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Temperatura do solo e do ar SETREM 2014 Temperatura do ar e do solo Como já vimos quando falamos de balanço de radiação e de energia, o saldo de radiação na superfície terrestre será destinado, basicamente, a três processos físicos, dentre os quais dois estão associados à temperatura: fluxo convectivo de calor sensível (temperatura do ar) e o fluxo por condução de calor no solo (temperatura do solo). Nesta condição predomina Nesta condição predomina a evaporação (LE), consumindo cerca de 70 a 80 % de Rn Temperatura do solo A temperatura do solo é de fundamental importância na agricultura, por influenciar a: germinação das sementes, o desenvolvimento e a atividade das raízes em absorver água e nutrientes do solo, a atividade de microrganismos, a difusão de solutos e gases, o desenvolvimento de moléstias, a velocidade das reações químicas do solo (BERGAMASCHI, 1993). O regime térmico de um solo é determinado pelo aquecimento da superfície pela radiação solar e transporte, por condução, de calor sensível para seu interior. Durante o dia, a superfície se aquece, gerando um fluxo de calor para o interior. À Noite, o resfriamento da superfície, por emissão de radiação terrestre (ondas longas), inverte o sentido do fluxo, que agora passa a ser do interior do solo para a superfície. Temperatura do solo A variação da temperatura do solo ao longo do dia (temporal) e da profundidade (espacial) é estudada a partir da elaboração dos perfis de variação da temperatura, denominados de TAUTÓCRONAS O fluxo de calor no solo depende, basicamente, da sua condutividade térmica, de seu calor específico e de sua emissividade, os quais por sua vez dependem do tipo do solo. Além disso, essa variação é afetada pela interação com outros fatores, dentre eles: Fatores Externos Relacionados aos elementos meteorológicos: irradiância solar global, temperatura do ar, nebulosidade, chuva e vento. Fatores Intrínsecos Relacionados ao: tipo de solo, ao relevo e , tipo de cobertura do terreno. Fatores Determinantes da Temperatura do Solo Condutividade térmica do solo (K) Fluxo de calor descendente Fluxo de calor ascendente A condutividade térmica pode ser considerada como uma medida da capacidade do solo em transmitir energia térmica. Nos solos secos, o ar contido nos poros baixa o fluxo de calor dos solos. Já nos solos úmidos, a água substitui parcialmente o ar, aumentando a condutividade térmica do solo. Portanto, o aumento da umidade do solo melhora a transferência de energia entre as camadas. - O solo apresenta baixa K - K da água > K do ar Calor especifico volumétrico do solo (C) É a quantidade de energia necessária para que um volume unitário de solo tenha uma variação de temperatura de 1°C. Essa variação de temperatura pode ser originada pela energia recebida durante o período diurno com acréscimo de 1°C na temperatura inicial (t1) do volume de solo ou pela energia perdida no período noturno com decréscimo de 1°C. A unidade de medida do calor especifico volumétrico é cal/cm3. °C. dia noite Comportamento térmico da camada do solo agrícola e sua modificação pelas técnicas de cultivo O solo sofre um processo diário de aquecimento e resfriamento, o que determina uma variação diária da temperatura do solo. Existem técnicas de cultivo que possibilitam interferir na variação diária da temperatura do solo. Processo de condução de calor (área vermelha) no aquecimento (a) e resfriamento (b) do solo, sendo Z a profundidade e t a temperatura de cada camada. Tipo de Solo Relacionado à textura, estrutura e teor de matéria orgânica do solo. Solos arenosos tendem a apresentar maiores amplitudes térmicas diárias nas camadas superficiais e menores em profundidade. Isso ocorre pelo fato dos solos arenosos terem maior porosidade, havendo um menor contato entre as partículas do solos, dificultando assim o processo de condução. Os solos argilosos, por sua vez, apresentam maior eficiência na condução de calor, tendo menor amplitude térmica diária. Variação horária da temperatura de um solo arenoso e de outro argiloso. Observe a menor amplitude diária no solo argiloso, o que se deve ao fato deste solo ser mais eficiente em transportar calor para seu interior Relevo Este é um fator topoclimático, que condiciona o terreno a diferentes exposições à radiação solar direta e, também, ao acúmulo de ar frio durante o inverno. Os fatores climáticos, como os terrenos de meia- encosta voltados para o norte (no hemisfério Sul) recebem mais energia do que os voltados para o sul. Já nas baixadas ocorre um maior acúmulo de ar frio durante o inverno, o que acaba condicionando redução da temperatura do solo também nessa área. Exposição e configuração do terreno Face norte Evitar face sul e sudoeste Cobertura do Terreno Este é um fator microclimático. Solos sem cobertura (desnudos) ficam sujeitos a grandes variações térmicas diárias nas camadas superficiais. A cobertura com vegetação ou resíduos vegetais (mulch) modifica o balanço de radiação e de energia, pois a cobertura intercepta a radiação solar, impedindo que esta atinja o solo. Esse fator é importante no sistema de plantio direto e nos pomares, onde as plantas ficam bem espaçadas. Em períodos críticos (inverno) e em locais sujeitos a geadas, a cobertura do terreno é um fator agravante das geadas, pois impede que o solo armazene calor durante o dia e libere-o para a superfície à noite Sistema convencional solo exposto Sistema plantio-direto solo com mulch Mato na entrelinha do cafezal A figura acima mostra a variação da temperatura do solo para dois horários do dia e até a profundidade de 20cm, para diferentes graus de cobertura com palha de café. Observe que o solo sem cobertura apresentou uma amplitude térmica (variação entre 6 e 14h) muito maior do que para o solo coberto com mulch. Os resultados confirmam que quanto maior a cobertura com mulch, maior o isolamento proporcionado. Variação Temporal e Espacial da Temperatura do Solo Diária Varia com a profundidade. Nas camadas mais superficiais, varia de acordo com a incidência de radiação solar, tendo o valor máximo entre 12 e 14h. Em profundidades maiores, as máximas tendem a ocorrer mais tarde, assim como as mínimas. Anual Também segue a disponibilidade de energia na superfície, com valores máximos no verão e mínimos no inverno. Em profundidade, ocorre um pequeno atraso nos valores máximos e mínimos. A figura ao lado ilustra a variação anual da temperatura do solo em duas profundidades. Observe que no verão a temperatura média mensal é maior na superfície. Já no inverno, isso se inverte. Variação Temporal e Espacial da Temperatura do Solo Variação Temporal e Espacial da Temperatura do Solo Variação anual da temperatura do solo em região de clima temperado, onde, durante o inverno, o solo fica coberto com neve. Compare a figura do slide anterior com essa e observe as diferenças e as semelhanças. 5 cm 100 cm 5 cm 10 cm 5 cm 10 cm A solarização controlou significativamente a doença, no ensaio com a infestação do solo, quando foram avaliadas as porcentagens de plantas sadias de pepino e de recuperação de Pythium spp. (Tabela 4). Esses resultados estão de acordo com os de Bettiol et al. (1994), de acordo com os quais a solarização foi um eficiente método de controle do patógeno. Por outro lado, Patricio (2000) verificou que Pythium aphanidermatum não foi consistentemente controlado pela solarização, embora em alguns experimentos tenha ocorrido redução na viabilidade do patógeno nas camadas mais superficiais do solo e favorecido na profundidade de 20 cm PD - Ar PD - Es PD Tº ar a 5 cm a 15 cm a 25 cm Tº máx. SOLO % Sobrevivência Tº med. ar Tº med.ar Tº med. ar testemunha solarizada O crescimento das raízes e a sua capacidade de absorção de água e nutrientes dependem da temperatura. A temperatura ótima para o crescimento radicular depende da espécie e é inferior à temperatura ótima para o crescimento da parte aérea, dentro da mesma espécie. Enquanto que a temperatura ótima para o crescimento e funcionamento das raízes será de 20°C a 25°C para as espécies temperadas, para as espécies tropicais poderá ser de 30°C a 35°C. Abaixo de temperaturas da ordem dos 5°C a 8 °C para as espécies temperadas, e da ordem dos 10 °C a 15°C nas espécies tropicais, o crescimento das raízes é muito reduzido. No campo, a iniciação de novas raízes parece estar negativamente relacionada com a temperatura, i é, a temperatura terá um efeito na iniciação das raízes oposto àquele que tem no alongamento das raízes. Medida da Temperatura do Solo São utilizados os geotermômetros, cujo elemento sensor é o mercúrio, que tem como princípio de medida a dilatação de um líquido. Além deles pode-se utilizar outros tipos de elementos sensores, como os termopares e os termistores. Para medida padrão em estações meteorológicas os geotermômetros devem ser instalados a 2, 5, 10, 20, 40 e 100 cm de profundidade em superfície gramada ou de solo desnudo. Cálculo da Temperatura Média do Solo Estação Convencional: Tmed do Solo = (Ts7h + Ts14h + Ts21h) / 3 Estação Automática : Tmed do Solo = (∑ Tsi) / n Tsi é a temperatura do solo medida a cada intervalo de tempo e n é o total de observações feitas ao longo de um dia Estimativa da Temperatura Média Mensal do Solo Caso não se disponha de dados para determinar a temperatura média mensal de um solo, pode-se recorrer às estimativas por meio da relação da temperatura do solo com a temperatura do ar: Ts = a + b.Tar Os valores de a e b dependem do tipo de solo e também da profundidade de determinação de Ts. Veja a seguir os valores dos coeficientes para um Latossolo Roxo desnudo: Exemplos: Temperatura do ar SETREM 2014 Temperatura do ar A temperatura do ar é um dos efeitos mais importantes da radiação solar. O aquecimento da atmosfera próxima à superfície terrestre ocorre principalmente por transporte de calor, a partir do aquecimento da superfície pelos raios solares. O transporte de calor sensível (H) na atmosfera se dá por 2 processos: Condução Molecular Processo lento de troca de H, ocorrendo pelo contato entre as moléculas de ar. Assim, esse processo tem extensão espacial limitada, ficando restrito à camada limite superficial. Difusão Turbulenta Processo rápido de troca de energia, em que parcelas de ar aquecidas pela superfície entram em movimento convectivo desordenado, transportanto calor (H), vapor (LE), etc, para camadas superiores da atmosfera. Fatores Determinantes da Temperatura do Ar Os fatores determinantes da temperatura do ar são aqueles associados às três escalas dos fenômenos atmosféricos: Fatores Macroclimáticos: Relacionados à latitude, altitude, correntes oceânicas, continentalidade / oceanidade, massas de ar e frentes. Fatores Topoclimáticos: Relacionados ao relevo, mais especificamente à configuração e exposição do terreno. Fatores Microclimáticos: Relacionados à cobertura do terreno. Variação Temporal da Temperatura do Ar Diária A temperatura do ar varia basicamente em função da disponibilidade de radiação solar na superfície terrestre. O valor máximo diário da temperatura do ar ocorre normalmente de 2 a 3h após o pico de energia radiante, o que se deve ao fato da temperatura do ar ser medida a cerca de 1,5 a 2,0 m acima da superfície. Já a temperatura mínima diária ocorre de madrugada, alguns instantes antes do nascer do sol. O diagrama abaixo mostra a variação diária da temperatura do ar. Anual Também segue a disponibilidade de energia na superfície, com valores máximos no verão e mínimos no inverno. Variação Espacial da Temperatura do Ar A variabilidade espacial (horizontal) é basicamente definida pelos fatores determinantes do clima, como latitude, altitude, continentalidade, correntes oceânicas, massas de ar, etc. Os mapas mostram a variabilidade espacial das temperaturas médias do ar no Brasil, em janeiro e em julho, de acordo com as normais climatológicas de 1931-1990. Variação Espacial da Temperatura do Ar A temperatura do ar varia espacialmente também na vertical. Como tanto o aquecimento como o resfriamento do ar se dão a partir da superfície, durante o dia a tendência é da temperatura do ar ser maior próxima à superfície e menor com a altura. Já de madrugada, essa situação se inverte, sendo a temperatura menor próxima à superfície e maior com o aumento da altura. Esses gradientes verticais de temperatura são apresentados na figura a seguir. Variação Espacial da Temperatura do Ar Noite de inverno com céu limpo – favorável à inversão térmica e à ocorrência de geadas OL Noite de inverno mas com nebulosidade, sem condições para ocorrência de geadas OL OL A inversão térmica é um fenômeno meteorológico que ocorre, freqüentemente, em noites limpas e calmas, principalmente nos fundos de vales que acumulam o ar frio que desliza das encostas e das elevações por ser mais denso. Sob noites limpas e calmas, ocorre uma grande perda de energia radiativa que resfria a superfície (solo e da vegetação) e conseqüentemente o ar em contato, intensificando o fenômeno da inversão da temperatura do ar. Durante o inverno, a condição de inversão térmica pode perdurar até o meio da manhã, dificultando a dissipação de poluentes na atmosfera, determinando uma concentração de poluentes junto à superfície; fato muito importante nas grandes cidades. Tal situação é muito prejudicial, pois tende a acentuar os problemas respiratórios das pessoas. Nas nossas condições de inverno, o fenômeno da inversão pode ocorrer até uma altura (h) de 80 m, sendo típico de noites de geada radiativa. A altura da camada de inversão pode ser visualizada no início da manhã e ao final da tarde, com a identificação do topo da camada, onde se forma a neblina, ou pela formação de uma faixa mais acinzentada sob os grandes centros urbanos, devido à concentração de poluentes Quando ocorre a inversão térmica, tem-se ar mais frio junto à superfície e ar mais quente acima, justamente uma condição contrária àquela necessária para ocorrer movimento de convecção. Medida da Temperatura do Ar O padrão para a medida da temperatura do ar visa homogeneizar as condições de medida, com relação ao topo e microclima, deixando essa variável dependente unicamente das condições macroclimáticas, o que possibilita a comparação entre locais. Assim, mede-se a temperatura do ar com os sensores instalados em um abrigo meteorológico, a 1,5 – 2,0 m de altura e em área plana e gramada. Abrigos meteorológicos utilizados em estações Meteorológicas convencionais Abrigo meteorológico utilizado em estações meteorológicas automáticas Os sensores utilizados para a medida da temperatura do ar podem ser divididos conforme o princípio de medida: Dilatação de líquido: são denominados de termômetros. Os termômetros são utilizados em estações meteorológicas convencionais, onde ficam instalados dentro do abrigo meteorológico. Dois termômetros são destinados a medir as temperaturas máxima (Tmáx) e mínima (Tmín) e outros dois se destinam a medir a temperatura do bulbo seco (Ts) e do bulbo úmido (Tu), os quais constituem o conjunto psicrométrico, a ser utilizados na aula de umidade do ar Tmáx Dilatação de sólido: são denominados de termógrafos. Os termógrafos tem como elemento sensor um arco metálico, o qual se dilata e contrai com a temperatura. Essa variação de dilatação é proporcional à variação de temperatura. São utilizados em estações meteorológicas convencionais,onde ficam instalados dentro do abrigo meteorológico. Eles medem a temperatura do ar continuamente, com o registro sendo feito com uma pena sobre um diagrama. Pares termoelétricos: utilizam junções de dois metais diferentes. A diferença de temperatura entre as duas junções (uma no abrigo e outra numa temperatura de referência) gera uma força eletromotriz proporcional. Na figura ao lado vemos sondas de termopar, nas quais uma junção é o sensor e a outra junção se encontra conectada ao sistema de aquisição de dados (referência) Sondas de Termopar Termistores: constituídos de material semi-condutor, com coeficiente térmico negativo (variação da resistência com a temperatura, ou seja maior a temperatura, menor a resistência), permitindo seu acoplamento a sistemas de aquisição de dados. Ao lado vemos vários tipos de termistores e uma sonda de medida da temperatura do ar, cujo elemento sensor é um termistor. Sensor de temperatura Termistores Cálculo da Temperatura Média do Ar Estação Convencional: INMET Tmed do ar = (Ta9h + Tmáx + Tmín + 2.Ta21h) / 5 IAC Tmed do ar = (Ta7h + Ta14h + 2.Ta21h) / 4 Valores Tmed do ar = (Tmáx + Tmín) / 2 Extremos Termógrafo Tmed do ar = (∑ Tai) / 24 Tai é a temperatura do ar medida a cada intervalo de 1 hora e 24 é o total de observações feitas ao longo de um dia Estação Automática : Real Tmed do ar = (∑ Tai) / n Tai é a temperatura do ar medida a cada intervalo de tempo e n é o total de observações feitas ao longo de um dia Estimativa da Temperatura Média Mensal do Ar Caso não se disponha de dados médios mensais de temperatura do ar para um local. Esses podem ser estimados em função das coordenadas geográficas (latitude, longitude e altitude), devido à relação de dependência entre elas e a temperatura do ar: > Latitude < Temperatura média do ar > Altitude < Temperatura média do ar Longitude expressa, em alguns casos, a oceanidade/continentalidade A estimativa da temperatura média normal de um local é de extrema utilidade para a agricultura, pois muitas vezes necessita-se dos dados de temperatura para o planejamento agrícola e a única forma de obtê-los é por meio de estimativas. A estimativa da Temperatura média mensal normal é obtida com o emprego de uma regressão linear múltipla: Tmed = a + b.ALT + c.LAT + d.LONG em que: ALT = altitude, em metros; LAT = latitude e LONG = longitude, ambas em minutos (graus x 60). As letras a, b, c e d, representam os coeficientes da equação, obtidos estatisticamente. Os coeficientes da equação variam de acordo com as características de cada local e também com a época do ano. Valores desses coeficientes estão disponíveis para vários estados brasileiros, porém aqui iremos apresentar apenas aqueles relativos ao estado de São Paulo, cujo modelo leva em consideração apenas a Altitude e a Latitude: Obs: Esses coeficientes não são válidos para estimar a temperatura média no litoral do Estado de São Paulo e no Vale do Ribeira Temperatura do ar como fator agronômico Temperatura do ar como fator agronômico Os seres vivos, animais ou vegetais, requerem certas condições térmicas adequadas para seu pleno desenvolvimento, ou seja, para que seus processos metabólicos transcorram dentro da normalidade. Desenvolvimento vegetal Desenvolvimento de insetos Produção animal Temperatura do ar e Produção Animal Os animais de sangue quente (homeotermos) necessitam que a temperatura do ar e, conseqüentemente, a temperatura corporal estejam entre certos limites para que seus processos fisiológicos não sejam afetados negativamente, repercutindo no seu rendimento e na produção de carne, leite, ovos, lã, etc. A manutenção das temperaturas a níveis adequados mantém os animais saudáveis, produtivos e com maior longevidade Variável Tar = 18oC Tar = 30oC Temperatura retal (oC) 38,6 39,9 Temperatura da pele (oC) 33,3 37,9 Freqüência respiratória (resp/min) 32,0 94,0 Consumo de água (L/dia) 58,0 75,0 Produção de leite (kg/dia) 18,4 15,7 Desempenho de vacas leiteiras Holandesas em diferentes condições térmicas. Adaptado de Müller (1989) Observa-se na tabela acima que no ambiente mais quente as vacas holandesas sofrem estresse ambiental, fazendo com que aumente a temperatura corporal. A resposta do animal é no sentido de aumentar a freqüência respiratória e o consumo de água para eliminar calor corporal. Com isso, há um dispêndio de energia que resultará em redução de seu rendimento, representado pela produção de leite - cerca de 15% menor. As condições de conforte térmico para os animais são fundamentais para que esses expressem suas potencialidades. No diagrama abaixo, as diferentes zonas de conforto são apresentadas, juntamente com as condições da temperatura corporal e da produção de calor pelo metabolismo. Te m p. c or po ra l / C al or m et ab ól ic o Letal Letal Temp. Corporal Produção de calor pelo metabolismo A B CD EF Estresse por Frio Estresse por calor Temperatura do ar Zona A – Zona de conforto térmico nessa zona a produção é máxima. Zona B – Zona sub-ótima por excesso de calor inicia-se os processos de vaso- dilatação, aumento da freqüência respiratória e do consumo de água, visando a eliminar calor e manter a temperatura corporal constante. Zona C – Zona fatal (Hipertermia) perda de calor é menor que a produção de calor pelo metabolismo corporal. A temperatura corporal aumenta até se atingir a temperatura letal, na qual o animal entra em coma e morre. Zona D – Zona sub-ótima por falta de calor iniciam-se os processos de vaso- constrição, aumento da ingestão de alimento e diminuição do consumo de água, de modo a produzir calor para a manutenção da temperatura corporal constante. Zona E – Zona de deficiência térmica inicia-se o processo de tremor corporal de para aumentar a produção de calor e manter a temperatura corporal constante. Isso faz com que haja redução brusca do rendimento dos animais. Zona F – Zona fatal (Hipotermia) mesmo com o aumento da produção de calor pelo metabolismo, o animal não consegue manter a temperatura corporal constante, havendo então redução dessa temperatura e, conseqüentemente, da atividade metabólica até o animal entrar em coma. Te m p. c or po ra l / C al or m et ab ól ic o Letal Letal Temp. Corporal Produção de calor pelo metabolismo A B CD EF Estresse por Frio Estresse por calor Temperatura do ar Ganho/Perda de peso (kg/dia) de suínos submetidos a diferentes condições térmicas ambientais. Adaptado de Müller (1989). O exemplo a seguir ilustra as condições de ganho de peso de suínos submetidos a diferentes condições de conforto térmico ambiental. Observe que o ganho de peso diminui gradativamente com o aumento da temperatura até que passa a haver redução do peso, em decorrência dos processos descritos anteriormente, caracterizando condições das zonas B e C. Peso (kg) 21oC 27oC 32oC 38oC 45 0,91 0,89 0,64 0,18 90 1,01 0,76 0,40 -0,35 160 0,90 0,55 0,15 -0,15 Índice Biometeorológico de Conforto Higro-Térmico para Animais Homeotermos A importância da adequação climática do ambiente para a criação de animais reside em sua estreita ligação com a produtividade do empreendimento. O desempenho orgânico dos animais depende de sua relação com o ambiente, sendo que variações ambientais bruscas podem provocar desconforto, comprometendo a saúde e a produtividade dos animais. Os elementos climáticos que afetam o conforto animal são: temperatura, umidade, radiação solar, vento e chuva, pois interferem diretamente no balanço de energia do animal (veja figura a seguir). QS QI QE QC QM QA QD Balanço de energia de um animal homeotermo: QS = radiação solarincidente; QI = radiação emitida + refletida; QE = calor perdido pela transpiração/respiração; QC = troca térmica por convecção; QD = troca térmica por condução; QM = calor metabólico; e QA = variação efetiva do calor armazenado no corpo. Adaptado de Assis (1995). Ventiladores Ventiladores Abertura (lanternim) para saída do ar quente, por convecção Com relação às edificações para criação de animais, a temperatura e a umidade do ambiente são os principais elementos meteorológicos a interferir no conforto animal, sendo normalmente considerados em índices biometeorológicos de conforto. Um desses índices é o THI (Temperature-Humidity Index), o qual é muito útil para avaliação de ambientes quanto às condições de conforto para os animais homeotermos. Sistema Freestall O THI é dado pela seguinte expressão THI = Tar + 0,36 To + 41,2 sendo Tar = temperatura média do ar no ambiente, em oC; To = temperatura do ponto de orvalho, em oC, função da pressão parcial de vapor (ea): To = [237,3 * Log (ea/0,611)] / [7,5 – Log (ea/0,611)] ea = (UR% * es) / 100 es = 0,611 EXP [(7,5 * Tar) / (237,3 + Tar)] Portanto, para se determinar THI é necessário ter-se a temperatura e a umidade relativa do ambiente, ou então, as temperaturas do bulbo seco e do bulbo úmido, quando então determina-se ea pela equação psicrométrica. Exemplo de cálculo do THI Tar = 28oC es = 0,611 EXP [(7,5 * 28) / (237,3 + 28)] = 3,78 kPa UR = 65% ea = (65 * 3,78) / 100 = 2,46 kPa To = [237,3 * Log (2,46/0,611)] / [7,5 – Log (2,46/0,611)] = 20,8oC THI = 28 + 0,36 * 20,8 + 41,2 = 76,7 O THI deve ser qualificado para cada espécie animal de interesse econômico de modo a se determinar os níveis que correspondem à condição de desconforto ou de estresse. Para vacas leiteira de um modo geral, têm-se a seguinte classificação: THI ≤ 70 Condição de conforto THI > 72 Início da condição de desconforto THI > 90 Condição de estresse severo Efeito do ambiente, expresso em THI, na produção de leite (Produção relativa, em %) de diferentes raças de vacas. Adaptado de Tito (1998) Tar (oC) UR (%) THI Holandesa Jersey Pardo-Suíça 24 38 68 100 100 100 24 76 72 96 99 99 34 46 82 63 68 84 34 80 86 41 56 71 A tabela acima mostra como as condições ambientais afetam a produtividade dos animais. Até THI = 72, a redução de rendimento é muito pequena. Porém, acima desse valor a redução passa a ser acentuada, variando de acordo com as raças. A raça mais sensível ao estresse térmico ambiental é a holandesa, com a redução de rendimento chegando a 59%, seguida pela Jersey com 44%, e pela Pardo-Suíça (mais resistente), com apenas 29% de redução de produção. Quando as condições ambientais em edificações zootécnicas são estressantes para os animais, em dada região, deve-se lançar mão de medidas para aumento do conforto, como ventilação, aspersão/pulverização de água sobre os animais e o uso de tetos que possibilitem a eliminação do ar quente por convecção. Aberto Lanternim Sobreposto Tipos de teto Direção do vento Sistema freestall em que pode-se observar o tipo de teto (aberto) e a disposição dos ventiladores e dos asperssores Temperatura do ar e Dormência de Plantas de Clima Temperado Espécies frutíferas de clima temperado, de folhas caducas (criófilas ou caducifólias) apresentam um período de repouso invernal, durante o qual as plantas não apresentam crescimento vegetativo. Esse repouso é condicionado pelas condições climáticas, que atuam sobre os reguladores de crescimento. A temperatura do ar é o fator ambiental reconhecidamente importante no balanço hormonal das frutíferas de clima temperado, condicionando o repouso ou a dormência. Um novo ciclo vegetativo/reprodutivo será iniciado somente após as plantas sofrerem a ação das baixas temperaturas, sendo que a quantidade de frio requerida para o término do repouso é conhecida como Número de Horas de Frio (NHF). Repouso Ciclo Vegetativo/Reprodutivo Macieiras em período de dormência Macieiras em florescimento Videira em desenvolvimento vegetativo O NHF é definido como o número de horas em que a temperatura do ar permanece abaixo de determinada temperatura crítica durante certo período, durante o inverno. Essa temperatura crítica é considerada igual a 7oC por ser aplicável à maioria das espécies criófilas, mais exigentes em frio. Para as espécies menos exigentes, pode-se considerar a temperatura crítica de 13oC. Temperatura do ar e NHF 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Horário Te m p. d o ar (o C ) NHF<13oC = 17 NHF<7oC = 9 O NHF varia entre espécies e variedades, e quanto mais exigente for a espécie/variedade maior o valor de NHF, como pode-se observar no quadro abaixo: Frutífera NHF < 7oC Maçã 250 a 1.700 h Amora Preta 100 a 1.000 h Kiwi 250 a 800 h Pêssego 0 a 950 h Figo 0 a 200 h Uva 0 a 1.300 h Cereja 500 a 1.400 h Pêra 200 a 1.500 h Ameixa 300 a 1.800 h Noz Pecã 300 a 1.000 h Fonte: www.citygardening.net/chilling Caso o inverno de determinado ano ou do local de cultivo não tenha NHF suficiente para atender à exigência da espécie/variedade, poderão ocorrer as seguintes anomalias nas plantas: a) Queda de gemas frutíferas; b) Atraso e irregularidade na brotação e floração; c) Ocorrência de florescimento irregular e prolongado. O resultado dessas anomalias é a redução do rendimento e da longevidade da cultura Desse modo, antes de se implantar uma área comercial de uma frutífera de clima temperado deve-se conhecer o NHF<7oC médio normal do período de inverno do local, de modo a se avaliar a possibilidade de sucesso da cultura em função de sua exigência de frio (“chilling requirements”). Para isso, existem alguns métodos muito simples, como o apresentado por Pedro Jr. et al. (1979), para o Estado de São Paulo, em função da temperatura média mensal normal do mês de julho (Tjul): Estimativa do NHF médio normal para o Estado de São Paulo NHF<7oC = 401,9 – 21,5 Tjul NHF<13oC = 4482,9 – 231,2 Tjul Exemplo da estimativa do NHF Piracicaba, SP Tjul = 17,9oC NHF<7oC = 401,9 – 21,5 * 17,9 = 17,1 h NHF<13oC = 4482,9 – 231,2 * 17,9 = 344,4 h Exemplo de aplicação do NHF no planejamento agrícola Jundiaí Tjul = 17,1oC NHF<7oC = 401,9 – 21,5*17,1 = 34,3 h Capão Bonito Tjul = 16,2oC NHF<7oC = 401,9 – 21,5*16,2 = 53,6 h Itararé Tjul = 13,6oC NHF<7oC = 401,9 – 21,5*13,6 = 109,5 h Cpos do Jordão Tjul = 8,2oC NHF<7oC = 401,9 – 21,5 * 8,2 = 225,6 h É possível verificar, por meio desses dados, que nenhuma das localidades analisadas apresenta NHF suficiente para o cultivo da maçã, cereja e ameixa. Por outro lado, as condições de Itararé e Campos do Jordão possibilitam o cultivo de variedades de amora preta com menores exigências de NHF. Já o figo, o pêssego e a uva podem ser cultivados sem restrição, desde que se utilize as variedades que não exigem muitas horas de frio. Temperatura do ar e Desenvolvimento Vegetal Nos vegetais, a taxa das reações metabólicas é regulada basicamente pela temperatura do ar, afetando, desse modo, tanto o crescimento como o desenvolvimento das plantas. Como esses dois processos ocorrem simultaneamente, fica difícil distingui-los, porém, o desenvolvimento das plantas é regulado por essa variável meteorológica, a qual faz com que a duração das fases ou sub- períodos fenológicos e, conseqüentemente, o ciclo das culturas tenha variação inversamente proporcional a ela. Um dos primeiros estudos relacionando temperatura e desenvolvimento vegetal foi realizado por Reaumur, na França, por volta de 1735. Ele observou que o ciclo de uma mesma cultura/variedade variava entre localidades e também entre diferentes anos. Ao fazer o somatório das temperaturas do ar durante osdiferentes ciclos, ele observou que esses valores eram praticamente constantes, definindo isso como Constante Térmica da Cultura. Estádios fenológicos da cultura da batata Florescimento da cultura do café Reaumur assumiu que a Constante Térmica representa a quantidade de energia que a espécie/variedade necessita para atingir um determinado estádio fenológico ou a maturação. Esse estudo foi o precursor do Sistema de Unidades Térmicas ou Graus-Dia, amplamente utilizado atualmente para fins de planejamento agrícola. Ta xa d e de se nv ol vi m en to Temperatura do ar (oC) Tb TB 30 342610 40 Temperatura ótima Taxa de desenv. máxima O conceito dos Graus-Dia (GD) baseia- se no fato de que a taxa de desenvolvimento de uma espécie / variedade vegetal está relacionada com a temperatura do meio. Esse conceito pressupõe a existência de temperaturas basais inferior – Tb e superior – TB, respectivamente aquém e além das quais a planta não se desenvolve. Na figura ao lado pode-se observar tanto Tb como TB. Além disso, é possível ver que existe uma temperatura ótima (entre 26 e 34oC) na qual a taxa de desenvolvimento é máxima. Como normalmente Tmed < Tótima, na prática assume-se que a relação entre a temperatura e o desenvolvimento vegetal é direta e linear. Cada espécie/variedade vegetal possui suas temperaturas basais, as quais ainda podem variar em função da fase fenológica da planta. O conceito dos Graus-Dia leva em consideração apenas o efeito da temperatura do ar no desenvolvimento vegetal. Outros fatores, como deficiência hídrica, não são levados em consideração, pois dependendo da fase em que ocorre, o déficit hídrico pode levar a um retardamento ou antecipação do ciclo. Para as condições brasileiras, especialmente no Centro-Sul do Brasil, as temperaturas médias não atingem níveis tão elevados e, assim, não ultrapassam TB. Portanto, no cálculo de GD leva-se em consideração apenas a temperatura média (Tmed) e a basal inferior da cultura (Tb): a) Caso Tb < Tmin GD = (Tmed – Tb) (oC*dia) b) Caso Tb Tmin GD = (Tmax – Tb)2 / 2*(Tmax – Tmin) (oC*dia) c) Caso Tb > Tmax GD = 0 Para que a cultura atinja uma de suas fases fenológicas ou a maturação é necessário que se acumule a constante térmica (CT), que será dada pelo total de GD acumulados ao longo desse período: CT = GDi Assim como para Tb e TB, cada espécie/variedade vegetal possui suas CTs para as diferentes fases de desenvolvimento e para o ciclo total. A seguir são apresentados valores de CT e Tb para algumas culturas. Cultura Variedade/Cultivar Período/Sub-período Tb (oC) CT (oCd) Arroz IAC4440 Semeasura-Maturação 11,8 1985 Semeadura-Emergência 18,8 70 Emergência-Floração 12,8 1246 Floração-Maturação 12,5 402 Abacate Raça Antilhana Floração-Maturação 10,0 2800 Raça Guatemalense Floração-Maturação 10,0 3500 Híbridos Floração-Maturação 10,0 4200 Feijão Carioca 80 Emergência-Floração 3,0 813 Girassol Contisol 621 Semeadura-Maturação 4,0 1715 IAC-Anhady Semeadura-Maturação 5,0 1740 Milho Irrigado AG510 Semeadura-Flor.Masculino 10,0 800 BR201 Semeadura-Flor.Masculino 10,0 834 BR106 Semeadura-Flor.Masculino 10,0 851 DINA170 Semeadura-Flor.Masculino 10,0 884 Soja UFV-1 Semeadura-Maturação 14,0 1340 Paraná Semeadura-Maturação 14,0 1030 Viçoja Semeadura-Maturação 14,0 1230 Cafeeiro Mundo Novo Florescimento-Maturação 11,0 2642 Videira Niagara Rosada Poda-Maturação 10,0 1550 Itáli/Rubi Poda-Maturação 10,0 1990 Determinação de Tb e de CT A determinação de Tb e de CT requer experimentação de campo, de modo a submeter a cultura a diferentes condições de temperatura, fazendo com que o ciclo varie. De posse dos dados do número de dias do ciclo e das temperaturas médias ao longo do ciclo, elabora-se os seguintes gráficos: C ic lo (d ia s) Temperatura do ar (oC) 302010 40 D es en vo lv im en to R el at iv o (D R ) Temperatura do ar (oC)Tb 302010 40 DR = 100/Ciclo 0 DR = a + b*Tmed Quando DR = 0 Tmed = Tb Assim, Tb pode ser calculada por: Tb = -a/b Sabendo-se Tb, calcula-se o GD acumulado (GDA) para cada ciclo GDA = (Tmed – Tb) * Ciclo Com os diferentes valores de GDA, determina-se CT CT = GDA/n (n= no de ciclos utilizados) Aplicações práticas do sistema dos Graus-dia Planejamento de Colheita: sabendo-se a data de semeadura, poda ou florescimento da cultura, determina-se a data provável de colheita. Local: Jundiaí, SP - Cultura: Uva Niagara rosada (CT = 1550oCd e Tb = 10oC) - Poda: 15/07 Mês Dias Tmed GDi GD mês GD ciclo Jul 16 17,1 7,1 113,6 113,6 Ago 31 18,6 8,6 266,6 380,2 Set 30 19,7 9,7 291,0 671,2 Out 31 21,3 11,3 350,3 1021,5 Nov 30 22,4 12,4 372,0 1393,5 Dez 13 23,0 13,0 169,0 1562,5 1550 – 1393,5 = 156,5 / 13 13 dias Portanto, a data de colheita se dará em 13/Dez Aplicações práticas do sistema dos Graus-dia Planejamento de Semeadura/Poda: sabendo-se a data que se deseja realizar a colheita, determina-se a data recomendável de semeadura ou poda. Local: Ribeirão Preto, SP - Cultura: Soja Viçoja (CT = 1230oCd e Tb = 14oC) - Colheita: 15/03 Mês Dias Tmed GDi GD mês GD ciclo Mar 15 24,1 10,1 151,5 151,5 Fev 28 24,4 10,4 291,2 442,7 Jan 31 24,1 10,1 313,1 755,8 Dez 31 23,7 9,7 300,7 1056,5 Nov 18 23,7 9,7 174,6 1231,1 1230 – 1056,5 = 173,5 / 9,7 18 dias Portanto, a data de semeadura deverá ser feita em 12/Nov Aplicações práticas do sistema dos Graus-dia Escolha da melhor variedade para a região: sabendo-se que a duração ideal da fase semeadura-florescimento masculino do milho é de cerca de 60 dias, pode-se determinar qual o melhor híbrido a ser semeado na região para dada época de semeadura. Local: Gália, SP - Cultura: Milho - Híbridos: AG510 (CT = 800oCd e Tb = 10oC) e DINA170 (CT = 884oCd e Tb = 10oC) – Semeadura: 01/11 Mês Dias Tmed GDi GD mês GD ciclo Nov 29 23,5 13,5 391,5 391,5 Dez 31 23,8 13,8 427,8 819,3 Jan 5 24,5 14,5 72,5 891,8 Mês Dias Tmed GDi GD mês GD ciclo Nov 29 23,5 13,5 391,5 391,5 Dez 30 23,8 13,8 414,0 805,5 AG510 DINA170 800 – 391,5 = 408,5 / 13,8 30 dias Duração da fase = 59 dias 884 – 819,3 = 64,7 / 14,5 5 dias Duração da fase = 65 dias Portanto, o melhor híbrido é o AG510, com duração da fase de 59 dias, valor mais próximo dos 60 dias. Mapas de graus-dia para a estação de crescimento em regiões de clima temperado Província de Ontário, Canadá Estado de Winsconsin, EUA Temperatura do ar e Desenvolvimento de Insetos OVO ADULTO Ciclo de desenvolvimento da Cigarrinha A temperatura do ar afeta os insetos direta e indiretamente. Diretamente, influindo no seu desenvolvimento, já que a temperatura ambiente regula o metabolismo deles, existindo, assim, uma relação direta entre temperatura e taxa de desenvolvimento dos insetos e uma relação inversa entre temperatura e duração do ciclo de desenvolvimento da praga. Indiretamente, porque a temperatura do ar afeta a disponibilidade de alimento, devido a seu efeito no crescimento e desenvolvimento dos vegetais. CONCEITO DE GRAUS-DIA Assim como para os vegetais, o conceito dos graus-dia também pode ser aplicado ao desenvolvimento dos insetos, já que todo inseto requer uma certa quantidade constante de energia, expressa em termos da temperatura do ar, para completar seu ciclo de desenvolvimento. Isso apenas não é válido para pragas que tem boa parte de seu ciclo no interior do solo, onde a temperatura varia pouco. Ta xa d e de se nv ol vi m en to Temperatura do ar (oC) Tb TB 30 342610 40 Temperatura ótima TLetal TLetal Zo na d e hi be rn aç ão Zo na d e es tiv aç ão re ve rs ív el Como os insetosnão produzem calor metabólico, eles dependem da temperatura do ambiente para regular suas taxas de desenvolvimento. Assim existem temperaturas basais inferior e superior, respectivamente, aquém e além das quais os insetos paralisam seu desenvolvimento. Isso explica porque é mais comum vermos revoadas de insetos no verão. Isso não ocorre no inverno. Abaixo da temperatura basal inferior têm-se a Zona de Hibernação. Acima da temperatura basal superior a Zona de Estivação Reversível. Além dessas zonas, atinge-se as temperaturas letais para os insetos. Como normalmente Tmed < Tótima, na prática assume-se que a relação entre a temperatura e o desenvolvimento dos insetos é praticamente linear. Portanto, no cálculo de GD leva-se em consideração apenas a temperatura média (Tmed) e a basal inferior da cultura (Tb): Caso Tb < Tmin GD = (Tmed – Tb) (oC*dia) Caso Tb Tmin GD = (Tmax – Tb)2 / 2*(Tmax – Tmin) (oC*dia) Caso Tb > Tmax GD = 0 A determinação de Tb e de CT dos insetos requer experimentação em laboratório, onde determinada praga é submetida a diferentes condições térmicas. Mede-se então a duração do ciclo dessa praga, desde a estádio de Ovo até o estádio Adulto. Com isso, determina-se CT. A Tb será aquela em que o inseto não apresenta desenvolvimento. Aplicação do conceito dos Graus-dia para o desenvolvimento de insetos Tb e de CT para algumas pragas Praga Tb (oC) CT (oCd) Cochonilha 13,0 420 Broca do café 15,0 240 Mosca das frutas 13,5 250 As informações de Tb e CT possibilitam se determinar a duração do ciclo da praga e diferentes localidades e épocas, assim como o número de gerações da praga. Essas informações são de extrema importância no manejo integrado de pragas. Aplicações práticas do sistema dos Graus-dia Determinação do número de gerações de uma praga em diferentes regiões: sabendo-se a Tmed anual das localidades abaixo, pode-se determinar a duração média do ciclo da praga ao longo do ano e com isso o número de gerações. Essa informação é fundamental e estratégica para a adoção de práticas de controle. Praga: Broca do Café (CT = 240oCd e Tb = 15oC) Locais: Ribeirão Preto, SP, Barra, BA e Maringá, PR Ribeirão Preto, SP (Tmed = 22,4oC) Ciclo = 240 / (22,4 – 15) = 32,4 dias Gerações = 365 / 32,4 = 11,25 Barra, BA (Tmed = 25,5oC) Ciclo = 240 / (25,5 – 15) = 22,9 dias Gerações = 365 / 22,9 = 15,94 Maringá, PR ( Tmed = 16,4oC) Ciclo = 240 / (16,4 – 15) = 171,4 dias Gerações = 365 / 171,4 = 2,1 Observa-se assim, que em Maringá o risco de ocorrência da praga é mínimo, enquanto que em Barra e em Ribeirão Preto estratégias de controle deverão ser adotadas.
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