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ARTIGO FAESPI

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UM RETRATO CRÍTICO SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA DE EDUCADORES
Márcia Santos Cavalcante[1: Pós- graduanda em Supervisão e Docência Superior pela FAESPI. Graduada em Pedagogia pela UFPI.]
RESUMO
O presente artigo procura retratar a realidade da formação continuada de professores na rede pública de ensino, na cidade de Teresina-PI, suas implicações, seus programas e dificuldades. Tendo como objetivo principal, avaliar se o educador vai para a sala de aula preparado para enfrentar os desafios da prática pedagógica, além de verificar o suporte oferecido pela Direção e Supervisão a este profissional, através das práticas educacionais adotadas e de desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. A metodologia adotada partiu de observações nas escolas públicas, com o uso de questionários com os professores, tendo em vista, construir uma relação com o que foi observado e as impressões e expectativas dos mesmos quanto à prática da formação continuada, tão importante e necessária não somente para minimizar as lacunas da formação inicial, mas sendo a escola um lugar privilegiado de formação e socialização de saberes entre os professores, no qual se atualizam e se desenvolvem saberes e conhecimentos docentes e se realizam trocas de experiências entre pares. Então, qual seria o melhor método para preparar o professor para enfrentar as dificuldades em sala de aula?
	PALAVRAS-CHAVE: Formação Continuada. Práticas Educacionais. Processo Ensino- Aprendizagem. Docência.
Introdução
		A formação permanente do professor não pode ser entendida como complemento da formação inicial, mas sim como um meio de adquirir novos conhecimentos e habilidades necessários ao desenvolvimento profissional, satisfação pessoal num contexto de socialização.
Há algumas décadas, acreditava-se que, quando terminada a graduação, o profissional estaria apto para atuar na sua área o resto da vida. Hoje a realidade é diferente, principalmente para o profissional docente. Este deve estar consciente de que sua formação é permanente, e é integrado no seu dia-a-dia nas escolas.
Atualmente, vive-se em tempo de mudanças profundas, de contestações, de ressignificações buscando novos sentidos e novas práticas. Práticas estas que se tornem mais próximas da contingência histórica da condição humana e que possa contribuir para reconstrução do conhecimento novo no atual contexto.
A análise de 71 currículos de cursos oferecidos por instituições de ensino públicas e particulares de todo o Brasil aponta para um descompasso preocupante entre o que as faculdades de Pedagogia oferecem aos futuros professores e a realidade encontrada por eles nas escolas. (NOVA ESCOLA, out.2008).
As universidades parecem não se interessar pela realidade das escolas, sobretudo as públicas, nem julgar necessário que seus estudantes se preparem para atuar nesse espaço.
No Brasil, grande parte de carga de matérias da Pedagogia- 42% do total- é voltada para o funcionamento dos sistemas educacionais e os fundamentos da Educação. Uma boa base teórica em humanidades é fundamental, mas não o suficiente. (IDEM)
A prática em sala de aula está em segundo plano no currículo. Essa distância da realidade escolar se evidencia na análise das ementas dos cursos de Pedagogia na pesquisa: apenas 8% delas citam a palavra “ESCOLA”.
Mais ausentes ainda das faculdades de Pedagogia estão as didáticas específicas: saberes que tratam da interação entre professor, aluno e objeto de estudo, ou seja, as relações de ensino e aprendizagem de cada conteúdo para cada faixa etária.
A proposta é que, pela reflexão, se abram novos caminhos para a prática docente e se evite a simples reprodução do modo de ensinar conhecido na infância e na universidade.
Se a ênfase da graduação não está na prática profissional, ao menos nos estágios obrigatórios os futuros mestres poderiam se ver inseridos no ambiente escolar. Propostas consistentes de estágio, porém, ainda não estão presentes no curso. Hoje, a lei manda que o estudante de Pedagogia cumpra no mínimo 300 horas de estágio em instituições de ensino: nada mais fica claro sobre como deve ser essa experiência fundamental para o educador.
Para enfim vivenciar como profissional a realidade da rede pública de ensino, o formado em Pedagogia muitas vezes presta concurso público. O ideal seria que os concursos trouxessem questões mais relacionadas á sala de aula, criando uma demanda para as próprias faculdades de Pedagogia. 
Uma boa Graduação de pedagogia teria: (IDEM)
Valorizar as didáticas específicas;
Promover estágios supervisionados;
Ensinar a planejar, avaliar e registrar; e
Contemplar os segmentos de ensino.
A formação continuada tem a função de proporcionar ao professor a atualização com as mais recentes pesquisas sobre as didáticas das diversas áreas, além de reflexão sobre a prática.
No entanto, em virtude da deficiência da formação inicial dos professores, em muitas dessas ações é necessário abordar temas que já deveriam ter sido aprendidos na universidade.
O problema não para por aí. Sem critérios bem definidos para a implementação dos programas, acabam sendo oferecidos, a título de formação continuada, cursops de curta duração, palestras e seminários que não têm o poder de acompanhar a evolução do professor nem de mudar a forma como ele trabalha.
Os programas, portanto, não podem se basear somente em fundamentos, como História e Sociologia da Educação ou Desenvolvimento Infantil – que, aliás, já foram vistos na universidade e não fazem diferença para quem à frente uma sala com mais de 30 crianças a serem alfabetizadas, por exemplo.
Analisar constantemente a evolução dos educadores e envolver a equipe completa de cada escola nos programas. Designar somente alguns membros para participar com a tarefa de serem multiplicadores nem sempre dá certo, já que formar outros docentes também é uma competência que precisa ser desenvolvida.(IDEM)
A atualização constante é fundamental também para os formadores – que têm necessidades diferentes das de quem está em salas de aula. Um mesmo curso, assim, nunca é adequado para ambos. Cabe ao formador saber como o professor aprende para poder ensiná-lo e estimulá-lo a refletir sozinho e com os colegas. Ele precisa ainda estar a apor do que acontece na sala de aula, buscar textos desafiadores, apresentá-los e discuti-los à luz das didáticas.
A boa formação continuada deve:
Conhecer a realidade local;
Usar formadores experientes;
Valorizar o contexto profissional;
Prever estudo contínuo e para todos;
Ajudar a formar novos quadros;
Ter foco no conhecimento didático.

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