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AMÉRICA 2 RESUMO AULA 04

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AMÉRICA 2 – RESUMO AULA 04 – O CARIBE NA ERA DAS REVOLUÇÕES – O CASO HAITIANO
O processo de emancipação do Haiti em fins do século XVIII e século XIX
Após 1792, com a radicalização do processo revolucionário na França e a declaração da República, o ministério jacobino (membros de um influente grupo político da Revolução Francesa, defensores da ordem republicana e da soberania popular) aprovou um decreto que concedia amplos direitos civis e políticos a todos os adultos livres das colônias sem restrição de cor. Diante dessa vigorosa cultura republicana que invadia São Domingos, ingleses e espanhóis entraram em conflito em defesa da monarquia, conquistando para suas fileiras muitos dos líderes negros da revolta de 1791. Havia proprietários e soldados em São Domingos lutando pela manutenção da monarquia na França, e eles foram apoiados por exércitos ingleses e espanhóis. Essas duas grandes monarquias europeias viram naquele conflito a possibilidade de se apoderar de partes daquela colônia que era, simplesmente, a mais rica e produtiva do Caribe, assim, não se furtaram a entrar na luta. O mais famoso desses líderes seria Toussaint Bréda, casado, proprietário de terras, com 50 anos, conhecimento de francês, medicina e administração, no comando de uma tropa dava a seus recrutas instruções para respeitarem o regime de subordinação escrava. Na verdade, todos os que disputavam o poder no Caribe francês, fossem eles brancos ou negros livres, republicanos ou monarquistas ainda estavam comprometidos com a defesa da escravidão. Em 1794, Toussaint compreendeu o contexto internacional da revolução ao romper com os monarquistas e aliar-se aos republicanos, tendo sob seu comando um exército de 4 mil homens. O momento exato da adesão aos republicanos não é conhecido e pode ter sido influenciado por uma notícia vinda da Europa: em 04 de fevereiro, o governo revolucionário decretou a emancipação em todas as colônias francesas. Quer soubesse ou não dessa notícia, a emancipação foi certamente definidora para a defesa da ordem republicana em São Domingos. A promessa de liberdade e de cidadania era uma ameaça real a todo o edifício da escravidão americana, Manter essa promessa, em São Domingos, dependeu antes de tudo da capacidade de mobilização dos ex-escravos, que se tornaram a base das forças republicanas que combateram os monarquistas, principalmente representados pelos exércitos ingleses naquele momento. A ascensão política de Napoleão Bonaparte, em 1799, sinalizou para os limites da revolução negra em São Domingos. Enquanto Napoleão adquiria notoriedade na Europa, Toussaint projetava um governo centralizado e militarizado: não proclamou a independência de São Domingos e ainda que não se divulgasse abertamente, seu governo inclinava-se á restauração da escravidão nas colônias, o que de fato ocorreu em 1802. Neste mesmo ano Toussaint foi preso pelas forças napoleônicas em São Domingos e deportado para a França. De acordo com R. Blackburn, a tentativa francesa de recuperar São Domingos atingiu níveis de extermínio que anteciparam as guerras coloniais da época posterior. Os generais negros e mulatos que herdaram a liderança de Toussaint, nomearam Dessalines como comandante em chefe e conduziram a luta contra os franceses até a vitória negra. Em 1 de janeiro de 1804 foi proclamada a República do Haiti e Dessalines nomeado governador-geral. Nas primeiras décadas do século XIX, o Haiti despontou como o primeiro Estado das Américas a conquistar a independência e a garantir, ao mesmo tempo o fim da escravidão. 
Após a independência , e a morte de Dessalines o país foi dividido em dois. Alexandre Pétion passou a governar o sul nos moldes da República, enquanto Henri Christophe assumiu o controle norte da ilha, onde se fez coroar rei. Para Christopher, apesar do isolamento, o Haiti precisava recuperar a capacidade produtiva: os engenhos foram submetidos a um rigorosa disciplina de trabalho, com coordenação estatal da economia. Como saldo dessa experiência, nota-se que a severidade do regime trouxe sucesso econômico, mas deve ter contribuído para o isolamento de Christopher no poder e para a revolta interna que o derrubou em 1820. Nessa época, a alternativa de governo surgida no sul republicano tornou-se dominante no Haiti. Primeiro com A. Pétion e depois sob a liderança do presidente Boyer, os planos de distribuição de terra conquistaram o apoio popular. O sistema agrícola da República como um todo passou a basear-se em uma combinação de minifúndios de camponeses e latifúndios operados por fazendeiros arrendatários, o que para o antropólogo Sidney Mintz, o Haiti estaria ingressando nesse momento no sistema de pequena propriedade camponesa autossuficiente.

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