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Modalidades de textos e sua aplicação no português Florense

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MODALIDADES DE TEXTO E SUA APLICAÇÃO NO PORTUGUÊS FORENSE
Modalidades de texto
Os textos podem ser classificados e divididos por sua 'organização discursiva', isto é, pela forma característica como a ideia é organizada.
Esses 'modos discursivos' podem estar presentes em vários tipos de texto e normalmente se mesclam. Segue uma breve conceituação de cada um deles:
 1. Narração: apresenta episódios e acontecimentos costurados por uma evolução cronológica das ações. Essas ações são vistas sob determinada lógica e constróem uma história, que nos é dada por um narrador.
	2. Descrição: é um discurso que apresenta, de um ponto de vista ou 	foco, objetos, paisagens, lugares, ambientes, personagens e seus 	estados emocionais.
	3. Dissertação: quando um texto apresenta ou explica ideias, 	esclarecendo-as, organizando-as, sem, entretanto, tomar uma posição 	em relação a elas, estamos diante de uma exposição.
Por exemplo:
	A era clássica do liberalismo coincidiu com a formação das nações. No 		século XIX, falar em capitalismo significava falar em unidades nacionais 	onde o Estado-Nação desempenhava inúmeras funções econômicas.
	4. Argumentação: são apresentadas ideias e fatos que sustentam um 	ponto de vista acerca de determinada questão. Argumentar consiste em 	provar, demonstrar ou defender uma visão particular sobre determinado 	assunto. Por exemplo:
	A sedução do petróleo se deve a três facilidades: é o combustível mais 	limpo (se comparado ao carvão mineral, por exemplo), é o mais barato 	(pudera, é insumo de origem colonial) e é de fácil transporte. Em 1950, o 	consumo era de 10 milhões de barris/dia. Em 1990, chegou a 65 milhões 	de barris/dia.
NARRAÇÃO
	A narração é um dos movimentos de linguagem mais usados pelo profissional do direito. Seja na petição inicial, na denúncia ou na reclamação trabalhista, a estrutura narrativa encontra-se presente e coloca-se como o fio condutor da articulação da mensagem ao destinatário.
Confira um exemplo de estrutura narrativa:
W. S., brasileira, empresária (...), residente e domiciliada nesta cidade {...), por seu procurador adiante assinado, com escritório nesta cidade, vem expor e requere a V. Exa. o seguinte:
1 - 0 companheiro da requerente. P. 5.. há cerca de 1 ano foi diagnosticado com um tumor na laringe e por recomendação médica, iniciou um processo de radioterapia aliado à quimioterapia.
2- No início, esse processo surtiu efeito, mas. depois de 6 meses, foi constado o aumento do tumor, fazendo com que as sessões referidas acima tivessem sua dosagem aumentada.
3- Após intensivo tratamento, a equipe médica verificou que as faculdades mentais do paciente ficaram afetadas, o que o impossibilitou de gerir seus negócios e de reger sua própria pessoa.
4-Em face do exposto, e nos termos dos art. 1.177 e seguintes do CPC, a requerente quer promover sua interdição, para que, verificada sua incapacidade, seja-lhe nomeada como curadora a própria suplicante, ex vi da disposto no art. 1.775 do Código Civil'
Características da narração
Pode-se perceber que:
1. a estrutura narrativa tem como finalidade última situar o interlocutor nos acontecimentos que ensejaram a ação;
2. a narrativa, no discurso forense, ocorre sempre na 3a pessoa, uma vez que o advogado está representando seu cliente;
3. os verbos relativos às circunstâncias narradas estão no pretérito perfeito do modo indicativo, pois quando ocorre o relato a ação já se desencadeou;
4. a obediência à sequência temporal é de suma importância, pois é garantidora de que a narrativa chegue logicamente a uma conclusão.
O profissional do direito não deve olvidar-se de que as circunstâncias narrativas expressas têm a intenção de justificar o ajuizamento da demanda. Portanto, a narrativa deve privilegiar a precisão e a objetividade, culminando em um fecho lógico, a fim de evitar o argumento da inépcia.
Elementos narrativos
Para orientar a redação de estruturas narrativas, convém ater-se a seus elementos precípuos:
1. Quem: as pessoas que participam do fato jurídico.
2. O quê: apresentação clara dos fatos que direcionam a história.
3. Quando: o momento em que aconteceram, as circunstâncias relatadas (tempo).
4. Onde: localização dos eventos narrados (espaço).
5. Como: modo como se desenvolveram as circunstâncias, apresentadas em uma sequência cronológica ou lógica.
6. Por que: a razão que ocasionou os fatos narrados.
7. Por isso: a consequência lógica.
Veja, a seguir, o exemplo analisado de uma petição e suas partes narrativas:
Empresa (...), pessoa jurídica de direito privado (...), por seu advogado infra-assinado. pessoa que receberá as notificações vindouras (...), com base nos artigos 890 a 900 do CPC e 769 da CLT, vem ajuizar:
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
Em face de X, brasileiro, casado, contador (.,.), pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a aduzir:
O consignatário foi admitido aos quadros da consignante em 10/4/2007 para exercer a função de contador, tendo sido dispensando sem justa causa em 10/7/2007, mediante aviso prévio trabalhado. Recebia por último RS 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) mensais.
Designadas data e hora para homologação da ruptura, o consignatário negou-se a receber seu crédito alegando que estava incorretamente calculado, algo que não corresponde à realidade.
A consignante ainda tentou demonstrar ao consignatário a regularidade dos cálculos o que, inclusive, foi confirmado pelo homologador do sindicato dos empregados. Ainda assim o consignatário não restou convencido.
Para afastar a sua mora e obter quitação da obrigação, a autora vem através desta medida requerer a consignação dos títulos e valores abaixo discriminados, retirados do TRCT juntado neste petitório:
(...)
A consignante apresenta em anexo documento comprobatório do depósito da multa de 40% sobre o FGTS, guias para saque do FGTS e formulários do seguro-desemprego.
Informa, por derradeiro, que a anotação de dispensa na carteira profissional do consignatário já foi efetuada.
Em assim sendo, requer a citação do consignatário para em dia e hora designado por este Juízo vir receber o que lhe pertence devendo, de qualquer sorte, ao seu final, ser julgado procedente o pedido, conferindo-se quitação judicial e eficácia liberatória em relação a obrigação do ex-empregador.
Requer a produção de provas documental, testemunhal e depoimento pessoal do consignatário, sob pena de confissão.2
Verifique os elementos desta narrativa:
1. Quem: as pessoas que participam do fato jurídico — empregado e empregador.
2. O quê: a dispensa do empregado sem justa causa.
3. Quando: a tentativa de homologação do distrato.
4. Onde: no sindicato de classe.
5. Como: a negativa do empregado, mesmo sendo o valor ofertado correto, pois os cálculos foram conferidos pelo homologador.
6. Por que: a razão que ocasionou os fatos narrados - capricho do empregado em não aceitar receber o que lhe é devido.
7. Por isso: a necessidade do ajuizamento da ação consignatória para a empresa obter quitação judicial.
Descrição
De acordo com os professores Rocha Lima e Raimundo Barbadinho Neto, a descrição é "uma espécie de pintura por palavras, a representação verbal da sequência de aspectos sob os quais evocamos ou imaginamos seres e ambiente".3
Para efetuar uma descrição devemos, sobretudo, observar.
 Descrever é a reprodução verbal de uma realidade, extraída da percepção sensorial.
Há quatro tipos de descrição:
1. de ser animado ou inanimado;
2. de interior;
3. de paisagem;
4. de cena.
Descrição objettva e descrição subjetiva
Importante ressaltar que há uma descrição técnica, objetiva, e uma descrição literária. Enquanto na primeira a intenção é a de apresentar cientificamente um ser ou uma cena, na última deseja-se influenciar o leitor. Consequentemente, na descrição técnica, o vocabulário utilizado é o denotativo. Já na descrição literária ocorre o predomínio de impressões subjetivas, com vocabulário conotativo.O profissional do direito deve perceber a necessidade, em suas peças, da utilização de uma ou de outra técnica de descrição. Em alguns momentos, ela há de ser impessoal, enquanto, em outros, a força da persuasão se impõe, com a utilização de maior quantidade de adjetivos que conduzem julgamentos subjetivos. Veja exemplos a seguir:
Fique registrada a completa inocência do rapaz, que, com {9 anos, é trabalhador e estudante, bom moço, como demonstram os documentos anexos.4 (Descrição subjetiva de pessoa, em que os adjetivos configuram juízos de valor.)
Os requerentes possuem (..,), nesta cidade, uma casa onde residem, e cujo terreno confronta e divide, petos fundos, com o do Sr. A. 5.5 (Descrição de espaço, com cunho objetivo.)
Características da linguagem descritiva
É característica dessa modalidade de texto a utilização de:
1. verbos que designam estado (ser, parecer, ficar, permanecer, continuar etc.);
2. verbos no pretérito imperfeito do modo indicativo;
3. adjetivos e locuções adjetivas.
Por exemplo:
"Vestida de preto, tesa e imóvel à cabeceira da mesa, com seu penteado severo, seu ar calmo, parecia um retrato antigo. Tinha a pele cor de marfim velho e um quê de veludoso nos olhos e pálpebras pisadas, circundados de olheiras arroxeadas. Sua voz era velada. Os gestos, mansos."6 (Os verbos do texto são 'parecia', 'tinha' e 'era'; e seus adjetivos e locuções adjetivas são 'de preto', 'tesa', 'imóvel', 'severo', 'calmo', 'antigo', 'cor de marfim velho', 'de veludoso', 'pisadas', 'arroxeadas', 'velada' e 'mansos'.)
Finalidades do texto descritivo 
São três as finalidades do texto descritivo:
1. identificar;
2. localizar;
3. qualificar.
É importante perceber que um trecho descritivo pode estar inserido em outro tipo de texto cuja finalidade ultrapassa a do mero descrever. Assim, em muitas peças processuais, a descrição é empregada para imprimir características específicas à narração, fortalecendo o texto narrativo.
Dicas para um bom estilo descritivo
Quem descreve deve procurar fazer com que seu estilo:
1. seja vivo. rápido e claro, com parágrafos curtos e concisos;
2. seja atual - as descrições lentas, morosas, próprias de épocas passadas, cansam e aborrecem;
3. seja direto, objetivo - evite o estilo oratório;
4. evite frases frouxas explicativas;
5. não empregue muitas palavras, quando poucas bastam - não seja prolixo.
Dissertação
Dissertar é expor um ponto de vista sobre um determinado assunto. Seu foco são as ideias, diferentemente da narração, cujo foco são os fatos, ou da descrição, em que se retraíam imagens. Na dissertação, analisam-se, explicam-se e interpretam-se opiniões. Portanto, todo texto dissertatívo trabalha com temas, postulando uma tese.
Recomendações iniciais
Para escrever uma boa dissertação, os seguintes elementos são necessários:
1. Familiarização com o tema: pesquisa em obras especializadas, jornais, revistas etc.
2. Espírito reflexivo: é a busca da verdade pela análise dos fatos, procurando explicá-los, prová-los ou rejeitá-los.
3. Método de exposição: consiste na busca das ideias propostas e ordenamento, de acordo com um plano (introdução, desenvolvimento e conclusão).
4. Imaginação: imaginar é ver bem uma ideia, representá-la como algo vivo, para depois dar a ela forma.
5. Cultura geral: é hoje considerada informação.
Diferença entre dissertação e argumentação
Muitos autores afirmam haver distinção entre dissertação e argumentação, pois nesta encontra-se o objetivo precípuo de efetuar o convencimento das ideias expostas. Sobre isso, são sábias as palavras dos professores Rocha Lima e Barbadinho sobre o assunto:
	Embora toda dissertação se reduza a uma exposição de opiniões, havemos de 	distinguir nela dois grandes rumos, segundo o seu propósito maior.
	Com efeito. pode ser seu objetivo procurar convencer alguém de alguma coisa, 	buscando influir no ânimo do leitor por meio de argumentos, provas etc. ou ter 	simplesmente por finalidade dar a conhecer, ou a explicar, certo modo de ver qualquer 	questão.
	É bem verdade que, manifestando nossa maneira de apreciar um assunto, sempre 	estaremos - ainda que implicitamente - a tomar posição diante dele; porém, sem a 	intenção expressa de criar debate, pela refutação de razões contrárias às nossas.7
De acordo, então, com o que acabamos de ler, podemos afirmar que a distinção entre um texto dissertativo e um argumentativo decorrerá da intenção. Denominaremos um de 'dissertação expositíva' e o outro de 'dissertação argumentativa'.
Na dissertação expositiva a intenção do autor é expor determinado assunto ou opinião. Já na dissertação argumentativa, o redator busca convencer o leitor de seu ponto de vista. Para tal fim, necessita utilizar técnicas específicas de persuasão, as quais serão analisadas mais adiante.
A DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA E O DISCURSO JURÍDICO
A partir do que foi exposto anteriormente, já que estamos tratando neste livro do discurso forense, temos como conclusão lógica que a dissertação argumentativa corresponde à própria natureza do discurso jurídico, pois, para atingir sua finalidade, não basta ao profissional do direito examinar com distanciamento o assunto em foco. Mais do que isso, ele necessita empenhar-se na argumentação, utilizando-se de toda a sorte de recursos retóricos para atingir seu intento.
Estrutura da dissertação argumentativa
Assim como todo texto bem redigido, a dissertação argumentativa deve primar por uma estrutura que ofereça ao leitor um acompanhamento da opinião defendida. Por isso, é mister conceber o texto com uma estrutura que comporte uma introdução da ideia, seu posterior desenvolvimento e, finalmente, a conclusão.
Com relação à introdução, veremos no texto a apresentação do ponto de vista ou da ideia a ser defendida. Na petição inicial, por exemplo, o juiz é situado diante dos fatos Jurídicos, além de o autor oferecer uma contextualização dos acontecimentos.
No desenvolvimento, há a explanação do ponto de vista ou da ideia e indicam-se os elementos que servem para defender o tema apresentado. No discurso forense, apresentam-se doutrinas, fundamentações, evidências, testemunhos etc.
Na etapa relativa à conclusão, o autor encerra de forma lógica a ideia principal. Na petição inicial vemos, além da conclusão lógica, a formulação do pedido ao juiz.
Veja um exemplo de dissertação argumentativa:
"Justifica-se o litisconsórcio passivo porque a 2a ré foi tomadora dos serviços prestados pelo reclamante, na medida em que a labuta desenvolveu-se, durante todo o período, nas instalações do Hospital (...).
"Então, com sustentáculo na Súmula 331 do TST, tendo havido terceirização dos serviços, a 2a ré, na condição de tomadora, responderá de forma subsidiária pela reparação das lesões adiante expostas.
"HISTÓRICO FUNCIONAL
"O autor foi empregado da 1ª ré de 2/2/2000 a 31/3/2005, oportunidade na qual o contrato entre as rés foi rompido, recebendo por último o salário de R$ 1.436,27.
"DA FALSA CONDIÇÃO DE COOPERATIVADO
"O autor era, formalmente, rotulado como cooperativado, mas a dinâmica da relação mantida revela que jamais ocorreu tal pacto, sendo caso de reconhecer-se a sua ilegalidade.
"Senão, veja-se: o reclamante era subordinado a servidores públicos do hospital no qual labutava e recebia ordens do chefe do setor de informática do hospital ou do Diretor daquela área.
"Era obrigado a consignar horárias em folhas de ponto, ainda que não fidedignas, mas que demonstram o total e efetivo controle de seu trabalho, o que não se adequa à situação de cooperativismo.
"Na verdade, quando o autor foi encaminhado à 1a ré, estava em busca de emprego, mas não é isso que a cooperativa, filosoficamente, busca alcançar.
"No Brasil, depois de muitas experiências, na prática e na legislação, foi instituída a Política Nacional de Cooperativismo, que compreende a atividade decorrente de iniciativas ligadas ao sistema cooperativo originárias de setor público ou privado, isoladasou coordenadas entre si, desde que reconhecido seu interesse público.
"É o que está na Lei 5.764, de 16/12/71 que define, claramente, ser a cooperativa uma 'sociedade de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeita à falência, constituídas para prestar serviços aos associados', ou em regime de reciprocidade.
"Como o resultado da affectio societatis está em função do intuitu personae, a cooperativa gira em tomo das pessoas que a compõem.
"Daí ser dupla a participação do cooperado: como associado e como usuário dos serviços da sociedade.
"A união, a defesa dos interesses comuns e a mútua assistência constituem os pilares básicos do cooperativismo.
"As pessoas que celebram um contrato de sociedade cooperativa almejam desenvolver uma atividade econômica, de proveito comum, comprometendo-se, para tanto, a contribuir com bens ou serviços, sem objetivo de lucro.
"Em uma cooperativa típica, os associados visualizam um objetivo, que é comum a todos, e trabalham em favor desse escopo. Por isso, não são empregados da entidade. São, isto sim, os donos do negócio.
"No entanto, quando essa entidade é utilizada para colocar mão-de-obra à disposição de empresas, em substituição à classe de empregados, surge o problema, pois desnatura-se o instituto, transformando o Direito do Trabalho em direito renunciável, o que inviabiliza a sua aplicabilidade.
"Ora, nestes casos de absoluto desvirtuamento do espírito e da letra da Lei das cooperativas, não há como se pretender aplicar o parágrafo único do artigo 442 da CIX que deve ser interpretado segundo o prescrito no seu artigo 9º, que considera nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos nela contidos.
"O cooperativismo não visa a excelência das empresas, mas à reunião voluntária de pessoas, que juntam seus esforços e suas economias, para concretização de um objetivo comum — objetivo delas e não de nenhuma empresa.
"Não pode a cooperativa, deste modo, ser utilizada para substituição da mão-de-obra interna das empresas.
"Mas é o que ocorreu no caso vertente.
"Pergunta-se: que autonomia o autor, como técnico em rede, trabalhando nas instalações da 2ª ré e dela recebendo ordens, tendo horário pré-determinado de entrada, saída e intervalo, poderia ter?
"Responde-se: absolutamente nenhuma.
"É gritante que a cooperativa que limitou-se a disponibilizar pessoal para prestação de serviços em favor da 2â acionada, sendo inegável traficante de mão-de-obra.
"Irrefutável, pois, a tese de que havia subordinação e pessoalidade, a afastar totalmente a figura de cooperativado, que só existia no pape! para tentar enganar o trabalhador, o juiz e a fiscalização."8
Elaboração da dissertação argumentativa
A dissertação exige, por princípio, de seu redator, uma bagagem de conhecimento sobre o assunto a ser examinado. Ninguém consegue expor uma ideia sem antes se alicerçar de informações acerca do tema. Muitas vezes, pensa-se conhecer um assunto e, quando da colocação dele no papel, verifica-se uma enxurrada de frases feitas, ideias desconexas e formulações carentes de consistência, que não resistem a menor análise.
Então, como primeiro passo, recomendamos uma listagem de ideias, mesmo que algumas delas sejam posteriormente descartadas. 0 fundamental nessa primeira etapa é cercar-se de conhecimentos sobre o assunto.
Segundo passo: deve-se trabalhar, como recomendamos no capítulo 5, a clareza do texto, a seleção das ideias principais, o discernimento das secundárias e o descarte das ideias que podemos denominar de 'terciárias'.
Primeiro, destacaremos em nossa listagem as ideias que realçam o ponto de vista que desejamos defender. Agregamos a estas, quando for o caso, argumentos, tais como citação de exemplos, definições, contrastes e testemunhos de autoridade.
Depois, prepararemos o plano do desenvolvimento. Toda organização pressupõe uma ordem, seja ela lógica, cronológica, indutiva, do particular para o geral, seja dedutiva, do geral para o particular. O que importa é saber organizar as ideias de forma coerente.
Por fim, para elaborarmos o fecho, retomaremos, de maneira concisa, o que foi defendido no desenvolvimento. Note que a conclusão é o encerramento da ideia principal.
Linguagem da dissertação argumentativa
Na elaboração de uma dissertação argumentativa, deve-se:
evitar palavras abstratas;
usar formas verbais precisas, do tipo 'afirmamos' (em vez de 'podemos dizer' ou 'penso');
3. utilizar expressões que ressaltam o ponto de vista do redator, como 'cumpre' ou 'é preciso';
4. fazer uso de períodos subordinados, em que as ideias têm vínculos mais complexos, como as de causa e consequência.
Principais elementos da argumentação
No discurso forense, a argumentação está sempre presente, pois o conflito entre as partes contrárias exige uma sustentação lógica que, por sua vez, será analisada pelo juiz, o qual também terá que fundamentar sua decisão.
Os principais elementos da argumentação são consistência de raciocínio (firmeza) e evidência das provas (fatos).
Etapas do plano-padrão da argumentação formal
Uma argumentação formal, segue basicamente o seguinte esquema:
1. Proposição.
2. Análise da proposição.
3. Formulação dos argumentos (com evidência):
a) fatos (comprovados);
b) exemplos;
c) ilustrações;
d) dados estatísticos;
e) testemunho autorizado (é a opinião de figura consagrada no meio técnico-jurídi-co) —jurista, doutrinador teórico.
4. Conclusão.
Notas
1 A identidade e os dados dos envolvidos foram intencionalmente preservados no exemplo.
2 A identidade e os dados dos envolvidos foram intencionalmente preservados no exemplo.
3 Rocha Lima e Raimundo Barbadinho Neto, Manual de redação, Rio de Janeiro: Fename, I9S2, p. 111.
4 Petição de habeas corpus.
5 A identidade e os dados dos envolvidos foram intencionalmente preservados no exemplo.
Érico Veríssimo, em O resto é silêncio, apud. Rocha Lima e Raimundo Barbadinho Neto, Manual de redação. Rio de Janeiro: Fename, 1982, p. 112. Rocha Lima e Raimundo Barbadinho Neto, Manual de redação. Rio de Janeiro: Fename, 1982, p. 122.
Jorge Luiz Souto Maior, Revista Síntese Trabalhista, ano VII, nf 81. Porto Alegre: Síntese Ltda, mar. 1996, p. 25.
Referência:
GOLD, Miriam. Português instrumental para curso de direito: como elaborar textos jurídicos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

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