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Resumo - Justiça e Equidade

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52. CONCEITO DE JUSTIÇA
A sua definição clássica foi uma elaboração da cultura
greco-romana. Com base nas concepções de Platão e de Aristóteles, o jurisconsulto Ulpiano assim a formulou: Justitia est constans et perpetua voluntas jus suum cuique tribuendi (Justiça é a constante e firme vontade de dar a cada um o que é seu). Inserida no Corpus Juris Civilis, a presente definição, além de retratar a justiça como virtude humana, apresenta a ideia nuclear desse valor: Dar a cada um o que é seu. 
A palavra justo, vinculada à justiça, revela aquilo que está conforme, que está adequado. A parcela de ações justas que o Direito considera é a que se refere às riquezas e ao mínimo ético necessário ao bem-estar da coletividade.
Justiça é síntese dos valores éticos. Onde se pratica justiça, respeita-se a vida, a liberdade, a
igualdade de oportunidade. Praticar justiça é praticar o bem nas relações sociais.
A justiça é uma das primeiras verdades que afloram ao espírito. Não é uma ideia inata, mas se
manifesta já na infância, quando o ser humano passa a reconhecer o que é seu. A semente do justo se acha presente na consciência dos homens. A alteridade é um dos caracteres da justiça, de vez que esta existe sempre em função de uma relação social, Justitia est ad alterum (a justiça é algo que se refere ao semelhante). Segundo Aristóteles, a justiça reúne quatro termos: “duas são as pessoas para quem ele é de fato justo, e duas são as coisas em que se manifesta – os objetos distribuídos.”
54. A IMPORTÂNCIA DA JUSTIÇA PARA O DIREITO
A ideia de justiça faz parte da essência do Direito. Para que a ordem jurídica seja legítima, é indispensável que seja a expressão da justiça. O Direito Positivo deve ser entendido como um instrumento apto a proporcionar o devido equilíbrio nas relações sociais.
O legislador deverá basear-se em uma fonte irradiadora
de princípios, onde também os críticos vão buscar fundamentos para a avaliação da qualidade das leis. Essa fonte há de ser, necessariamente, o Direito Natural. Enquanto as leis se basearem na ordem natural das coisas, haverá o império da justiça. Se o ordenamento jurídico se afasta dos princípios do Direito Natural, prevalecem as leis injustas.
Da mesma forma que o Direito depende da justiça para cumprir o seu papel, a justiça necessita também de se corporificar nas leis, para se tornar prática.
55. CRITÉRIOS DA JUSTIÇA
55.1. Critérios Formais da Justiça. A ideia de justiça exige tratamento igual para situações iguais. No Direito, a igualdade está consagrada pelo princípio da isonomia, segundo o qual todos são iguais perante a lei.
55.2. Critérios Materiais da Justiça. Ao se estabelecer a contribuição de cada indivíduo para a coletividade, deve ser observada a capacidade de todos. O imposto de renda, cujo valor varia de acordo com os ganhos, é exemplo de aplicação deste critério. Este critério, conforme acentua Perelman, exige não só a fixação das necessidades essenciais, como também a definição de uma hierarquia entre estas, para que se possa conhecer aquelas que devem ser atendidas primeiramente. Estas são chamadas minimum vital.
57. JUSTIÇA CONVENCIONAL E JUSTIÇA SUBSTANCIAL
Justiça convencional é a que decorre da simples aplicação das normas jurídicas aos casos previstos por lei. É alcançada quando o juiz ou o administrador subministram as leis de acordo com o seu verdadeiro sentido.
A justiça substancial se fundamenta nos princípios do Direito Natural. Não se contenta com a
simples aplicação da lei. É a justiça verdadeira, que promove efetivamente os valores morais. É a justiça
que dá a cada um o que lhe pertence. Pode estar consagrada ou não em lei.
JUSTIÇA DISTRIBUTIVA: Esta espécie apresenta o Estado como agente, a quem compete a repartição dos bens e dos encargos aos membros da sociedade. Ao ministrar ensino gratuito, prestar assistência médico-hospitalar, efetuar doação à entidade cultural ou beneficente, o Estado desenvolve a justiça distributiva.
JUSTIÇA SOCIAL: A finalidade da justiça social consiste na proteção aos mais pobres e aos
desamparados, mediante a adoção de critérios que favoreçam uma repartição mais equilibrada das riquezas. A justiça social observa os princípios da igualdade proporcional e considera a necessidade de uns e a capacidade de contribuição de outros.
JUSTIÇA GERAL: Para o Doutor Angélico esta forma de justiça consiste na contribuição dos
membros da comunidade para o bem comum. Os indivíduos colaboram na medida de suas possibilidades, pagando impostos, prestando o serviço militar etc. É chamada legal por alguns, pois geralmente vem expressa em lei.
A justiça é um valor compreensivo que absorve a ideia de bem comum. A justiça geral e a distributiva, associadas à justiça social, atendem plenamente às exigências do bem comum.
EQUIDADE
Em Ética a Nicômaco, Aristóteles, sobre equidade, disse que é "uma correção da lei quando ela é deficiente em razão da sua universalidade" (apud Paulo Nader), o filósofo da Grécia antiga, comparou a equidade à régua de Lesbos, feita de chumbo e se moldava a qualquer superfície.
A aplicação da equidade exige do aplicador sensibilidade e bom senso para sua aplicação, para evitar desnaturar nornas que devam ser impostas a todos os entes sociais.
Paulo Nader, sobre equidade, informa que ela é a justiça do caso particular, mas não se confunde com caridade ou misericórdia, como se fosse um ato religioso, uma vez que a equidade serve à realização de justiça na seara do Direito. 
Em nosso ordenamento jurídico, ao juiz, em determinadas situações, a lei permite julgar com base na equidade, quando ausentes normas positivadas e expressas ao caso concreto, a fim de evitar lacunas jurídicas odiosas.
Se tomarmos por alicerce que a equidade é a justiça do caso concreto, ela não é apenas uma forma de aplicar sua noção a casos em que não se tenha norma condizente ao caso concreto, mas sim um modus operandi presente em todas as ações do julgador, que deve buscar com equilíbrio e proporcionalidade subsumir o caso particular ao conceito abstrato e genérico da norma jurídica, este mais amplo, para, ao final, realizar a tal almejada e utópica Justiça.

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