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Meu Resumo de Historia do Direito.

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O direito romano vulgarizado é fruto de uma síntese, antes de tudo, entre a cultura romana e a cultura dos povos bárbaros. É a mistura dos costumes dos povos invasores, que não possuiam um direito escrito, com a legislação romana. Evidentemente, enfatizando que esses povos não possuiam um direito escrito, que a forma de direito vigente era o consuetudinário, ou seja, as regras que regiam aqueles povos eram baseadas em costumes. Com o choque entre essa cultura germânica e a cultura romana e com o aderimento desses povos ao monoteísmo cristão, com a presença cada vez maior de uma cultura nova no território romano, fez se necessário o surgimento de uma legislação nova, que não fosse tão complexa como no período dos grandes jurisconsultos e que não fosse apenas baseadas em costumes. Daí que nasce o direito romano vulgarizado. Uma espécie simplista de direito romano associado a costumes dos povos bárbaros. Essa legislação reflete o período da alta idade media. 
Em 534 D.C é criado o código de justiniano, que posteriormente no século XVI seria conhecido por Corpus Juris Civilis. O código é regido por ordens do imperador do império bizantino Justiniano I, que tinha o projeto de unificar e expandir o império bizantino. Para isso, via como necessário que se tivesse uma legislação capaz de abranger as diferentes manifestações culturais deste vasto império. Sendo assim, ordenou a seu ministro Triboniano que organizasse uma comissão para que se pudesse produzir uma compilação e catalogação que contivesse as mais importantes passagens do direito romano, incluindo resumos de livros de grandes jurisconsultos e constituições imperiais. É produzido então o grande Corpus Iuris Civilis, que é divido em 4 grandes livros : O codex,uma compilação de constituições imperais de leis criadas por imperadores do período pós clássico. O digesto, compilação de aproximadamente 2000 mil livros dos mais importantes jurisconsultos do período clássico, que foram catalogados em 50 livros, o novellae, que eram novas constituições imperiais redigidas por justiniano e por último , as institutas, que eram uma espécie de manual para jovens juristas e estudantes de direito, baseado nas instituições de Gaio. (Gaio foi um grande jurisconsulto do periodo clássico do direito romano) O Corpus Iuris foi abandonado após a morte de Justiniano, que gerou a uma situação de desestabilidade. Foi redescoberto no período de renascimento comercial. 
Durante a idade media também, foram desenvolvidos dois tipos de direito vigentes nos reinos medievais : O direito próprio e o direito comum. O direito próprio é o equivalente as leis e costumes específicos de um povo, de uma nação específica. O direito comum, equivalia ao direito comum aos reinos ocidentais medievais. Representado enfaticamente pelo direito romano e pelo direito canônico. O direito canônico diz respeito as leis e regulamentos feitos pelos lideres das igrejas, regulamentos esses, voltados para os praticantes do cristianismo. 
A ascensão do reino Português resulta do crescimento do condado portucalense, em contexto das denominadas guerras de reconquistas, que consistiam na reconquista de território supostamente cristão das mãos dos Mouros, povo árabe. 
Com relação ao direito, a autoridade do rei não era absoluta, constando que a transição do sistema feudal para a monarquia tinha ocorrido a pouco tempo. Era uma nação de pluralismo jurídico, com três ordens vigentes : O direito próprio, representado principalmente pelos costumes e pelas leis regidas pelo rei, o direito comum, representado pelo direito romano e o direito canônico, que eram as leis e normas dos lideres religiosos cristãos. Com o passar dos anos a figura do rei foi adquirindo mais autoridade, naturalmente proporcionando ao mesmo a possibilidade de produzir mais leis. E assim foi feito. Dessa forma os costumes foram perdendo a sua potência, priorizando se as leis reais. 
A responsabilidade de expor as leis e as normas era dos emissários, que liam as regulamentações em voz alta no pelourinho, local onde possuía um poste que simbolizava o poder do rei. Com o aumento no número de leis, fez se necessário que as mesmas fossem compiladas em uma única obra. Então são criadas as ordenações, conjunto de leis promulgadas pelos reis portugueses.
A primeira ordenação desenvolvida, foi a ordenação Afonsina no ano de 1446, iniciada no reinado de D João I e concluída após sua morte. Posteriormente é desenvolvida a ordenação Manuelina em 1513,que nada mais foi do que uma revisão das ordenações Afonsinas, onde alguns aspectos são alterados, como o desaparecimento da obrigatoriedade de conversão para o catolicismo de povos Mouros e Judeus. Um século depois, em 1613 são desenvolvidas as ordenações Filipinas. 
As ordenações Filipinas são divididas em 5 livros, onde cada livro representa legislações referentes a temas diferentes: 
O primeiro livro trata de questões administrativas (administração pública) como a estrutura dos órgãos de justiça e a administração fazendário tributária.
O segundo livro trata de questões respectivas a relação da coroa portuguesa com a igreja católica. Como a isenção de impostos, pagamento de dízimos e o direito dos bispos.
O terceiro livro trata de questões relacionadas ao direito processual civil.
O quarto livro se relaciona com pontos do direito civil. Refere se a propriedade, família , contratos e deveres.
O quinto livro cuida de questões do direito criminal.
É interessante ressaltar alguns pontos do livro que se refere ao direito criminal, para melhor compreensão do período vigente e melhor compreensão da estrutura de aplicação de leis referentes a esse momento. 
É característica uma linguagem rebuscada e narrativa neste livro. 
Fica evidente que a aplicação de leis nesse período não era igualitária a todas as pessoas. Na ocasião de um crime, cabia ao rei a avaliação da qualidade do réu, sendo o julgamento feito baseado nessa avaliação. 
Um dos crimes mais graves que podia ser cometido era o de lesa majestade – Crime de traição contra o rei.
Era tão abominável que era comparado a lepra. E assim como a lepra, acreditava ser contagioso, sendo assim, afetava toda a linha de família do traidor, fazendo com que estes fossem proibidos de serem nobres, perdendo também a dignidade de ocuparem qualquer cargo e resultando finalmente na perda de direito de qualquer herança, independente do envolvimento destes no crime ou não. Atingia inclusive o patrimonio do traidor, o terreno onde era localizada a sua casa era salgado, para que nada se produzisse nele.
O Livro V das Ordenações Filipinas refletia a mentalidade e costumes da época, sendo marcado pela “dureza das penas”, pela freqüência na aplicação da pena de morte com as mais variadas formas de execução. 
o fim das Ordenações Filipinas era incutir temor pelo castigo, estando o “morra por ello” presente a todo momento, muito embora também fossem previstos os açoites, com ou sem baraço e pregão, o degredo para as galés ou para a África e outros lugares, mutilação das mãos, da língua etc., queimadura com tenazes ardentes, capela de chifres na cabeça para os maridos tolerantes, polaina ou enxaravia vermelha na cabeça para os alcoviteiros, o confisco, a infâmia, a multa etc 
Vale ressaltar alguns aspectos do livro 3, referentes ao direito processual civil, onde uma ordem de aplicação de leis era estabelecida, baseando se no crime cometido para tal.
A priore, quando o crime se encaixasse em uma lei, em um estilo ou em um costume, era aplicado o Ius Propium ao julgamento. Não se enquadrando nas fontes do direito próprio, haviam duas possibilidades : Quando se tratava de matéria de casamento, heresia ou pecado, utilizava se o direito canônico, caso fosse relacionado a outros temas que não se enquadrassem no direito próprio ou no direito canônico, era utilizado o Ius Commune, baseado no direito romano. Permanecendo sem solução, se recorria ás glosas de Acúrsio e as opiniões de Bártolo. 
Se ainda assim o caso não fosse resolvido, a decisão ficava por conta do Rei.
Decisão essa que se tornaria um precedente vinculante para casos futuros.
NA ORDEM : IUS PROPIUM, IUS COMMUNE, Acúrsio e Bártolo e Decisão do Rei. 
Por ultimo, acho valido fazer considerações relacionadas ao primeiro livro, relacionado a estrutura da justiça.
O título I trata do regedor da Casa de Suplicação, que era o mais alto tribunal da justiça da coroa. Os juízes eram conhecidos como ministros e eram escolhidos entre pessoas com alto conhecimento jurídico. Tinham atribuições diversas, especificamente atribuições administrativas e eram os responsáveis pelos julgamentos. 
A justiça era conhecida por Justiça Do Rei ( Rex Judex) onde os juízes estavam subordinados ao Rei. O mesmo era soberano para modificar qualquer decisão. Os juízes eram a Mão Do Rei.
Sistema Senhorial 
Se diferenciava do sistema feudalista em alguns pontos como : 1 - Não aderimento do contrato de Enfeudação, que era o contrato entre o vassalo e o suserano vigente em toda a Europa, com a exceção de Portugal. Contrato que preconizava que apenas o Papa poderia anular tal união (Vassalo e Suserano).
2- Apesar de haver a relação entre suserano e vassalo, alguns vassalos (nobres) tinham o consentimento do rei para aplicar a jurisdição em seus feudos, porem caso o suserano (Rei) considerasse haver algum tipo de abuso, ou de equívoco na administração do feudo, o CONTRATO DE DOAÇÃO RÉGIA permitia que o Rei retirasse tanto a jurisdição quanto feudo do Nobre. 
No Brasil houve a reprodução desse sistema, mediante a divisão do país em feudos chamados capitanias hereditárias. Os vassalos (donatários) recebiam a concessão das capitanias mediante a assinatura de dois contratos : A carta régia e o contrato de doação. Estes respectivos contratos correspondem a bula papal praticada nos países católicos da Europa. 
CONTRATO DE DOAÇÃO : Estabelecia o SUCESSOR DO DONATÁRIO , OS LIMITES DA CAPITANIA e a REVERSIBILIDADE DE POSSE, que, assim como na Doação Régia, ressalta que a posse da capitania poderia ser revertida caso houvesse necessidade militar de ocupação, ou caso houvesse negligencia na administração da capitania.
CARTA DE FORAL : Regulava os DIREITOS e os DEVERES da colônia com a capital. Do vassalo com o suserano, da capitania com Portugal. DETERMINAVA os TRIBUTOS, IMPOSTOS a serem COLETADOS, ARRECADADOS, pelo vassalo (donatário), se HAVERIA OU NÃO JURISDIÇÃO e a POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE SESMARIAS. (Sesmaria era um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens. )
Hierarquia da justiça em Portugal e nas colônias: 
Não existia poder judiciário e sim a Justiça do Rei. REX JUDEX (Rei - Juiz): Era um DEVER do Rei a promoção de justiça entre os súditos. O Rei era a mais alta INSTÂNCIA de uma estrutura de Justiça, onde todos lhe deviam obediência. 
O Rei possuía a prerrogativa de modificar decisões de juízes e também de julgar qualquer pauta ou pessoa de seu interesse.
Não existia uma separação funcional dentre os servidores do Estado. A Mão do Rei correspondia a juízes que se prestavam a afazeres políticos e administrativos.
Níveis de Hierarquia na Justiça Régia: 
Justiça Régia
Justiça Senhorial 
Justiça Municipal 
A justiça Senhorial e Municipal existiam por uma concessão real, pois cabia somente ao Rei originalmente julgar.
JUSTIÇA MUNICIPAL
Os municípios eram ocupações urbanas que surgiam a partir de arraiais e vilas, que a medida em que o tempo passa, se desenvolvem até se tornarem cidades, municípios. 
Ordem: ARRAIAL, VILA, MUNICÍPIO.
Quando uma Vila se tornava um MUNICÍPIO ocorria a obtenção de alguns privilégios, como: ALIVIO DE IMPOSTOS, INSTITUIÇÃO DE UMA CÂMARA MUNICIPAL, possibilidade da INSTITUIÇÃO DE UMA ALFÂNDEGA e o mais importante relacionado ao nosso objeto de estudo: CRIAÇÃO DE UMA ESTRUTURA JUDICIÁRIA. 
CARTA DE FORAL : Documento jurídico que regulamentava os direitos e deveres que a Vila tinha com a Coroa, direitos e deveres condicionantes para que a Vila pudesse se transformar em Município. 
Uma Vila se tornava Município a partir da aprovação da Carta de Foral. A partir dai adquiria o direito de possuir uma Câmara Municipal, órgão mais importante para o município. 
As funções da CÂMARA MUNICIPAL eram diversas : ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA MUNICIPAL, CRIAÇÃO DE ALGUMAS REGRAS DE CONVIVÊNCIA, DETERMINAÇÃO DE MEDIDAS ECONÔMICAS e REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES ADMINISTRATIVAS. 
Somente HOMENS BONS podiam disputar vagas para assembleia. Esses homens, tornavam se VEREADORES. Eram geralmente CHEFES DE FAMÍLIA RICOS ou STATUS SOCIAL DE NOBREZA, ou seja, precisavam possuir algum fator de DESTAQUE SOCIAL. 
Não poderiam ter SANGUE SUJO, ou seja, NÃO PODIAM TER NENHUM ANTEPASSADO JUDEU EM LINHA RETA NAS ULTIMAS 3 GERAÇÕES.
Os vereadores elegiam entre eles os Juízes Municipais ( JUÍZES ORDINÁRIOS). Esses Juízes podiam ser LEIGOS, não havendo a necessidade de serem bacharéis em Direito. 
MÁXIMO DE 1 ANO NO CARGO
JULGAMENTO DE PROCESSOS SIMPLES ( BAIXO VALOR ECONÔMICO )
Na área Criminal, CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO
Jurisdição RESTRITA AO MUNICÍPIO, evidentemente. 
JUSTIÇA SENHORIAL 
Justiça DOADA do Rei para os senhores das Capitanias Hereditárias. A maioria dos casos se encerrava nessa instância de justiça, pois o custo de se RECORRER era altíssimo. 
O Brasil NÃO tinha senhores feudais, mas possuía os donatários, que eram os proprietários das capitanias hereditárias. No Brasil então, seria a justiça dos CAPITÃES DAS CAPITANIAS. Como já foi dito, o capitão era VASSALO do Rei. 
Vale relembrar que as capitanias hereditárias eram entregues aos capitães mediante a assinatura de dois contratos : A Carta de foral ( Direitos e deveres) e a Carta de Doação (Limites geográficos, sucessor da capitania (herdeiro) e , na maioria dos casos, doava a jurisdição, ou seja, o PODER DE JULGAR.)
Os Juízes: O PRÓPRIO SENHOR (VASSALO) – Recebe a jurisdição (poder de julgar) por meio da carta de doação. Apesar disso, não detinham pleno poder. NÃO desempenhavam a função de cuidar de questões militares, por exemplo. 
OUVIDOR : OBRIGATORIAMENTE tinha que possuir Bacharel em Direito.
Mandato de no máximo 3 ANOS, após esse período havendo substituição.(Era muito comum o desobedecimento dessa regra)
Julgavam em TRÊS situações: Havendo um RECURSO CONTRA A DECISÃO de um juiz ordinário (municipal) - julgava em segunda instância. Causas de MENOR COMPLEXIDADE ocorridas FORA do município – julgava em primeira instância . 
Causas de MAIOR COMPLEXIDADE e de MAIOR POTENCIAL ECONÔMICO – julgava em primeira instância. 
JUSTIÇA RÉGIA
Não era acessível em PRIMEIRA INSTÂNCIA, a não ser por iniciativa do próprio Rei.
O julgador, o juiz, era chamado de OUVIDOR GERAL no Brasil e em Portugal de CORREGEDOR.
Era uma tarefa inviável, por ser tratar de um só homem para julgar TODOS OS RECURSOS, além de SUPERVISIONAR o trabalho dos ouvidores da justiça senhorial. 
Após a constatação da tarefa inviável do Ouvidor Geral, esse cargo foi extinto. No lugar, foram criadas as RELAÇÕES ou TRIBUNAIS. 
Os TRIBUNAIS ERAM COMPOSTOS DE: DESEMBARGADORES escolhidos pelo Rei. Esses Desembargadores, por obrigatoriedade, deveriam ser Bacharéis em direito. O cargo era VITALÍCIO .
Existiam > Relação(Tribunal) de Porto, em Portugal 
> Relação de Goa no Oriente 
>Relação (Tribunal) da Bahia, que julgava todos os recursos provenientes das justiças senhoriais no Brasil. Ficava onde hoje se encontra o elevador Lacerda. Foi criada em 1609.
Relação (Tribunal) do Rio De Janeiro > Foi criada em 1752,assim houve a divisão de julgamento de recursos com o tribunal da Bahia. Sendo assim,o Tribunal do Rio julgava os recursos do Sul e a Bahia os recursos do Norte.
INSTANCIAS ESPECIAS DE JULGAMENTO
Casa de Suplicação > 	Era o MAIS ALTO TRIBUNAL PORTUGUÊS. Sendo assim, ficava acima de qualquer outro Tribunal. 
Julgava o RECURSO DE SÚPLICA. 
Era composta por Desembargadores escolhidos pelo Rei, que promovia esses Desembargadores ao papel de Ministros, obviamente que era
necessário o Bacharel em Direito. 
PODER DE GRAÇA DO REI > Em casos excepcionais as decisões proferidas pela casa da Suplicação poderiam ser alteradas pelo Rei, valendo a pena ressaltar que era muito raro que isso ocorresse.

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