grandes e de boa qualidade. O volante gira e a haste se movimenta linearmente. A rosca da haste é externa à válvula e não é molhada pelo fluido do processo. A extensão da haste acima do volante indica diretamente a posição de abertura da válvula. 2. haste ascendente com rosca interna. Usado em válvulas pequenas e de pior qualidade. A haste é interna à válvula. 3. haste não ascendente. A haste e o volante possuem movimento de rotação; a gaveta da válvula fixada na extremidade da haste se movimenta linearmente. É um sistema simples, de construção fácil, econômico e usado nas válvulas pequenas e de preço baixo. 3.5. Vantagens As principais vantagens da válvula gaveta são: 1. Na posição totalmente aberta, a gaveta ou o disco fica fora da área de vazão do fluido, provocando pequena queda de pressão e pouca turbulência. 2. Na posição totalmente fechada ela fornece uma excelente vedação. 3. Sua geometria fica relativamente livre de acumulo de contaminantes. 4. Sua construção possui a maior faixa de aceitação para a temperatura e pressão do fluido. 5. Quase todo tipo de metal pode ser usado e trabalhado para seus componentes. Fig. 8.5.. Válvula gaveta e seus componentes 3.6. Desvantagens As numerosas vantagens da válvula gaveta não a tornam a válvula universal. Ela possui as seguintes limitações: 1. A abertura entre a gaveta e o corpo da válvula, durante a subida ou descida, provoca distúrbios na vazão do fluido, resultando em vibração indesejável e causando desgaste ou erosão da gaveta. 2. A turbulência do fluido pode também ser causada pelo movimento de subida ou descida da gaveta. A válvula gaveta é vulnerável à vibração, quando praticamente aberta e é sujeita ao desgaste da sede e do disco. 3. O ganho da válvula é muito grande, quando ela está próxima de sua abertura total. Isto significa que a Tipos de Válvulas 138 operação da válvula é instável na operação próxima de sua abertura total. 4. A lâmina percorre uma grande distância entre as posições totalmente aberta e fechada; como conseqüência, válvula gaveta possui resposta lenta e requer grandes forças de atuação. 5. a operação da válvula é inadequada em alta pressão. 6. a má lubrificação e o aperto excessivo das gaxetas podem acarretar problemas na operação da válvula. 3.7. Aplicações A válvula gaveta é o tipo mais freqüentemente especificado e corresponde a cerca de 70-80% do total de válvulas da indústria petroquímica. A principal razão de sua popularidade é que a planta petroquímica necessita de válvulas de bloqueio (stop valve) e de válvulas liga- desliga. A válvula gaveta é ideal para aplicações de bloqueio (totalmente fechada) e de controle liga-desliga, onde ela opera ou totalmente aberta ou totalmente fechada e não necessitam ser operadas com grande freqüência. Ela é conveniente para aplicações com alta pressão e alta temperatura e para uma grande variedade de fluidos. Os fatores limitantes tornam a válvula gaveta inadequada para controle contínuo, para manipular fluidos em velocidades muito elevadas ou para serviço requerendo operação rápida e freqüente da válvula. Quando a válvula gaveta fica parcialmente aberta, ha turbulência em torno da cunha, podendo haver erosão. Não se recomenda usar a válvula gaveta em serviço de vapor d'água. A válvula gaveta com disco duplo é projetada de modo que o ângulo da cunha siga flexivelmente os vários ângulos da sede da válvula. Esta construção única mantém um alto desempenho de selagem, mesmo que o corpo da válvula seja deformado. A válvula gaveta com disco duplo é usada em serviço criogênico ou em altíssimo temperatura, onde o corpo da válvula pode se deformar com a variação da temperatura do processo. Fig. 8.7. Válvula gaveta A válvula gaveta resistente a corrosão Classe 150 é descrita na norma API 603- 1977. O corpo da válvula é feito de aço inoxidável tipo 304, 316 ou 347 ou Alloy 20, que apresenta resistência à corrosão da maioria dos produtos petroquímicos. A válvula gaveta de aço carbono compacta, descrita na norma API 602-1974, é largamente usada em linhas de dreno, linhas de bypass ou com instrumentos na tubulação de processo. A válvula compacta pode ser disponível também na versão resistente à corrosão. A válvula gaveta de ferro fundido, descrita na norma API 593-1973, é usada em aplicações com água de utilidade, água do ar e vapor d'água à baixa pressão. Tipos de Válvulas 139 4. Válvula Esfera Simbologia de P&I Padrão Três vias Gaiola Caracterizada Tipos E. Convencional F. Caracterizada G. Gaiola Tamanhos disponíveis e pressão D. ½ a 42 “ (12,5 a 1060 mm), ANSI Classe 150 ½ a 12”(12,5 a 300 mm) em ANSI Classe 2500 E. 1 a 24 “ (25 a 600 mm) em ANSI Classe 150 1 a 16” (25 a 400 mm) em ANSI Classe 300 1 a 12” (25 a 300 mm) em ANSI Classe 600 F. ¼ a 14” (6,3 a 350 mm) até 17 MPa (2500 psi) Temperatura A. Varia com tamanho e materiais usados, tipicamente de –160 a 315 oC e especial de –185 a 1020 oC B. De –50 a 150 oC e especiais de –250 a 550 oC C. De –250 a 980oC Rangeabilidade Variável, típica de 50 : 1. Característica Ver Fig. 8.9. Capacidade A e B convencional: CV = 30 d 2 a 45 d2 C. 20 d2 (vazão não crítica) Materiais de construção Corpo Ferro fundido, bronze, aço carbono, aço inoxidável, ferro dúctil, alumínio, Monel, titânio, Hastelloy C, plástico, vidro e cerâmica (para abrasivos) Esfera Bronze naval forjado, aço carbono, aço inoxidável, plástico, vidro, cerâmica, Alloy 20, Monel, Hastelloy C, alumínio, titânio. Sede Teflon, Kel-F, Delrin, buna-N, neoprene, Perbunan, Hypalon, borracha natural, grafite. Classede vedação A. Classe ANSI V B. ANSI IV (sede metal) e V Custo B. Varia de 300 a 1200 US$ de ½ a 1” Ver Fig. 8.8. Propriedades Especiais A. Três vias, corpo dividido e bidirecional B. Característica pode variar entre fabricantes diferentes C. Boa resistência à cavitação e vibração Tipos de Válvulas 140 4.1. Válvula Esfera A válvula com esfera rotativa foi originalmente usada apenas como liga- desliga, tornou-se recentemente uma válvula de controle contínuo. Comparada com a válvula globo tradicional, a válvula esfera possui as seguintes vantagens: 1. mais barata 2. mais leve 3. maior capacidade (duas ou três vezes que a globo) 4. vedação completa 5. projeto para segura em fogo 6. baixo vazamento na haste (satisfaz mais facilmente exigências da OSHA e EPA) 7. possui característica de igual percentagem (caracterizada) As desvantagens são conseqüências das vantagens: 1. por ter alta capacidade, é geralmente usada superdimensionada ou então possui diâmetro muito menor que o da tubulação, resultando em grande perda de pressão nos redutores. 2. Como possui alta recuperação da pressão, a pressão de vena contracta é pequena, aumentando a probabilidade de cavitação e ruído. 3. Nas válvulas rotatórias, o movimento linear do atuador diafragma – mola deve ser convertido por elos, que introduz histerese e banda morta. 4. Há uma relação não linear entre o movimento do atuador e a rotação resultante da esfera. Isto requer sempre o uso de posicionador. 4.2. Custo Os custos da válvula esfera estão mostrados na Fig. 8.8. Para as válvulas caracterizadas, adicionar 10% e para válvulas esfera tipo gaiola, adicionar 20%. Fig. 8.8. Custo da válvula esfera 4.3. Característica A válvula com esfera caracterizada com um corte parabólico é aproximadamente de igual percentagem. A válvula esfera e com gaiola possuem característica linear, quando usada em serviço com água. Em serviço com gás, em velocidades críticas, as linhas características se aproximam para a linear. Fig. 8.9. Características da válvulas esfera Tipos de Válvulas 141 4.4. Descrição A válvula tipo esfera possui um obturador esférico, que se posiciona dentro de uma gaiola, controlando a vazão que passa no seu interior. Quando o eixo de abertura coincide com o eixo da vazão, tem-se a máxima vazão. Quando o eixo da abertura é perpendicular à tubulação, a válvula está fechada. Fig. 8.10. Configurações da válvula esfera Válvula esfera convencional A válvula esfera é basicamente uma esfera alojada em um invólucro. A rotação da esfera de 90o muda a posição de totalmente aberta para totalmente fechada. A esfera fixa pode ter porte reduzido ou total. As válvulas esfera são disponíveis em uma variedade de tamanhos e com vários mecanismos de atuação. Fig. 8.11. Válvula esfera para controle A válvula esfera pode ser considerada um tipo modificado da válvula plug (macho); em vez do plug tem-se a esfera polida com um furo que gira, para dar passagem ou bloquear a vazão. Válvula com esfera caracterizada A válvula esfera caracterizada inclui 1. esfera com corte em V 2. esfera com corte em U 3. esfera parabólica Estas válvulas foram desenvolvidas principalmente para resolver o problema de entupimento em aplicações na indústria de papel e celulose. Essencialmente, uma válvula com esfera caracterizada tem sua esfera modificada, de modo que apenas uma parte dela é usada. O canto ou contorno da esfera é feito para se obter a característica desejada. Fig. 8.12. Posições da válvula esfera caracterizada O contorno de controle da válvula pode ter um rasgo ou um formato especial para produzir a característica de vazão desejada. Na prática, pode-se ter o furo em V ou em U ou o contorno parabólico. Fig. 8.13. Esfera caracterizada O corpo destas válvulas não foi projetado para alta pressão: hoje ele pode ser montado entre flanges de até 12” (300 mm) e ANSI Classe 600. As características da válvula esfera convencional podem ser modificadas por projetos anti-ruído e anticavitação, quando se coloca um atenuador dentro da esfera, de modo que, quando ela estiver controlando, o fluido tem que passar pelo Tipos de Válvulas 142 atenuador, criando vários estágios de queda de pressão. Fig. 8.14. Válvula esfera com placas de atenuação interna anti-ruído e anticavitação Válvula esfera com gaiola A válvula do tipo esfera flutuante suporta a esfera com dois assentos esféricos colocados no corpo da válvula, um no lado da entrada e outro no lado da saída. Ela construção mecânica simples torna esta válvula mais popular que as outras do tipo esfera. A pressão a montante empurra a esfera e a esfera comprime a sede da bola do lado ajuda, para bloquear a vazão do fluido. Fig. 8.15. Válvula com gaiola e esfera A válvula consiste de 1. corpo da válvula com formato de tubo venturi, 2. dois anéis da sede (somente o anel da entrada é ativo), 3. uma esfera que varia a passagem 4. uma gaiola que posiciona a esfera 5. uma haste que posiciona a gaiola A gaiola gira a esfera para fora do assento quando ela é levantada pela haste e posiciona a esfera firmemente durante o controle. A esfera fica totalmente levantada na vazão máxima. A gaiola é contornada pela vazão sem obstrução na posição aberta. As válvulas com gaiola e esfera são disponíveis em tamanhos de ¼ “ a 14” (6,3 a 350 mm), com pressão de 1 a 17 MPa (150 a 2500 psig). Os coeficientes de vazão são naturalmente altos. A rangeabilidade típica é de 50 : 1. A válvula pode fornecer vedação completa durante longa vida de operação, por causa da rotação contínua da esfera em cada operação. A válvula requer uma pequena força de atuação (25% da requerida por uma válvula globo). Como o caminho percorrido pelo líquido no interior da válvula é suave e por isso, como pequena turbulência, ela raramente provoca cavitação. A cavitação tende a ocorrer no tubo venturi e não na sede. 4.5. Vantagens As propriedades da válvula esfera são: Mudança pequena na direção da vazão dentro do corpo da válvula, resultando em pequena queda de pressão ou em grande recuperação. A resistência hidráulica é similar à da válvula gaveta. A rotação da esfera de 90 graus fornece uma operação completa da válvula. Diferente das válvulas globo e gaveta, que requerem espaço vertical para o deslocamento da haste, a operação é fácil e o tamanho da válvula pode ser muito pequeno. A abertura da válvula e a quantidade da vazão podem ser determinadas muito precisamente, tornando-a adequada para controle proporcional, embora sua aplicação principal seja em operação de liga-desliga. Fig. 8.16. Válvula esfera, em corte Tipos de Válvulas 143 Ela provê boa vedação, quando totalmente fechada. Elas são de operação rápida e relativamente insensíveis à contaminação. 4.6. Desvantagens As principais limitações da válvula são: 1. A sede da válvula esfera pode ser sujeitas à distorção, sob a pressão de um selo, nos espaçamentos entre metais, quando a válvula é usada para controle. 2. O fluido entranhado na esfera na posição fechada pode causar problemas de travamento e entupimento. 3. Por causa de sua abertura rápida, a válvula esfera pode causar os indesejáveisgolpe de aríete ou pico de pressão no sistema. 4.7. Aplicações A válvula esfera é usada em controle contínuo, quando de pequeno tamanho. Ela é mais adequada para serviço de desligamento (shutoff). Ela podem manipular fluidos corrosivos, líquidos criogênicos, fluidos muito viscosos e sujos. Elas podem ser usadas em alta pressões e medias temperaturas. Há limitação desfavorável da temperatura por causa do uso de elastômeros na sede da válvula. Fig. 8.17. Válvula esfera em passagem plena A válvula esfera não é recomendada para controle contínuo com grande diâmetro, pois quando ela estiver parcialmente aberta, o aumento da velocidade do fluido pode danificar os assentos da esfera expostos ao fluido. A aplicação da válvula esfera em controle é recente. Ela é usada no veículo espacial X-15 para controlar vazão de oxigênio líquido e no foguete Atlas para controlar a mistura de oxigênio líquido com amônia liquida. Em ambos os casos tem-se um controle preciso e confiável. Tipos de Válvulas 144 5. Válvula Borboleta Simbologia de P&I Tipos A. Uso geral, eixo alinhado B. Alto desempenho, eixo excêntrico Tamanhos disponíveis A. 2 a 48 “ (51 a 1220 mm), são típicas e 0,75 a 200” (19 a 5000 mm) são também encontradas. B. 4 a 16”(100 a 400 mm) e 2 a 80 “ (50 a 2000 mm) Pressão A. Maioria entre ANSI Classe 300 e até 1,4 MPa (200 psi) de queda de pressão. Especiais até 6000 psi B. Maioria até ANSI 600 e até 5 MPa (720 psi) de queda de pressão Temperatura A. Varia de –270 a 540 oC e com revestimento refratário até 1200 oC B. De –200 a 230 oC para válvulas com sede de teflon e 650 oC para sedes metálicas Especiais até 950oC Rangeabilidade Variável, típica de 50 : 1. Característica Ver Fig. 8.19, para válvulas com rotação de 90o . Para controle, a rotação limite é 60o Capacidade A. Rotação de 60o CV = (17 a 30) d 2 (típica para controle) Rotação de 75o CV = (25 a 30) d 2 Rotação de 90o CV = (35 a 40) d 2 B. CV = (20 a 25) d 2 Materiais de construção Corpo e Disco A. Ferro fundido, bronze, aço carbono, aço inoxidável AISI 302 a 316), ferro dúctil, alumínio, Monel, titânio, Hastelloy C, Kynar, Nordel, Viton, EPDM, Buna-N, revestimento de neoprene e encapsulamento de teflon B. Aço inoxidável AISI 316, Monel, titânio, Hastelloy C, Durinet 20, bronze e alumínio, Alloy 20, tungstênio. Selo Bronze naval forjado, aço carbono, aço inoxidável, plástico, vidro, cerâmica, Alloy 20, Monel, Hastelloy C, alumínio, titânio. Sede Teflon, Kel-F, EPT, polietileno Classe de vedação A. Sem revestimento: 2 a 5%. Com revestimento: Classe ANSI V B. Sede metal: ANSI IV e sede mole: ANSI VI Custo Varia de 1500 a 22 000 US$ de 3 a 24” Ver Fig. 8.18. Propriedades Especiais 1. Projeto para torque reduzido do disco 2. Selos para aplicação com fogo 3. Selos do disco especiais Tipos de Válvulas 145 5.1. Válvula Borboleta As válvulas com esfera rotativa, plug e borboletas foram inicialmente usadas apenas em aplicações de liga – desliga e recentemente passaram a ser usadas como válvulas de controle contínuo. Com relação à tradicional válvula globo, suas vantagens incluem: 1. baixo custo 2. pequeno peso 3. maior capacidade de vazão (duas a três vezes que a da globo) 4. projeto seguro a fogo 5. baixo vazamento 6. característica de igual percentagem 7. vedação total As desvantagens são conseqüências das vantagens: 1. Por ter alta capacidade, é geralmente usada superdimensionada ou então possui diâmetro muito menor que o da tubulação, resultando em grande perda de pressão nos redutores. 2. Como possui alta recuperação da pressão, a pressão de vena contracta é pequena, aumentando a probabilidade de cavitação e ruído. Projetos com disco perfurado ou disco flautado diminuem o problema de cavitação e ruído. 3. Como a válvula é rotativa, o movimento linear do atuador diafragma – mola deve ser convertido por elos, que introduz histerese e banda morta. 4. Há uma relação não linear entre o movimento do atuador e a rotação resultante do disco. Isto requer sempre o uso de posicionador. 5. A característica de torque é não linear, requerendo atuador super- dimensionado para executar controle contínuo. 5.2. Custo Os custos das válvulas borboleta com atuadores e atuadores para controle contínuo são mostrados na Fig. 8.18. 5.3. Característica As características de vazão das válvulas borboleta, mostradas na Fig. 8.19., estão entre linear e abertura rápida. As válvulas convencionais apresentam grande vazamento e as válvulas com configurações especiais de sede mole provêem grande vedação. A característica da válvula borboleta é afetada pela posição do eixo (alinhado ou excêntrico) e o tamanho relativo do eixo com o da válvula. Na válvula de alto desempenho, a característica é também afetada se o eixo é movido da posição a montante para jusante. Para aplicações de controle contínuo, a válvula é limitada para girar entre as posições de 0 e 60o . Fig. 8.18. Custo da válvula borboleta de alto desempenho Fig. 8.19. Característica da válvula borboleta Tipos de Válvulas 146 5.4. Descrição A válvula borboleta possui este nome por causa do formado da combinação disco e haste. É uma válvula totalmente diferente da convencional com sede-obturador-haste. Ela possui vários séculos de história em serviço de controle contínuo. A válvula borboleta consiste de um disco, com aproximadamente o mesmo diâmetro externo que o diâmetro interno do corpo da válvula, que gira em torno de um eixo horizontal ou vertical, perpendicular à direção da vazão. O disco atua como basculante: na posição completamente paralela à direção da vazão, válvula está aberta; na posição perpendicular à direção da vazão, a válvula está fechada. Como ela não veda perfeitamente, pode haver pequeno vazamento. Fig. 8.20. Válvula de controle borboleta A válvula borboleta típica consiste de um disco que pode girar em torno de um eixo, em um corpo fechado. Válvulas borboletas modificadas são usadas em damper de fornalha, carburadores de carro e chuveiros caseiros. O disco da válvula borboleta se fecha contra um anel selante, para vedar a vazão. Para melhorar a vedação, pode-se revestir o interior da válvula com um material elastômero; a interação entre o disco e o revestimento fornece a vedação. Vários mecanismos de atuação, como alavanca e cam podem ser usados para operar a válvula. A válvula borboleta é geralmente disponível em carretel ou sanduíche (wafer), sem flange; sua instalação é mais econômica e simples, entre qualquer tipo de flanges da tubulação. Porém, esta conexão é politicamente incorreta, pois é provável haver vazamentos entre ela e por isso OSHA e EPA não gostam dela. Por questão de operação, o ângulo máximo de rotação da lâmina é de 60o e não 90o, a não ser que seja especialmente especificado. Fig. 8. 21. Componentes da válvula borboleta Atualmente são disponíveis válvulas borboleta com alto desempenho, com eixos mais robustos, discos mais pesados, corpos que resistem a uma classe de pressão mais elevada e selos que permitem boa vedação. Elas são disponíveis em diâmetros de 2" a 72", sem flange, de corpos com aço carbono ou inoxidável, com pressão de até ANSI Classe 2500. A norma API 609-1973 Butterfly valves descreve e define os principais tipos de válvulas borboleta, embora não especifique a sua construção mecânica. Fig. 8.22. Mecanismo de controleda válvula borboleta Tipos de Válvulas 147 5.5. Vantagens As vantagens da válvula borboleta são: 1. Produzir uma queda de pressão muito pequena, quando totalmente aberta. 2. Ser barata, leve, de comprimento pequeno (raramente flangeada). O diâmetro da válvula pode ser do mesma dimensão que a tubulação. 3. Possuir construção e operação extremamente simples. 4. Fornecer controle liga-desliga e contínuo 5. Manipular grandes vazões de água, líquidos contendo sólidos e gases sujos. Fig. 8.23. Formatos de disco Fig. 8.24. Efeito do perfil na área de passagem 5.6. Desvantagens As desvantagens da borboleta são: 1. A vedação da válvula borboleta é relativamente baixa, a não ser que seja usado selo especial. O selo pode ser danificado pela alta velocidade. 2. Estas válvulas usualmente requerem grandes forças de atuação e são geralmente limitadas à baixa pressão. 3. Quando usam materiais elastoméricos na sede, há limitação de temperatura. 4. A válvula borboleta é usualmente construída para ser operada apenas em ar-para-abrir. Ela tende a fechar por si e a ficar em posição fechada na falta do sinal de atuação. Fig. 8.25. Válvula de controle borboleta 5.7. Aplicações As válvulas borboleta são usadas geralmente em sistemas de baixa pressão, onde não se necessita de vedação completa. Elas são normalmente usadas em linhas de grandes diâmetros (maiores que 20".) 5.8. Supressão do ruído A válvula borboleta pode gerar ruído, como qualquer outro válvula, quando sujeita a determinada condição de vazão e queda de pressão. O disco abaulado e com formato de rabo de peixe geram menos ruído que o convencional. Porém, quando a vazão mássica é alta e há grande perda de carga, deve-se usar disco flautado, que pode reduzir o ruído em até 10 dBA. Fig. 8.26. Válvula borboleta com disco flautado para reduzir ruído Tipos de Válvulas 148 5.9. Válvula Swing A válvula swing é semelhante à borboleta, exceto que elas giram em torno de um lado e não ao longo do diâmetro. Elas podem ser atuadas pela vazão, por molas de torção, por alavancas . As válvulas swing são usadas principalmente como válvulas de retenção, para bloquear a vazão em uma direção. As válvulas swing possuem praticamente todas as vantagens das válvulas borboleta: pequena queda de pressão, pequeno peso e custo relativamente pequeno. O vedação da válvula swing é muito alta, são sujeitas à deposição de contaminantes e introduz turbulência em baixas vazões. As superfícies de selagem sofrem erosão, quando o fluido está em alta velocidade. Fig. 8. 27. Válvula borboleta tipo swing Tab. 9.1. Coeficiente de capacidade da válvula borboleta de alto desempenho, com vários graus de abertura, com o eixo a montante. Com o eixo a jusante o CV é pouco menor (10%). CV em graus de abertura, eixo a montante Diâmetro 90 80 70 60 50 40 30 20 10 2,0 59 59 58 56 50 40 28 14 2 3,0 220 209 198 176 139 90 55 26 11 4,0 420 400 376 338 265 172 104 52 20 6,0 910 800 660 490 350 235 155 90 35 8,0 1720 1620 1290 998 740 482 310 172 69 10,0 2780 2610 2080 1610 1200 778 500 278 111 12,0 4000 3820 3100 2420 1860 1240 750 410 170 14,0 6640 6240 5050 3980 2920 1990 1200 664 266 16,0 8400 7640 6130 4700 3700 2520 1510 840 336 18,0 10350 9730 7870 6210 4550 3100 1860 1040 414 20,0 13670 12850 10390 8200 6020 4100 2460 1370 547 24,0 20200 19000 15400 12100 8890 6060 3649 2020 808 149 6. Válvula Globo Simbologia de P&I Convencional Três vias Angulo Notas: FC – falha fechada (fail close) FO – falha aberta (fail open) S marcada dentro da válvula significa corpo dividido (S – split) C marcada dentro da válvula significa gaiola (C – cage) Tipos A. Sede simples, plug caracterizado B. Sede simples, guiada pela gaiola C. Sede simples, corpo dividido (split) D. Sede dupla, plug guiado pelo topo E. Disco excêntrico, globo rotativo F. Ângulo G. Três vias ou tipo Y Tamanhos disponíveis Geralmente de ½ a 14” (12,5 a 356 mm). Máximo diâmetro para C é 6” (152 mm) e para E é 12 “ (305 mm) e para D é 16 “ (406 mm). F pode ter até 42” (1050 mm). Pressão Tipicamente todas as classes, até ANSI Classe 1500, com tipos B e D até ANSI Classe 2500 e tipos C e E limitadas a ANSI classe 600. Queda de pressão máxima admissível: até 6,9 MPa (1000 psi), se permitido pelo tamanho do atuador e classe do corpo. Temperatura Geralmente de–200 a 540 oC mas tipo B é limitado a 400 oC e tipo D pode operar desde –270 oC. Válvulas especiais podem operar até 650 oC Rangeabilidade Variável, típica de 20 : 1. Característica Ver Fig. 8.29 e detalhes no texto. Capacidade CV = (10 a 15) d 2 com projeto de sede simples próximas de 10 d2 e com sede dupla e disco excêntrico próximas de 15d2 Materiais de construção Corpo Ferro fundido, bronze, aço carbono, aço inoxidável (AISI 302 a 316), ferro dúctil, alumínio, Monel, titânio, Hastelloy C, Trim Aço inoxidável (AISI 302 a 316), Alloy 20, Monel, titânio, Hastelloy C, Revestimento de teflon para proteção contra corrosão e sedes moles para vedação total. Selo TFE, Kel F, EPT, polietileno, Classe de vedação Sedes duplas de metal: ANSI Classe II e sede simples podem ser ANSI Classe IV. Sedes macias duplas podem ser Classe ANSI V e simples podem ser ANSI VI. Custo Ver Fig. 8.28. FC FO FC Tipos de Válvulas 150 6.1. Válvula Globo Desde a década de 1970, a válvula globo é considerada a válvula de controle padrão, por causa de sua característica linear e associado com atuador com diafragma e mola. Nesta época, a válvula rotativa era para aplicação de liga – desliga e a globo era para controle contínuo. Atualmente, a válvula globo ainda predomina como válvula de controle, porém, é desafiada por outros tipos, como a esfera, borboleta e plug (macho), por causa de seus custos menores. As vantagens da válvula globo são: simplicidade do atuador diafragma – mola disponibilidade de variedade de características de vazão relativamente pequena probabilidade de cavitação e de geração de ruído disponibilidade de materiais diferentes para atender aplicações com erosão, corrosão, altas temperaturas e altas pressões relação linear entre sinal de controle e o movimento da haste pequena banda morta e pequena histerese, permitindo o seu uso sem posicionador. As desvantagens da válvula globo, quando comparada com as rotativas são: 1. maior custo 2. menor capacidade de vazão, para o mesmo diâmetro do corpo 3. maior peso 4. maior probabilidade de vazamentos para o exterior. 5. maior tempo de resposta 6. por ter menor CV , a diferença entre o diâmetro da válvula e o da tubulação é menor e por isso o custo é maior 6.2. Custo Os custos da válvula globo estão mostrados na Fig. 8.28, baseados em corpo com flange ANSI Classe 150 com operador a pistão de dupla ação e posicionador. Podem ser usados outros operadores como atuador diafragma – mola, pistão simples ou acionado eletricamente. Corpos com materiais especiais tem o custo muitíssimo maior. Por exemplo, da Fig. 8.28, pode se estimar o custo de uma válvula globo de 4” (105 mm), com corpo de aço carbono e trim guiado pela gaiola como de US$4 500. Fig. 8.28. Custo típico de válvula globo Fig. 8.29. Características da válvula globo, que depende