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AD1-TGT_CULTURA

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Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA – AD1 
Período - 2014/1º
Disciplina: Cultura Brasileira
Coordenador: Maria Amália
Aluno: Regina de Fátima Campos Monteiro 			 Matrícula: N◦ 132171300-79
Observações: Essa avaliação contém uma questão no valor de 10,0 (dez) pontos.
Questão Única: Faça a leitura atenta das orientações abaixo para a realização de duas resenhas. 
Formatação: cada resenha deverá ser desenvolvida em no máximo três páginas. O número mínimo de páginas são duas. Deverá ser utilizado espaçamento 1,5 entrelinhas, a fonte é times New Roman ou Arial e o tamanho da fonte é 12. O texto deverá estar no modo justificado.
 Desenvolvimento:
Breve síntese do texto: antes de começar a análise de um livro, texto ou artigo acadêmico é muito importante procurar ter uma visão panorâmica deste; isto pode ajudar a visualizar o começo, o meio e o fim do texto, permitindo saber de onde parte, como se desenvolve e para onde vai o/ autor/a na sua argumentação.
 Principais teses desenvolvidas: o objetivo é traçar as principais teses do/a autor/a e não resumir a sua obra (resenha não é resumo!); é preciso ler com muita atenção para se apreender o que é fundamental no pensamento do/a autor/a. 
Conclusão: neste ponto poderá opinar, no entanto, com argumentos fundamentados academicamente e, dessa forma, chegar a uma conclusão sobre o tema tratado. Obs.: lembre-se de que não é “achismo’!
3-Material para as resenhas:
BANDUCCI Jr, Álvaro. Turismo cultural e patrimônio: a memória pantaneira no curso do rio Paraguai. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, n. 20, p. 117-140, outubro de 2003.
BARRETTO, Margarita. O imprescindível aporte das ciências sociais para o planejamento e a compreensão do turismo. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, n. 20, p. 15-29, outubro de 2003
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RESENHA DE OBRA
BANDUCCI Jr, Álvaro. Turismo cultural e patrimônio: a memória pantaneira no curso do rio Paraguai. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, n. 20, p. 117-140, outubro de 2003.
O autor, ao integrar a expedição científica “Cáceres-Porto Murtinho”�, objetivou, no presente artigo, avaliar o atual modelo de desenvolvimento turístico implantado no curso do rio Paraguai e - visando a implantação de modalidades alternativas de turismo, como o turismo cultural, - avaliar o patrimônio histórico e cultural existente na região. Por fim, propôs-se a discutir o potencial desse tipo de atividade no processo de construção da memória e afirmação da identidade regional no contexto pantaneiro.
O presente artigo é dividido em 7 (sete) sub-temas. No primeiro destes sub-temas, “Viagem: o futuro do pretérito”, como em uma introdução, o autor discorre sobre as sensações causadas pela viagem, afirmando que as experiências dos viajantes acadêmicos se fundiram e confundiram-se com as de visitantes comuns, e, seguindo na esteira do debate que inaugura a reflexão sobre turismo nas ciências sociais, registra a postura de Boorstin (1964) – que alerta para o caráter estandartizado e alienado da prática turística com seus pacotes pré-programados – e de MacCannel (1999), que afirma ser esta artificialidade que mobiliza os homens numa busca constante pelo autêntico. Segundo o autor, muito do debate sobre turismo nas ciências sociais oscilou entre essas duas posturas, adquirindo novos e mais complexos desdobramentos, tais como a denúncia dos efeitos negativos do turismo sobre as comunidades receptoras; a perspectiva da mercantilização dos espaços e da cultura nos quais incide o empreendimento turístico; o turismo como inversão ritual, como distanciamento do cotidiano; a noção das tradições e da identidade como produto de construção coletiva, entre outros. Reforçando uma ou outra postura, o autor cita Crick (1989), Urry e Rojek (1997) e Augé (1999). De acordo com este último, inclusive, a viagem do turista ganha sentido na narrativa, podendo ser, também, uma afirmação da identidade, na medida em que a experiência pode remeter à memória de um povo, pode induzir o encontro com sua própria história.
 O segundo sub-tema, “Turista: partícipe do passado”, descreve resumidamente a cidade de Cáceres, ponto inicial da expedição. O terceiro, “Turismo como experiência passível de incremento de memória e da identidade social”, descreve a prática da pesca esportiva no pantanal mato-grossense, à qual, conforme o autor, consolidou a vocação turística da região, à despeito da riqueza de seu patrimônio ambiental e de sua história. Entretanto, de acordo com o autor, esta modalidade vem demonstrando sinais evidentes de esgotamento e tende a estimular os empresários a projetar investimentos em novas modalidades de turismo, como o turismo cultural. O autor, porém, alerta para o fato do turismo, muitas vezes, promover a descaracterização dos costumes, produzindo desequilíbrios nos ambientes, fundamentado pelas afirmações da autora Santana Talavera (1998). Em oposição, cita Barreto (2203) e MacDonald (1997), onde o primeiro argumenta que, a despeito de diversos aspectos negativos, o turismo, permite que a comunidade engaje-se no processo de recuperação da memória coletiva e de reconstrução da história. 
 No quarto sub-tema, “A história e o patrimônio do rio Paraguai”, o autor descreve o patrimônio existente no curso do rio Paraguai, desde a cidade de Cáceres (MT) até Porto Murtinho (MS). Já no sub-tema seguinte, “As contradições do presente”, impactos negativos da pesca esportiva são relatados, apesar da observação de que, em muitas situações no contexto pantaneiro, o turismo constitui-se em alternativa importante, quando não a única, de emprego e renda para muitas famílias da região. Ressaltando, contudo, que o turismo não está preocupado com a inserção social e valorização da mão-de-obra, sendo o modelo de exploração turística da região marcadamente excludente. 
No sexto sub-tema, “As ameaças vindas de fora do Pantanal”, o autor relaciona várias ameaças à região, como a exploração desordenada das terras, que desencadearam um processo gigantesco de erosão do solo agrícola, acarretando o assoreamento dos rios e sua poluição por agrotóxicos, o uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras de arroz, que tem provocado grande mortandade de peixes, os efeitos danosos do tráfego das barcaças sobre o patrimônio arqueológico, entre outros. Por fim, no sétimo sub-tema, “Futuro do turismo no rio Paraguai”, à partir da descrição da quantidade e diversidade da fauna e flora no Pantanal do Nabileque, que maravilharam e surpreenderam o autor, o mesmo apresenta a indagação do estudo: “não poderia o turismo, no rio Paraguai, com as narrativas que dele decorrem, produzir efeito semelhante, ou seja, estimular nossa memória e, com ela, nosso sentimento de coletividade, nossas tradições e identidade cultural?”, concluindo pela afirmação positiva através de dois caminhos, o primeiro pela literatura - ou mais precisamente, pelos relatos de cronistas e pesquisadores que, no passado, visitaram a região pantaneira – e o segundo pela perspectiva do espaço, mediante o contato com os vestígios arqueológicos e históricos, com a natureza exuberante e pouco descaracterizada e com as diversas comunidades locais, bem como da multiplicidade étnica e cultural que delas resultou.
O autor, Álvaro Banducci Júnior., tem Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás (1984), mestrado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (1995) e doutorado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (2002). Pós-Doutorado em Antropologia (2011 - 2012), Universidade de Campinas - UNICAMP. É professor associado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Atua no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMS. 
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RESENHA DE OBRA
BARRETTO, Margarita. O imprescindívelaporte das ciências sociais para o planejamento e a compreensão do turismo. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, n. 20, p. 15-29, outubro de 2003.
O artigo, dividido em 2(dois) sub-temas, objetiva justificar a importância das ciências sociais no planejamento do turismo, através de uma relação bibliográfica destas primeiras aplicadas ao estudo do segundo, bem como apontando questões do planejamento do turismo que poderiam ser melhor resolvidas com o apoio das pesquisas socioantropológicas.
No primeiro sub-tema, “O turismo como objeto de estudo das ciências sociais “, a autora afirma que há 40 anos apenas que alguns cientistas ousaram abordar o tema turismo, apesar do mesmo, ainda hoje, não desfrutar de prestígio acadêmico. Como exemplo cita, Denison Nash, que afirmou no livro Antrhropology of Tourism (1996) que, para a antropologia, o tema turismo sempre pareceu sem importância, sem relevância e sem valor científico. À partir desta afirmação, a autora inicia uma crônica dos estudos da antropologia aplicados ao turismo, iniciando com Theron Nuñez, que publicou seus estudos no livro Hosts and Guests, considerado um clássico da antropologia do turismo. 
A autora registra que, na década de 1970, prevalecia a idéia que o turismo salvaria as economias do Terceiro Mundo, e que antropólogos como Turner e Ash, opuseram-se à esta visão, apontando no livro The Golden Hordes (1976), a ação predatória do turismo de massas, comparando os turistas com as hordas dos povos bárbaros que deixavam um rastro de destruição. Registra que, na mesma direção, Francisco Jurdao Arrones, organiza o livro Los Mitos Del Turismo (1992), denunciando o modelo de turismo na Espanha, Antilhas e no Caribe. Na mesma década surge Sociologia do Turismo, do alemão Hans Joachim Knebel (1974) e, em 1979, Erik Cohen estabelece uma série de tipologias turísticas, sendo o primeiro pesquisador a demonstrar que não se deve falar num turista de modo genérico. Em 1980, Krippendorf escreve Sociologia do Turismo: para uma Nova Compreensão do Lazer e das Viagens, em 1990, no, já considerado clássico, livro The Tourist Gaze, Urry afirma que o consumo de lugares de forma reflexiva é a marca do turista atual e que consumir lugares como um turista é uma marca da sociedade atual. Em prosseguimento, a autora cita Cris Rojek, que, juntamente com Urry, escreveu Touring Cultures: Transformations of Travel and Theory (1997), Dean MacCannel, que inicia uma discussão sobre a autenticidade: As manifestações culturais que se apresentam ao turista são autênticas ou são de uma autenticidade encenada? (1999). 
Afirmando que os estudos de antropologia estão, na atualidade, preocupados com os impactos de certas formas de turismo, especialmente o cultural e o étnico, e com a descaracterização e comercialização das culturas que estes provocam, a autora cita, entre outros, os seguintes autores: Barbara Kirshemblatt-Giblett, Erve Chambers, Fraçois-Marie Lanfant, Prisicla Boniface, Peter Murphy, Nicholson, Geoffrey Wall, Pilipe Pearce e Agustin Santana Talavera, que a autora considera o maior expoente dos estudos antropológicos na Espanha.
 A autora cita, ainda, vários autores e finaliza o sub-tema com a afirmação de que a maior parte dos estudos sobre o tema tem focalizado, principalmente, os impactos na cultura, os processos de aculturação e a questão da autenticidade. 
No segundo e último sub-tema, “A contribuição da antropologia ao planejamento e compreensão do turismo”, a autora inicia com a constatação que o maior volume de estudos científicos sobre turismo provém das ciências econômicas, que analisam o crescimento e a movimentação de capitais a partir dos negócios turísticos, lembrando, que esta é uma pequena parte da atividade, que vem se configurando como um fato social, enfatizando que o turismo precisa ser estudado de forma abrangente e que cientistas como Ascanio, Benni, Lippard e Molina, e Farrel, entre outros, se propõem a analisá-lo como um sistema, e decomposto em subsistemas.
A autora constata que a chamada “indústria turística” é rizomática e também pouco previsível, afirmando que surgem, a cada nó do rizoma, novos negócios, novos serviços. Assim, uma das poucas formas de minimamente poder prever situações e planejar o turismo é com a ajuda das ciências sociais.
A autora inicia, então, uma série de indagações, como por exemplo, Como conseguir prestadores de serviços com qualidade sem trabalhar as questões histórico-culturais? O que acontece quando, numa comunidade tradicional, com valores machistas, o turismo propicia a independência econômica das esposas e filhas? O que acontece, em comunidades patriarcais, quando os jovens começam a ganhar mais salário do que os próprios pais? Será que é correto manter uma população sem direito ao conforto contemporâneo propiciado pela tecnologia para perpetuar uma “autêntica cultura caiçara ou rural”?
De acordo com a autora, deve haver uma avaliação dos limites até onde um empreendimento pode ser sustentável do ponto de vista ambiental sem que haja prejuízos no econômico, e de qual a estratégia política é a adequada para beneficiar a maior parte das pessoas possível e conclui que para fazer essa avaliação, há necessidade de conhecimentos de ciências sociais.
Por fim, conforme a autora, para tentar melhorar as relações no turismo é necessário se aprofundar no paradoxo da relação turistas-anfitriões e, para entender a diversidade de interesses e necessidades sociais que o turismo afeta, enfim, seus dilemas e paradoxos, as ciências sociais ofereceriam um enorme aporte, contribuindo, assim, para o planejamento equilibrado de um turismo responsável.
A autora, Margarita Barretto, possui doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1998), mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1993) e graduação em Turismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1984). Fez estágio de Pós Doutorado em Antropologia na UFSC (2002). É professora da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB), pesquisadora do CNPq Nivel 1C e Professora Voluntária na Universidade Federal de Santa Catarina. Atua como professora e orientadora convidada em universidades argentinas (UBA, UNT e UNC). Fundadora do Grupo de Pesquisa CulTuS- Cultura, Turismo e Sociedade, do qual atualmente é vice líder. Membro do conselho editorial de revistas nacionais e internacionais de turismo e cultura. Em 2008 sua trajetória de pesquisa foi reconhecida pela academia, mediante a outorga do Prêmio Pesquisador do Ano pela ANPTUR.
� A expedição, realizada em 1999, percorreu 1.200 Km do rio Paraguai e foi promovida pela Fundação Centro Brasileiro de Referência e Apoio Cultural (CEBRAC) e pelo Instituto Centro da Vida (ICV), a pedido da WWF, com o intuito de avaliar a dimensão dos impactos causados pela navegação na hidrovia Paraguai-Paraná. A participação do autor na referida expedição deveu-se, sobretudo, ao esforço da Coalizão Rios Vivos que, através de sua Associada Ecologia e Ação (Ecoa), insistiu na necessidade de uma perspectiva social dos impactos causados pela hidrovia.

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